Por que o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?

O ano de 330 marca o momento da transferência da capital do Império Romano para Constantinopla e demonstra a vontade do imperador Constantino em voltar a ter sob o seu poder os dois impérios: o Oriental e o Ocidental, cuja divisão foi levada a cabo por Diocleciano em 286, de forma a descentralizar o poder e a governar mais eficazmente através do sistema da tetrarquia. Apesar do esforço encetado por Constantino, já não era possível a união desejada, porque se tinha cavado um fosso entre ambas as partes do império.
Nesta transformação Bizâncio passaria a chamar-se Constantinopla e ficou conhecida como uma nova Roma. Constantino usaria sempre o título de imperador dos Romanos. A passagem de Constantinopla para capital do Império Romano só foi possível graças ao desenvolvimento de um Estado centralizado e ao uso de um sistema hierárquico na administração.
A cidade encontrava-se dotada de todos os meios necessários para uma defesa eficaz contra os eventuais inimigos e simultaneamente assumia um papel fundamental na rede de rotas comerciais estabelecidas no Oriente, o que a torna na cidade mais importante da Alta Idade Média. O desenvolvimento da sua economia foi notável, nomeadamente a vertente comercial, devido à posição estratégica que ocupava e à sua função na transação de produtos de luxo, beneficiando ainda de uma grande circulação monetária e de uma moeda estável durante séculos. Era o centro de uma civilização extremamente helenizada, cuja cultura servia como meio de união entre os vários povos que a compunham. A unidade estabelecida através da cultura e da língua - o grego - é visível na abordagem da questão religiosa. O cristianismo é elevado a religião do Estado sob o reinado do imperador Teodósio I e o poder imperial passa a ser exercido sobre a Igreja em oposição ao que acontecia no Ocidente. Devido a questões do âmbito religioso e político, a Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa entrariam em inúmeras querelas até ao século XII.
A conjunção de todos estes fatores económicos, políticos e religiosos tornaram Constantinopla e o Império Bizantino alvo da cobiça de outros povos. Do século IV ao início do século VI vê-se ameaçado por vagas de Hunos e de Germanos, que vão sendo empurrados para Ocidente, motivando a perda, por parte do Império Romano, de alguns territórios, nomeadamente a Itália, a Gália, a Hispânia e o Norte de África. Naturalmente que o Império Oriental manteve os seus territórios praticamente incólumes aos ataques dos invasores bárbaros. O imperador Justiniano, no século VI, tenta reaver as antigas possessões ocidentais do império, o que efetivamente consegue com a conquista do Norte de África, do Sul da Hispânia e de importantes cidades italianas. Mas, ao mesmo tempo, fragiliza a economia do império e descura a sua defesa.
Devido aos constantes ataques de persas, eslavos e turcos, os sucessores de Justiniano acabariam por abandonar Itália e voltar-se para Constantinopla. Já no século VII, a partir de 610, o Imperador Heraclito detém um papel fundamental, pois marca definitivamente o Império Romano do Oriente e inicia uma civilização: a civilização bizantina. Vence os persas em Ninive e repele os árabes, que ameaçavam as fronteiras do Império Bizantino. O império vê-se pressionado em todas as frentes e no século VIII, mercê das vagas de persas, eslavos, búlgaros e muçulmanos, o Império Bizantino encontrava-se confinado à Grécia e à Ásia Menor. A nível religioso ocorre a famosa crise iconoclasta (754-843), que proíbia o culto das imagens, constituindo um motivo para se levarem a cabo inúmeros martírios a quem não acatasse a ordem emanada pelo Concílio de Hiéria. O culto das imagens viria a ser reposto com a subida ao trono da imperatriz Irene no Concílio de Niceia de 787, embora após a sua morte se tenha recolocado a questão da proibição dando lugar ao segundo período iconoclasta que se prolongaria até 843.
A partir do século IX o Império Bizantino, sob o governo de imperadores macedónios, reconquista alguns territórios. Sob a autoridade de Basílio, os búlgaros saíram derrotados, assim como os arménios, os georgianos, os árabes e os normandos, preparando-se para reconquistar territórios em Itália e em África. É um período durante o qual se verifica uma grande prosperidade económica e cultural que entraria em declínio nos reinados posteriores, pois os sucessores de Basílio não souberam manter as fronteiras conquistadas e o exército imperial tonara-se inoperante. Assim, os bizantinos são esmagados pelos turcos seljúcidas na batalha de Manziquert em 1071. Simultaneamente, a Itália caía definitivamente nas mãos dos normandos, marcando o fim do esplendor do Império Bizantino, que nem por isso perdeu algum do seu fulgor artístico e cultural.

O Império Bizantino ou Reinado Bizantino, inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395) como o império e reinado dominante do Mar Mediterrâneo.

Sob Justiniano I, considerado o último grande imperador romano, dominava áreas no atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas ilhas, Península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Crimeia, no Mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga.

Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da Idade Média.

Origem

O Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à Ásia.

Além disso, já havia algum tempo que Roma era preterida por seus imperadores que optavam por outras sedes de governo, em especial cidades mais próximas das fronteiras ou onde a pressão política fosse menor. Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao Leste e as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos estreitos.

A nova capital, batizada de Constantinopla em homenagem ao Imperador, unia a organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino. Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra "grego" significava, de maneira injuriosa, "pagão". Os persas e os árabes também chamavam os bizantinos de "romanos". A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo nome da capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla. O termo bizantino começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade. Tradicionalmente, era conhecido apenas como Império Romano do Oriente (devido à divisão do Império feita pelo imperador romano Teodósio I, no século IV da Era Cristã).

Identidade, continuidade e consciência

O Império Bizantino pode ser definido como um império formado por várias nações da Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de 1000 anos de história em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação.

Nos séculos que seguiram às conquistas árabes e lombardas do século VII, esta natureza inter-cultural (assinalamos: não multinacional) permaneceu ainda nos Bálcãs e Ásia Menor, onde residia uma poderosa e superior população grega.

Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinônimo de helênico. Preferiram chamar a si mesmos, em grego, romioi (quer dizer povo grego cristão com cidadania romana), ao mesmo tempo que desenvolviam uma consciência nacional como residentes de Romania (Romania é como o estado bizantino e seu mundo foram chamados na sua época). O nacionalismo se refletia na literatura, particularmente nas canções e em poemas como o Akritias, em que as populações fronteiriças (de combatentes chamados akritas) se orgulhavam de defender seu país contra os invasores.

Ainda que os antigos gregos não fossem cristãos, os bizantinos os reclamavam como seus ancestrais. De fato, os bizantinos se referiam a eles mesmos como romioi por ser uma forma de reter tanto sua cidadania romana quanto sua herança ancestral grega. Um substituto comum do termo "heleno" (que tinha conotações pagãs) tanto como o de romioi, foi o termo graekos (grego). Este termo foi usado frequentemente pelos bizantinos (tanto como romioi) para sua auto-identificação étnica.

A dissolução do estado bizantino no século XV não desfez imediatamente a sociedade bizantina. Durante a ocupação otomana, os gregos continuaram identificando-se como romanos e helenos, identificação que sobreviveu até princípios do século XX e que ainda persiste na moderna Grécia.

Por que o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?
  
Por que o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?

Por que o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?

Por que o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?

Como referenciar: "Império Bizantino" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Consultado em 17/11/2022 às 16:35. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/bizantino/

Porque o Império Romano oriental ficou conhecido como bizantino?

A parte oriental do Império Romano passou a ser também denominada Império Bizantino, pois sua capital era uma antiga colônia grega chamada Bizâncio. No século IV, sob o governo do imperador romano Constantino, a cidade foi reformada e recebeu o nome de Constantinopla.

Como foi conhecida o Império Romano Oriental?

Também conhecido como Reinado Bizantino, o Império Bizantino foi uma organização política que sucedeu o domínio do Império Romano. Foi o Império que dominou o Mar Mediterrâneo durante séculos, até sucumbir na Idade Média.

Qual é a origem do nome bizantino?

Bizâncio (em grego: Βυζάντιον; em latim: Byzantium) foi uma cidade da Grécia Antiga, fundada por colonos gregos da cidade de Mégara, em 658 a.C., que recebeu o nome de seu rei, Bizas ou Bizante (Βύζας ou Βύζαντας, em grego). Os romanos latinizaram o nome para Byzantium.

O que significa a palavra bizantina?

1. Relativo a Bizâncio. 2. [Figurado] Fútil, pretensioso.