O que a liberdade representa para o ser humano de acordo com o pensamento de Sartre?

Inquieto e contestador, em seus estudos de filosofia, Sartre desconstruiu tudo o que se conhecia na área. Divergiu de Descartes, achou Kant inadequado, definiu Hegel como burguês. Chegou a se interessar por Freud, mas depois discordou da autonomia da mente negada pela psicanálise. Finalmente, influenciado pela fenomenologia de Husserl, Sartre enveredou pelo terreno social e julgou encontrar uma filosofia que levasse em conta a liberdade do indivíduo, entendendo-o como produto-produtor do mundo em que vive. Era o existencialismo, um movimento filosófico que teve enorme influência na cultura europeia de meados do século 20.

A origem do termo remontava a Sören Kierkegaard, filósofo dinamarquês do século 19, que afirmava que o "indivíduo existente" era a única base para uma filosofia significativa. Ele defendia que deveríamos sustentar-nos na especificidade da experiência e na sua natureza essencialmente individual para encontrarmos nossa verdadeira liberdade.

Sartre desenvolveu um existencialismo ateu, uma filosofia do homem em um mundo material. Deus não existia para Sartre, e essa “intuição” ele tinha desde seus 12 anos de idade. Sartre apresentava Deus como um ser na direção à qual tende a realidade humana. Daí surge a ideia do nada espiritual. Influenciado por Feuerbach, Sartre afirma que "o homem é o ser que projeta ser Deus". Para ele, ser homem seria fundamentalmente o desejo de ser Deus.

Em acordo com Marx, Sartre definiu o sentimento religioso como um álibi e uma fuga da própria condição humana, pois para o homem existiria sempre uma luta a travar contra a ilusão transcendental que é a relação com Deus. Contrariando a ideia do Cristo que se sacrifica para que o homem viva, na verdade é o homem que se sacrificaria em nome da existência de Deus.

Para alguns, o existencialismo de Sartre parecia pessimista, até cruel, ao colocar o ser humano sozinho e abandonado. Por outro lado, ele mostra um homem independente, responsável por seu futuro e com autonomia para decidir segundo sua própria vontade.

Em seus ensaios, Sartre partia do princípio de que a existência precede a essência. Em outras palavras, primeiro o homem existe no mundo e só depois ele se define e constitui sua essência por meio de suas ações e pelo que faz na vida. Os existencialistas, como Sartre, negam que haja a natureza humana – uma espécie de essência universal compartilhada pelos homens –, ou que esta essência seja influenciada pela vontade de Deus ou criada como seu atributo. Uma vez que a existência precede a essência, não somos definidos por uma natureza ou por Deus. É o homem que tem toda a responsabilidade por suas ações.

Para o existencialismo sartreano, o homem é um projeto “jogado” no mundo que não escolhe nascer em determinado lugar ou em determinada situação ou família. Mas, com diferentes possibilidades de caminhos a tomar a partir daí, ele deve dar significado à sua existência – é uma liberdade que tem e da qual não pode, curiosamente, se livrar.

Sartre, aliás, dizia que o homem está condenado a ser livre: “Condenado porque não criou a si próprio; porém livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo que fizer”. Para o filósofo, é assim que o homem se faz homem: pelo conjunto de decisões que adota no dia a dia, sem desculpas do que “poderia” ser. Suas falhas, portanto, não podem ser atribuídas a fatores externos, como a ação do meio ou a influência de outras pessoas.

E mais: ao optar-se por uma escolha, ela elimina todas as outras possibilidades. É por isso que viver traz também angústia. Não se podem escolher todas as possibilidades.

Com esse conceito de liberdade do indivíduo bem estruturado em termos filosóficos, Sartre sabia que necessitava torná-lo também plausível em termos sociais. Antes influenciado pelos eventos da Segunda Guerra Mundial, que acabara de começar, o filósofo mergulhara no desenvolvimento do conceito filosófico de liberdade humana. Mais adiante, estabeleceu a liberdade individual em um contexto mais prático de responsabilidade social e engajamento.

Com uma antipatia natural pela burguesia, Sartre aproximou-se do marxismo, em uma relação que apareceu com clareza nas obras Questão de método e "Crítica à razão dialética", de 1960.
Sartre discute se é possível reencontrar uma compreensão única do homem, para além das várias teorias, técnicas e ciências que o investigam. Ele, no entanto, não pretende inventar esse novo saber capaz de fornecer soluções para os problemas que as antigas doutrinas não conseguiram resolver. Essa nova filosofia, segundo Sartre, já existia: o marxismo, para ele, era a filosofia insuperável do século 20.

Dentro desta concepção, o existencialismo seria “um território encravado no próprio marxismo” que, ao mesmo tempo, o engenha e o rejeita. O marxismo de Sartre tem, portanto, a linguagem do existencialismo. Mesmo assim, esse marxismo não seria uma filosofia eterna. Para Sartre, ele deveria ser superado quando existisse uma margem de liberdade real para todos – uma filosofia que, até hoje, a realidade não nos permite materializar.

* Bianca Encarnação é editora executiva da revista "Ciência Hoje das Crianças" e editora-assistente do "Globo Ciência".

O que Sartre quis dizer que o ser humano é liberdade?

Sartre conceitua a liberdade como uma condição intransponível do homem, da qual, ele não pode, definitivamente, esquivar-se, isto é, o ser- humano está condenado a ser livre e é a partir desta condenação à liberdade que o homem se forma. Não existe nada que obrigue o ser humano agir desse ou daquele modo.

O que é liberdade para o existencialismo sartriano?

Segundo a concepção existencialista, especialmente em Jean-Paul Sartre (1905-1980), a liberdade está relacionada com as escolhas que fazemos. Ele entende que toda pessoa é livre, pois fazemos escolhas a todo momento, e não há como não ser livre, pois não há como não escolher. "O homem está condenado a ser livre.

Qual o pensamento de Jean

Para o pensamento de Sartre Deus não existe, portanto o homem nasce despido de tudo, qual seja um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem, o que significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define.