Qual a importância do desenvolvimento das funções motoras na infância?

No decorrer do crescimento, os limites do corpo da criança devem ser respeitados

Qual a importância do desenvolvimento das funções motoras na infância?

O desenvolvimento motor é o processo de mudança no comportamento, relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento da criança. É um processo de alterações complexas e interligadas das quais participam todos os aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas do organismo. O desenvolvimento motor não depende apenas da maturação do sistema nervoso, mas também da biologia, do comportamento e do ambiente.

Cada criança apresenta seu padrão característico de desenvolvimento, visto que as características inerentes sofrem a influência constante de uma cadeia de transações que se passam entre ela e o ambiente que a circunda. Mesmo assim, existem características particulares que permitem uma avaliação grosseira do nível e da qualidade do desempenho infantil. É importante realizar um acompanhamento do desenvolvimento motor da criança, principalmente nos primeiros anos, de forma que seja possível realizar o diagnóstico de doenças motoras em estágios iniciais, o que pode facilitar o tratamento e torna-lo muito mais rápido. Um bom desenvolvimento motor repercute na vida futura da criança nos aspectos sociais, intelectuais e culturais.

O contrário também ocorre, porque qualquer dificuldade motora faz com que a criança se refugie do meio que não domina e deixe de realizar, ou realizar com pouca frequência, determinadas atividades.

Poderíamos dividir o desenvolvimento motor em três estágios:

Estágio inicial

O desenvolvimento motor no Estágio Inicial representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar um padrão de movimento fundamental. A integração dos movimentos espaciais e temporais é pobre. Tipicamente, os movimentos locomotores, manipulativos e estabilizadores de crianças de dois anos de idade estão no nível inicial;

Estágio elementar

O desenvolvimento motor no Estágio Elementar envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. Crianças de desenvolvimento normal tendem a avançar para o estágio elementar por meio do processo de maturação, embora alguns indivíduos não consigam desenvolver além do estágio elementar em muitos padrões de movimento e permaneçam nesse estágio por toda a vida;

Estágio maduro

O desenvolvimento motor no Estágio Maduro é caracterizado como mecanicamente eficiente, coordenado e de execução controlada. Tipicamente, as crianças têm potencial de desenvolvimento motor para estar no estágio maduro perto dos 5 ou 6 anos, na maioria das habilidades fundamentais. A aquisição desses padrões fundamentais de movimento é de vital importância para o domínio das habilidades motoras.

Assim sendo, é preciso tomar cuidado para não forçar as crianças a queimar etapas – por exemplo, comprar triciclo para o pequeno com 1 ano de idade, quando ele só estará apto para pedalar a partir dos 2 anos, 2 anos e meio. O treino precoce pode gerar ansiedade e até um problema emocional.

Além disso, a criança não está física e intelectualmente preparada para tal tarefa. O desenvolvimento motor é uma sequência cuidadosamente planejada. O recém-nascido tem certa rigidez muscular resultante do tempo em que ficou encolhido no útero da mãe. Aos poucos, ela desaparece e o bebê ganha flexibilidade e força para algumas atividades grosseiras, como balançar os braços, rolar e sentar, e outras mais sofisticadas, como virar as folhas de um livro e desenhar. O mesmo acontece com o andar. Antecipar qualquer um desses progressos não será útil para a criança.

Qual a importância do desenvolvimento das funções motoras na infância?

Através da prática e da experiência, quando treinamos uma determinada habilidade, melhoramos seu desempenho, otimizando assim a sua capacidade de realizar tais tarefas com sucesso, precisão e menos consumo de energia.

A Função Motora é essa habilidade, que proporciona um resultado de   máxima precisão, que auxilia o aprendizado motor a uma mudança permanente, de um movimento predeterminado. Portanto, a prática contínua de uma função motora específica resultará numa melhoria do seu desempenho.

Obviamente que, essas funções, dependem da fase do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em que se encontra a criança, pois dependem da maturação neurológica, da individualidade biológica e do ambiente em que esta se desenvolve como já foi citado em outros posts:

Marcos do desenvolvimento motor – 0 a 6 meses

Marcos do desenvolvimento motor – 6 meses a 12 meses

Marcos do desenvolvimento motor – 12 a 24 meses

Marcos do desenvolvimento motor – 2 a 3 anos

Marcos do desenvolvimento motor – 3 a 4 anos

Para que estas percepções desenvolvam-se bem e melhor as crianças devem ser expostas a estímulos para que as funções motoras de cada fase se estabeleçam. Confira aqui quais são e como fazê-lo.

E quais são os estímulos adequados para cada idade?

1- Fase Cognitiva (0 a 3 anos de idade)

Os reflexos são as primeiras formas do movimento humano. Os movimentos rudimentares são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento previsível, ou seja, as fases básicas do desenvolvimento humano, como o sustento da cabeça, o rolar, o sentar, o engatinhar e o andar.

Deve ser permitido a criança obter o máximo de exposição a estímulos visuais e sonoros, ser colocada em diferentes posições e deixá-la livre para se movimentar.

Atividades como curiosidade pelos itens do ambiente, procurar o som, toques ou mudanças de posição do corpo, esconde-esconde, buscar objetos / brinquedos e  atividades manipulativas como soltar e agarrar são enriquecedoras nesta fase.

2- Fase Associativa (3 a 7 anos de idade)

Aqui é onde as habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequência da fase de movimentos rudimentares. Nesta idade a criança já é capaz de realizar as atividades com mais facilidade, diminuindo a quantidade de erros e a variabilidade entre as tentativas. Começa uma fase de organização mais efetiva e padronizada de movimentos para a execução de tarefas, procurando associar os movimentos com certas respostas do meio ambiente. Inicia um estágio de refinamento, onde os erros são menos grosseiros. 

A criança já assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda, já adquiriu alguma noção de tempo como a duração de intervalos de tempo e de ordem de sucessão (do primeiro ao último). As atividades escolares e lúdicas reforçam e aperfeiçoam estes entendimentos como esperar na fila, ir para o final da fila, buscar o objeto mais próximo ou o mais longe, etc.

São estímulos específicos dessa fase andar, correr, saltar, pular, chutar, bater, atividades manipulativas como cortar, arremessar, agarrar entre outras. 

3- Fase Autônoma (7 aos 12 anos de idade)

Também chamada de Fase Motora Especializada, acontece um maior desenvolvimento da coordenação motora fina, que é um período em que as habilidades estabilizadoras (como equilibrar e rolar), locomotoras (como correr e saltar) e manipulativas fundamentais (como arremessar, receber, chutar, rebater e quicar) são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes, como é o caso das atividades esportivas.

Assim, para a execução de certas habilidades motoras a criança deve apresentar controle das partes do corpo em movimento e da relação entre os movimentos das diversas partes do corpo. Com a maturação neurológica progressiva e as experiências de movimentos decorrentes do avançar da idade, desenvolve-se cada vez mais o controle motor, equilíbrio – tanto estático quanto dinâmico – e da coordenação, que em conjunto com os fatores de produção de força, de agilidade, velocidade e energia, são considerados determinantes do desempenho motor. Os fatores de produção de força tornam-se mais importantes depois que a criança obtém controle de seus movimentos fundamentais e passa para a fase motora especializada.

Entra aqui um maior domínio das percepções óculo-pedal, óculo-manual, percepção visual, atenção, cognição, concentração, lateralidade, percepção de tempo e espaço.

Fatores favoráveis como a escola, família e o ambiente, aliados às rotinas diárias de atividade física propiciam um amplo e diversificado arquivo motor, favorecendo a coordenação motora.

Contrariamente, ou seja, a ausência ou insuficiência dessas atividades pode afetar além da coordenação e do desempenho, a qualidade dos movimentos, causar diminuição do rendimento motor, influenciar na realização escolar, no senso de competência na participação nas atividades físicas e na interação com a sociedade. 

Dar espaço e expor as crianças a movimentos dá a elas uma vivência motora que será importante para sua vida diária e até a fase adulta, adquirindo assim o gosto e hábito pelo movimento e/ou esportes.

Portanto observar cada fase do desenvolvimento e oferecer à criança momentos lúdicos e de brincadeiras num espaço rico de oportunidades e com os estímulos adequados auxiliará a criança na aquisição de experiências motoras que serão refinadas conforme suas funções motoras amadurecerem.

Tornar-se ativo através de vivências motoras ainda é a melhor opção para um desenvolvimento saudável!

Até a próxima!

Claudia M. G. Benedet

Educadora Física e Personal Trainer

Qual a importância da função motora?

A Função Motora é essa habilidade, que proporciona um resultado de máxima precisão, que auxilia o aprendizado motor a uma mudança permanente, de um movimento predeterminado. Portanto, a prática contínua de uma função motora específica resultará numa melhoria do seu desempenho.

Qual a importância da aprendizagem motora?

A aprendizagem motora é essencial para o ser humano, pois é por meio dos movimentos que ele interage com o ambiente.

Qual a importância do desenvolvimento das capacidades físicas do indivíduo desde a infância?

Com desenvolvimento das capacidades físicas condicionar a criança à prática da atividade física, visando uma melhora da qualidade de vida na fase adulta.