Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas em francês

A frase original, escrita em francês, “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé” é retirada do clássico da literatura mundial Le petit prince (em português O Pequeno Príncipe), um dos meus livrinhos favoritos da vida ❤️

Eu me sinto responsável por vocês, pela informação que eu trago aqui, de pesquisar e estudar antes de trazer conteúdo, de sempre ser consistente todos os dias, tenho que ser responsável por cativar vocês ! 

Mas não confunda responsabilidade com culpa, quando se trata de bilinguismo, muita gente se sente culpado porque não começou, ou pq o filho está recusando a falar, ou pq não sabia como fazer e abriu mão em determinado momento da vida.

Mas eu preciso dizer que se bilinguismo está nos seus planos, e você DECIDIU QUE  QUER ISSO, então entenda como uma responsabilidade de cativar e cultivar todo dia 🌱 como uma plantinha  que a gente escolhe regar. 

A raposa  no livro responde que cativar significa criar laços, passar a ter necessidade do outro, e exemplifica:

Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Vamos pensar na língua alvo, principalmente a língua de herança dessa forma ? Que tal CATIVAR esse amor por essa língua? Criar essa NECESSIDADE DE FALAR ESSA LÍNGUA ? De viver essa língua ??? 

Quando a gente está APAIXONADO por alguém ou alguma coisa, querer fazer parte, ser, pertencer  fica muito mais fácil e prazeroso ❤️

Você sabia que o livro “O Pequeno Príncipe” , hoje em domínio público no Brasil, que você leu não é o mesmo que os chineses, norte-americanos, espanhóis, italianos e alemães leram?

Mas fique feliz, pois é o mesmo que os franceses leram. É o mesmo que o seu autor, Antoine de Saint-Exupéry, escreveu. Tudo graças à genialidade do bispo tradutor Dom Marcos Barbosa e à plasticidade de nosso belo idioma Português.

A frase mais importante desta obra, “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé”, teve diferentes traduções.

Aquilo que em Português foi traduzido como “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativou.”, em outros idiomas foi traduzido como: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que domesticou” .

Vejamos:

Inglês: You become responsible, forever, for what you have tamed. Cf: You are responsible, forever, for what you have seduced.

Chinês: 你现在要对你驯服过的一切负责 – nǐ xiànzài yāo duì nǐ xúnfú guòde yīqiè fùzé. Cf: 你现在要对你吸引过的一切负责 nǐ xiànzài yāo duì nǐ xīyǐn guòde yīqiè fùzé.

Italiano: Tu diventi responsabile per sempre di quello che hai addomesticato.

Espanhol: Eres responsable para siempre de lo que has domesticado.

Alemão: Du bist zeitlebens für das verantwortlich, was du dir vertraut gemacht hast.

Eu não vou explicar cada uma destas frases, em seu respectivo idioma, isto é muito cansativo. Cada um que procure por si mesmo e encontrará o que eu encontrei. Aliás, dá até para defender uma tese de doutorado.

Tudo isto me enche de orgulho por nossa língua, apesar de que hoje há tradutores brasileiros propondo que mudemos nossa tradução e façamos como os gringos. Como diria o Nelson Rodrigues, que complexo de vira-latas!!

Mas eu não pretendo domesticá-los mas sim cativá-los e serei eternamente responsável por isto!

Todos sabemos que o Francês é uma língua difícil, aliás, está entre os dez idiomas mais difíceis do mundo. Por isto mesmo temos que ter muita humildade ao lidar com ele, e tentar entender porque um tradutor usou esta ou aquela palavra em sua tradução.

O caso da tradução de “apprivoiser” é um exemplo onde pode se perder facilmente. Em Inglês há uma tradução que usa a palavra “tame” (domesticar) ao passo que a tradução portuguesa de Dom Marcos Barbosa é usada a palavra “cativar”, muito mais significativa e bonita.

Muitos traduziram “apprivoiser” por “domesticar¨ . Pois aí está um grande equívoco, pois “apprivoiser” também tem um sentido figurado em Francês, muito próximo de nosso ” cativar” . Em Francês “apprivoiser” pode ser usado com o sentido de seduzir progressivamente. Vejam abaixo uma frase do próprio Saint-Exupéry, de 1928, onde ele usa com este sentido.

” Elle ne pense pas toujours à l’amour : elle n’a pas le temps! Elle se souvient des premiers jours de ses fiançailles. Elle sourit : Herlin découvre soudain qu’il est amoureux (sans doute l’avait-il oublié?). Il veut lui parler, l’apprivoiser, la conquérir : …
SAINT-EXUPÉRY, Courrier Sud, 1928, p. 23.”

Enfim, continuemos a dizer que “somos responsáveis por quem cativamos” .Bonito e correto, e não tem nada de meloso como muita gente grande diz.

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14 Comentários

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Anarquista Lúcida

- 2016-02-01 23:08:35

KKKKK

Só rindo... Qual a sua formaçao em Linguística, hem, seu ignorante presunçoso?

Jair Oliveira

- 2016-02-01 13:39:22

Domesticar e cativar são absolutamente diferentes.

Cativar, impõe ao mesmo tempo cuidar, amar e conquistar, aquilo que já é doméstico, com o fim

de ganhar a confiança e o amor. Já domesticar é mais direto impõe dominar o selvagem e torná-lo

doméstico, dentro de casa, obediente. As duas palavras tem objetivos muito diferente. Cativar é muito

nobre, como ser gentil. Cativemos o português,  o melhor do texto foi a expressão "a plasticidade de

nosso belo idioma".

José Muladeiro

- 2016-02-01 11:45:22

Errata.

Na frase de Exupéry em Chinês estava faltando uma palavra ao final (到底-dàodǐ).
Corrigindo a tradução foi: 你现在要对你驯服过的一切负责到底 -(nǐ xiànzài yāo duì nǐ xúnfú guò de yīqiè fùzé dàodǐ).
Como uma alternativa eu propus: 你现在要对你吸引过的一切负责到底 -(nǐ xiànzài yāo duì nǐ xīyǐn guò de yīqiè fùzé dàodǐ). Minha proposta é um pouco melhor do que a tradução Chinesa atual, mas não a levem muito a sério, pois ainda sou um iniciante no Mandarin. Por certo que um Chinês nativo deve ter formas melhores para expressar este sentimento que chamamos de cativação, sedução.
 

Claudionor de Medeiros

- 2016-02-01 02:30:45

Olha Ivan, eu ia responder,

Olha Ivan, eu ia responder, mas preciso de um banho (eu disse BAGNO e não BAGNO) porque o dia foi duro hoje. Boa noite e boa sorte.

Claudionor de Medeiros

- 2016-02-01 02:25:05

Cara Anarquísta Lúcida (no

Cara Anarquísta Lúcida (no campo da Linguística tenho dúvidas)

 

Só o seu '' Ele não disse isto'' já me permite baixar as portas. Aliás, fico fascinado com o <i>enrolation</i> de linguístas que sabem tudo, menos escrever direito. 

eliani

- 2016-01-31 22:15:35

Faz um infográfico, que o

Faz um infográfico, que o texto ele não entendeu.

Anarquista Lúcida

- 2016-01-31 21:10:35

Realmente. Haja dificuldade de interpretar texto (a sua, claro)

Ele nao disse isso, mas ilustrou a pretensa dificuldade com a questao do sentido de apprivoiser. Palavra que nao é em nada excepcional no fato de ter extensoes de sentido, exatamente como seu equivalente cativar, em português, e na verdade como quase qualquer palavra, mesmo as mais banais como casa e janela, por ex., que tb têm extensoes de sentido, ou como o comum verbo paasar, que tem mais de cem sentidos diferentes. Entendeu agora, ou quer que eu desenhe?

Ivan de Union

- 2016-01-31 20:56:56

Nao adianta inventar, voce

Nao adianta inventar, voce nao ta falando com idiotas.  A Anarca nao usa nem a palavra "vocabulo" nem a palavra "idiomas" e o comentario dela eh tecnico bem alem da sua capacidade, aparentemente.

Claudionor de Medeiros

- 2016-01-31 18:57:32

Procurando no texto onde o

Procurando no texto onde o autor afirma que os vocabulos dos idiomas é que são trabalhosos de aprender...

(depois não sabem porque as graduações de Letras estão às moscas)

Anna Dutra

- 2016-01-31 17:59:39

Amor
Importa com que palavras?

antonio francisco

- 2016-01-31 17:51:06

No exemplar que li,

estava escrito "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", e mencionavam como sendo de Dom Marcos Barbosa a tradução. "Cativas",  ao invés de "cativaste". Como se sabe, edições subsequentes costumam trazer uma ou outra correção, nem sempre explicitada no próprio livro. Portanto, a edição que li terá certamente  sido seguida de outras que terão acolhido o "cativaste", bem mais apropriado para traduzir o   "tu as apprivoisé". 

Quando estudava origens e significados de vocábulos me lembro de ter ficado fascinado com  "cativar" , pois  que da mesma fonte de onde ela veio temos, por exemplo, a palavra "cativeiro".

Parabéns ao autor José Muladeiro por seus estudos relativos a este magnífico livro.

Anarquista Lúcida

- 2016-01-31 17:45:13

Pena no meio de um bom tópico a bobagem sobre o francês...

Nao há línguas fáceis ou difíceis em geral, há línguas mais fáceis ou mais difíceis para quem vem de outra língua com características diferentes. E para os falantes do ortuguês nao é o caso do francês, uma língua latina como a nossa, de ritmo silábico como o português brasileiro (mas nao o europeu, que é de ritmo acentual); a única "dificuldade", e mais para eles que para nós, é o padrao iâmbico do francês (palavras todas oxítonas, para simplificar), ao passo que o português é predominantemente trocaico (maioria de palavras proparoxítonas; nao é bem isso, mas é complexo para explicar). Difícil para um falante de português é uma língua tonal, por ex., como o chinês.

Além do mais, "dificuldades" entre línguas nao residem no vocabulário, e sim em fonologia e gramática. O caso de apprivoiser, no francês, é exatamente paralelo ao de cativar, no português. O sentido original implicava em aprisionar, tornar cativo = escravo; mas daí se originou o sentido de seduzir, prender afetivamente.

Ivan de Union

- 2016-01-31 16:38:17

Nunca tinha pensado nisso

Nunca tinha pensado nisso antes!  Suponho que em ingles "enchant" seria muito melhor que "tame".  Ambos sao demonstracao de poder, no entanto o "encantar" tem um toque magico, poetico, que falta ao "domesticar", que em termos poeticos eh uma grosseria.

Odonir

- 2016-01-31 14:31:52

Aos 12 anos, li o livro.

Tenho mais de 1 exemplar (3). Todos presenteados.

Assisti a todas as versões para cinema.

 

Recentemente li isso aqui também. Recalcitrante.

NÃO, TU NÃO TE TORNAS RESPONSÁVEL POR EXPECTATIVA ALHEIA NENHUMA!

http://www.revistabula.com/3595-nao-tu-nao-te-tornas-responsavel-por-expectativa-alheia-nenhuma/

 

Gostei de sua abordagem agora.

Em Francês "apprivoiser" pode ser usado com o sentido de seduzir progressivamente.

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Qual a frase mais famosa do Pequeno Príncipe?

“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” Essa é uma das frases do pequeno príncipe que se tornou mais marcantes. É preciso enxergar além das aparências para que se veja aquilo que realmente importa.

O que quer dizer Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas?

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa... O autor quer dizer que aquele que é amado passa a ser responsável pelo outro, por aquele que nutre o afeto por si. O ensinamento sugere que devemos ser prudentes com os sentimentos daqueles que nos amam.

De quem é a frase Tu és responsável por aquilo que cativas?

Antoine de Saint-Exupéry. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

O que o pequeno príncipe disse a Rosa?

“Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.