Qual o nome do único brasileiro a ganhar 4 medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos?

Um herói chamado Adhemar

Os Jogos de Helsinque, na Finlândia, marcaram o surgimento do primeiro herói da história olímpica do Brasil. Embora em 1920, na Antuérpia, o atirador Guilherme Paraense tenha conquistado o primeiro ouro do país, naquela época os Jogos não tinham o mesmo prestígio que conquistaram nas décadas seguintes.

Assim, quando o paulista Adhemar Ferreira da Silva – que participara das Olimpíadas de Londres-1948 e ficara apenas em 14º lugar – começou sua aventura no salto triplo em Helsinque, o mundo viu surgir um atleta especial. Em uma mesma tarde, Adhemar superou o recorde mundial quatro vezes. Saltou 16,05m, passou para 16,09m, para 16,12m e, finalmente, “voou” 16,22m. Consagrado com a medalha de ouro, tornou-se o principal nome da delegação brasileira naquela edição e iniciou o caminho que o transformaria em um mito do atletismo nacional.

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Adhemar quebrou o recorde mundial quatro vezes em um mesmo dia e deu início ao seu sucesso no atletismo

Mais medalhas
Adhemar não foi o único a subir ao pódio na Finlândia. No salto em altura, José Telles da Conceição alcançou a marca de 1,98m, que, além do recorde sul-americano, valeu a medalha de bronze. O Brasil também faturou o bronze nas piscinas, com Tetsuo Okamoto nos 1.500m livre, com o tempo de 18min51s3.

Futebol fica em quinto
A tragédia da derrota da Seleção Brasileira para o Uruguai, na final da Copa de 1950, em um Maracanã tomado por 200 mil torcedores, ainda ecoava dois anos antes, quando o Brasil, pela primeira vez, enviou um time para representar o país no futebol das Olimpíadas. Nascia ali a história da busca por um título que até hoje espera para ser conquistado. Embora nas décadas seguintes a Seleção Brasileira tenha brilhado em cinco Copas do Mundo e se tornado a maior campeã da competição, nas Olimpíadas a medalha de ouro nunca veio. Em 1952, no ano da estreia, a Seleção ficou apenas com o quinto lugar.

Classificação por total de medalhas

* O Brasil conquistou a medalha de ouro no salto triplo, com Adhemar Ferreira da Silva, e foi bronze nos 1.500m da natação, com Tetsuo Okamoto, e no salto em altura, com José Telles da Conceição

  • Fernando Duarte
  • BBC World Service

4 fevereiro 2022

Crédito, Getty Images

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Integrantes da seleção brasileira de bobsled treinam sem neve para os Jogos Olímpicos de Inverno

Um país tropical jamais ganhou uma medalha em Jogos Olímpicos de Inverno. Mas isso não impede que um número crescente de países continue tentando.

O Brasil está levando uma delegação de 11 atletas a Pequim, dois a menos que em Sochi 2014, quando o país bateu o seu recorde de participantes. Ainda assim, é um número maior do que os nove atletas que foram para PyeongChang 2018. O Brasil vai concorrer no esqui cross-country, bobsled, esqui alpino, skeleton e esqui freestyle mogul.

Confira alguns casos de atletas de países tropicais que buscam o pódio nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, realizados em Pequim - incluindo um esquiador alpino da Arábia Saudita, um time de bobsled jamaicano (assim como no filme Jamaica Abaixo de Zero) e uma esquiadora de cross-country competindo pela Tailândia.

Crédito, Fayik Abdi

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Em Pequim, Fayik Abdi representa a estreante Arábia Saudita em Jogos de Inverno

Você estaria desculpado se não associasse imediatamente a Arábia Saudita a Jogos de Inverno, mas um atleta do reino do deserto em breve vai tentar fazer história em Pequim.

Fayik Abdi, de 24 anos, será o único representante de seu país nos Jogos, competindo na prova de esqui alpino.

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"Estou ciente de que representar a Arábia Saudita nos Jogos de Inverno parece curioso para muitas pessoas, mas é uma grande honra fazer história não apenas para o meu país, mas para toda a região do Golfo", disse Abdi à BBC.

Estes Jogos Olímpicos de Inverno, que começam nesta sexta-feira (4/2) na capital chinesa, serão os primeiros com participação de um atleta da Arábia Saudita.

Como Abdi chegou em Pequim?

Seu sonho olímpico teve um começo curioso.

Abdi foi um dos mais de cem candidatos que responderam a um anúncio feito pela recém-formada Federação de Esportes de Inverno da Arábia Saudita, pedindo potenciais candidatos para uma equipe olímpica. Abdi aprendeu a esquiar quando tinha apenas 4 anos e, depois, aproveitou seus estudos universitários nos EUA para praticar esqui.

Seu exemplo ilustra a tendência de aumento da participação de países "sem neve" nas Olimpíadas de Inverno.

Enquanto os primeiros Jogos de Inverno, em 1924, contaram apenas com 14 países europeus ao lado dos EUA e Canadá, um recorde de 92 países, de todo o mundo, participaram dos últimos Jogos, realizados na Coreia do Sul em 2018.

Em Pequim, serão 91 nações concorrentes, incluindo as estreantes Arábia Saudita e Haiti, além de outros países conhecidos pelo clima mais quente, como Brasil, Timor Leste, Gana e Taiwan.

E, claro, a Jamaica.

A equipe de bobsled jamaicana (como em 'Jamaica Abaixo de Zero')

Crédito, Getty Images

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A surpreendente participação da Jamaica nos Jogos de Inverno de 1988 ficou imortalizada no filme 'Jamaica Abaixo de Zero'

A ilha caribenha da Jamaica sempre vem à mente quando se pensa em "um país tropical participando das Olimpíadas de Inverno". E isso se deve a Hollywood e ao filme Jamaica Abaixo de Zero, de 1993.

Baseado na história da equipe jamaicana de bobsled de quatro homens que chegou aos Jogos Olímpicos de Inverno de Calgary em 1998, no Canadá, o filme fez mais do que apenas entreter o público em todo o mundo. Ele inspirou outras "nações sem neve" a tentar a sorte.

E enquanto o país participou de várias Olimpíadas seguintes nos eventos de bobsled de dois homens, Pequim marcará a primeira participação de uma equipe de quatro homens desde os Jogos de Nagano, em 1998.

Em Pequim, a ilha caribenha também será representada por uma equipe de dois homens, enquanto Jazmine Fenlator-Victoria participará do monobob feminino.

Crédito, Shanwayne Stephens

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A pandemia fez com que a equipe jamaicana de 2022 usasse alternativas de treinamento, como empurrar um Mini Cooper

Mas o quarteto também ganhou manchetes devido a alguns métodos de treinamento que pareciam uma cena do filme de 1993.

Em 2020, dois membros da equipe, Shanwayne Stephens e Nimroy Turgott, foram vistos empurrando um Mini Cooper em uma propriedade industrial na cidade britânica de Peterborough (as academias do Reino Unido estavam fechadas na época devido ao lockdown para conter a pandemia).

"Eu adorava aquele filme quando criança e me ensinou a nunca desistir dos meus sonhos", disse Stephens à BBC.

E o filme não inspirou apenas a Jamaica. Ele foi usado até mesmo como parte de uma campanha em busca por financiamento para uma equipe brasileira, que tentou se classificar para os Jogos de 1998.

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Mas a história dos países sem neve que participam da competição é muito mais antiga. O Comitê Olímpico Internacional (COI) afirma que o México foi a primeira nação de clima quente a competir nos Jogos de Inverno, em 1928.

As nações tropicais só chegariam em 1972, quando as Filipinas tiveram dois competidores masculinos no evento de esqui alpino.

O aumento do interesse de países não-tradicionais nos Jogos de Inverno proporcionou maiores oportunidades para os atletas.

Um dos exemplos é o Haiti, que fará sua estreia olímpica em Pequim, com o esquiador alpino Richardson Viano. Embora haitiano de nascimento, ele foi adotado por uma família francesa aos três anos de idade e vive na Europa desde então.

Depois de não se classificar para a seleção olímpica francesa para os Jogos de PyeongChang de 2018, Viano foi abordado pelas autoridades esportivas haitianas para competir sob sua bandeira.

Em entrevista ao site de notícias haitiano Haiti Libre, o esquiador disse que o convite deu um novo fôlego à sua carreira.

"Sem essa ligação, eu certamente teria parado de esquiar e estaria trabalhando na construção civil", disse Viano.

Uma esquiadora cross-country representando a Tailândia

Crédito, Karen Chanloung

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Karen Chanloung e seu irmão Mark nasceram na Itália, mas representarão o país de nascimento de seu pai, a Tailândia, em Pequim

Karen Chanloung será uma das quatro atletas representando a Tailândia em Pequim.

A jovem de 25 anos nasceu na Itália e competiu sob a bandeira italiana ao lado de seu irmão Mark nas categorias de base. Mas em 2016, a Tailândia, terra natal de seu pai, a procurou.

Ambos os irmãos participaram dos Jogos de 2018 no evento de esqui cross-country e Mark também estará presente em Pequim.

"Nós sempre quisemos representar o país do meu pai quando éramos crianças, mas a Tailândia não tinha uma Federação de Esportes de Inverno por muitos anos", explica Karen Chanloung.

"Mas é algo muito importante para mim e para meu irmão representar a Tailândia. O país faz parte de nós e crescemos com a cultura tailandesa."

Em termos de treino, atletas de países sem neve costumam enfrentar mais viagens para conseguir treinar, o que provou um desafio a mais em tempos de restrições de covid-19.

"A pandemia atrapalhou, é claro, mas é a realidade da vida de todos agora", diz o esquiador saudita Fayik Abdi.

"Mas isso só contribuiu para deixar ainda mais doce a sensação de se classificar para os Jogos Olímpicos de Inverno."

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A Austrália é o melhor exemplo de um país quente indo bem e ganhando medalhas nos Jogos Olímpicos de Inverno

À medida que mais nações sem neve participam dos Jogos Olímpicos de Inverno, o fato é que muitos ainda não tiveram um impacto significativo (em termos de medalhas).

Segundo o COI, nenhum país tropical ganhou uma única medalha na competição.

A Austrália é a única exceção quando se trata de um país com clima mais quente, tendo conquistado 15 medalhas em 19 Jogos de Inverno.

Mas como o COI adota o sistema de classificação climática de Koppen, a Austrália é considerada um país seco, e não tropical.

No entanto, essa barreira não diminui o ânimo de atletas como Fayik Abdi e Karen Chanloung.

"É importante que os países tenham sua bandeira em uma competição tão importante quanto as Olimpíadas", acredita Chanloung.

"Como atletas, não há nada maior do que esta competição. Queremos dar o nosso melhor."

E Abdi concorda. Seu sonho olímpico faz parte de um esforço maior para desenvolver uma cultura de esportes de inverno na Arábia Saudita, que inclui a construção do quarto maior centro de neve indoor do mundo.

"Espero ajudar a inspirar as pessoas", diz Abdi, porque no futuro ele quer que outras pessoas "na Arábia Saudita e na região do Golfo pratiquem esportes de inverno e talvez cheguem aos Jogos de Inverno também."

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Qual nome do único brasileiro a ganhar quatro medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos?

Isaquias Queiroz é medalha de ouro na canoagem Em 2011, deu mostras do que poderia fazer com dois pódios no Mundial júnior: ouro no C1 200 m e prata no C1 500 m. No ano seguinte, porém, Isaquias sofreu seu primeiro grande baque. Ficou fora da seleção brasileira que foi aos Jogos Olímpicos de Londres.

Qual atleta brasileiro ganhou mais medalhas em uma só edição dos Jogos Olímpicos?

Os atleta com maior número de medalhas São Robert Scheidt e Torben Grael.

Qual atleta olímpico brasileiro já conquistou 3 medalhas olímpicas em um única edição?

O canoísta Isaquias Queiroz é o único brasileiro a ganhar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos, feito que conquistou durante a Rio 2016. A skatista Rayssa Leal é a mais jovem atleta brasileira medalhista em Olimpíadas, feito conseguido aos 13 anos e sete meses de idade em Tóquio 2020.

Qual o nome do brasileiro que ganhou três medalhas para o Brasil na mesma edição da Olimpíada e qual foi o esporte?

Na Rio-2016, Isaquias foi destaque ao ganhar três medalhas numa mesma edição de Jogos. É o único brasileiro com esta façanha no currículo. O canoísta, natural da Bahia, está atrás apenas de Torben Grael e Robert Scheidt, em quantidade de medalhas conquistadas. Os velejadores têm cinco cada.

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