Qual a importância de estudar sobre os indígenas?

A oca e o cocar são expressivos símbolos que nos remetem à lembrança da presença do índio na história do Brasil, mas a herança cultural deixada para todos os brasileiros é muito mais ampla e presente nos dias atuais. Para homenagear todos os povos indígenas, no Dia do Índio, 19 de abril, o Vitta Vivace relembra as tradições e mostra a sua importância para o País.

Os índios foram os primeiros habitantes do território brasileiro, bem antes da colonização pelos portugueses. Atualmente, existe uma média de 300 povos indígenas no Brasil, sendo mais de 817 mil índios, de acordo com estudos realizados em 2010, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Desse total, cerca de 503 mil vivem na zona rural e 315 mil estão em áreas urbanas. De acordo com dados da Funai (Fundação Nacional do Índio), entidade governamental responsável por proteger os direitos dos índios no Brasil, a maioria da população está no Norte, especificamente, no Estado do Amazonas e, em segundo lugar, no Nordeste, com destaque para a Bahia.

Entre importantes tradições deixadas pelos índios está a culinária. O alimento de origem indígena mais utilizado em todo o Brasil é a mandioca e suas variações. O caju e o guaraná são outros bem conhecidos na mesa do brasileiro. Pratos provindos da caça, como o picadinho de jacaré e o pato no tucupi, além de frutas como o cupuaçu e açaí fazem parte da forte cultura gastronômica do Norte do País. Ervas e chás de plantas medicinais continuam sendo crenças de cura muito utilizadas, como o chá de boldo, pó de guaraná, a alfavaca e semente de sucupira.

A língua portuguesa falada no Brasil, diferente do idioma de Portugal, sofreu influência da língua tupi-guarani, de origem da união entre as tribos tupinambá e guarani. É possível identificar essa mistura nas palavras tatu, mandioca, caju, carioca, pipoca, jacaré, jabuti, entre tantas outras. Ou nos nomes Iracema, Tainá, Jacira e Ubiratan. Alguns nomes de lugares também, como é o caso de Ibirapuera, em que “Ibira” significa árvore e “puera” algo que já aconteceu. Pode-se dizer que Parque Ibirapuera é o mesmo que “lugar que já foi mato”. Rio Tietê significa “rio verdadeiro”. Tem, ainda, os bairros do Butantã, Itaim e as cidades de Jacareí, Jundiaí e Piracicaba. Já no Rio de Janeiro, são locais famosos como o bairro da Tijuca, praia de Ipanema e o estádio do Maracanã.

A influência cultural indígena em nossas vidas vai de contos a costumes. Na escola, as crianças aprendem a lenda do Curupira, um habitante da floresta que protegia as plantas e os animais e tinha os pés com calcanhares para confundir os caçadores. O personagem é uma ficção do escritor Sérgio Buarque de Holanda, mas lembra a mania dos índios de andar para trás para confundir os europeus e bandeirantes. Tem também o “Papa-capim”, o menino índio que vive na Floresta Amazônica, personagem dos quadrinhos de Maurício de Souza. Andar descalço pela casa e dormir em redes são hábitos herdados dos índios.

O artesanato produzido a partir de fibras, palhas, penas, escamas de peixes, sementes, plantas e do barro, conhecido em diversas partes do mundo, nasceu das mãos das índias nos tempos primórdios. 

Curiosidades

  • Muitas aldeias têm acesso aos costumes da vida moderna, com o consumo de energia elétrica e tecnologia, como o uso de computador, celular e internet.
  • A maioria das casas é feita de alvenaria (tijolos).


Lembrete!

Além do Dia do Índio, esta semana comemora-se mais duas datas de importância histórica. Tiradentes, em 21 de abril, feriado nacional. E 22 de abril é o Dia do Descobrimento do Brasil.

Em 10 de março de 2008 foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lei 11.645, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio, tanto da rede pública quanto da privada. De lá para cá, visando à capacitação dos futuros professores, disciplinas que atendessem à lei foram incorporadas paulatinamente às grades curriculares dos cursos de licenciatura, especialmente aos de História. 

Atualmente, ensinando a disciplina História e Cultura dos Povos Indígenas, na Universidade Católica de Pernambuco, não me restam dúvidas acerca da importância da lei e de seu impacto na sociedade, tendo em conta que só valorizamos realmente aquilo que conhecemos e nos identificamos (ao menos em parte). Apesar de uma bibliografia cada vez mais extensa, da revolução dos meios de comunicação, e da existência de povos indígenas bem próximos a nós, o alunado continua chegando com muita desinformação e carregado de visões estereotipadas. 

Esquece-se, às vezes completamente, que o projeto de conquista e colonização portuguesa só foi possível com a ajuda e o estabelecimento de alianças com muitos grupos ameríndios. Serviram de mão de obra indispensável para a construção e proteção dos núcleos de povoamento, da implementação de engenhos ao estabelecimento das lavouras de cana de açúcar e outros gêneros de consumo. Pajés atenderam a muitos cristãos e muitos europeus viveram seu paraíso terreal junto aos indígenas do Novo Mundo. É certo que houve extermínios, mas também etnias que resistiram ao longo dos séculos. Mas inclusive isso foi silenciado das grandes telas a óleo. E mesmo quando invisibilizados, já que se enalteceu o índio morto e fossilizado dos tempos coloniais, nunca deixaram de participar ativamente em guerras civis e na vida econômica, política e social brasileira. 

Tal invisibilização, sem embargo, é causada por vários fatores entre os quais está nossa tradição xenófoba, racista e hierarquizada de raiz europeia, mas particularmente ibérica. Embora centenas de homens e mulheres indígenas tenham servido como escravos e trabalhadores ao longo de nossa história, a pecha de preguiçosos persiste. Lembre-se que tiveram que ter sua humanidade reconhecida por meio de uma bula papal e por bastante tempo se desconsiderou (com raras exceções) sua cultura, crenças, costumes e formas de organização social. Eterno bom ou mau selvagem, passivo ou belicoso, em um ou em outro caso os povos indígenas continuaram sendo vistos como entraves à chamada “civilização brasileira”, assim como ao seu desenvolvimento econômico. 

Por certo, duplo entrave: primeiramente por sua cultura considerada incompatível com os valores ocidentais (societários, religiosos e capitalistas), e, em segundo lugar, pela posse de extensas áreas de terras, objeto de interesses e lutas seculares. Temos que parar de “brincar de índio” e ensinar a desconstruir estereótipos e preconceitos para que as gerações futuras entendam a importância vital (e não apenas simbólica) dos povos indígenas para a nossa sociedade. Sem esse esforço o reconhecimento dos mesmos permanecerá apenas no plano da formalidade, dificultando o apoio necessário e verdadeiro para o cumprimento e manutenção das garantias constitucionais e da consolidação de sua autonomia.

Qual a importância de se estudar os povos indígenas?

A cultura indígena possui importância fundamental na construção da identidade nacional brasileira. Ela está presente em elementos da dança, festas populares, culinária e, principalmente, na língua portuguesa falada no Brasil, que é fruto do processo de aculturação entre povos indígenas, negros e europeus.

Qual a importância de estudar e discutir acerca das populações indígenas?

A cultura dos povos indígenas traz muitos benefícios para a aprendizagem e ajuda os estudantes a desenvolverem uma consciência maior sobre a sociedade brasileira. A celebração do “Dia do Índio” em 19 de abril surgiu como um marco para preservar a memória e valorizar as culturas formadoras de nosso país.

Qual a importância de trabalhar a cultura indígena nas escolas?

Trabalhar a questão indígena na escola é fazer com que o país conheça a si próprio, oferecendo ao aluno condições para estar em contato com as tradições de seu país, em especial o Brasil que apresenta uma rica cultura, buscando sua valorização, promoção e preservação.