Quais as evidências que levaram Wegener a pensar que os continentes um dia estiveram unidos?

Autor de 'A origem dos continentes e oceanos', foi responsável pela Teoria da Tectônica de Placas e da descoberta da Pangeia, que perduram até hoje

Você já pensou que a terra que você pisa pode estar se mexendo? Parece assustador, mas a superfície de nosso planeta, de fato, se desloca, só que a uma velocidade tão baixa que o movimento é imperceptível para nós. Mas, se os continentes se deslocam, será que num passado remoto eles estavam onde estão hoje. Pois então: há cerca de 200 milhões de anos, havia um único continente, chamado Pangeia, que, com o tempo, se dividiu em várias partes que se moveram em diferentes direções. A gente sabe disso hoje graças aos estudos do astrônomo e meteorologista alemão Alfred Wegener, autor da Teoria da Deriva dos Continentes. Mas nem sempre se pensou assim.

Quais as evidências que levaram Wegener a pensar que os continentes um dia estiveram unidos?
Alfred Wegener (Foto: Reprodução de TV)

A ideia de que a África e a América do Sul estiveram unidas no passado é antiga, desde a época da produção dos primeiros mapas com o traçado das costas desses continentes. O estadista e filósofo inglês Francis Bacon já havia apresentado essa hipótese em 1620. Mas uma Teoria da Deriva dos Continentes apoiada em conhecimentos geológicos só seria proposta por Alfred Wegener em 1912.

Até o início do século passado, a Terra era considerada estática, e os continentes e os fundos oceânicos também eram vistos como essencialmente fixos. Alguns geólogos defendiam a ideia de que partes dos fundos oceânicos tinham ora se elevado, ora se rebaixado, durante o processo de solidificação da Terra. Essa teoria incluía a noção de que poderiam aparecer e desaparecer pontes terrestres conectando os continentes. Alfred Wegener, entretanto, não estava satisfeito com essa explicação e supôs que os continentes poderiam ter estado ligados no passado.

Formado em Astronomia em 1905, Wegener passou a se interessar por Meteorologia e Geologia ainda jovem. Sua curiosidade sobre massas de ar polar o levou a integrar uma expedição à Groenlândia entre 1906 e 1908. Seria a primeira das quatro expedições que faria a esse território.

Segundo testemunho do próprio Wegener, a ideia de continentes em movimento lhe ocorreu pela primeira vez em 1910, ao observar um globo terrestre e notar a concordância entre as costas atlânticas sul-americana e africana. Duas peças que se encaixam como em um quebra-cabeça.

Em 1911, quando pesquisava na biblioteca da Universidade de Marburg, na Alemanha, Wegener se deparou com um artigo científico que registrava fósseis de animais e plantas idênticos encontrados em lados opostos do Oceano Atlântico. Intrigado com esse fato, Wegener começou a pesquisar outros casos de organismos semelhantes separados por oceanos. Então, pensou que essas semelhanças entre organismos poderiam estar relacionadas ao fato de os continentes terem estado ligados no passado.

Mas, para ser aceita, sua teoria precisava de uma grande quantidade de provas que a sustentassem. Wegener procurou suporte nos limitados conhecimentos geológicos, paleontológicos e paleoclimáticos então disponíveis. Pesquisando, ele descobriu que grandes estruturas geológicas em diferentes continentes pareciam ter ligação. Por exemplo, os Apalaches na América do Norte ligavam-se às terras altas escocesas, e os estratos rochosos existentes na África do Sul eram idênticos àqueles encontrados em Santa Catarina, no Brasil.

Por outro lado, estudos geológicos mostravam evidências de que os continentes tiveram no passado climas bem diversos dos atuais: a ocorrência de depósitos glaciais no Brasil e na Índia e depósitos de carvão na Antártida. Para Wegener, em vez de pensarmos em tão radicais mudanças de clima nessas áreas, mais fácil seria imaginar que essas regiões estiveram em posições geográficas diferentes das atuais, para onde teriam sido transportadas pelo mecanismo da translação ou deriva continental.

O meteorologista constatou também que fósseis muitas vezes encontrados em certos locais indicavam um clima muito diferente do clima dos dias de hoje. Por exemplo, fósseis de plantas tropicais podiam ser encontrados no Ártico. Ele descobriu ainda que rochas com a mesma idade e do mesmo tipo teriam se formado ao mesmo tempo, em um momento em que os continentes estavam juntos. Todos esses fatos apoiavam sua Teoria da Deriva Continental.

Quais as evidências que levaram Wegener a pensar que os continentes um dia estiveram unidos?
'A origem dos continentes e oceanos', livro de
Wegener (Foto: Reprodução de TV)

Em 1912, Wegener publicou um artigo em que apresentava essas ideias. Ele as detalharia melhor três anos depois em seu livro “A origem dos continentes e oceanos”, que teve quatro edições ampliadas e corrigidas em anos subsequentes.

De acordo com o meteorologista alemão, os continentes teriam se originado da ruptura de um megacontinente primitivo, por ele batizado de Pangeia (do grego "toda a Terra"). As partes resultantes teriam se afastado umas das outras desde os períodos Jurássico ou Cretáceo, e começaram a se mover, em geral, para o oeste e, em alguns casos, em direção ao Equador, derivando pelos oceanos para suas posições atuais.

Wegener explicou a formação das montanhas como resultado da compressão de um continente em movimento contra a resistência do fundo oceânico.

A princípio, Wegener considerou sua Teoria da Deriva Continental uma hipótese viável, que poderia sofrer mudanças à medida que surgissem novas evidências. Ele não poupou esforços à procura delas. Sua comprovação mais importante veio de estudos em paleoclimatologia, ou seja, o estudo das variações climáticas ao longo da história da Terra. Motivado por seu interesse em Geologia, ele passou a estudar climas antigos e tirou conclusões da deriva continental a partir de pesquisas que fez sobre as variações dos padrões climáticos no decorrer da história da Terra. Em uma de suas expedições à Groenlândia, ele esperava comprovar que esse território estava se movendo em direção ao oeste da Europa, mas não conseguiu reunir resultados significativos.

A divulgação da Teoria da Deriva Continental provocou grande controvérsia internacional. Os argumentos de Wegener sobre como teria acontecido a movimentação dos continentes foram considerados insustentáveis, e as evidências paleontológicas foram avaliadas como inconsequentes. O número de espécies de plantas e animais afins que existiram dos dois lados do Atlântico era de apenas cerca de 5%, e não de 50% a 75% como supunha Wegener. Os argumentos dele não foram capazes de mudar a forma dominante de pensar da época. A comunidade dos geocientistas continuou com sua crença em uma Terra submetida a movimentos verticais, mas não horizontais, e em um planeta onde suas áreas oceânicas sempre foram as mesmas desde seu nascimento.

Adepto da teoria, o geólogo sul-africano Alexander Du Toit, que havia visitado o Brasil, publicou em 1927 o livro “Uma comparação geológica da América do Sul com a África do Sul”, no qual apontou diversas semelhanças entre as duas regiões. Uma delas era a presença, em ambas e somente nelas, do pequeno réptil aquático, mas não marinho, denominado Mesosaurus, que não poderia ter atravessado os 5.500 km do Oceano Atlântico para chegar à outra margem.

Por outro lado, o geólogo inglês Arthur Holmes sugeriu em 1928, e em trabalhos posteriores, que poderiam existir correntes de convecção térmica dentro de um manto “sólido” capazes de romper os continentes e arrastar seus fragmentos, causando dobramentos de rochas nas suas bordas frontais, para nelas formarem cadeias de montanhas. Ele tornou-se um dos precursores da Teoria da Tectônica de Placas.

Mas este apoio ainda não foi suficiente. Quando propôs sua teoria, Wegener não foi capaz de apresentar uma explicação plausível sobre como os continentes poderiam se deslocar no manto sólido que, se supunha, formava os fundos oceânicos, nem sobre qual seria a força capaz de arrastá-los. Por esse motivo, sua hipótese foi recebida com grandes reservas, sendo causa de acaloradas controvérsias por parte de geólogos e geofísicos, sobretudo após a sua morte em 1930, quando desapareceu na camada de gelo que cobre a Groenlândia.

Após simpósio realizado em Nova York pela Associação Americana dos Geólogos de Petróleo em 1928, a hipótese da deriva dos continentes passou a ser descartada pela maioria dos pesquisadores norte-americanos. Manteve certo número de adeptos nos continentes do hemisfério Sul e na Europa, sobretudo na Alemanha, tornando-se cada vez mais desinteressante até que, em 1950, ressurgiu com a crescente atenção dada ao paleomagnetismo, o estudo, a partir das rochas, de como variou o campo magnético terrestre, e graças ao rápido aumento dos conhecimentos adquiridos sobre o fundo dos oceanos.

Para testar a teoria da deriva foram iniciados, em meados da década de 1950 na Inglaterra, estudos de paleomagnetismo. Ao se formarem, rochas magmáticas e sedimentares adquirem uma magnetização permanente. Isso ocorre em função de estarem expostas ao campo magnético terrestre, que permite determinar a posição dos pólos magnéticos na ocasião em que elas se originaram.

A partir desses estudos, foi possível provar que, no intervalo de tempo considerado, a posição relativa dos continentes mudou. Isso fez ressurgir o interesse pela Teoria da Deriva Continental em um momento em que estava praticamente abandonada. Com a prova de que a camada mais externa do planeta, sua crosta, era realmente móvel, diferentemente do que se supunha até então, iniciou-se uma verdadeira revolução nas geociências.

O relevo submarino foi mapeado, sobretudo, a partir de 1940. Verificou-se que existia um sistema global de cadeias de montanhas submersas, com 84 mil quilômetros de extensão, elevadas a uma altura média de uns 2 mil a 3 mil metros acima das bacias oceânicas.

Os modernos conhecimentos geológicos confirmam plenamente a existência do megacontinente Pangeia, assim como sua fragmentação, a partir de aproximadamente 200 milhões de anos atrás, originando os continentes e oceanos atuais. A diferença fundamental é que, na teoria proposta por Wegener, os continentes se deslocavam através do manto rígido que se teoricamente formariam os fundos oceânicos, e essa mobilidade só teria se manifestado a partir da ruptura de Pangeia. Entretanto, hoje se sabe que os blocos continentais e a crosta oceânica se deslocam unidos, arrastados na parte superior das placas litosféricas em deriva, e que a mobilidade dos continentes e fundos oceânicos vem atuando desde os mais remotos tempos geológicos.

Descobertas e estudos a partir da segunda metade do século passado levaram ao renascimento da ideia de uma Terra em permanente movimento, tal como propusera Wegener em 1912 em seu livro. Assim a Teoria da Deriva Continental resistiu aos ataques e foi rebatizada como Teoria da Tectônica Global.

Quais eram as evidências que Wegener usou?

Ele apoiou suas ideias em evidências, como a existência de fósseis e grupos de vegetação semelhantes em áreas separadas por oceanos inteiros e a constituição semelhante entre os continentes diferentes. Em 1915, Weneger publicou suas ideias no livro A origem dos continentes e oceanos.

Como é possível comprovar que os continentes já foram unidos?

A similaridade entre os fósseis encontrados em diferentes continentes, bem como entre formações geológicas, levou alguns geólogos do hemisfério Sul a acreditar que todos os continentes já estiveram unidos, na forma de um supercontinente que recebeu o nome de Pangeia.

Qual foi uma das evidências que Wegener utilizou para argumentar em favor da hipótese da deriva continental?

A presença de fósseis de animais em diferentes continentes, assim como de tipos vegetacionais, foi um elemento elencado por Alfred Wegener para justificar que as massas continentais terrestres formavam uma única porção de terra.

Em quais evidências o cientista Alfred Wegener chegou à conclusão de que os continentes atuais são originárias de um único é gigantesco continente?

Wegener chegou a essa conclusão após analisar vários fatos. Por exemplo, ele observou que a costa leste da América do Sul parecia se encaixar na costa oeste do continente africano, como se no passado a América e a África tivessem formado um só bloco.