Quantos megatons pode destruir a Terra?

Tsar Bomb é o nome comumente dado à bomba de Hidrogênio, ou bomba termonuclear RDS 220 (também chamada de AN602), de fabricação soviética, detonada em caráter de teste em outubro de 1961. A Tsar Bomb gerou uma potência de 57 megatons, isto é, 57 milhões de toneladas de TNT (trinitrotolueno), dinamite convencional, ultrapassando o maior experimento com bomba de energia termonuclear de então, que foi o de Castle Bravo, realizado em 1954, no atol de Bikini, pelos Estados Unidos. A bomba do teste de Castle Bravo chegou “apenas” a 15 megatons.

A “corrida armamentista” e a busca pela “bomba do fim do mundo”

É sabido que a criação da primeira bomba atômica (batizada de Trinity) pelo Projeto Manhattan, em julho de 1945 (bem como das segunda e terceira bombas (Little Boy e Fat Man), que foram lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão em agosto do mesmo ano), trouxe à humanidade a possibilidade real de sua autodestruição. Após a Segunda Guerra, cujo fim em grande parte deveu-se à tragédia de Hiroshima e Nagasaki, as duas superpotências, EUA e URSS, deram início à chamada “corrida armamentista”, que se caracterizou pela busca do desenvolvimento tecnológico aplicado à construção de armas nucleares. A construção de ogivas atômicas e a sua instalação em mísseis balísticos de médio e longo alcance deram a tônica da Guerra Fria e da disputa por zonas de influência geopolíticas.

Nesse contexto, a produção da arma nuclear mais poderosa – o que alguns jornalistas da época chamavam de “a bomba do fim do mundo” – foi o objetivo principal perseguido pelas duas superpotências. Ter uma arma com essa característica representava a garantia de não ser atacado pelos países rivais, sob o risco de desencadear um “holocausto nuclear” generalizado. Sendo mais poderosa que as bombas de fissão nuclear (como as de Hiroshima e Nagasaki), a bomba termonuclear de Hidrogênio tornou-se a opção viável de manter esse equilíbrio funesto. 

Bombas de Hidrogênio

Em 1º de novembro de 1952, os EUA fizeram o primeiro teste com uma bomba de Hidrogênio. O fato se deu no atol de Enewetak, nas ilhas Marshall, e foi apelidado de Mike. A potência de Mike chegou a 10 megatons – 700 vezes mais forte que a explosão de Little Boy, em Hiroshima. Mas a bomba de hidrogênio mais poderosa construída pelos EUA foi a Castle Bravo, detonada em 1º de março de 1954, no atol Bikini, com poder de 15 megatons. Em 22 de novembro de 1955, foi a vez dos soviéticos explodirem sua primeira bomba termonuclear, a RDS-37. Foi do “sucesso” desse teste que nasceu a ideia de bombas cada vez mais potentes, com a possibilidade, almejada pelo líder soviético da época, Nikita Krushev, de atingir 100 megatons de potência.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A liderança do projeto soviético coube ao físico Andrei Sakharov. Entretanto, o peso, a forma de transporte e a capacidade de destruição de uma bomba de 100 megatons era de tal forma inviável, que a meta do projeto foi reduzida para 50 megatons. 

Explosão da Tsar Bomb

Em 30 de outubro de 1961, um avião bombardeiro soviético, modelo Tu-95-202, especialmente equipado para transportar a Tsar Bomb, que pesava 27 toneladas, voou até o arquipélago de Nova Zembla, no Oceano Ártico. A bomba foi lançada com o anteparo de um paraquedas, para que houvesse tempo hábil para a disparada do avião, antes da detonação. A explosão gerou um diâmetro de 70 quilômetros de destruição, com um núcleo incandescente de 4 quilômetros. Seria o suficiente para devastar instantaneamente uma metrópole como Paris ou São Paulo. A nuvem em forma de cogumelo chegou a mais de 60 quilômetros de altura. Além de Tsar Bomb, esse artefato era também chamado de “Ivan”, em referência ao tsar (ou czar) russo Ivan IV, o Terrível, que viveu no século XVI.

A demonstração do poder da Tsar Bomb, detonada apenas dois dias após a resolução da “Crise dos mísseis”, impôs ao mundo um novo impasse com relação a esse tipo de arma. O próprio líder do projeto, Andrei Sakharov, anos depois se tornou um dos principais ativistas contra o armamento nuclear.

A guerra que aconteceu há quase 80 anos, ainda está muito presente na nossa vida. As aulas de história, os filmes, documentários e séries trazem-nos pormenores de um terror vivido no mundo até 1945 e que hoje é de novo ameaça no mundo, mesmo sem sabermos o impacto que isso terá no futuro das sociedades. A palavra proibida foi usada,  a ameaça nuclear volta a atemorizar o planeta!

Em agosto de 1945, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas nucleares e mataram, pelo menos 129 mil pessoas, além de todos os efeitos devastadores para a saúde de outros tantos milhares provocados pelas radiações. E o que poderia acontecer, nos dias de hoje, sob uma ameaça de guerra nuclear?

Quantos megatons pode destruir a Terra?

Atualmente, o mundo tem na sua posse um número estimado de 12 700 ogivas nucleares. Não se sabe ao certo qual o armamento de cada país, mas estima-se que será a Rússia o país com mais armas na sua posse, seguido dos Estados Unidos da América. Segundo os dados a FAS, Federal American Scientist, serão 5977 e 5428 ogivas nucleares, respetivamente.

Como tal, quando Vladimir Putin ordena a invasão de um país e dá início a uma nova guerra sob ameaça nuclear, é inevitável que o mundo não fique alerta e com receio do que poderá acontecer com os desenvolvimentos.

Quantos megatons pode destruir a Terra?

Armas nucleares: O mundo volta a tremer com a ameaça da Rússia

Até onde poderá ir a destruição provocada por uma bomba nuclear? Esta é uma questão que nos intriga e que, na verdade, nos amedronta tendo em consideração a história já conhecida. A bomba atómica que caiu em Hiroshima, no Japão, a 1945, provocou a morte de 66 mil pessoas e feriu outras 69 mil, extrapolando para os dias de hoje, se esta bomba caísse numa cidade metropolitana atual, como Londres, por exemplo, o número de mortos poderia ir para os 90 mil e os feridos para os 272 mil.

Estes valores são assustadores e revelam bem a dimensão que teria uma guerra no presente.

A verdade é que não há uma fórmula exata para estimar o impacto de uma única bomba nuclear, porque depende de muitos fatores, incluindo o clima no dia em que foi lançada, a hora do dia em que foi detonada, a própria geografia do local atingido e se explode no chão ou no ar.

Ainda assim, existe alguma previsibilidade das consequências devastadoras de uma arma destas. Existem na Internet até alguns serviços que simulam o impacto da detonação de uma bomba nuclear, como o Outrider.

Quantos megatons pode destruir a Terra?

Cerca de 35% da energia de uma explosão nuclear é libertada na forma de radiação térmica. Como a radiação térmica viaja à velocidade da luz (aproximadamente), a primeira coisa que atingirá uma pessoa é um flash de luz e calor ofuscantes.

Só a luz em si será suficiente para causar algo chamado cegueira por flash – uma forma geralmente temporária de perda de visão que pode durar alguns minutos.

 

O impacto no corpo humano

Num vídeo interativo criado pela AsapSCIENCE, são revelados alguns factos interessantes, relacionados com os efeitos para as pessoas e para o meio envolvente, com base numa bomba de 1 megaton, que, ainda assim é 80 vezes maior que a detonada em Hiroshima, mas muito menor que as armas nucleares modernas.

Para uma bomba deste tamanho, pessoas a até 21 km de distância teriam esta cegueira instantânea num dia claro, e pessoas a até 85 km, ficariam temporariamente cegas numa noite clara.

Quantos megatons pode destruir a Terra?

Tsar Bomb foi uma bomba RDS-220, a mais potente arma nuclear já detonada. Desenvolvida pela União Soviética, a bomba de 58 megatons (equivalente a 58 milhões de toneladas de TNT) levava o nome-código de "Ivan".

O calor seria terrível para aqueles mais próximos da explosão. Queimaduras de primeiro grau podem ocorrer a até 11 km de distância, e queimaduras de terceiro grau poderiam afetar qualquer pessoa a até 8 km de distância. Queimaduras de terceiro grau que cobrem mais de 24% do corpo provavelmente seriam fatais se as pessoas não recebessem cuidados médicos imediatamente.

Estas distâncias são variáveis, dependendo dos fatores já relatados, mas também do próprio tipo de roupa que se está a vestir – roupas brancas podem refletir um pouco da energia de uma explosão, enquanto roupas mais escuras a absorvem. É improvável, no entanto, que isso faça muita diferença, principalmente para quem ficará perto do centro da explosão.

As temperaturas perto do local da explosão da bomba durante a explosão de Hiroshima foram estimadas em 300.000 graus Celsius – o que é aproximadamente 300 vezes mais quente do que a temperatura em que os corpos são cremados.

https://pplware.sapo.pt/wp-content/uploads/2022/02/heat_0.mp4

Dentro de um raio de 6 km, com uma bomba de 1 megaton, as ondas de choque produziriam 180 toneladas métricas de força nas paredes de todos os edifícios de dois andares e velocidades do vento de 255 km/h. No raio de 1 km, o pico de pressão é quatro vezes maior e a velocidade do vento pode chegar a 756 km/h.

Tecnicamente, as pessoas podem suportar tal pressão, no entanto, a maioria seria morta pela queda de edifícios.

 

Os efeitos da radiação

Há depois, o perigo de envenenamento por radiação nuclear, sendo que estes não são apenas efeitos imediatos, sendo mesmo os mais duradouros. Um estudo de simulação publicado em 2019 refere que uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia mergulharia a Terra num inverno nuclear em poucos dias, devido aos níveis de fumo e ferrugem libertados na atmosfera.

Além disso, as partículas radioativas podem viajar por largos quilómetros, afetando mesmo a população mais longínqua do epicentro do rebentamento da bomba. No entanto, estes são apenas efeitos hipotéticos.

Neste momento, Ucrânia e Rússia estão sentados à mesa das negociações, mas não se sabe o que poderá sair desta reunião. As intenções de Putin são uma incógnita, e a ameaça nuclear, apesar de todos os tratados internacionais existentes, é real.

Quantos megatons para destruir um planeta?

A energia gravitacional de ligação da Terra é de 2 x 10^32 Joules, o que dá 4,8 x 10^17 megatons. Como a bomba atômica mais potente até hoje (Tsar Bomba) tinha 50 megatons, precisaríamos de um pouco menos de 10^16 bombas atômicas para destruir a Terra.

Quantas bombas nuclear precisa para destruir o planeta?

"A possibilidade sempre existe desde que inventaram as primeiras bombas nucleares. Só Rússia e EUA controlam, cada um, 7 mil bombas —isso é o suficiente para destruir toda a vida na Terra várias vezes", explica. "Quanto mais bombas existem, maior é o risco de ocorrer uma guerra nuclear.

Qual é a bomba nuclear que pode destruir o mundo?

Estima-se que até hoje nenhuma explosão em testes tenha superado a potência da "Bomba-Czar", da União Soviética, que foi lançada em 1961 com poder equivalente ao de 50 milhões de toneladas de dinamite (50 megatoneladas) — mais de 3 mil vezes mais potente que a lançada sobre Hiroshima.

Qual o poder de 50 megatons?

A bomba foi testada em 30 de Outubro de 1961, em Nova Zembla, uma ilha no oceano Ártico. Teve uma redução de 50 megatons do seu desenho original para minimizar a escala de destruição. ... Tsar Bomba..