Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

No mapa físico – e também mental – das cidades de água, o limite das mesmas é comummente associado à linha exacta de demarcação entre a cidade e a água. Pretende-se, no âmbito desta reflexão, questionar este limite. Partindo do pressuposto que o espaço público urbano possui um papel estruturante e definidor na cidade (invertendo assim a sua definição como vazio urbano, sugerindo antes considerá-lo como cheio urbano) e considerando a própria água como espaço público (podendo ela própria constituir-se como um prolongamento da cidade), propõe-se subverter todo um imaginário, segundo o qual a cidade termina, literalmente, onde começa a água. Afinal, do ponto de vista da cidade acessível – usufruível – a todos, onde termina o domínio urbano? Na procura deste novo limite – assente na construção de cidade a partir do espaço público – propõem-se duas abordagens: Uma leitura horizontal, baseada na observação dos diferentes acontecimentos que se sucedem ao longo da água: públicos (praças, ruas, passeios marítimos ou fluviais, espigões, parques litorais, praias, …) ou de acesso restrito (espaços portuários e industriais, acessos rodo ferroviárias, …); configurando esta leitura uma gradação/escala de valores de acessibilidade que irão assim redesenhar o limite da cidade. Elaborando uma série de cortes – realizando como que uma dissecação da frente de água – e considerando como exemplo a cidade de Lisboa, no seu âmbito metropolitano, num extremo dessa escala de valores estará provavelmente o porto (acesso interdito à água), noutro extremo a praia (acesso físico à água) … Propõe-se, por outro lado, uma leitura vertical, assente na análise dos principais eixos de ligação – física e simbólica – da cidade com a água. Em qualquer uma das abordagens, a arte pública urbana apresenta-se como um indicador fundamental, elemento unificador das duas leituras e que torna significativos os espaços charneira da cidade (rótulas). Por um lado, a sua localização traduz o grau de acessibilidade à água; se por vezes a sua localização vai até à própria praia (El Cometa Herido [Rebecca Horn] na praia da Barceloneta ou El Peine del Viento [Eduardo Chillida] nas rochas da praia de Ondarreta, em San Sebastian), em Lisboa, onde as infraestruturas portuárias ocupam a quase totalidade da frente de água, a localização da arte pública revela claramente os espaços onde o porto é interrompido. Simultaneamente, a arte pública constitui-se ela própria como indicadora dos eixos de ligação da cidade com a água, acentuando esta relação através do seu carácter simbólico; paradigmático é em Barcelona o eixo La Rambla/Plaza del Portal de la Paz, culminando com o Monumento a Colón, cujos desenhos patentes na Memória Descritiva constante do Projecto revelam um interessante paralelismo (tanto na relação espacial do monumento com a envolvente, como no desenho da própria praça) com o Terreiro do Paço lisboeta…

O assunto arte pública está sendo reinventado e questionado. Afinal, não há um consenso sobre o seu conceito real. Para muitos, esse gênero apresenta uma proposta mais abrangente. 

Ou seja, para alguns estudiosos, a arte pública engloba todo tipo de arte que possa ter acesso livre do público. Neste contexto, fazem parte peças de museus, monumentos de praças e também obras presentes em badaladas galerias. 

Nesse sentido, esculturas famosas como “O Pensador”, de Auguste Rodin, uma peça emblemática da história da arte, é considerada como “public art”. 

Essa obra promove diversas interpretações, tanto religiosas – pois, para muitos, o artista quis retratar Adão em sua peça – até as mais simplistas, que afirmam que a escultura apenas representa o próprio Auguste Rodin. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Wikipédia

Em contrapartida, muitos críticos definem esse gênero como aquele formado por intervenções artísticas que exigem a participação do público, como  a performance. 

Para conhecer a definição mais comum e saber o que é arte pública, descobrindo, também, obras de arte pública do Brasil e do mundo, basta seguir lendo! 

O que é arte pública? Entenda! 

Em linhas gerais, a arte pública é aquela que acontece fora dos ambientes comuns em que as obras estão presentes, como museus e galerias. Ou seja, representam esse estilo obras que fazem parte do cenário público das cidades. 

Nesse quadro, o mais importante não é a definição propriamente dita de o que é arte pública, mas sim o seu objetivo. Afinal, esse gênero artístico nasceu com a proposta de tirar o caráter elitista da arte e, assim, democratizá-la para um público muito mais amplo, que não tem o hábito de visitar museus e galerias. 

Vale destacar que esse termo foi utilizado pela primeira vez na década de 1970, nos Estados Unidos. Nesse período, houve uma intensa discussão sobre a democratização da arte. 

Desse modo, muitos artistas se engajaram nessa causa para, assim, conseguir financiamento para prestigiar a divulgação da importância desse estilo. 

Esse assunto deu origem a outros debates relacionados ao tema, como a degradação dos espaços urbanos, que precisavam e mereciam ser reformados para valorizar tanto o trabalho artístico como respeitar o olhar de seus espectadores. Isto é, do público. 

Quer saber mais? O vídeo abaixo explica o que é arte pública e também mostra exemplos de obras de arte pública bastante interessantes: 

Exemplos de obras de arte pública: conheça algumas das mais famosas

Esse gênero artístico não apresenta amarras. Logo, promove a liberdade de criação e, assim, as obras de arte pública contam com uma narrativa que estimula a reflexão, como é o caso dos grafites

Idealizado por um dos mais polêmicos artistas de rua da atualidade, Banksy, o grafite abaixo foi feito em Coney Island, Estados Unidos. Ele apresenta um empresário que, para muitos, é ninguém mais ninguém menos que Donald Trump, com um chicote em mãos.  

O objeto representa a seta das Bolsa de Valores e, as pessoas sendo chicoteadas, são aqueles que o presidente gostaria de expulsar. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Hypeness

“Stop Telling Women to Smile” (“Pare de pedir paras as mulheres sorrirem”) também é um exemplo de obra de arte pública que provoca e engaja mas que, principalmente, chama a atenção para uma questão importante bastante debatida na atualidade: a violência doméstica e o assédio. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Steed

Em formato de poster, essa peça faz parte de um conjunto de vários outras presentes nas ruas de Nova York. Ela foi criada em 2012 e sua autora é a artista norte-americana Tatyana Fazlalizadeh. 

Vale destacar que esse estilo também tem como meta resgatar o espírito de comunidade. Assim, promovendo o pensamento crítico, ele também é criada para dar uma nova cara aos espaços públicos e, ao mesmo tempo, dar esperança para aqueles que não mais a tem. 

O mural abaixo, localizado no Rio de Janeiro, foi feito em 2007 e deu um colorido especial para essa região. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Hypeness

Arte pública de São Paulo: conheça algumas peças emblemáticas

São Paulo conta também com peças de arte pública famosas. Confira agora algumas delas. 

1. Mural, de Daniel Melim

Essa obra de arte pública foi considerada, em pesquisa, como o grafite que melhor representa a cidade de São Paulo. Localizado na Avenida prestes Maia, esse mural foi feito por Daniel Melim. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Veja SP

2. Escultura, de Tomie Ohtake

Restaurada em 2017, a escultura de Tomie Ohtake está presente na Av 23 de Maio e representa, de forma simbólica, a chegada dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil e a sua difícil trajetória. 

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Obvious

3. Enchente, de Eduardo Srur

Criada para despertar a consciência sobre a ocupação do espaço urbano, a peça “Enchente”, de Eduardo Srur também promove a reflexão sobre a falta de harmonia de nosso ambiente.

Toda obra de arte que está em espaço público pode ser considerada patrimônio cultural

Crédito: Casa Abril

Que fascinante é a arte pública, não? A sua cidade conta com obras de arte pública? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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O que faz uma obra de arte ser considerada patrimônio cultural?

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), os bens culturais do patrimônio imaterial são as práticas e domínios da vida social manifestados em saberes, ofícios e modos de fazer, expressões, conhecimentos e técnicas, como as celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais e ...

Qual a relação entre arte e patrimônio cultural?

Segundo o conceito de patrimônio cultural, como explicitado na constituição federal brasileira7 , a arte é portadora de referência à identidade e à memória dos diferentes grupos sociais, tornando-se, dessa forma, digna de conservação.

O que é uma arte no espaço público?

A arte no espaço público deve contribuir para fortalecer a identidade e o reconhecimento das particularidades das cidades. Pelo menos é isso que desejam os atores envolvidos na esfera política local; também as pesquisas urbanas tendem a discutir a arte pública a partir de pontos de vista racionais e objetivos.

Quais os tipos de artes existem em espaços públicos?

Grafite, pichações, colagens, projeções e outras possibilidades artísticas que utilizam a paisagem urbana como superfície “invariavelmente” discutem os problemas do espaço urbano, como o excesso de muros, a prioridade que a segurança privada tem sobre a pública, a propriedade privada e seus símbolos agressivos, como ...