Quando foi a rio 20

O encontro de 2012 foi realizado entre os dias 13 e 22 de junho, no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, e reuniu representantes de quase 200 países. O objetivo era renovar o compromisso político mundial com o desenvolvimento sustentável, e avaliar o progresso e as lacunas na implementação dos acordos internacionais em relação ao meio ambiente.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Paulo Renato Soares com o resumo dos principais acontecimentos da abertura da Rio+20, Jornal da Globo, 13/06/2012.

Entre os dias 13 e 15 de junho, representantes governamentais se reuniram no terceiro encontro do Comitê Preparatório, que definiu o texto-base que seria entregue aos chefes de estado. O evento Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, do dia 16  a 19 de junho, permitiu que a sociedade civil participasse de debates sobre os seguintes temas: segurança alimentar e nutricional; desenvolvimento sustentável para erradicar a pobreza; desenvolvimento sustentável como resposta à crise econômica e financeira; economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentáveis de consumo e produção; cidades sustentáveis e inovação; desemprego, trabalho digno e migrações; energia sustentável para todos; água; oceanos; e florestas. De 20 a 22 de junho, aconteceu o encontro de chefes de estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas. Eles avaliaram os acordos negociados nos dias anteriores e assinaram o documento final.

Entre os dias 13 e 19 de junho, os telejornais da Globo, tanto os locais como os de rede, abriram espaço em seu noticiário para a cobertura da Rio+20. Repórteres e correspondentes começaram o cobrir o evento meses antes de seu início, produzindo quadros e séries que abordaram temas relacionados a possíveis soluções para a preservação do planeta. Tudo organizado com antecedência para montar uma cobertura robusta.

André Trigueiro, Cristina Serra e Sandra Passarinho, entre outros repórteres, fizeram matérias especiais, exibidas em diversos telejornais, sobre a Rio+20. As reportagens ganharam uma vinheta de abertura com o título Globo Natureza.

A cobertura da Rio-92 serviu de inspiração para William Bonner, editor-chefe e apresentador do JN. Para valorizar a cobertura, ele planejou ancoragem fora do estúdio, mobilização dos principais repórteres e pautas de atualidades e apoio.

Entre os dias 20 e 22 de junho, com a chegada dos chefes de estado à conferência, alguns telejornais da Globo foram ancorados de um estúdio especial, instalado no Riocentro, palco das negociações da Rio+20.

Nos dias 20, 21 e 22 de junho, as duas edições do RJTV e o Jornal Hoje foram apresentados por Ana Paula Araújo, Márcio Gomes e Sandra Annenberg, respectivamente, desse estúdio especial, montado próximo ao Pavilhão 5, onde aconteceram as atividades mais importantes do evento. No primeiro dia da reunião de cúpula, 20 de junho, Renata Vasconcellos ancorou o Bom Dia Brasil também direto do Riocentro. No dia 22, quando o encontro se encerrou, Patrícia Poeta, apresentadora do Jornal Nacional, usou o estúdio especial e informou as conclusões dos debates. 

SÉRIES E REPORTAGENS ESPECIAIS

Bem antes do começo da conferência, o Globo Ecologia, apresentado por Max Fercondini, destacou temas que seriam debatidos na Rio+20. No dia 21 de abril, por exemplo, abriu espaço para a economia verde, mostrando como é possível consumir e produzir sem destruir o meio ambiente. No dia 28 do mesmo mês, o programa abordou a governança para o desenvolvimento sustentável. O apresentador Max Fercondini explicou como os governos encaram esse desafio e estão pensando em ações que visam mudar os hábitos da população com o objetivo de preservar o meio ambiente.

Será que estamos no limite do planeta? Como é possível alimentar, vestir, fornecer água, energia e moradia para tanta gente – 7 bilhões de habitantes da Terra – sem comprometer o futuro do meio ambiente? Foram essas as questões discutidas na série do Fantástico, intitulada Planeta Terra, Lotação Esgotada. A série, cuja estreia aconteceu no dia 20 de maio, foi apresentada por Sônia Bridi e explorou, em seis episódios, o último exibido em 24 de junho, temas que seriam debatidos na Rio+20. Além do Brasil, a jornalista visitou os países mais populosos do mundo – China, Índia, Estados Unidos e Indonésia – e viajou pela África, o continente que mais cresce, para mostrar algumas soluções sustentáveis para preservar espécies em extinção e gerar energia ou mais comida, sem maltratar a natureza.

No começo de junho, entre os dias 04 e 08, o Bom Dia Brasil exibiu a série Rio+20 Serra do Mar, apresentada por Neide Duarte. A serra, no litoral norte de São Paulo, foi escolhida para mostrar os efeitos da ação do homem sobre a natureza e a economia local, principalmente quando a ocupação territorial não é planejada. As reportagens tinham como título: Pico do Corcovado, O Papagaio da Cara Roxa e Espécies da Restinga, Palmito Jussara, Cubatão e Ampliação do Porto de São Sebastião.

O Jornal Nacional exibiu a série Rio+20 Energia, apresentada por Alberto Gaspar entre os dias 02 e 09 de junho. As reportagens especiais falavam sobre as Consequências do Apagão Elétrico, Hidrelétricas, O Carvão Mineral, As Usinas Nucleares do Mundo, Biogas e Biomassa e As Alternativas Eólica e Solar.

No Jornal da Globo, em 11 e 12 de junho, foram ao ar reportagens de Sandra Passarinho sobre o cerrado, mostrando o delicado equilíbrio entre economia e meio ambiente.

A partir do dia 11 de junho, dois dias antes da abertura do evento, foi ao ar no Bom Dia Brasil uma série de reportagens sobre a conferência, realizada por Miriam Leitão, Gustavo Gomes, Luiz Paulo Mesquita e Cesar Davi. O trabalho foi resultado de viagens da jornalista pelo Brasil e mostrou, em três matérias – Importância da Conferência, Economia Verde e Impacto Ambiental –, as conquistas já alcançadas e os desafios ainda a serem cumpridos depois de vinte anos da Rio-92. A jornalista apresentou também uma pesquisa inédita e exclusiva que mostrou como o Brasil está sendo impactado pela mudança climática.

O Profissão Repórter aproveitou a semana em que começava a Rio+20 para apresentar a situação dos manguezais brasileiros, mostrando que 70% da vida marinha da costa nacional dependem dos manguezais em algum momento de seu ciclo de vida. Na edição do dia 12 de junho, Caco Barcellos visitou o povoado de Tejucopapo, em Pernambuco, onde 200 famílias vivem exclusivamente do mangue, com a pesca de caranguejos. Em outra reportagem, Valéria Almeida relatou como é a vida na maior favela de palafitas do país, o dique da Vila Gilda, em Santos, onde cerca de seis mil famílias vivem de forma muito precária, em meio ao lixo, na região que já foi ocupada por um mangue. E o repórter Thiago Jock foi à reserva biológica de Lagamar, no litoral sul de São Paulo, onde fica um dos manguezais mais bem preservados do país. Ainda nessa edição, o programa apresentou uma fazenda de camarões que existe há 150 anos em Timbaú do Sul, no Rio Grande do Norte. A reportagem mostrou o percurso de uma família que teve de se adequar aos novos tempos e trabalhar pensando em preservar o meio ambiente.

ABERTURA DO EVENTO

Nas primeiras horas da manhã do dia 13 de junho, o Globo Rural anunciou a abertura do Rio+20, às 10h. A repórter Bette Lucchese entrou ao vivo do Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, onde aconteceria a Cúpula dos Povos, a ser inaugurada no dia 15. O evento paralelo concentraria as principais discussões abertas ao público, vindo de todas as partes do mundo.

Em seguida, o Bom Dia Rio monitorou a movimentação do trânsito nas redondezas do Riocentro. Apesar de o evento só começar às 10h, Mariana Gross, apresentadora do Radar RJ, já registrava trânsito intenso na região e informava aos telespectadores a recomendação da prefeitura para evitar certas vias da cidade, como o trajeto do Aeroporto Internacional Tom Jobim para a Zona Sul e a Barra da Tijuca.

A repórter Fernanda Graell, por sua vez, já estava a postos na sede do evento e informou ao público parte da programação da Rio+20: as exposições O Futuro que Nós Queremos, no Museu de Arte Moderna, e Humanidade 2012, no Forte de Copacabana; as feiras de tecnologia no Píer Mauá; e as mesas redondas, na Arena da Barra. A entrada era gratuita em todas as atividades.

O Bom Dia Brasil preparou uma edição especial para cobrir a abertura do evento. Miriam Leitão entrevistou, ao vivo, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador-chefe do Brasil na conferência. Chico Pinheiro e Renata Vasconcellos conversaram com Rodrigo Pimentel sobre o esquema de segurança no Riocentro.

O RJTV 1ª edição entrou no ar com a conferência já em andamento. O telejornal mostrou a chegada do navio do Greenpeace ao porto do Rio e o que mudou no trânsito da cidade para a passagem das comitivas. No Parque dos Atletas, próximo ao Riocentro, a presidente Dilma Roussef inaugurou o Pavilhão Brasil, espaço destinado a mostrar para os participantes do evento a cultura brasileira.

No Jornal Hoje, quando a repórter Renata Capucci entrou ao vivo do Riocentro, cinco grupos de discussão já trabalhavam nos principais temas que fariam parte do relatório final da conferência.

O RJTV 2ª Edição falou sobre a primeira reunião do Comitê Preparatório, que negociou os ajustes do documento a ser apresentado aos chefes de estado. O repórter Paulo Renato Soares destacou a fala do secretário-geral da ONU para a Rio+20, o chinês Sha Zukang, que disse ser preciso comprometimento dos governos, ONGs e empresas para que se chegasse ao desenvolvimento sustentável, com redução da pobreza. Lembrou ainda que, na Rio-92, os países mais ricos se comprometeram a ajudar os mais pobres.

Quando foi a rio 20

Reportagem de André Trigueiro sobre o primeiro dia da Rio+20, Jornal Nacional, 13/06/2012.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Paulo Renato Soares com o resumo dos principais acontecimentos da abertura da Rio+20, Jornal da Globo, 13/06/2012.

Em reportagem de André Trigueiro, o JN mostrou o discurso de abertura do evento, feito pela presidente Dilma Roussef, e apontou o maior obstáculo para um acordo na conferência: descobrir quem pagaria a conta de uma economia verde. Países como Estados Unidos, Alemanha e Grã-Bretanha não queriam se comprometer com novos gastos. Brasil e China lideravam um grupo que pedia um repasse anual para financiar o desenvolvimento sustentável em nações mais pobres.

Para fechar o dia, o Jornal da Globo exibiu matéria de Paulo Renato Soares, que resumiu tudo o que aconteceu durante a abertura do evento. Ainda para o JG, Giuliana Morrone conversou com a ex-presidente do Chile, Michele Bachellet, diretora da ONU Mulheres. Ela comandou um evento da Rio+20 que discutiu estratégias para garantir o desenvolvimento sustentável no planeta e a igualdade entre homens e mulheres.

POUCOS AVANÇOS

No segundo dia da conferência, a repórter Silvana Ramiro entrevistou Tasso Azevedo, engenheiro florestal e ex-presidente geral dos Serviços Florestais Brasileiro. O bate-papo foi exibido no Globo Rural e foi sobre a ideia de se criar uma nova forma de calcular as emissões de gases estufa.

A exposição Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, ganhou destaque no Bom Dia Rio, em reportagem de Ana Carolina Raimundi. Um seminário sobre o futuro reuniu personalidades de diversas áreas do conhecimento e destacou a importância do Museu do Amanhã, que está sendo construído no Píer Mauá e será inaugurado em 2014. O projeto é da Fundação Roberto Marinho.

Bette Lucchese mostrou, no RJTV 1ª Edição, algumas exposições do Parque dos Atletas, montadas por 37 países que participaram da Rio+20 e que desejavam mostrar suas iniciativas em prol da preservação do planeta: bangalô de bambu, móveis de papelão e tecnologias verdes.

O repórter André Curvello atualizou as informações da conferência na edição do Jornal Hoje. Em entrevista coletiva, Nikhil Sets, chefe do secretariado da Rio+20, explicou que, nos dois primeiros dias do encontro, as negociações não avançaram no ritmo desejado e que os entraves iam desde a discussão de transferência de tecnologia para os países mais pobres até a forma de financiamento para a economia verde. Matéria de Marcos Losekann, correspondente em Londres, mostrou que biólogos da universidade de Oxford concluíram que a situação dos oceanos é crítica. A pesca em excesso e as mudanças climáticas são os maiores inimigos da vida marinha. Em terra firme, a situação não é diferente: ¼ das 487 espécies de mamíferos catalogadas corre risco de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza.

O RJTV 2ª edição destacou as práticas sustentáveis adotadas no Riocentro durante a Rio+20. A repórter Fernanda Graell mostrou algumas dessas ações: carpetes feitos de garrafas pet; copos produzidos a base de milho, 100% biodegradáveis; e a reciclagem de todo o lixo produzido no Riocentro antes e depois da conferência.

O Jornal Nacional, em matéria da correspondente em Pequim, Sônia Bridi, exibiu entrevista com Maurice Strong, secretário-geral da conferência na Rio-92 e hoje consultor do governo chinês para assuntos de sustentabilidade. Aos 83 anos, parecia desanimado com a capacidade dos governos para combater as mudanças climáticas. “Não aprendemos a trabalhar juntos para garantir o futuro de todos”, disse ele.

Ao final do segundo dia de evento, apenas um quarto do documento final da Rio+20 tinha sido fechado, e os negociadores ainda estavam longe de um consenso. Oficialmente, eles teriam apenas mais um dia para concluírem o texto da declaração. A repórter Mônica Teixeira, em matéria para o Jornal da Globo, explicou que as discussões até poderiam se estender, mas, nesse caso, o Brasil, como país anfitrião, assumiria a presidência das negociações. O grupo dos países ricos e o dos em desenvolvimento não se entendiam, principalmente sobre o financiamento da economia verde no mundo. Outro ponto de difícil acordo era a transferência de tecnologia limpa pelos países ricos.

CÚPULA DOS POVOS

A Cúpula dos Povos foi um evento organizado pela sociedade civil global em busca de maneiras de contribuir com a Rio+20. A Cúpula foi o local para a exposição de causas, depoimentos, debates e protestos. Aconteceu paralelamente à Rio+20, entre os dias 15 e 23 de junho, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. O documento final da Cúpula sintetizou os principais eixos discutidos durante as plenárias e assembleias, levando em consideração questões sociais, culturais, políticas e econômicas. Os telejornais da emissora destacaram a abertura do evento. Edney Silvestre entrou ao vivo no RJTV – 2ª Edição e mostrou a pluralidade cultural que tomou conta da Cúpula.

No final do dia, o repórter André Trigueiro noticiou no JN que, depois de cinco meses de discussões na sede da ONU em Nova York e de três dias de debate na Rio+20, diplomatas de quase 200 países não chegaram a um acordo sobre o documento final. Por conta disso, o Brasil, país-anfitrião, assumiria a coordenação das discussões. Mais tarde, em matéria para o Jornal da Globo, o repórter destacou um encontro da sociedade científica do mundo – 500 cientistas de 75 países, entre eles seis premiados com o Nobel – na PUC-Rio para trocar informações sobre o estado do planeta. As conclusões eram preocupantes e foram organizadas em um relatório: “há evidências científicas convincentes de que o atual modelo de desenvolvimento está minando a capacidade de o planeta responder às agressões do homem. Os níveis de produção e consumo poderão causar mudanças irreversíveis e catastróficas para a humanidade. Temos conhecimento e criatividade para construir um novo caminho, mas é preciso correr contra o tempo.” Coube a Yuan Tse Lee, prêmio Nobel de Química, expor as recomendações urgentes aos chefes de estado.

O BRASIL NA PRESIDÊNCIA DAS NEGOCIAÇÕES

Do dia 16 ao dia 19, houve no Riocentro debates com a participação da sociedade civil, chamados de Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, cujos resultados seriam integrados ao documento final da Rio+20.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Paulo Renato Soares sobre o novo texto apresentado pelo Brasil para a Rio+20, Jornal Nacional, 16/06/2012.

No quarto dia do encontro, o impasse em relação ao financiamento e às metas de desenvolvimento sustentável se manteve. Para destravar as negociações, o Brasil apresentou um novo texto – com menos temas polêmicos – para facilitar o diálogo entre os países. Em matéria para o JN, o repórter Paulo Renato Soares divulgou trechos do texto apresentado pelo Brasil, a que teve acesso o G1, o portal de notícias da Globo. Nos parágrafos 258 e 259, a proposta sugeria a criação de um grupo de representantes de vários países para discutir como e quem iria pagar a conta da economia verde. A decisão, segundo o texto, ficaria para 2014.

Em matéria para o Fantástico, André Trigueiro mostrou algumas críticas ao documento da Rio+20. Ambientalistas protestaram em Copacabana, na zona sul do Rio, porque um trilhão de dólares são gastos a cada ano com subsídios para os combustíveis mais poluentes. Esse valor seria suficiente para financiar a economia verde em todo o mundo.

SEMANA DECISIVA

Na manhã de segunda-feira, dia 18, o Bom Dia Rio destacou o esquema de segurança para recepcionar as autoridades que começariam a chegar ao Rio no dia seguinte. Os batedores que escoltariam os chefes de estado já estavam prontos para começar o trabalho. O Centro de Operações da prefeitura do Rio trabalhava em estágio de atenção. A expectativa era que cerca de 130 comboios com autoridades circulariam pela cidade durante a semana. Mariana Gross, apresentadora do Radar RJ, explicou as mudanças no trânsito devido às interdições e à criação de faixas exclusivas. Agentes da CET-Rio e Guardas Municipais orientavam os motoristas. Os engarrafamentos, no entanto, não puderam ser evitados. Além da chegada das autoridades, grupos de protestos tumultuaram a cidade.

Em matéria de Cristina Serra para o Jornal da Globo, o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo comemorava acordos em pontos importantes, como a definição dos objetivos de desenvolvimento sustentável, relativos, por exemplo, ao aumento da proteção aos oceanos e o uso de energia com fontes renováveis. Apesar disso, estavam mantidas divergências em questões fundamentais, como “quem vai pagar a conta da economia verde?” Os países ricos continuavam relutando a bancar o financiamento das mudanças nos países menos desenvolvidos. A repórter encerrou sua participação no telejornal informando, ao vivo, que, às 1h24 já de terça-feira, os negociadores conseguiram concluir apenas uma proposta de texto final com as resoluções da Rio+20, que seria apresentada aos chefes de estado e de governo. Só que essa proposta ainda precisava ser aprovada em reunião plenária com todas as delegações presentes na conferência.

Entre os dias 18 e 22 de junho, o Bem-Estar exibiu a série Rio+20, E Eu Com Isso?, apresentada pela repórter Mariana Araújo. As reportagens, gravadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, davam dicas práticas de como cada um de nós pode viver melhor e de forma mais sustentável. Um dos temas explorados foi o uso inteligente da água. Sugeriram-se maneiras de evitar o desperdício na hora de lavar a louça, tomar banho e escovar os dentes. Falou-se sobre reaproveitamento de lixo e estimulou-se o uso da bicicleta, o hábito de andar a pé e a carona para diminuir o número de carros nas ruas.

EMBATES POLÍTICOS

O Bom Dia Brasil abriu sua edição do dia 19 destacando os embates diplomáticos na Rio+20. “Brasil e Europa medem forças e trocam farpas por causa do documento oficial da conferência. As negociações foram até a madrugada. Chegou-se a uma nova versão, mas o texto só será conhecido às 10h30”, anunciou o apresentador Chico Pinheiro. A comentarista Miriam Leitão explicou a situação. O Brasil queria fechar um documento antes da reunião dos chefes de estado, só que a União Europeia achou a pressa desnecessária. Além disso, concluiu que o texto ficou muito esvaziado devido a tantos cortes feitos, já que, para ter um documento, o Brasil optou por retirar temas polêmicos.

Ainda no Bom Dia Brasil, na coluna Você Não Sabia, Mas Já Existe, o jornalista Márcio Gomes apresentou uma reportagem sobre como viver e trabalhar de forma ecologicamente correta. Ele visitou um prédio residencial, outro comercial e uma obra para mostrar ao telespectador que é possível reduzir desperdícios fazendo adaptações nas construções. Um conjunto habitacional, na zona norte do Rio de Janeiro, por exemplo, era erguido com paredes de concreto moldadas em formas, o que o levou a ficar pronto em 18 meses. Uma construção normal levaria, em média, cinco anos para ser erguida. A obra ficou 16% mais barata e gerou menor impacto no meio ambiente por ter desperdiçado menos. No centro do Rio, um prédio comercial separa vagas na garagem para motoristas de carros com combustível menos poluente. Sensores automáticos ajudam a economizar energia no prédio, e o reaproveitamento de água também gera economias. Em um edifício residencial, optou-se pela reutilização da energia solar, reduzindo em 20% os custos na conta de luz.

Em matéria de Renata Capucci, o Jornal Hoje destacou os resultados da Rio+20 C40, encontro realizado no espaço Humanidade 2012, em Copacabana, que reuniu prefeitos de 59 das mais importantes cidades do mundo, onde vivem quase 600 milhões de pessoas. São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba foram as únicas cidades brasileiras que integram essa rede internacional. No encontro, foi anunciado um compromisso para diminuir a poluição. O presidente da C40, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que a meta é reduzir, até 2030, a emissão de 1,3 bilhão de toneladas de gases que agravam o efeito estufa.

Mais tarde, o JN anunciou a chegada das delegações e dos chefes de estado ao Rio para a conferência, escoltados por equipes especializadas das Forças Armadas, Polícia Militar, Guarda Municipal e Polícia Federal. Em matéria de André Luiz Azevedo, o telejornal mostrou como, depois de muitas discussões, o rascunho das propostas da Rio+20 teve o texto aprovado por diplomatas e negociadores, sendo encaminhado para a avaliação dos chefes de estado. O documento recomendou a criação de um fórum político dentro da ONU para debater e acompanhar os objetivos do desenvolvimento sustentável. Ficaram de fora o estabelecimento de metas; a definição do que é “economia verde”; e a definição de quem vai pagar a conta da tecnologia para um mundo mais limpo. Os países reconheceram que erradicar a pobreza é o maior desafio global. Foi retirada a expressão “pobreza extrema”, defendida pelo Brasil. O texto apoia uma legislação que cuide dos oceanos e águas internacionais, preservando a biodiversidade.

REUNIÃO DE CÚPULA

No primeiro dia da reunião de chefes de Estado e governo para discutir o desenvolvimento sustentável, o Bom Dia Brasil foi ancorado do estúdio por Chico Pinheiro e do Riocentro por Renata Vasconcellos. O telejornal mostrou as mudanças na cidade com a chegada dos chefes de estado de 193 países, a movimentação no Riocentro no primeiro dia do encontro oficial e a expectativa de se mudar ou não o documento inicial. Tudo noticiado de um estúdio montado em frente ao Pavilhão 5, que também foi usado pelas duas edições do RJTV – apresentadas por Ana Paula Araújo, com o suporte de Ana Luiza Guimarães na bancada oficial da 1ª edição, e Márcio Gomes, ao vivo do Riocentro na 2ª edição – e pelo Jornal Hoje – Sandra Annenberg foi para o Rio de Janeiro, e Evaristo Costa ficou no estúdio em São Paulo. No noticiário do Hoje, Sandra Annenberg destacou a presença de 94 chefes de estado na conferência, com o compromisso de aprovar o documento até a sexta-feira, dia 22, último dia do evento. Dilma Rousseff foi eleita presidente da conferência, mas quem conduziu os trabalhos foi Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores.

Quando foi a rio 20

Márcio Gomes apresenta o RJ TV 2ª edição diretamente do Riocentro, no primeiro dia da reunião de chefes de Estado e governo para discutir o desenvolvimento sustentável, durante a Rio + 20, RJ TV 2, 20/06/2012.

Quando foi a rio 20

Sandra Annenberg apresenta do Jornal Hoje diretamente do Riocentro, no primeiro dia da reunião de chefes de Estado e governo para discutir o desenvolvimento sustentável, durante a Rio+20, Jornal Hoje, 20/06/2012.

Ainda no Hoje, o repórter André Trigueiro explicou que o documento entregue aos líderes não agradou o Itamaraty. Os diplomatas brasileiros queriam fechar um acordo ambicioso que definisse os objetivos do desenvolvimento sustentável, metas e prazos para executar esses compromissos. Só que nada disso foi para o texto. O documento apenas tentou definir uma nova comissão da ONU para debater, até 2014, esses objetivos, que deverão ser implementados a partir de 2015.

Mais tarde, no JN, André Trigueiro apresentou as muitas críticas feitas ao documento final. Representantes de todas as organizações não governamentais convidadas para a sessão de abertura criticaram duramente o texto. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reconheceu que o documento ficou abaixo das expectativas e pediu para que os líderes fossem além dos interesses nacionais.

MULHERES NA RIO+20

No segundo dia da reunião de cúpula, as duas edições do RJTV foram novamente exibidas do estúdio especial no Riocentro. No final da manhã do penúltimo dia de debates, aconteceu o encontro de Dilma Rousseff com mulheres presidentes, ex-presidentes e primeiras-ministras de vários países. A primeira governante da América do Sul, Michelle Bachelet, foi homenageada no discurso da brasileira. Dilma Rousseff defendeu os direitos sexuais e à reprodução. No encontro, foi assinado o documento O Futuro que as Mulheres Querem. Sandra Annenberg também voltou a apresentar o Jornal Hoje do Riocentro.

No RJTV 2ª Edição, a repórter Flávia Jannuzzi mostrou um trecho da entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que informava que o Brasil acabara de assinar vários acordos de cooperação tecnológica, comercial e financeira com a China, e da do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que também anunciou acordos de cooperação na área da educação. Os dois defenderam que houve avanços no documento e elogiaram o Brasil como país que vem investindo em desenvolvimento sustentável.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Mônica Teixeira sobre as críticas ao documento final da Rio+20, Jornal Nacional, 21/06/2012.

Em matéria de Mônica Teixeira para o JN, a repórter mostrou a mudança de tom de Ban Ki-moon, minimizando o discurso crítico ao documento entregue aos chefes de estado. Ele passou a afirmar que o texto apresentava um conjunto prático de medidas abrangentes e ambiciosas para o desenvolvimento sustentável. A mudança foi resultado da pressão da diplomacia brasileira, que não gostou de ouvi-lo dizer que faltou ambição ao texto. Durante o dia, líderes latino-americanos demonstraram sua insatisfação com o rumo da Rio+20 e não faltaram críticas aos países desenvolvidos. Em meio a dezenas de manifestações pacíficas motivadas por críticas ao texto, o dia foi marcado por um protesto, organizado pelo MST e Via Campesina, que acabou em confusão e deixou feridos. O repórter Tiago Eltz registrou o ocorrido.

O ÚLTIMO DIA

No último dia da Rio+20, além das edições do RJTV e do Jornal Hoje, o JN também foi ancorado do Riocentro. Patrícia Poeta apresentou o telejornal direto do evento, enquanto Bonner permaneceu no estúdio.

Em reportagem de André Trigueiro para o telejornal, mostrou-se que o documento final, de 49 páginas, cujo título é O Futuro que Queremos, deixou alguns pontos de fora. Brasil e China, por exemplo, lideravam um bloco de países que defendiam a criação de um fundo de 30 bilhões de dólares anuais para financiar o desenvolvimento sustentável em nações pobres, mas essa solicitação ficou de fora por pressão de países ricos. Parte dos países mais pobres, especialmente os africanos, esperavam que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ganhasse o status de agência, como é o caso do Unicef, que tem mais orçamento e poder. O documento final, no entanto, falou apenas em reforçar o papel do Pnuma. Mas a conferência chegou a alguns resultados. O mais importante deles foi o estabelecimento de uma data. A partir de 2015, o mundo deverá adotar os objetivos do desenvolvimento sustentável, um conjunto de metas para gerar emprego e renda sem destruir o meio ambiente. Todos os países concordaram que, em tese, incentivos fiscais a combustíveis fósseis devem ser reduzidos. Até 2015, países ricos tentarão repassar 0,7% de seus PIBs como ajuda a nações mais pobres, mas essa não é uma meta obrigatória.

Quando foi a rio 20

Reportagem de André Trigueiro sobre os pontos que não foram incluídos no documento final da Rio+20, Jornal Nacional, 22/06/2012.

Um dos discursos mais esperados do último dia da conferência foi o de Hillary Clinton, secretária de estado americana. Em matéria de Mônica Teixeira para o JN, destacou-se o posicionamento dos Estados Unidos – maior economia, maior potência mundial e os maiores poluidores – diante das propostas da Rio+20. Na Rio-92, o então presidente George Bush se recusou a assinar a convenção da biodiversidade, que estabelecia regras de proteção à fauna e à flora. Depois, os EUA não adotaram o protocolo de Kyoto, em que os países se comprometiam a lançar menos gases de efeito estufa. Durante o discurso, Hillary Clinton afirmou que o desenvolvimento sustentável é o único caminho viável no século XXI e elogiou o documento final da conferência.

A André Luiz Azevedo coube fazer um apanhado geral do dia, que começou com um encontro entre ativistas frustrados com o resultado da conferência e o secretário-geral da ONU. Os representantes de ONGs e da sociedade civil entregaram na conferência uma declaração elaborada na Cúpula dos Povos. No texto, pediam urgência na distribuição de renda e riqueza. Pela primeira vez, um protesto chegou a uma entrevista coletiva, da qual participava o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang. Um casal gritou: “Eles não nos representam. Nós queremos uma democracia real”. Os manifestantes foram retirados por seguranças da ONU.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Mônica Teixeira sobre o discurso da secretária de estado norte-americana Hillary Clinton na Rio+20, Jornal Nacional, 22/06/2012.

Ao final da Rio+20, que congregou 45 mil pessoas de 193 países e cerca de 4,5 mil jornalistas de todo o mundo, a presidente Dilma Rousseff fez um balanço positivo da conferência e respondeu às críticas: disse que o Brasil deve se orgulhar de ter realizado com sucesso a Rio+20 e que devemos exigir que, a partir desse documento, as nações avancem.

No Jornal Nacional, foi ao ar uma matéria de Patrícia Poeta sobre a Cúpula dos Povos, espaço onde artistas populares, de origens e estilos diferentes, tentaram retratar a urgência das questões ambientais. Um deles, Vik Muniz, pediu que as pessoas trouxessem lixo reciclável de casa e ajudassem a criar uma grande obra coletiva: o retrato do Pão de Açúcar.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Patrícia Poeta sobre a Cúpula dos Povos, espaço onde artistas populares, de origens e estilos diferentes, tentaram retratar a urgência das questões ambientais, Jornal Nacional, 22/06/2012.

Confira outras reportagens

Quando foi a rio 20

Reportagem da série “Planeta Terra – Lotação Esgotada”, de Sônia Bridi, sobre o crescimento populacional da terra, um dos temas de discussão da Rio+20, Fantástico, 20/05/2012.

Quando foi a rio 20

Primeira reportagem da série “Rio+20 Energia”, de Alberto Gaspar, sobre as consequências do apagão elétrico no Brasil, 20 anos depois, Jornal Nacional, 02/06/2012.

Quando foi a rio 20

Na primeira reportagem da série realizada por Miriam Leitão, Gustavo Gomes, Luiz Paulo Mesquita e Cesar Davi sobre a Rio+20, o tema discutido foi a importância da conferência, Bom Dia Brasil, 11/06/2012.

Quando foi a rio 20

Reportagem de Paulo Renato Soares sobre o novo texto apresentado pelo Brasil para a Rio+20, Jornal Nacional, 16/06/2012.

FONTES

Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Ali Kamel (09/04/2012) e William Bonner (19/03/2012); Boletim de Programação da Rede Globo 21/04/2012, 28/04/2012, 12/05/2012, 20/05/2012, 23/05/2012, 11/06/2012, 12/06/2012; Sites: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20.html; http://www.onu.org.br/rio20/info/; http://cupuladospovos.org.br; http://g1.globo.com/profissao-reporter; http://www.brasil.gov.br/; http://www.ofuturoquenosqueremos.org.br/; http://www.pavilhaobrasil.rio20.gov.br/; http://exame.abril.com.br/; http://www.c40cities.org/c40cities.

Quando foi o Rio mais 20?

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.

O que aconteceu na Rio +20?

Considerado um dos maiores eventos organizados pela ONU, o Rio+20 ocorreu entre os dias 13 e 22 de junho de 2012 em diversas partes da cidade do Rio de Janeiro. Os principais temas abordados foram: desenvolvimento sustentável, economia verde, inclusão social e pobreza.

Por que o Rio 20 foi um fracasso?

Segundo ele, as metas para o desenvolvimento sustentável foram postergadas para daqui a dois anos. Além disso, os grandes objetivos que moveram o evento não foram contemplados pelo documento final. “Então, para quem esperava aprovação dos objetivos, tratou-se certamente de um grande fracasso.

Qual o resultado da conferência Rio 20?

Os resultados da Rio+20 explicitam a dicotomia entre a dimensão ambiental e as dimensões social e econômica do desenvolvimento sustentável. Essa separação se contrapõe à noção dos três pilares do desenvolvimento, reiterada no próprio texto.