Como processo de desconcentração industrial alterou território do Estado de São Paulo?

O processo de desconcentração industrial no estado de São Paulo, iniciado na década de 1970, alterou profundamente seu mapa e território: a mancha metropolitana da capital se expandiu em direção ao Vale do Paraíba, Sorocaba e às regiões de Campinas e Ribeirão Preto, conglomerados urbanos especializados se formaram ao longo de uma densa malha rodoviária e as cidades médias assumiram a liderança do mercado em seu entorno. “O interior não é mais um espaço plano. Tem ‘relevo’ econômico”, afirma Eliseu Savério Sposito, do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente.

http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/07/16/o-relevo-economico-do-interior/

Sobre o processo descrito no texto, é correto afirmar:

A)

Na atual configuração geográfica da indústria paulista, destaca-se uma macrometrópole recortada por eixos de desenvolvimento orientados pela malha rodoviária.

B)

A desconcentração industrial atinge indistintamente os processos de gestão e de produção, na medida em que tanto as sedes empresariais quanto as unidades fabris tendem a se deslocar da mancha metropolitana em direção ao interior.

C)

A desconcentração industrial que ocorre no estado de São Paulo pode ser associada à transição do sistema de acumulação flexível para o sistema fordista de produção.

D)

As cidades médias assumiram a liderança na produção industrial paulista, fato que caracteriza a involução econômica das regiões metropolitanas.

E)

A região metropolitana de São Paulo vem perdendo paulatinamente sua função de pesquisa e de produção em ramos intensivos em ciência e tecnologia.

O processo de desconcentração industrial no estado de São Paulo, iniciado na década de 1970, alterou profundamente seu mapa e território: a mancha metropolitana da capital se expandiu em direção ao Vale do Paraíba, Sorocaba e às regiões de Campinas e Ribeirão Preto, conglomerados urbanos especializados se formaram ao longo de uma densa malha rodoviária e as cidades médias assumiram a liderança do mercado em seu entorno. (Claudia Izique. Pesquisa FAPESP, julho de 2012.) (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); A transformação da indústria na metrópole de São Paulo pode ser entendida pela modificação do sistema de produção, associada aos avanços em transporte e comunicação. As empresas que participaram desse processo procuravam

A

conseguir mão de obra suficiente para suas atividades, já que na metrópole os trabalhadores não aceitavam mais trabalhar nas fábricas.

B

adquirir matéria-prima para seus produtos, visto que os recursos naturais na metrópole haviam se esgotado.

C

obter novos mercados, já que a influência dos produtos importados no centro da metrópole é muito grande.

D

antecipar mercados, prevendo as futuras necessidades das cidades médias em expansão.

E

reduzir os custos da produção, sabendo que as novas cidades ofereciam incentivos fiscais, terrenos e mão de obra mais baratos.

Dentre as principais características da industrialização tardia do Brasil, ocorrida ao longo do século 20, destaca-se o processo de concentração geográfica na região Sudeste, especialmente em São Paulo, o que acabou reproduzindo uma série de desigualdades regionais no território brasileiro.

Esse fato, contudo, não permite afirmar que as primeiras indústrias capitalistas brasileiras, no início do século 20, foram desenvolvidas de maneira concentrada na região Sudeste. Ao contrário. Naquele período, por exemplo, a indústria têxtil nordestina era bastante desenvolvida, sendo que já foi até mesmo contada em filme a saga do ilustre Delmiro Gouveia, um industrial que ficou conhecido pelo seu pioneirismo no aproveitamento hidrelétrico do baixo rio São Francisco e pela perseguição e assassinato que sofreu, por se recusar a vender suas indústrias à companhia inglesa Machine Cotton.

Assim, para entender o crescimento vertiginoso de São Paulo - em 1872, a capital da província cafeeira, com módicos 32 mil habitantes, era apenas a décima maior cidade do Brasil -, que permitiu à cidade se consolidar como, atualmente, a quarta maior metrópole do mundo, com quase 20 milhões de habitantes, é necessário compreender as características do processo de concentração industrial brasileira, exigindo uma atenção mais detida nos seus dois principais impulsos, no século 20: (a) em 1930, com a indústria de substituição de importações, e (b) na década de 1950, com a indústria automobilística.

Concentração industrial

A gênese da indústria de substituição de importação esteve ligada a uma série de fatores, desencadeados, sem dúvida, pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, que acabou induzindo definitivamente à crise o complexo cafeeiro, até então a principal pauta de exportação brasileira - sendo o Estado de São Paulo responsável por 2/3 das exportações de café no mundo.

Para se ter uma ideia da crise, o preço da saca de café exportada caiu, na Bolsa de Nova York, em torno de 60%, de 4,70 libras para 1,80. Mas, como forma de evitar essa intensa desvalorização, o governo de Getúlio Vargas passou a "socializar os prejuízos" com a sociedade brasileira, comprando e queimando (ou jogando em alto-mar) os estoques encalhados de café.

A Grande Depressão de 1929, além de inviabilizar a exportação do café brasileiro, dificultava a importação de produtos industrializados no país (acredita-se que naquele período a importação tenha diminuído cerca de 60%). Foi nesse contexto que nasceu o processo de industrialização no Brasil, com a função de substituir as importações de produtos industrializados de outros países, inclusive dos EUA.

Assim, a indústria de substituição de importação, capitalizada pela ação do Estado e com farta disponibilidade de mão-de-obra barata - produto de um êxodo rural cada vez mais intenso -, vai se desenvolver especialmente no ramo das indústrias de bens de consumo não-duráveis, com destaque às indústrias têxtil e alimentícia. Todavia, sua ação foi restringida devido à insuficiência financeira e tecnológica para desenvolver uma fundamental indústria de base.

Foi no Estado Novo que ocorreu a implantação de parte fundamental da infra-estrutura necessária para o desenvolvimento da industrialização. Coube ao Estado um papel relevante no alargamento das bases produtivas, como "empresário" na indústria de base ou rompendo os pontos de estrangulamento em energia e transporte, ou, ainda, como regulador do mercado de trabalho, através de uma complexa legislação trabalhista.

Mas foi com o segundo grande impulso da industrialização no Brasil, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-60), que houve a consolidação definitiva do capitalismo industrial brasileiro. No fundo, o famoso slogan do governo de J. K., "Cinqüenta anos em cinco", tinha na indústria automobilística seu carro-chefe.

Investimentos maciços foram feitos para garantir as condições gerais da produção industrial, tais como os realizados nas áreas de energia, de transporte, de aparelhamento portuário, da educação e da saúde.

Porém, a indústria automobilística e toda uma cadeia produtiva de equipamentos e peças para veículos continuaram a reforçar a concentração industrial em São Paulo, em especial na região do ABC paulista. Tanto é verdade que, na década de 1970, a região metropolitana de São Paulo representava quase a metade (45%) do valor da produção industrial no país.

Mas, além das questões econômicas, era cada vez mais evidente que a concentração industrial na metrópole paulista reproduzia e aprofundava as desigualdades inter-regionais, motivando uma intensa dinâmica migratória. Segundo a Fundação Seade, entre 1970 e 1980, o saldo migratório foi positivo de 2 milhões de pessoas. Como conseqüência dessa dinâmica deu-se o que Milton Santos chama de "macrocefalia", caracterizada pelo rápido e desordenado crescimento das cidades, gerando uma série de problemas sócio-espaciais.

Desconcentração industrial

Diante de tais distorções regionais no território brasileiro e problemas sócio-espaciais gerados pelo modelo concentrador do processo industrial na região Sudeste, o planejamento estatal desenvolveu, paulatinamente, na década de 1970, uma série de incentivos fiscais para a desconcentração industrial, levada a cabo regionalmente pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Mas é na década de 1990 que a desconcentração industrial no país vai se intensificar. Apoiada pela maior abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico (informática e comunicação), sem esquecer das mudanças constitucionais de 1988 - que concederam aos estados e municípios maior autonomia na definição dos impostos cobrados às empresas -, esse processo de desconcentração acabou gerando o que os geógrafos chamam de "Guerra dos Lugares", ou seja, uma disputa entre estados e municípios, com a intenção de atrair grandes empresas a partir da diminuição ou isenção de impostos.

Porém, não é correto afirmar que, nesse período, teria se iniciado um processo de desindustrialização da Grande São Paulo. Além de concentrar, em 1990, 31% do valor da produção industrial, a metrópole acabou se especializando em atividades mais complexas e competitivas, que exigem o emprego mais qualificado de novas tecnologias, ligadas à informática e à comunicação.

Sem dúvida, a cidade de São Paulo cresceu vertiginosamente, mais de 150 vezes, no século 20. E parece que, no século 21, sua dinâmica a consolidará como o maior centro de serviços especializados em âmbito nacional, detendo a centralização do comando diretivo e financeiro das mais importantes empresas no Brasil: não por acaso, 50% das sedes das 50 maiores empresas brasileiras estavam localizadas, em 2002, na Grande São Paulo.

Por que a cidade de São Paulo passou por um processo de desconcentração industrial?

De acordo com CANO e SEMEGHINI (1992:101), isso ocorreu devido ao caráter de complementaridade da desconcentração espacial dos anos de 1970, em relação ao capital industrial e financeiro localizado em São Paulo, à manutenção do seu elevado peso na população urbana do país e, também, pela acelerada modernização de seu ...

Como aconteceu o processo de desconcentração industrial no Brasil?

A guerra fiscal entre as várias unidades da Federação, os salários mais baixos nas regiões menos desenvolvidas, a proximidade de fontes de matérias-primas, o nível da infraestrutura local e o desenvolvimento do Mercosul têm provocado o deslocamento da indústria em direção a diferentes regiões.

Como processo de desconcentração industrial?

O processo de desconcentração industrial no Brasil corresponde ao atual momento pelo qual a economia e a produção do espaço no país vêm passando, em que a localização concentrada das indústrias e investimentos vem gradativamente se revertendo.

Por que aconteceu a desconcentração industrial na região Sudeste?

Mas podemos dizer que a desconcentração industrial do Brasil passou a acontecer, de fato, a partir da década de 1990, quando a maior presença de infraestruturas (comunicação e meios de transporte) nas áreas anteriormente marginalizadas passou a apresentar um maior efeito.

Quais os motivos que levam a uma desconcentração industrial?

Fatores de desconcentração industrial Nesse fenômeno, primeiro o número de indústrias no centro produtivo torna-se estacionário. Novas empresas não se fixam e algumas delas iniciam um processo gradual de migração para outras localidades.