Por que o Plasmodium falciparum E o mais importante causador da malária no mundo?

A malária é uma infecção dos glóbulos vermelhos do sangue causada por uma das cinco espécies de Plasmodium, um protozoário. A malária causa febre, calafrios, sudorese, sensação de indisposição geral (mal-estar) e, às vezes, diarreia, dor abdominal, dificuldade respiratória, confusão e convulsões. Outros achados incluem aumento do baço, anemia (devido à decomposição dos glóbulos vermelhos do sangue infectados) e, às vezes, danos ao coração, cérebro, pulmões ou rins.

  • Geralmente, a malária propaga-se pela picada de mosquito fêmea infectado.

  • As pessoas têm calafrios com tremores, seguidos de febre, e podem ter dor de cabeça, dores no corpo, enjoo e podem sentir cansaço.

  • Um tipo de malária causa sérios sintomas, como delírio, confusão, convulsões, coma, problemas graves de respiração, insuficiência renal, diarreia e, por vezes, morte.

  • Os médicos fazem o diagnóstico da infecção através da identificação dos protozoários em uma amostra de sangue ou realizando outros exames de sangue, ou ambos.

  • A eliminação de áreas de criação de mosquitos, a destruição de larvas em água parada, a prevenção de picadas de mosquito e a ingestão de medicamentos preventivos antes de viajar para áreas afetadas podem ajudar a prevenir a malária.

  • São usados diversos medicamentos antimaláricos para tratar e prevenir a infecção (o medicamento usado depende da espécie de malária que está causado a infecção, da probabilidade de resistência ao medicamento na área em que a infecção foi contraída e dos efeitos colaterais e custo do medicamento).

A malária é uma infecção por protozoário que se propaga pela picada de um mosquito fêmea infectado.

Embora os medicamentos e inseticidas tenham feito com que a malária se tornasse rara nos Estados Unidos e na maioria dos países desenvolvidos, a doença continua a ser comum e mortal em outras áreas. Em 2018, houve um número estimado de 228 milhões de casos de malária em todo o mundo, com 405 mil mortes, principalmente em crianças com menos de 5 anos. Países africanos arcam com uma parcela desproporcionalmente elevada do ônus global da malária. Em 2018, 93% dos casos de malária e 94% das mortes por malária ocorreram no continente africano. Desde 2000, as mortes por malária diminuíram em cerca de 60% em função dos esforços da Parceria RBM (Roll Back Malaria) para erradicar a malária.

Nos Estados Unidos, cerca de 1.500 casos de malária são relatados a cada ano. A maioria ocorre em imigrantes, visitantes provenientes dos trópicos ou viajantes que retornam de áreas tropicais. No entanto, alguns casos resultam de transfusões de sangue ou da picada de um mosquito local que, por sua vez, picou um viajante em retorno ou um imigrante que estavam infectados.

O ciclo de vida do parasita da malária começa quando um mosquito fêmea pica uma pessoa com malária. O mosquito ingere sangue que contém células reprodutoras dos parasitas. Uma vez dentro do mosquito, o parasita se reproduz, se desenvolve e migra para as suas glândulas salivares do mosquito.

Quando o mosquito pica outra pessoa, injeta parasitas juntamente com a sua saliva. Dentro da pessoa recém-infectada, os parasitas se movem para o fígado, onde se multiplicam novamente. Eles geralmente maturam uma média de 1 a 3 semanas, depois saem do fígado e invadem os glóbulos vermelhos do sangue da pessoa. Os parasitas se multiplicam novamente dentro dos glóbulos vermelhos do sangue, causando a ruptura das células infectadas, liberando os parasitas para invadirem outros glóbulos vermelhos.

Muito raramente, a doença é transmitida de uma mãe infectada para o seu feto, por transfusão de sangue contaminado, por transplante de um órgão contaminado ou por injeção com uma agulha previamente utilizada por uma pessoa com malária.

Cinco espécies de parasitas da malária podem infectar as pessoas:

  • Plasmodium falciparum

  • Plasmodium vivax

  • Plasmodium ovale

  • Plasmodium malariae

  • Plasmodium knowlesi (raramente)

Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum são os tipos mais comuns de parasitas causadores da malária. O maior número de mortes é causado por Plasmodium falciparum.

O Plasmodium vivax e o Plasmodium ovale podem permanecer no fígado em estado latente (hipnozoítos) e, periodicamente, liberar parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando crises recorrentes. A forma inativa não é destruída por muitos medicamentos contra a malária.

O Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae não permanecem no fígado. No entanto, as formas maduras de Plasmodium malariae podem persistir na corrente sanguínea durante meses ou mesmo anos, antes de provocarem sintomas.

O Plasmodium knowlesi, que infecta prin­cipalmente macacos, também causa a malária em seres humanos. Ocorre principalmente em homens que vivem perto ou trabalham em áreas de floresta da Malásia e de outras áreas do sudeste asiático.

Após um mosquito infectado picar uma pessoa, os sintomas da malária geralmente aparecem dentro de sete a trinta dias, mas eles podem não ocorrer até meses ou até mesmo anos mais tarde.

O estágio inicial de todas as formas de malária inclui:

  • Febre e calafrios com tremores (rigores)

  • Uma sensação de indisposição geral (mal-estar), dor de cabeça, dores no corpo e fadiga

  • Baço aumentado

Quando os glóbulos vermelhos do sangue infectados se rompem e liberam parasitas, a pessoa geralmente manifesta calafrios com tremores, seguidos de febre que pode atingir os 41 °C. Cansaço, vago desconforto (mal-estar), dor de cabeça, dores corporais e enjoo são comuns. A febre geralmente cai ao fim de algumas horas, e logo ocorre uma transpiração profusa e cansaço extremo. As febres ocorrem de modo imprevisível a princípio, mas com o tempo se tornam periódicas. As febres periódicas vão e vêm em intervalos regulares. As febres tendem a ocorrer em intervalos de 48 horas com Plasmodium vivax e Plasmodium ovale e de 72 horas com Plasmodium malariae. As febres causadas por Plasmodium falciparum não são, normalmente, periódicas, mas algumas vezes ocorrem em intervalos de 48 horas. A infecção por P. knowlesi geralmente causa picos de temperatura diários.

À medida que a infecção avança, o baço aumenta e a anemia se torna grave. Pode surgir icterícia.

Esta infecção, causada por Plasmodium falciparum, é a forma mais perigosa de malária e pode ser fatal sem tratamento. Na malária falciparum, os glóbulos vermelhos do sangue infectados agarram-se às paredes dos pequenos vasos sanguíneos, causando a sua obstrução e resultando na lesão de vários órgãos, especialmente do cérebro (malária cerebral), pulmões, rins e trato gastrointestinal.

A malária cerebral é uma complicação particularmente perigosa da malária falciparum que pode causar febre alta, dor de cabeça, sonolência, delírio, confusão, convulsões e coma. Em geral, afeta bebês, crianças pequenas, mulheres grávidas, pessoas que nunca foram expostas à malária e turistas que viajam para áreas de alto risco.

A febre hemoglobinúrica é uma complicação incomum da malária falciparum. Ela é causada pela ruptura de um grande número de glóbulos vermelhos do sangue, liberando, assim, o conteúdo de células do sangue, incluindo hemoglobina, na corrente sanguínea. A hemoglobina liberada é expelida pela urina e escurece a sua cor. A lesão do rim pode ser grave o suficiente para requerer diálise. A febre hemoglobinúrica é mais provável de se desenvolver em pessoas que tomaram quinino como tratamento.

Se mulheres grávidas contraírem malária, o bebê poderá nascer com peso baixo ou ser infectado. Além disso, essas mulheres ficam mais propensas a sofrer aborto ou parto de natimorto.

  • Um exame de sangue diagnóstico rápido

  • Exame de uma amostra de sangue ao microscópio

O médico suspeita de malária quando uma pessoa desenvolve febre e outros sintomas característicos durante ou após uma viagem para uma área onde a malária está presente. Há desenvolvimento de uma febre periódica em menos da metade dos viajantes americanos com malária, mas, quando presente, sugere o diagnóstico de malária.

A malária é diagnosticada quando os parasitas Plasmodium são detectados por

  • Um exame de sangue diagnóstico rápido que detecta proteínas liberadas por parasitas da malária (para esse teste, uma amostra de sangue e determinadas substâncias químicas são colocadas sobre um cartão de teste e, depois de cerca de vinte minutos, surgem faixas específicas no cartão se a pessoa tiver malária)

  • Exame microscópico de uma amostra de sangue

Deve-se fazer ambos os testes quando possível. Quando os médicos não visualizam os parasitas da malária durante o exame microscópico, mas ainda assim suspeitam de malária, eles coletam mais amostras de sangue a cada 4 a 6 horas para investigar se há parasitas.

Os laboratórios tentam identificar a espécie de Plasmodium, porque o tratamento, as complicações e o prognóstico variam dependendo da espécie envolvida. O exame de sangue diagnóstico rápido consegue detectar malária por Plasmodium falciparum de forma tão eficaz quanto o exame microscópico, mas não é tão confiável para detectar outras espécies de Plasmodium e não identifica pessoas que foram simultaneamente infectadas por mais de um tipo de malária. É por isso que, se disponíveis, tanto o exame diagnóstico rápido quanto o exame microscópico de sangue devem ser feitos.

Havendo suspeita de infecção por Plasmodium falciparum, é necessário realizar a avaliação e o tratamento imediatos.

A prevenção envolve

  • Controlar os mosquitos

  • Evitar picadas de mosquitos

  • Tomar medicamentos preventivos (profilaxia contra malária)

As medidas de controle de mosquitos, que incluem eliminação das áreas de reprodução e destruição das larvas em águas paradas onde vivem, são muito importantes.

Além disso, as pessoas que vivem ou viajam para áreas onde a malária é prevalecente podem tomar precauções para limitar a exposição do mosquito:

  • Usar inseticida (permetrina ou piretrina) em spray nas casas e no lado de fora das casas.

  • Colocar telas em portas e janelas

  • Usar mosquiteiros tratados com inseticida sobre as camas

  • Aplicar repelentes de mosquito contendo DEET (dietiltoluamida) em áreas expostas da pele

  • Usar calças compridas e camisas de manga comprida, principalmente entre o anoitecer e o amanhecer, para proteção contra as picadas do mosquito

  • Se a exposição a mosquitos for provavelmente longa ou envolver muitos mosquitos, aplicar permetrina nas roupas antes de usá-las

Tratar vestuário e equipamentos com produtos contendo permetrina ajuda. A permetrina continua a conferir proteção depois de várias lavagens. Existem roupas pré-tratadas com permetrina disponíveis e elas podem proteger mesmo depois de muitos ciclos de lavagem.

Pessoas que planejam usar repelentes que contenham DEET devem ser instruídas a

  • Aplicar os repelentes somente na pele exposta conforme as instruções do rótulo, e usá-los em pequena quantidade ao redor dos olhos (eles não devem ser aplicados nem pulverizados nos olhos ou na boca).

  • Lavar as mãos após a aplicação.

  • Não permitir que crianças manuseiem repelentes (os adultos devem aplicar os repelentes nas próprias mãos primeiro, depois espalhá-los na pele da criança).

  • Aplicar somente a quantidade suficiente de repelente para cobrir a área exposta.

  • Lavar o repelente para retirá-lo depois de voltar para dentro.

  • Lavar as roupas antes de usá-las novamente, salvo indicado em contrário no rótulo do produto.

A prevenção da malária para quem viaja para áreas onde a malária está presente deve ser feita através de medicamentos. O medicamento preventivo é iniciado antes de começar a viagem, continuado pelo tempo de estada e prolongado por um tempo (que varia para cada medicamento) depois que a pessoa sair da área. Os medicamentos preventivos reduzem, mas não eliminam o risco de malária. Para evitar (e tratar) a malária utilizam-se vários medicamentos.

A resistência a medicamentos é um problema sério, particularmente com o perigoso Plasmodium falciparum e, em algumas regiões do mundo, com Plasmodium vivax. Desse modo, para prevenção, a escolha do medicamento varia de acordo com a localização geográfica. Há informações disponíveis sobre viagem a locais específicos nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC: Malaria and Travelers).

Os medicamentos que são usados mais frequentemente na prevenção da malária são

  • A combinação de atovaquona e proguanil (em um só comprimido)

  • Doxiciclina

A atovaquona-proguanil, administrada em um comprimido, é tomada diariamente a partir de um a dois dias antes de uma viagem. As pessoas continuam a tomar o medicamento enquanto permanecerem em uma área onde se sabe que ocorre malária e por sete dias após saírem da área. Trata-se do medicamento mais bem tolerado, mas pode ter efeitos colaterais Efeitos colaterais de medicamentos usados para malária . Ela não é administrada a mulheres que estão grávidas ou amamentando nem a crianças que pesam menos que cinco quilos. Ela não previne ataques recorrentes de malária causados por Plasmodium vivax ou Plasmodium ovale.

A doxiciclina é tomada diariamente a partir de um a dois dias antes de uma viagem para uma região endêmica. As pessoas continuam a tomar o medicamento diariamente enquanto permanecerem em uma área onde se sabe que ocorre malária e por quatro semanas após deixarem a área. Ele é geralmente bem tolerado mas tem efeitos colaterais Efeitos colaterais de medicamentos usados para malária . A doxiciclina não é administrada a mulheres que estejam grávidas ou amamentando ou a crianças com menos de 8 anos de idade. Ela não previne ataques recorrentes de malária causados por Plasmodium vivax ou Plasmodium ovale.

Outras opções de medicamentos para prevenir a malária incluem cloroquina, hidroxicloroquina, mefloquina, primaquina e tafenoquina.

A cloroquina é tomada uma vez por semana a partir de uma ou duas semanas antes de uma viagem. As pessoas continuam a tomar o medicamento semanalmente durante sua permanência e por quatro semanas depois de saírem da área. A cloroquina é usada para prevenir a malária em algumas partes do mundo onde as espécies de Plasmodium não desenvolveram resistência a ela. Essas incluem Haiti, República Dominicana, América Central, oeste e norte do Canal do Panamá e a maior parte do Oriente Médio. A cloroquina é o único medicamento preventivo que pode ser tomado com segurança por mulheres grávidas. Assim, os médicos aconselham as mulheres grávidas a não viajar para áreas em que as espécies de Plasmodium sejam resistentes à cloroquina.

A hidroxicloroquina, também usada para tratar doenças autoimunes, é eficaz contra as mesmas espécies de Plasmodium que a cloroquina.

A mefloquina é tomada uma vez por semana, começando duas semanas antes da viagem. As pessoas continuam a tomar o medicamento durante sua permanência e por quatro semanas depois de saírem da área. A mefloquina é eficaz para a prevenção em muitas áreas, mas é raramente usada, pois pode causar graves efeitos psiquiátricos e outros efeitos colaterais. Também é ineficaz ou menos eficaz para a prevenção de Plasmodium falciparum no sudeste asiático e, ocasionalmente, em outras regiões.

A primaquina é outra alternativa para a prevenção, principalmente para pessoas que viajam para áreas em que a malária é decorrente principalmente do Plasmodium vivax. Porém, antes de as pessoas iniciarem o medicamento, elas precisam fazer um exame de sangue para verificar se têm uma deficiência enzimática relativamente comum chamada deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) (Mais sobre as causas da anemia Mais sobre as causas da anemia

Por que o Plasmodium falciparum E o mais importante causador da malária no mundo?
). As pessoas com esta deficiência não devem tomar primaquina, pois o medicamento pode causar rompimento de seus glóbulos vermelhos do sangue. A primaquina é administrada uma vez ao dia a partir de um a dois dias antes da viagem. As pessoas continuam a tomá-la diariamente durante sua permanência e por sete dias depois de saírem da área. A primaquina tomada diariamente por catorze dias também é usada para prevenir ataques recorrentes de malária em viajantes que estão tomando outros medicamentos antimaláricos (como doxiciclina ou atovaquona-proguanil) e que tenham tido exposição significativa a Plasmodium vivax ou Plasmodium ovale.

Tafenoquina é uma alternativa para pessoas (18 anos de idade ou mais) que viajam para qualquer área onde a malária é comum. Porém, da mesma forma que ocorre com a primaquina, antes de as pessoas iniciarem o medicamento, elas precisam fazer um exame de sangue para verificar se têm uma deficiência enzimática relativamente comum chamada deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). As pessoas com esta deficiência não devem tomar tafenoquina, pois o medicamento pode causar rompimento de seus glóbulos vermelhos. A tafenoquina é tomada uma vez por dia durante 3 dias antes da viagem. As pessoas continuam a tomá-la a cada sete dias durante a internação e uma vez após o seu regres­so, sete dias após a última dose tomada durante a viagem. Uma dose única de tafenoquina é usada para prevenir ataques recorrentes de malária em viajantes que estão tomando outros medicamentos antimaláricos (como doxiciclina ou atovaquona-proguanil) que tenham tido exposição significativa a Plasmodium vivax ou Plasmodium ovale.

Vacinação: Em 6 de outubro de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o uso generalizado da vacina contra a malária RTS,S/AS01 (RTS,S) em crianças na África Subsaariana e em outras regiões com transmissão moderada a alta da malária por Plasmodium falciparum. (Consulte OMS recomenda vacina inovadora contra a malária para crianças em risco.)

  • Medicamentos para tratar malária

Depois de começar o tratamento da malária, a maioria das pessoas melhora dentro de 24 a 48 horas, mas no caso de malária por Plasmodium falciparum, a febre pode persistir durante cinco dias.

Para tratamento de malária aguda, a escolha do medicamento baseia-se na

  • Os sintomas da pessoa

  • Espécie infectante de Plasmodium

  • Probabilidade de que o parasita seja resistente

O parasita ter probabilidade de ser resistente varia com

  • A espécie de Plasmodium

  • A localização geográfica em que as pessoas foram infectadas

O regime de tratamento baseia-se nos resultados dos exames diagnósticos e no local da exposição. No entanto, se os médicos suspeitarem seriamente de malária, eles poderão tratar as pessoas para malária mesmo se os resultados dos exames não confirmarem o diagnóstico, pois os exames não detectam todos os casos e, se não for tratada, a malária pode trazer risco à vida. Os médicos medem o nível de açúcar (glicose) no sangue da pessoa, particularmente na malária falciparum, e administram glicose se o nível cair abaixo do normal.

Como a malária traz um risco potencial à vida, as pessoas são tratadas imediatamente. A maioria dos casos de malária pode ser tratada com medicamentos orais. Em pessoas que não conseguem tomar medicamentos por via oral, pode-se administrar artesunato por via intravenosa (se ele não puder ser obtido de um fornecedor comercial, encontra-se disponível nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA [CDC]). A malária grave (consulte CDC: Malaria grave para verificar os critérios) requer tratamento urgente, de preferência com artesunato administrado por via intravenosa. Quando o artesunato não estiver disponível de imediato, inicia-se o tratamento oral temporário com arteméter-lumefantrina, atovaquona-proguanil, sulfato de quinina (combinado com doxiciclina ou clindamicina por via intravenosa) ou, se nada mais estiver disponível, mefloquina por via oral ou comprimidos esmagados administrados por meio de um tubo de alimentação em pessoas que não puderem tomar medicamentos por via oral.

Em algumas áreas em que a malária é comum, os medicamentos antimaláricos vendidos por farmácias locais podem ser falsificados. Assim, os médicos podem aconselhar os viajantes que rumam para áreas distantes, de alto risco, a levar consigo um ciclo completo de medicamentos antimaláricos adequados. Esses medicamentos devem ser usados se um médico local confirmar que o viajante tem malária. Essa estratégia garante que sejam utilizados medicamentos eficazes e evita que os suprimentos limitados de medicamentos no país que está sendo visitado se esgotem.

Os tratamentos comumente usados que são tomados por via oral incluem

  • Arteméter-lumefantrina

  • Atovaquona-proguanil para malária sem complicações

Os medicamentos que foram desenvolvidos a partir de artemisinina (como arteméter e artesunato) agora são usados no mundo inteiro para tratar malária por Plasmodium falciparum ou por outras espécies de Plasmodium. A artemisinina é derivada de uma erva medicinal chinesa chamada qinghaosu, originária da planta do absinto doce. Alguns medicamentos com artemisinina são dados por via oral, por injeção ou por supositório. Nenhum permanece no corpo por tempo suficiente para ser usado na prevenção da malária. No entanto, esses medicamentos são úteis para o tratamento, pois agem mais rapidamente que outros antimaláricos e são geralmente bem tolerados. Eles são administrados com um segundo medicamento para evitar o desenvolvimento de resistência a medicamentos. Uma dessas combinações de medicamentos é arteméter e lumefantrina (administrados em um só comprimido). Esta combinação é usada no mundo todo e é o tratamento preferencial nos Estados Unidos. Quando a terapia intravenosa é necessária para malária grave ou para as pessoas que são incapazes de tomar medicamentos por via oral, artesunato é o tratamento de preferência até que a terapia oral possa ser iniciada.

Quando não houver complicações, a malária por Plasmodium falciparum poderá ser tratada com a combinação de atovaquona e proguanil.

A cloroquina é uma opção para malária falciparum no Haiti, República Dominicana, América Central, oeste e norte do Canal do Panamá e na maior parte do Oriente Médio, mas atualmente a resistência à cloroquina está amplamente disseminada entre Plasmodium falciparum em outras partes do mundo.

A quinina combinada com o antibiótico doxiciclina ou às vezes com clindamicina já foi amplamente usada, mas os medicamentos arteméter-lumefantrina e atovaquona-proguanil têm menos efeitos colaterais. Essas combinações de medicamentos substituíram em grande parte os tratamentos que envolvem quinino.

A mefloquina administrada em doses mais altas que as recomendadas para a prevenção é uma alternativa, mas ela é usada somente quando não houver outras opções disponíveis, devido aos seus efeitos psiquiátricos e outros efeitos colaterais potencialmente graves. Além disso, atualmente a resistência está amplamente disseminada no sudeste asiático e em algumas outras áreas.

A cloroquina continua a ser o tratamento de escolha, exceto em áreas como Papua Nova Guiné e Indonésia, em que se sabe que os parasitas Plasmodium vivax são resistentes a ela. Nessas áreas, as pessoas são tratadas com arteméter-lumefantrina ou atovaquona-proguanil.

A primaquina tomada diariamente por catorze dias, ou tafenoquina tomada como uma única dose em adultos (16 anos de idade ou mais), é administrada ao término do tratamento para prevenir ataques recorrentes de malária. Ambos os medicamentos matam parasitas persistentes no fígado. Antes de serem iniciados, é feito um exame de sangue para verificar se há deficiência de G6PD. Nas pessoas com esta deficiência, tanto a primaquina como a tafenoquina causam uma decomposição dos glóbulos vermelhos do sangue e não podem ser usadas.

Plasmodium malariae e Plasmodium knowlesi são suscetíveis à cloroquina. Os medicamentos e as combinações de medicamentos usados para tratar a malária por Plasmodium falciparum resistente à cloroquina também são eficazes no tratamento de malária por essas espécies. Elas não têm parasitas persistentes no fígado.

Medicamentos à base de artemisinina (como arteméter e artesunato) às vezes têm efeitos colaterais, os quais incluem dores de cabeça, perda de apetite, tontura e fraqueza. Quando a combinação de arteméter-lumefantrina é usada, a lumefantrina pode interagir com outros medicamentos causando, às vezes, um ritmo cardíaco anormal. Portanto, as pessoas devem lembrar-se de informar seus médicos de todos os medicamentos que estejam tomando para que se possa evitar interações medicamentosas. A ruptura de glóbulos vermelhos e anemia podem ocorrer nas semanas seguintes à administração de artesunato e, ocasionalmente, outras artemisininas. Os medicamentos à base de artemisinina são administrados a mulheres grávidas somente se não houver nenhuma outra alternativa e se o possível benefício superar os possíveis riscos para o feto.

A atovaquona-proguanil costuma ser bem tolerada, mas ocasionalmente causa uma erupção cutânea alérgica ou sintomas intestinais. Ela é administrada a mulheres que estão grávidas ou amamentando somente se não houver nenhuma outra alternativa e se o possível benefício superar os possíveis riscos para o feto.

A cloroquina é relativamente segura para uso em adultos, crianças e mulheres grávidas quando usada nas doses recomendadas. Possui um gosto amargo e pode causar coceira e sintomas intestinais, como dor abdominal, perda de apetite, enjoo e diarreia. O medicamento deve ser mantido longe de crianças porque superdosagens podem ser fatais. A hidroxicloroquina, um medicamento quimicamente semelhante que tem atividade anti-inflamatória e é usada principalmente para tratar lúpus e artrite reumatoide, também tem atividade antimalárica. Seus efeitos colaterais são semelhantes aos da cloroquina.

A doxiciclina pode causar sintomas intestinais, infecções vaginais por levedura em mulheres, e sensibilidade à luz solar, resultando em uma reação do tipo queimadura de sol em um pequeno percentual de pessoas. As pessoas devem tomá-la com um copo cheio de líquido e não deitar durante várias horas para assegurar que o medicamento chegou no estômago. Se o medicamento não chegar ao estômago, ele pode irritar o esôfago e provocar uma grave dor no peito. Como a doxiciclina pode manchar permanentemente os dentes de crianças pequenas e fetos, ela não deve ser dada a crianças com menos de 8 anos de idade nem tomada por mulheres grávidas.

A mefloquina causa sonhos vívidos e insônia. Ela também pode causar efeitos colaterais psicológicos graves e convulsões em pessoas com um distúrbio convulsivo (epilepsia) e afetar o coração. Assim, a mefloquina é evitada em pessoas com diagnóstico confirmado de distúrbio convulsivo, problemas psiquiátricos ou distúrbio cardíaco. As pessoas que estão tomando o medicamento recebem informações por escrito sobre os efeitos colaterais.

O quinino causa frequentemente dor de cabeça, enjoo, vômito, problemas visuais e zumbido nos ouvidos. Essa combinação de sintomas é chamada cinchonismo. O quinino também pode causar níveis baixos de glicose em pessoas infectadas com Plasmodium falciparum.

Os medicamentos contra a malária podem prejudicar um feto. Assim, deve-se consultar um especialista quando uma mulher grávida for tratada.

  • Centros de Controle e Prevenção de Doenças: Malária

Por que o P. falciparum e a espécie de grande importância patogênica?

O protozoário do Plasmodium falciparum é considerado o mais patogênico de seu gênero, conferindo alto índice de mortalidade, isso devido sua resistência aos esquemas de primeira linha de tratamento e seu mecanismo de reprodução.

Qual a espécie de Plasmodium considerada a mais eficiente causadora de malária em humanos?

O Plasmodium knowlesi (parasita de Primatas não Humanos na Ásia) tem sido registrado em casos humanos no Sudeste Asiático. O homem é o principal reservatório com importância epidemiológica para a malária humana.

Qual a doença causada pelo Plasmodium falciparum?

A malária é uma doença curável, mas pode evoluir para formas graves em poucos dias, caso não seja diagnosticada e tratada rapidamente. Deve ser considerada uma emergência médica, principalmente quando causada pelo Plasmodium falciparum.

Qual a diferença entre a malária vivax é falciparum?

“O Plasmodium falciparum, por exemplo, infecta qualquer célula do sangue. Já o Plasmodium vivax infecta só os eritrócitos jovens, que nós chamamos de reticulócitos”, comparou Costa.