Por que nos comunicamos mal é utilizamos vários vícios de linguagem?

Vícios de linguagem são desvios gramaticais que um falante comete de maneira não intencional. Esses desvios ocorrem por falta de conhecimento ou atenção e costumam causar problemas na comunicação. Eles podem estar relacionados ao significado ou ao som das palavras, mas também podem ser estruturais.

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Tópicos deste artigo

  • 1 - Resumo sobre vícios de linguagem
  • 2 - Videoaulas sobre vícios de linguagem
  • 3 - O que são vícios de linguagem?
  • 4 - Classificação dos vícios de linguagem
    • Solecismo
    • Barbarismo
    • Estrangeirismo
    • Pleonasmo vicioso
    • Ambiguidade
    • Cacofonia
    • Arcaísmo
  • 5 - Exercícios resolvidos

Resumo sobre vícios de linguagem

  • Vícios de linguagem são desvios da norma gramatical cometidos de maneira não intencional.

  • Eles por vezes causam problemas na mensagem: falta de clareza ou ruídos na comunicação.

  • Podem estar relacionados: ao significado das palavras; ao som e à estrutura das palavras; à estrutura do enunciado.

  • Não devem ser confundidos com as figuras de linguagem.

  • Entre os principais vícios, temos: solecismo, barbarismo, estrangeirismo, pleonasmo vicioso, ambiguidade, cacofonia e arcaísmo.

Videoaulas sobre vícios de linguagem

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O que são vícios de linguagem?

Vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma gramatical, ou seja, quando um falante se expressa de maneira não aceita pela norma-padrão de sua língua, o que acaba gerando problemas na comunicação. Esses problemas podem estar relacionados à semântica (ou seja, ao significado das palavras), à fonética (isto é, ao som das palavras) ou à sintaxe (que seria a estrutura do enunciado, a ordem dos elementos que compõem o discurso).

Eles não devem ser confundidos com as figuras de linguagem, que são técnicas estilísticas para gerar efeitos de sentido no discurso. Algumas figuras de linguagem também apresentam desvio da norma gramatical, mas essa característica é adotada de maneira intencional, ao contrário dos vícios de linguagem. Acompanhe a discussão desse tema também em nosso podcast: Vícios de linguagem.

Classificação dos vícios de linguagem

  • Solecismo

O solecismo é o tipo de desvio caracterizado por erros de sintaxe no enunciado, ou seja, maneiras inapropriadas de construir um trecho ou de apresentar os elementos que compõem o enunciado. Muitas vezes, o solecismo se destaca pela falta de concordância, por desvios de regência e de colocação pronominal.

Concordância

“Comprei vários lanche no restaurante.”

em vez de

“Comprei vários lanches no restaurante.”

Regência

“Fui no shopping ontem.”

em vez de

“Fui ao shopping ontem.”

Colocação pronominal

“Eles não confirmaram-me isso.”

em vez de

“Eles não me confirmaram isso.”

  • Barbarismo

O barbarismo ocorre quando uma palavra não é usada de acordo com a norma-padrão. Nesse caso, o desvio pode ser fonético (de som e pronúncia), ortográfico (de escrita) ou semântico (de sentido).

Fonético

  • Alteração de sílaba tônica na pronúncia do vocabulário. Exemplo: “corde” em vez de “recorde”.

  • Alteração na pronúncia de fonemas do vocabulário. Exemplo: “adevogado” em vez de “advogado”.

Ortográfico

“caza”
em vez de
“casa”

“proporam”
em vez de
“propuseram”

Semântico

Confundir o significado de palavras diferentes. Exemplo:

“O acidente era eminente.”

em vez de

“O acidente era iminente.”

  • Videoaula sobre barbarismo e solecismo

  • Estrangeirismo

Estrangeirismo é o uso exagerado de palavras, expressões e construções típicas de idiomas estrangeiros. Apesar de ser natural a apropriação de vocabulários estrangeiros, o uso frequente e exagerado deles é tido como um vício de linguagem, principalmente quando há sinônimos do estrangeirismo no próprio idioma do falante.

“Esse boy se acha tão cool, mas é muito cringe, além de fazer umas makes péssimas!”

  • Pleonasmo vicioso

O pleonasmo vicioso é uma redundância não intencional que ocorre quando se usam expressões que causam a repetição desnecessária de uma mesma ideia. Veja alguns exemplos comuns e que costumam passar despercebidos na oralidade:

“Entrar para dentro”

“Sair para fora”

“Subir para cima”

“Descer para baixo”

“Elo de ligação”

“Ganhar grátis”

  • Videoaula sobre pleonasmo vicioso

  • Ambiguidade

A ambiguidade é o desvio caracterizado pela duplicidade de sentido de um enunciado muitas vezes mal estruturado ou dito e escrito de maneira pouco precisa. Nos casos de ambiguidade como vício de linguagem, essa duplicidade ocorre de modo não intencional e atrapalha a comunicação. Veja um exemplo:

“Ela estava com a amiga quando souberam que havia um incêndio em sua casa.”

Houve um incêndio na casa de quem? Do sujeito “ela”, da “amiga” ou do interlocutor com quem se está falando?

  • Videoaula sobre ambiguidade

  • Cacofonia

A cacofonia está relacionada ao som desagradável ou indesejado gerado pela sequência de duas ou mais palavras. Como vício de linguagem, esse som não é gerado de maneira proposital, o que gera ruído e impacto negativo na comunicação. Veja exemplos:

“A crítica dela foi bem embasada.”

“Uma mão vai na cabeça.”

Há alguns tipos específicos de cacofonia:

  • Eco: uso excessivo de palavras com terminações iguais ou parecidas. Ex.: “No portão, não há oração e nem irmão oferecendo pão.”

  • Hiato: sequência repetitiva de vogais, de modo a causar um som estranho ou desagradável. Ex.: “Eu o ouvi mais cedo.”

  • Colisão: sequência repetitiva de consoantes, de modo a causar um som estranho ou desagradável. Ex.: “É muita maldade mandar o menino se mudar mensalmente.”

  • Videoaula sobre cacofonia

  • Arcaísmo

O arcaísmo consiste no uso de vocábulos e expressões considerados arcaicos, que caíram em desuso na língua. Muitas vezes, o arcaísmo pode nem mesmo ser compreendido no enunciado, como usar “físico” no lugar de “médico” ou mesmo “coita” em vez de “dor”.

Confira também no nosso podcast: 5 dúvidas frequentes de língua portuguesa

Exercícios resolvidos

Questão 1

(Consesp) Assinale a alternativa em que não se verifica pleonasmo (vicioso ou estilístico).

A) É preciso encarar de frente os problemas da vida.

B) Vi com os olhos os preços dos remédios na tabuleta.

C) Chorei aquelas lágrimas terríveis e doloridas.

D) A brisa matinal da manhã soprou calma como nunca.

E) Pus fogo no monte de lenha.

Resolução

Alternativa E. Não há termos redundantes nesse enunciado, ao contrário do que se observa nas demais alternativas: “encarar de frente”; “vi com os olhos”; “chorei lágrimas”; “matinal da manhã”.

Questão 2

(FCC) A frase que não apresenta ambiguidade é:

A) O coordenador informou ao grupo que sua proposta não tinha sido aceita.

B) A briga entre Pedro e Miguel foi séria, por isso lhe disse que era melhor não insistir na viagem.

C) De presente de aniversário, a menina pediu muito ousada fantasia de fada.

D) Ator e diretor se desentenderam, mas, posteriormente, o ator reconheceu suas próprias falhas.

E) Maria assinou o projeto e o orçamento, cujo prazo de entrega estava se esgotando.

Resolução

A alternativa D não apresenta nenhuma ambiguidade.


Por Guilherme Viana
Professor de Gramática

Por que nos comunicamos mal e utilizamos vários vícios de linguagem?

Vícios de linguagem são expressões ou construções linguísticas contrárias às regras da gramática normativa. Eles ocorrem devido à falta de atenção do enunciador ou de seu desconhecimento da norma culta.

Quais os impactos dos vícios de linguagem na comunicação?

Entre os impactos que os vícios de linguagem trazem para a imagem profissional, estão dificuldades de comunicar o que se deseja, falta de credibilidade por parte de colegas e equipes e, dependendo da gravidade, até mesmo um constrangimento pela necessidade de correções em materiais da empresa.

O que são os vícios de linguagem?

Um vício de linguagem nada mais é que utilizar uma ou mais palavras e expressões que não estão de acordo com a norma culta. Trata-se de uma mudança causada pela ignorância ou pelo descuido em relação à língua padrão.

Por que devemos evitar os vícios de linguagem?

Inimigos da boa comunicação, os vícios de linguagem aparecem em palavras fora do contexto e junções de frases, prejudicando a transmissão da mensagem. Esse mau hábito acaba empobrecendo a fala e a escrita, além de prejudicar o desempenho em redações, provas e entrevistas de trabalho.