Por que o comércio internacional é dominado pelos países desenvolvidos?

O crescimento do comércio mundial foi extremamente acelerado no século XIX. Foi um crescimento mais rápido do que nos séculos anteriores ou mesmo posteriores e verificou-se, em especial, nos países mais desenvolvidos da Europa e na América do Norte (Reino Unido, França, Alemanha; Holanda, Bélgica, Suíça, Escandinávia e Estados Unidos da América).
A hegemonia destes países é explicada pelo tipo de trocas comerciais praticadas no século XIX. A Europa absorvia cerca de 80% das exportações de países como a Bélgica, a Holanda e a Argentina, 75 a 80% das exportações da Alemanha, da Rússia e da Austrália, mais de 60% das da França, da Itália e dos EUA e aproximadamente metade das da Índia e do Canadá. Enquanto na Inglaterra o comércio se repartia entre a Europa e as colónias.
Esta distribuição geográfica do comércio mundial resultava do desenvolvimento de novos esquemas que incluíam trocas de matérias-primas minerais e produtos agrícolas por produtos industriais manufaturados e trocas de produtos manufaturados entre os países industrializados.
O aumento do comércio de produtos primários foi um resultado da industrialização da Europa, que obrigou à importação de grandes quantidades de materiais minerais e sobretudo de vegetais e de produtos alimentares consumidos por uma população em franco crescimento, mais bem nutrida em quantidade e qualidade, devido ao aumento do rendimento per capita.
As principais matérias-primas agrícolas eram o algodão e a lã. O algodão bruto representava uma grande fatia das exportações norte-americanas. A indústria da lã cresceu, consideravelmente, após 1850, a partir do momento em que se desenvolveu a criação de gado na Áustria, na Nova Zelândia, na Argentina e na África do Sul.
A Europa dependia menos das colónias quanto ao fornecimento de produtos minerais, embora a França até à Primeira Guerra Mundial continuasse a ser um grande importador de carvão da Bélgica, da Grã-Bretanha e da Alemanha. Por exemplo, para a Grã-Bretanha o carvão representava 2% das exportações em 1850 e em 1913 atingia já os 10%. As exportações de carvão estavam associadas ao comércio para o continente e ao fornecimento de carvão para os barcos.
No comércio intra-europeu as trocas de produtos siderúrgicos também eram bastante importantes, mas algumas matérias-primas vinham de países distantes. O fornecimento de metais não-ferrosos, em especial do cobre, da borracha e do petróleo, tornaram-se essenciais neste comércio à escala mundial.
Um dos principais fatores da intensificação das trocas internacionais foi o aumento da dependência da Europa em relação à importação de alimentos. À volta de 1850, este comércio era intra-europeu, mas, paulatinamente, tornou-se intercontinental, graças ao progresso do comércio dos cereais, em especial de trigo, pelo aparecimento do comércio de produtos animais e pela extensão das compras de produtos alimentares tropicais. Nos EUA, na Austrália, na Argentina e no Canadá, a cultura de cereais cresceu, apesar da descida de preços no último quartel do século XIX.
Com o aparecimento das cadeias de transporte frigoríficas, nos anos de 1880, intensificou-se ainda mais o comércio intercontinental de carne e de produtos lácteos. E com o aumento de rendimento per capita os consumidores puderam aceder a outros produtos alimentares mais refinados como o chá, o café, o cacau, o açúcar e o tabaco, disponíveis a preços mais acessíveis.
Pela altura do rebentamento da Primeira Guerra Mundial, as exportações de produtos manufaturados do Noroeste Europeu e da América representavam 84% das exportações a nível mundial desses produtos, uma percentagem inferior aos 89% do período entre 1876-80. Nestas balizas cronológicas o resto do mundo recebia 55% e 65% das exportações mundiais desses produtos, o que indica que o tradicional esquema de trocas - troca de produtos primários por produtos manufaturados, dominada pelo Noroeste e pelos EUA começava, cada vez mais, a interferir com a rede de trocas de produtos industriais entre os países industrializados.
O crescimento das trocas mundiais criava, entre os países mais evoluídos, relações de complementaridade e solidariedade. Assim, o principal comprador dos produtos alemães era a Inglaterra (absorvia 14% das suas exportações) e o melhor cliente da Inglaterra era a Alemanha. A Europa recebia 35% das exportações inglesas e 27% das exportações alemãs. Nesta troca os mercados ultramarinos revestiam-se de uma importância capital para os países europeus, no entanto constituíam somente uma das várias componentes das suas exportações. Por isso, em verdade, não se poderá afirmar que a exportação colonial europeia pós-1800 fosse um resultado imediato do esforço para garantir os mercados.
Nos países menos desenvolvidos as trocas tiveram um papel de arrastamento, isto é, forneceram mercados a setores-guia e submeteram o conjunto da economia às leis da concorrência internacional, dentro de políticas protecionistas moderadas. O comércio mundial durante os três quartos do século XIX até 1914 foi um motor de crescimento pela exportação de produtos primários e de produtos industriais. As economias destes países, povoados pela Europa mais recentemente (Austrália, Nova Zelândia, Canadá e África do Sul), estava dependente das exportações de produtos primários, em virtude da imigração e dos investimentos europeus. Verificou-se um efeito de arrastamento, porque esses países estavam sujeitos a exigências idênticas às dos países europeus, relativamente ao funcionamento interno das suas economias.
Dois exemplos significativos deste efeito de arrastamento são o Japão e os países escandinavos, pois revelaram uma grande capacidade de adaptação ao crescimento da procura mundial e souberam, sabiamente, orientar as suas produções em função das suas necessidades, por exemplo, a Noruega e a Suécia que eram grandes fornecedores de madeira, face à concorrência da Rússia e da Finlândia no final do século XIX, voltaram-se para a exportação de pasta de papel, enquanto a Suécia apostou no setor da metalurgia.
O multilateralismo das trocas não foi uma invenção do século XIX, mas foi altamente aperfeiçoado neste período, num processo em que a Grã-Bretanha desempenhou um papel primordial, embora fosse perdendo alguma exclusividade perto do início da Primeira Guerra Mundial. A Inglaterra funcionava como um entreposto comercial (porto de Londres) e um fornecedor de serviços comerciais e bancários (casas comerciais e bancos londrinos), apesar da percentagem do comércio inglês no cômputo geral do comércio mundial ser baixa. O protagonismo dos EUA no comércio mundial estava então a consolidar-se e com ele o dólar impunha-se como moeda por excelência das trocas mundiais.

Quais os motivos do crescimento do comércio internacional?

O incremento no comércio internacional ocorreu em razão de dois fatores: a dispersão das empresas multinacionais e evoluções nos meios de transportes (rodoviário, ferroviário, hidroviário, aeroviário e principalmente marítimo).

Porque o comércio exterior é importante para o desenvolvimento das nações?

Em suma, através do Comércio Internacional, podemos destacar três importantes benefícios para a sociedade: o aumento da renda per capita da população, o maior poder de compra da sociedade em geral e a elevação do número de empregos em nosso país.

Por que os países centrais levam uma grande vantagem no comércio global?

Os países centrais levam uma grande vantagem no comércio global, isso se dá por dominarem a tecnologia, que deixa o sistema regularizado a favor dos países centrais.