Objeto de estudo de necessidades educativas especiais

1.1. Pedagogia Especial e Necessidades Educativas Especiais

Com a expressão Necessidades Educativas Especiais faz-se alusão a um campo de estudos vasto, denso e complexo. Trata-se, com efeito, de uma grande categoria que encontra-se no cruzamento de muitas disciplinas científicas, entre as quais a Pedagogia, a Medicina, a Psicologia, a Sociologia e a Economia, por exemplo. Todavia, como objecto de estudo, encontra a sua razão de ser nas ciências da educação, e mais concretamente na Pedagogia Especial.

Enquanto disciplina de estudos, as “Necessidades Educativas Especiais” não são uma ciência (como seria a Pedagogia, a Psicologia, a História ou a Geografia, por exemplo), nem mesmo um grupo de ciências. Constituem, antes de mais, o objecto de estudo multiforme e de certo modo “interdisciplinar” da Pedagogia Especial.

A expressão Pedagogia Especial pode parecer-lhe nova. Entretanto, acreditamos que ao longo do primeiro ano já ouviu falar de pedagogia. Está lembrado? Antes de prosseguir procure lembrar-se deste conceito e, se necessário, escreva-o numa folha à parte. Agora que já definiu a Pedagogia, está mais próximo de entender a Pedagogia Especial.

O que será, então, a Pedagogia Especial? Como o nome sugere, é uma área da pedagogia (arte/ciência de educar/guiar as crianças) como um todo. A Pedagogia Especial será o produto do encontro entre a reflexão Pedagógica Geral e a Especial, que se ocupa justamente dos vários elementos – socioculturais, (inter)pessoais, psicofísicos, etc. – que intervêm negativamente na realização do fim último do processo educativo: fazer com que cada indivíduo realize no máximo o seu potencial e desenvolva habilidades, atitudes, comportamentos, etc., julgados socialmente úteis.

O que torna esta área especial é justamente o facto de ocupar-se dos problemas que os sujeitos enfrentam durante as suas aprendizagens e na tentativa de adaptação ao mundo circundante. Assim explicada, a Pedagogia Especial pode parecer uma ciência muito distante. Mas não o é. Mais uma vez, pare e pense: no seu dia-a-dia, enquanto professor, muito provavelmente encontrou alunos que por uma série factores tinham dificuldades para acompanhar as suas aulas e precisavam de um acompanhamento muito próximo durante toda a aula. Que tipo de dificuldades tinham esses alunos? Se não é professor, talvez tenha tido algum colega nessas circunstâncias. Pois bem, a pedagogia especial ocupa-se desta tipologia de alunos.

Objeto de estudo de necessidades educativas especiais

Enfrentando pela primeiríssima vez os argumentos da pedagogia especial incorre-se frequentemente o risco de pensar que estamos a falar unicamente de educação para pessoas portadoras de deficiência (surdos, mudos, cegos, sujeitos mentalmente débeis, etc.). Por consequência, passa-se a estudar esta problemática de um ponto de vista mais ou menos médico. A nossa opção, no presente curso, passa por explorar a dimensão pedagógica do fenómeno. Nesta perspectiva, todos os alunos, em algum momento da vida podem apresentar necessidades educativas especiais, mesmo que não estejam doentes ou sejam portadores de deficiência.

Imagine o caso de uma criança cujos pais encontram-se em processo de divórcio litigioso. Coloquemos a hipótese de que tal divórcio tenha abalado a estrutura familiar e emocional da criança. O que poderia acontecer no aproveitamento escolar desta criança? Numa situação destas, talvez a criança perdesse gradualmente a capacidade de concentração durante as aulas, tivesse notas negativas e consequentemente corresse o risco de ser reprovada. Não nos parece razoável pensar que esta criança precise de uma atenção especial por parte do professor e de todos quantos são responsáveis pela sua aprendizagem?

Do ponto de vista pedagógico, é óbvio que sim. Mas não se pode dizer o mesmo do ponto de vista biomédico. De facto, a criança não está doente, não é deficiente. Ela atravessa uma dificuldade pedagógica, derivada da sua difícil situação social/familiar.

Tudo quanto tentamos dizer até aqui é que as necessidades educativas especiais não são um argumento associado unicamente à dimensão biomédica da pessoa. Elas dizem respeito à dimensão pedagógica, aos problemas que as pessoas encontram na sua aprendizagem, independentemente da origem (estes podem ser biológicos e por isso médicos; mentais e por isso psicológicos/psiquiátricos; sociais e por isso explicáveis do ponto de vista da sociologia, etc.). O que todas estas dificuldades têm em comum é o facto de influírem negativamente na vida escolar do sujeito.

Na qualidade de (futuros) professores reflexivos aproximamo-nos das Necessidades Educativas Especiais com os olhos da pedagogia, isto é, buscando a implicação pedagógica de todas estas dificuldades (que como se disse podem ser de origem biológica, social, económica, etc.). Esta é uma perspectiva importante que devemos ter sempre presente ao longo do todo o módulo.

Agora que indicamos o estudo dos “alunos com dificuldades de adaptação no mundo escolar” como a preocupação da Pedagogia Especial, torna-se mais fácil identificar as disciplinas que podem contribuir para este fim. A partir do tipo de dificuldades que os seus alunos têm, pode pensar no tipo de especialistas que consideraria úteis para ajuda-lo. Já pensou? Quais são? Provavelmente a sua lista inclui médicos, psicólogos e sociólogos. Embora as demais disciplinas sejam úteis, a Medicina, a Psicologia e a Sociologia parecem ter uma relação mais evidente com a Pedagogia Especial. Consegue descrever tal relação? A medicina ajudaria, por exemplo, na explicação/cura daqueles problemas de saúde que interferem na aprendizagem (por exemplo, problemas auditivos e visuais). A psicologia explica muitas das chamadas “Dificuldades Específicas de Aprendizagem”, como a dislexia, disgrafia, discalculia, disortografia, das quais nos ocuparemos mais adiante. A sociologia explicaria a influência dos factores sociais como a exclusão e a marginalidade na aprendizagem dos alunos.

Bibliografia

FAIFE, Jofredino. Módulo de Necessidades Educativas Especiais. Centro de Educação Aberta e à Distancia – Universidade Pedagógica, Maputo: 2016.

Qual é o objetivo do termo necessidades educativas especiais?

O termo Necessidades Educacionais EspeciaisNEE é aplicado a todas aquelas crianças, jovens ou adultos cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem.

Qual o principal objetivo do trabalho com alunos com NEE?

O objetivo da educação inclusiva é permitir que esse aluno tenha liberdade e autonomia, aprendendo a agir com naturalidade, tanto no ambiente escolar quanto fora dele. Para alcançar esse objetivo, o diálogo com as famílias é necessário e contribui para a percepção de dificuldades e vitórias.

O que trata as necessidades educativas especiais?

Consideram-se estudantes com Necessidades Educativas Especiais (NEE) aqueles que, por apresentarem determinadas condições específicas, podem necessitar de um conjunto de recursos educativos particulares, durante todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e sócio ...

Quais são os tipos de necessidades educativas especiais?

A IDEA propõe a classificação das crianças com necessidades educacionais especiais em 13 categorias: (a) Autismo, (b) Surdocegueira, (c) Surdez, (d) Distúrbio Emocional (que inclui problemas de comportamento externalizantes e internalizantes), (e) Deficiência Auditiva, (f) Retardo Mental, (g) Deficiências Múltiplas, (h ...