Quantos decibéis tem um fone de ouvido no máximo?

Por Nayara D'Alama

Ouvir música alta em fones de aparelhos como mp3, celulares e iPods é causa de danos auditivos entre os jovens que têm acesso a estas tecnologias. Alguns destes dispositivos alcançam até 120 decibéis – limite muito acima do recomendado por médicos – e o hábito de escutar músicas no volume máximo pode gerar perdas irreversíveis na audição. As lesões que aparecem na juventude tendem a aumentar ao longo dos anos e comprometem a qualidade de vida dos amantes da música alta.

É muito comum ver jovens usando fones de ouvido, e não raro, passar por alguns com o volume tão elevado que torna a música que está tocando audível às pessoas ao redor. Esta prática é desaprovada por otorrinolaringologistas porque ultrapassa o limite seguro de exposição diária estipulado em oito horas para sons de 85 decibéis e apenas sete minutos para 115 decibéis. A Sociedade Brasileira de Otologia adverte que os aparelhos sejam regulados em 50% do volume máximo para garantir a saúde dos usuários de música digital.

Veja abaixo a tabela de decibéis de sons cotidianos:

Quantos decibéis tem um fone de ouvido no máximo?

Fonte: Doutora Mara Gândara membro do Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Paulista de Medicina (APM)

De acordo com o médico otorrinolaringologista Henrique Zuccalmaglio Filho, o uso de mp3 e similares pode causar dois problemas: inflamação no canal do ouvido (gerada pelo próprio fone e curada por tratamento) e perda da audição. O trauma sonoro é resultado de batidas intensas no ouvido interno, e para este caso não há tratamento. São afetadas as frequências altas da audição, relacionadas à compreensão das palavras – e não à capacidade de ouvir, por isso não se tem a sensação de perda auditiva. Em geral o sintoma que aparece nestes casos é um zumbido (ruído interno).

Um ponto agravante citado pelo médico é o fato de o ouvido entrar em fadiga. “Como o nosso ouvido não foi feito para ouvir sons altos por muito tempo, em certo momento ele entra em fadiga, como se fosse uma cãibra, e o volume do que escutamos parece ficar mais baixo. Com isso aumentamos o som e agravamos a situação”, explica Dr. Henrique, que já atendeu muitos pacientes com traumas gerados por fones.

Com o passar dos anos os jovens que apresentam problemas de audição têm seu quadro agravado e sua qualidade de vida prejudicada. A partir dos 30 anos as perdas auditivas crescem progressivamente e as lesões que são pequenas tornam-se maiores. “Os jovens de 20 anos com problemas auditivos ainda têm mais 50 anos de vida pela frente”, ressalta o médico.

Ouvidos atentos em Brasília

A preocupação com a saúde dos ouvidos dos jovens levou à criação de um Projeto de Lei que pretende proibir a venda de aparelhos que ultrapassem a marca de 90 decibéis e obrigar indicações nestes alertando sobre o risco da exposição a volumes altos por tempo prolongado. O PL é de autoria do deputado Jefferson Campos (PTB-SP) e tramita desde fevereiro deste ano na Câmara dos Deputados. Após sua divulgação a lei terá 180 dias para entrar em vigor.

O político afirma que o problema já é bastante comum e que "como são frequentemente usados fones comuns de inserção, que não filtram o som ambiente e oferecem em geral má qualidade de reprodução, os usuários tendem a utilizá-los em altos volumes, muitas vezes superando os limites de segurança".

Veja a tabela com dados do Ministério da Saúde de limites de decibéis para exposição diária. 

 

Hoje, até mesmo crianças de três anos de idade usam fones de ouvido e, com a proximidade do Natal, os vendedores estão bem abastecidos com marcas que afirmam ser “seguras para ouvidos jovens” ou que oferecem “100% de audição segura”. Os equipamentos limitam o volume do som, e os pais confiam neles para prevenir que as crianças ouçam, digamos, Rihanna em um volume perigoso, o que poderia levar à perda da audição.

Mas uma nova análise feita pelo Wirecutter, site de recomendação de produtos do New York Times, descobriu que metade dos 30 fones de ouvido recomendados para crianças testados não restringiam o volume aos limites prometidos. Os piores fones produziam um som tão alto que poderia representar perigo para os ouvidos em minutos. “Essas conclusões são terrivelmente importantes. Os fabricantes estão fazendo afirmações que não são precisas”, afirma Cory Portnuff, pediatra audiologista do Hospital da Universidade do Colorado que não participou da análise.

O novo estudo deveria ser um alerta para os pais que pensam que a tecnologia de limitar o volume oferece proteção adequada, afirma o doutor Blake Papsin, otorrinolaringologista chefe do Hospital for Sick Children de Toronto. “Os fabricantes de fones de ouvido não estão interessados na saúde do ouvido das crianças. Querem vender produtos, e alguns deles não são bons.”

Se o pai está a um braço de distância, a criança com os fones ainda deve poder ouvir quando ele faz uma pergunta. Se eles não conseguem ouvir você, esse nível de ruído não é seguro e pode ser prejudicial.

Metade das crianças de oito a 12 anos e quase dois terços dos adolescentes ouvem música diariamente, segundo uma pesquisa de 2015 com mais de 2,6 mil participantes. A audição segura é uma relação entre volume e duração: quanto mais alto o som, menor o tempo que a pessoa deveria passar ouvindo. Mas a relação não é linear. Oitenta decibéis é um volume duas vezes mais alto do que 70 decibéis, e noventa é quatro vezes. A exposição a 100 decibéis, mais ou menos o nível de barulho causado por um cortador de grama poderoso, é segura por apenas 15 minutos; ouvir sons de 108 decibéis, no entanto, só é seguro por menos de três minutos.

O limite de segurança no local de trabalho para adultos, estabelecido pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional em 1998, é de 85 decibéis por no máximo oito horas. Mas não há um padrão obrigatório que restrinja o volume de som máximo em dispositivos de audição ou fones de ouvido vendidos nos Estados Unidos. Quando colocados no máximo, os dispositivos portáteis modernos podem produzir níveis de som de 97 a 107 decibéis, segundo um estudo de 2011.

Uma equipe do Wirecutter usou dois tipos de som para testar 30 conjuntos de fones de ouvido com um iPod Touch. Primeiro, tocaram um trecho do sucesso “Cold Water”, de Major Lazer, como um exemplo real do tipo de música que as crianças escutam o tempo todo. Depois, os pesquisadores tocaram um ruído rosa, normalmente usado para testar os níveis de saída dos equipamentos, para ver se os fones de ouvido realmente limitavam o volume a 85 decibéis. Tocando 21 segundos de “Cold Water” no volume máximo, metade dos 30 fones excederam os 85 decibéis. O fone de ouvido mais alto chegou aos 114 decibéis.

Leia mais

Corre 5 km? A São Silvestre talvez não seja para você

Pai transforma memória da filha em robô que salva vidas

Boné estimula crescimento dos fios de cabelo

Com o ruído rosa, cerca de um terço excedeu os 85 decibéis; o mais alto chegou a 108 decibéis. Os resultados completos estão disponíveis na página thewirecutter.com.

Para identificar os fones que limitaram o volume, a equipe do Wirecutter conectou um computador a um ouvido simulado com um microfone dentro e um acoplador que imita a acústica do canal auditivo. Brian Fligor, audiologista que é membro do grupo de trabalho de equipamentos de som seguros da Organização Mundial de Saúde, aconselhou a equipe sobre a maneira como comparar os resultados com os dados sobre o limite de 85 decibéis nos locais de trabalho. (Os fones ficam muito mais perto do ouvido, claro; o limite do local de trabalho foi concebido para áreas abertas.)

Lauren Dragan, editora do Wirecutter, também reuniu meia dúzia de crianças de três a onze anos para experimentar cada modelo, escolher os favoritos e compilar uma “lista dos odiados” com aqueles que eles nunca usariam. No final, a escolha geral das crianças foi um modelo Bluetooth chamado Puro BT2200 (US$ 99,99). Os fones de ouvido foram apreciados tanto pelas crianças quanto pelos adolescentes, tinham excelente qualidade de som, ofereciam alguns recursos de cancelamento de ruídos e volume adequadamente restrito, contanto que o cabo não fosse utilizado.

A bateria tem a duração incrível de 18 a 22 horas, e a conexão com fio é utilizada apenas como reserva. Mas esse fio precisa ser conectado como manda a etiqueta, com uma extremidade exclusiva para o fone e outra para o equipamento musical. Se for inserida da maneira errada, “tocará a um volume realmente alto”, avisa Brent Butterworth, especialista em áudio que ajudou a testar todos os fones de ouvido. “Se usarem no modo Bluetooth, é impossível deixar muito alto”, afirma.

Mesmo com fones que limitam efetivamente a altura máxima do som, a supervisão é crucial. “Oitenta e cinco decibéis não é um limite mágico abaixo do qual você está perfeitamente seguro e acima do qual suas orelhas sangram”, avisa Fligor. Os audiologistas dão algumas dicas para o uso dos fones: primeiro, mantenha o volume a 60 por cento da potência. Depois, incentive seus filhos a fazer pausas a cada hora para permitir que as células ciliadas do ouvido interno descansem. Ouvir sem parar pode eventualmente danificá-las.

Por fim, o doutor Jim Battey, diretor do Instituto Nacional de Surdez e Outros Distúrbios da Comunicação, oferece essa regra prática: se o pai está a um braço de distância, a criança com os fones ainda deve poder ouvir quando ele faz uma pergunta. Mantenha essa informação: se eles não conseguem ouvir você “esse nível de ruído não é seguro e pode ser prejudicial”, afirma Battey. Se essa geração de crianças já sofre de mais perda auditiva do que as anteriores é objeto de debate científico. Pesquisas mostraram resultados mistos.

Quantos dB tem um fone de ouvido no máximo?

Uma das coisas importantes a serem consideradas ao usar fones de ouvido é que eles são ajustados para um volume máximo de 105 a 110 decibéis.

Quantos decibéis é possível um fone de ouvido produzir?

Mas não há um padrão obrigatório que restrinja o volume de som máximo em dispositivos de audição ou fones de ouvido vendidos nos Estados Unidos. Quando colocados no máximo, os dispositivos portáteis modernos podem produzir níveis de som de 97 a 107 decibéis, segundo um estudo de 2011.

Quantos decibéis é considerado alto?

Nível de Ruído em dB (Decibéis).

O que equivale a 70 decibéis?

A proporção de ondas é medida em decibéis, que nada mais é do que a intensidade da energia ou onda sonora propagada pelo ar. Em uma biblioteca, por exemplo, é comum encontrarmos ondas que variam entre 30 e 40 decibéis; uma máquina de lavar roupas chega a 60; um aspirador chega a 70 decibéis.