Quais são os fatores responsáveis pela formação de novas espécies?

Apesar de, desde muito tempo, filósofos e cientistas naturais buscarem explicações para justificar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, a semelhança entre espécies, em menor ou maior grau, foi somente no século XIX que surgiu uma explicação favorável a este fato. No senso comum, permeava a ideia de que cada espécie existente no planeta havia sido criada por Deus, sem apresentar nenhuma mudança ao longo dos tempos – princípio este denominado fixismo.

Entretanto, Lamarck, em 1809, sugeriu que os seres vivos passavam por modificações, de acordo com o ambiente, a fim de se adaptarem: a lei do uso e desuso. Sob essa ótica, por exemplo, se um grupo de girafas passasse, em determinado momento, a comer as folhas de copas mais altas, seus pescoços tenderiam a crescer. Esse mesmo princípio poderia ser aplicado para justificar a ausência de cauda em humanos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Lamarck postulou outra lei: a da transmissão dos caracteres adquiridos, a qual explicava que tais modificações passariam de pais para filhos, podendo, dessa forma, ao longo do tempo, surgirem novas espécies.

Apesar de suas ideias serem bastante respeitadas por proporem novos conceitos e questionarem o fixismo, Lamarck acreditava, ainda, que espécies mais simples surgiam por geração espontânea. Além disso, tempos mais tarde, percebeu-se que a lei do uso e desuso não se aplicava a todos os casos, e que nem todas as alterações corporais eram transmitidas para as novas gerações.

Ao viajar ao redor do mundo a bordo de um navio, por cinco anos, Darwin foi percebendo que os seres vivos eram adaptados ao ambiente que viviam; e que essa situação poderia estar relacionada ao surgimento de novas espécies, ao longo do tempo, a partir de restrições do ambiente, onde somente os mais adaptados a ele poderiam sobreviver, se reproduzir e ter descendentes com tais modificações – princípio este chamado de seleção natural. Como tais descobertas entravam em choque com o pensamento da época, Darwin preferiu calar-se e permaneceu assim por muito tempo.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Como Darwin passou a ser bastante conhecido devido à viagem que fez, Alfred Wallace decidiu enviar algumas de suas descobertas recentes a ele. Foi quando o mesmo percebeu que ambos haviam chegado às mesmas conclusões – embora Darwin estivesse munido de mais explicações e provas materiais consistentes. Assim, em 1858, ambos apresentaram suas ideias em uma reunião científica, em Londres.

Na atualidade, a evolução é estudada com base nos princípios de Darwin e Wallace, mas considerando aspectos da Genética. Trata-se da Teoria sintética (ou moderna) da evolução. Além da seleção natural, essa Teoria considera a migração e deriva genética (mudanças na frequência dos genes de uma população que ocorrem ao acaso) como fatores que atuam sobre a variabilidade genética; e a mutação e permutação (reprodução sexuada) como fatores que propiciam seu aumento.

Nessa seção, você encontrará textos que aprofundam melhor esse tema. É importante buscar entender bem a evolução, porque, além de diversos outros motivos, a Biologia tende a ser estudada sob essa ótica.

Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia

As especiações podem ser entendidas como processos que levam à formação de novas espécies. Elas ocorrem em virtude das diferenças surgidas no genoma de populações diferentes de uma mesma espécie que ocasionaram o isolamento reprodutivo e, consequentemente, o aparecimento de duas espécies diferentes. O isolamento reprodutivo consiste na incapacidade de os indivíduos trocarem os genes através do cruzamento.

Podemos dividir a especiação em três tipos básicos, tendo em vista aspectos geográficos: especiação alopátrica, especiação simpátrica e especiação parapátrica.

A especiação alopátrica, acontece quando duas populações de uma espécie são separadas por uma barreira geográfica. Essa barreira geográfica, que pode ser uma montanha, um deserto ou floresta, por exemplo, causa uma separação espacial (alopatria). Nesse caso, falamos que ocorreu um isolamento geográfico.

Quando essas populações se separam, podem sofrer diferentes pressões, uma vez que estão em áreas diferentes. Essas pressões, com o passar do tempo, fazem com que ocorra uma divergência genética e, consequentemente, um possível isolamento reprodutivo. Muitos consideram esse tipo de especiação como o principal modelo de especiação.

O efeito do fundador é um tipo especial de especiação alopátrica. Nesse processo, uma pequena parte de uma grande população migra para fora dos ambientes da população original.  A pequena população, geralmente, é levada à extinção. Entretanto, quando as pequenas populações são bem-sucedidas, elas são conduzidas a uma especiação mais rápida, em virtude, principalmente, da deriva genética.

Uma evidência da especiação alopátrica pode ser observada em ilhas, em que uma espécie acaba se diferenciando na aparência e ecologia. O exemplo mais clássico são os dos tentilhões observados por Darwin nas ilhas Galápagos, que se diferenciam principalmente pela forma do bico que é adaptada ao tipo de alimentação de cada uma das 14 espécies.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A especiação simpátrica é aquela que ocorre sem que haja separação geográfica. Nesse caso, duas populações de uma mesma espécie vivem em uma mesma área, mas não ocorre cruzamento entre as populações. É comum observar que alguma modificação genética impediu esse intercruzamento, gerando assim diferenças que levarão à especiação.  É uma das especiações mais raras.

Acredita-se que a especiação simpátrica seja responsável pela grande quantidade de espécies de peixes ciclídeos encontrados no lago africano Victoria. Segundo alguns pesquisadores, o lago foi colonizado por apenas uma espécie ancestral.

Existe ainda a especiação parapátrica, que ocorre quando duas populações de uma mesma espécie diferenciam-se e ocupam áreas contíguas, mas ecologicamente distintas. Por estarem em áreas de contato, é possível o intercruzamento, que acaba gerando híbridos. Essas áreas são chamadas de zona híbrida e acabam se tornando uma barreira ao fluxo gênico entre as espécies que estão se formando.

Podemos citar como exemplo de especiação parapátrica o caso da grama Anthoxanthum. Parte dessa espécie diferenciou-se graças à presença de metais no solo, passando a ter floração em época diferente, o que impossibilitou o cruzamento com a população original.


Por Vanessa dos Santos
Graduada em Biologia