Quais riscos corremos por estarmos em locais com sons muito intensos?

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Quais riscos corremos por estarmos em locais com sons muito intensos?

(Foto: flickr/creative commons/ hunter peddicord)

A audição é um instrumento evolutivo fundamental. Antes de se prestar à comunicação, a percepção de ruídos (sons indesejáveis) nos ajuda a identificar fontes de perigo. No mundo em que vivemos, a poluição sonora é constante. Apesar de ser facilmente medida, seus efeitos sobre a saúde são muitas vezes subestimados e vão além dos efeitos diretos sobre a capacidade de audição.

Como o som é uma onda mecânica, existem maneiras relativamente simples de medir sua intensidade. Uma unidade de medida bastante conhecidaé o decibel (dB), que traduz uma escala logarítmica que mede a potência do som. Para se ter uma ideia, em ambientes calmos, como uma biblioteca, o som percebido é de aproximadamente 20 dB; o som de uma conversa normal é de 50 dB; uma furadeira chega a gerar um som de 85 dB e a turbina de um avião a jato 120 dB.

Há muitas pesquisas que comprovam que a poluição sonora pode causar, além da perda auditiva, irritação, alterações de sono, doenças cardiovasculares e perda de desempenho cognitivo em crianças (dificuldade de aprendizado, por exemplo).

Pesquisadores europeus demonstraram que mais de 50% das pessoas que vivem em cidades com mais de 250.000 habitantes estão expostas a um nível médio de ruído maior que 55 dB por ano, nível que apresenta risco à saúde.

Efeitos auditivos: O barulho é a causa mais comum de perda auditiva que pode ser prevenida. Nosso sistema auditivo, assim como de todos os mamíferos, apresenta células sensoriais de audição que uma vez lesadas, não se regeneram.

A surdez causada por ruído pode ocorrer por exposição única (barulho de um tiro de revólver – 140 dB) ou por exposição prolongada a um ambiente em que o nível médio de ruído é muito intenso (alguns tipos de indústria – 85 dB). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial está exposta a níveis de ruído que podem causar danos à audição.

A perda auditiva induzida pelo ruído é a doença ocupacional mais comum nos Estados Unidos, onde cerca de 22 milhões de trabalhadores estão expostos a níveis de ruído que podem ser prejudiciais. No Reino Unido, aqueles que estão expostos a mais de 85 dB durante seu dia de trabalho devem usar proteção auditiva. Infelizmente, não temos estatísticas representativas sobre os riscos dos trabalhadores brasileiros. Felizmente já existem empresas brasileiras que adotam os Programas de Conservação Auditiva (PCA).

O barulho social ou recreacional também pode causar danos. Festas, shows, bares com muita gente e música alta, fones de ouvido e uso de telefone celular, também são fatores de risco a depender da duração e intensidade. É importante lembrar que, como quase tudo em saúde, os hábitos dos primeiros anos de vida tem influencia no que vai acontecer quando a ficarmos mais velhos: adolescentes e jovens que são expostos precoce e continuamente a sons muito intensos tendem a perder qualidade auditiva mais precocemente.

Efeitos não-auditivos

Irritação: é uma resposta comum de que é exposto a um ruído do ambiente (tráfego, morar perto de aeroportos, fábricas, etc.). A irritação aparece geralmente porque o barulho interfere nas atividades diárias, nos sentimentos, sono, momentos de descanso e  acaba causando reações negativas como raiva, falta de prazer, cansaço demais sintomas relacionados ao estresse.

Doença cardiovascular: por incrível que pareça, há relação entre poluição sonora e hipertensão arterial, derrames e infartos do coração. Basicamente, o que ocorre é que o barulho prolongado causa uma reação de estresse e o sistema nervoso autônomo (aquele que regula os níveis de adrenalina) está mais estimulado. O estimulo frequente causado pelo ruído, mantem a pressão arterial mais elevada, aumenta a resistência à insulina (deixando os níveis de glicose mais altos), contribuindo para o processo de aterosclerose. Se a pessoa já tinha fatores de risco, isso se torna ainda pior.

Desempenho cognitivo: a OMS reconhece como problema de saúde publica a poluição sonora e seus efeitos sobre crianças e adolescentes. Geralmente nessa idade, os mecanismos para lidar com o estresse são menos eficazes e as consequências de irritabilidade, dificuldade de concentração e frustração tem efeito direto no desempenho escolar. Há mais de 20 estudos que demonstram os efeitos da poluição sonora no desempenho cognitivo. Um deles avaliou mais de 2.800 crianças entre 9 e 10 anos de idade que estudavam perto dos aeroportos internacionais de Londres, Amsterdam e Madri – os autores demonstraram uma relação independente entre o nível de ruído e o desempenho escolar: um aumento de somente 5 dB  nos ruído médio relacionado aos aviões, causava um atraso de 2 meses em habilidades de leitura em crianças da Inglaterra e 1 mês naquelas que estudavam em Amsterdam. Esses resultados mostram que não há limiar seguro de ruído na sala de aula e a recomendação é que o durante as aulas o ruído ambiente não ultrapasse 35 dB.

Disturbios do sono: há muitos anos já se sabe que a qualidade do sono interfere na saúde de todos nós. Percebemos, avaliamos e reagimos aos ruídos mesmo dormindo. O problema ocorre porque dependendo do estagio do sono em que estamos, os ruídos impedem o efeito restaurador de diversas funções orgânicas e mantemos um nível de estresse elevado mesmo que inconscientemente.

Se você quiser saber mais sobre os trabalhos que sustentam esses argumentos, recomendo ler o seguinte estudo: “Auditoryand non-auditoryeffectsofnoiseonhealth. Mathias Basner et al. Lancet 2014; 383: 1325-32”

Quais riscos que corremos por estamos em locais com sons muito intensos?

Com o passar do tempo, uma pessoa exposta diariamente a sons muito altos pode ter a audição comprometida. Além disso, a longo prazo, o ruído excessivo pode causar gastrite, insônia, aumento do nível de colesterol, distúrbios psíquicos e perda da audição.

Quais são as consequências de ouvir som muito alto?

A exposição ao ruído e a música muito intensa, não é apenas prejudicial para o ouvido interno, comprometendo a audição, também é prejudicial em termos psicológicos. Aumenta o stresse, pode provocar depressão, insónias e diminuir a atenção. Em certos casos, surgem zumbidos que condicionam muito a qualidade de vida.

Qual o risco se ficarmos muito tempo ouvindo um som forte?

Falta de cuidados, muita exposição a som alto e explosões e uso constante de fones de ouvido podem causar perda irreversível da audição, segundo a otorrinolaringologista Tanit Sanchez.

O que o som alto pode provocar?

Música muito alta, buzinas, fones de ouvido, fogos de artifícios podem prejudicar a audição. Isso ocorre, segundo Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (Aborl), porque o som alto lesa as células sensoriais auditivas, podendo provocar zumbidos e distorções sonoras e até a perda da audição.