Sangramento após 3 meses de histerectomia

A histerectomia é uma das cirurgias mais realizadas no mundo. São mais de 5 mil histerectomias por ano somente nos Estados Unidos. Setenta e quatro por cento são por doenças benignas.

São várias as indicações de histerectomia, sendo as mais comuns: leiomiomas, sangramento uterino anormal, prolapso uterino, dor pélvica (endometriose, adenomiose), doença maligna ou pré-maligna.

As principais complicações registradas em um estudo populacional australiano de quase 80 mil histerectomias (por indicações benignas) foram as seguintes: hemorragia - 2,4%, distúrbios geniturinários (p. ex., lesão renal ou ureteral) - 1,9%, infecção do trato urinário - 1,6% e outras infecções (incluindo deiscência) - 1,6%.

Por ser pouco documentada, a deiscência é uma complicação que pode ser subestimada. Os três maiores estudos revelam baixa incidência de casos após a histerectomia, variando 0,19 a 0,31%.

Embora alguns casos de deiscência do manguito vaginal ocorram espontaneamente, os fatores de risco de deiscência, que parecem ser fatores independentes, são: tática cirúrgica (robótica > laparoscópica > abdominal > vaginal), tabagismo e baixo índice de massa corporal.

Também existem alguns fatores de risco propostos que ainda não foram comprovados, como: infecção, fatores que causam má cicatrização (radioterapia pélvica, hematoma, desnutrição, anemia, diabetes, imunodepressão, doenças do tecido conjuntivo), pressão excessiva no local da sutura vaginal (relação sexual vaginal, condições que aumentam a pressão intra-abdominal [p. ex., constipação e tosse crônicas]).

Por outro lado, alguns elementos NÃO são fatores de risco, mas muitos cirurgiões não sabem: eletrocirurgia e uso de diferentes fontes de energia versus colpotomia com bisturi frio ou tesoura, diferentes materiais de sutura, fechamento de manguito vaginal em uma versus duas camadas ou uso da técnica de fechamento contínuo versus suturas interrompidas para fechamento do manguito.

Todos avaliados como fatores de risco de deiscência sem resultados conclusivos, mas a maioria dos estudos é retrospectivo e de baixa qualidade.

Os sintomas mais comuns associados à deiscência vaginal são dor pélvica ou abdominal (60% a 100%), sangramento vaginal (23,5% a 90%), secreção vaginal ou jorro de líquido (55%), e pressão/sensação de massa vaginal (30%).

As pacientes podem apresentar deiscência da cúpula de três dias até 30 anos após a cirurgia. Em pacientes na pré-menopausa, a deiscência tende a ocorrer precocemente no pós-operatório (dois dias a cinco meses). Em pacientes na pós-menopausa, a ruptura do manguito vaginal pode ocorrer meses a anos após a cirurgia. O diagnóstico é baseado na anamnese e no exame físico.

O manejo dos casos varia de acordo com a existência ou não de evisceração, mas todas as pacientes devem receber antibioticoterapia combinada de amplo espectro por 24 horas, pois a deiscência expõe a cavidade peritoneal a bactérias vaginais, com risco de peritonite e sepse.

Caso a deiscência não apresente evisceração, o manejo poderá ser cirúrgico ou expectante, caso a deiscência seja pequena (isto é, < 1 cm de separação).

No caso de evisceração torna-se uma emergência cirúrgica. O intestino deve ser avaliado antes de devolução para cavidade abdominal (ressecção ou reparo intestinal, se necessário, daí executa-se via abdominal).

Para o fechamento cirúrgico, o ideal é proceder com uma técnica minimamente invasiva (laparoscópica ou vaginal), preferencialmente por via vaginal.

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Entre as mulheres que precisam passar por uma histerectomia há uma dúvida muito comum: como é a vida após a retirada do útero? Neste sentido, é necessário entender como funciona a recuperação e quais os cuidados recomendados pela equipe médica.

Você também tem interesse no assunto? Então, recomendamos a leitura deste post. A seguir, explicaremos tudo o que você precisa saber a respeito do tema. 

O que é a histerectomia?

Trata-se de um tipo de cirurgia ginecológica que consiste na remoção do útero e, em alguns casos, das estruturas associadas ao órgão, como as trompas de Falópio e os ovários. Por ser um procedimento invasivo, só é recomendado quando outros tratamentos clínicos não surtiram o resultado esperado.

Ademais, existem três diferentes tipos de histerectomia: total, subtotal e radical. No primeiro caso, consiste na remoção do útero e do colo do útero. Já na subtotal são removidos o corpo do útero, mantendo o colo.

Por último, a histerectomia radical consiste na remoção do útero, do colo de útero, parte da região superior da vagina e de parte dos tecidos ao redor desses órgãos. Esse procedimento é mais utilizado no tratamento de câncer em estágio avançado.

Quais os cuidados após a retirada do útero?

Após a cirurgia de retirada do útero, é normal que surjam alguns sintomas desconfortáveis, como as dores abdominais. Além disso, em função da necessidade de permanecer na cama no período de recuperação, pode ocorrer dor lombar.

Contudo, esses sintomas são facilmente contornados com o uso de analgésicos e com a prática de atividades físicas. Outra consequência do procedimento é a distensão abdominal, ou barriga inchada, que surge nos primeiros dias do pós-operatório.

Isso ocorre porque o intestino pode levar até 24 horas para voltar a funcionar normalmente, favorecendo o acúmulo de gases nesse período. Porém, a partir do início da alimentação e da hidratação, esse desconforto tende a diminuir.

Outrossim, também nos primeiros dias, pode ocorrer uma pequena hemorragia vaginal em decorrência da cicatrização da cúpula da vagina. Existem outros sintomas que não são considerados normais e exigem uma avaliação médica. São eles:

  • dor abdominal intensa que aumenta gradualmente e não melhora com medicação;
  • dor lombar que se torna persistente e localizada;
  • sangramento vaginal moderado ou abundante e com mau cheiro;
  • febre acima de 38ºC;
  • obstipação durante vários dias, associada à distensão abdominal;
  • cicatriz com sinais de inflamação e secreção.

Após o procedimento, a paciente deve aguardar por até seis semanas para retomar suas atividades normais. Além disso, é recomendável que faça pequenas caminhadas no primeiro dia do pós-cirúrgico.

Assim, será possível acelerar a cicatrização e evitar a formação de coágulos sanguíneos nas pernas. No que se refere à alimentação, a dieta pode ser normalizada após a cirurgia. A paciente também deve evitar levantar peso nas primeiras quatro semanas.

Outros cuidados básicos após a cirurgia de retirada do útero são: manter a região operada sempre limpa e seca, higienizando-a com água e sabão de coco ou neutro. O retorno às relações sexuais deve ser orientado pelo médico responsável pelo acompanhamento.

Então, com a leitura deste post, você conheceu um pouco mais sobre os cuidados pós-operatórios da cirurgia de retirada do útero. Portanto, se precisar passar pelo procedimento, siga todas as orientações do seu médico.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como oncologista em São Paulo!

É normal sangrar depois de 3 meses de histerectomia?

O sangramento após 3 meses de histerectomia não é normal e precisa ser investigado. Para isso, a avaliação médica através do exame físico é fundamental. Os exames de imagem podem ser necessários em alguns casos. Uma das principais causas de sangramento após a histerectomia é o granuloma de cúpula vaginal.

Quem retirou o útero pode ter sangramento?

Após a retirada do útero a mulher deixa de apresentar sangramento durante a menstruação, pois não existe tecido do útero para ser eliminado, embora o ciclo menstrual continue acontecendo.

O que pode causar sangramento após histerectomia?

Existem diversas causas de sangramento após a histerectomia como pólipos, miomas, endometriose, granulomas, persistência de tecido endometrial, ectopia, etc.

Quanto tempo é normal sangrar depois da histerectomia?

É comum apresentar sangramento vaginal durante cinco a seis dias após o procedimento, sendo que pequenos escapes podem ocorrer e durar até 30 dias após a cirurgia.