Qual o felino ameaçado de extinção na Europa?

O gato selvagem europeu foi escolhido pela organização suíça Pro Natura como o Animal Suíço do Ano em 2020.

Este conteúdo foi publicado em 06. janeiro 2020 - 16:21

No passado à beira da extinção, este elegante caçador está agora colonizando novos territórios Keystone / Fabrice Cahez

A escolha do gato selvagem pela ProNaturaLink externo reflete o renascimento do animal desde a quase extinção até a conquista de um lugar nas florestas suíças das montanhas do Jura, no noroeste do país. A partir daí, espera-se que a criatura furtiva possa se espalhar pelo centro da Suíça e os pés dos Alpes.

Os defensores da natureza redobraram seus esforços para acompanhar a saúde das populações de gatos selvagens, analisando os pelos que eles deixam para trás enquanto marcam seus territórios - geralmente vários quilômetros quadrados para cada um dos animais solitários.

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Qual o felino ameaçado de extinção na Europa?

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Qual o felino ameaçado de extinção na Europa?
Lince ibérico.

Ocupando áreas de Portugal e Espanha, o Lince Ibérico (Lynx pardinus) é o carnívoro mais ameaçado na Europa e o felino mais ameaçado no mundo. O último censo indica que há menos de 150 indivíduos adultos. Por enquanto, só está confirmada a existência de duas populações reprodutoras, em Doñana e Andujár-Cardeña no extremo Oriental da Serra Morena (Espanha).

Foram várias as causas que ao longo das últimas décadas levaram ao rápido declínio das populações de lince ibérico, em termos de número e de área de distribuição da espécie. Mas as duas ameaças principais foram: a regressão da sua principal presa (o coelho-bravo) e a perda e deterioração do seu habitat.

Pelo fato desses felinos viverem isolados entre si isso os torna ainda mais vulneráveis. As áreas onde o animal vivia foram destinadas à produção florestal intensiva e campos de pastagem. Além disso, a construção de grandes estradas, a caça ilegal, envenenamento, atropelamento e os incêndios florestais também têm contribuído com esse processo de extinção.

Tal como muitos outros felinos, o lince ibérico é uma espécie solitária. Os machos só procuram as fêmeas na época da reprodução, entre os meses de janeiro e fevereiro. O número de filhotes varia entre 1 a 4 e nascem entre março e abril. Por terem uma ótima visão e ouvido apurado, são bons caçadores e sua alimentação inclui além do coelho bravo, perdizes, peixes e raposas.

O lince ibérico ainda possui características muito particulares que o permitem distinguir dos outros felinos. Entre elas estão os pelos rígidos e negros em forma de pincel na extremidade das orelhas e a cauda bastante curta, com cerca de 14 cm de comprimento, e com a extremidade negra. Além disso, a espécie possui ainda longos pelos brancos e pretos no focinho que se assemelham a barbas e que crescem com o avançar da idade.

Qual o felino ameaçado de extinção na Europa?
© Depositphotos.com / broker Lince ibérico.

Investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO/BIOPOLIS) têm feito um enorme esforço na reintrodução do lince-ibérico, mas voltam a sua preocupação para a conservação da espécie gato-bravo, visto que existem fortes indícios de que as suas populações no sul da Península Ibérica estejam em declínio.

De acordo com Pedro Monterroso, doutorado do CIBIO-InBIO, no campo da Biologia Populacional e da Conservação, e Paulo Célio Alves, docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e investigador do CIBIO-InBIO/BIOPOLIS, a maior preocupação recai sobre a região do Alentejo, a par do Algarve, Beira Interior, Ribatejo e Beira Litoral, dado que a falta de habitat para o gato-bravo, a escassez de presas e a hibridação com o gato doméstico afetam consideravelmente a preservação da espécie.

Esta espécie, de quem poucos falam, tem em vista a perda das suas características genéticas, uma das maiores preocupações é a hibridação com os gatos domésticos, devido a cada vez existirem menos gatos-bravos. Uma vez que o gato doméstico descendente do gato-africano, e não do gato-bravo, existindo o cruzamento entre as duas espécies, ocorre a alteração das suas características genéticas, sendo que a taxa de hibridação já conta com um registo de 21%, de acordo com os dois investigadores.

As populações saudáveis no Norte de Espanha

O gato-bravo europeu estava presente em praticamente todo o território nacional. Atualmente a sua distribuição parece estar fortemente contraída, localizando-se, tanto quanto é conhecido, em áreas da região norte-nordeste do território nacional, tal como o Parque Nacional da Peneda Gerês ou o Parque Natural de Montesinho, assim como na Beira-Interior, o Parque Natural da Serra da Estrela, e no Baixo Alentejo, o Parque Natural do Vale do Guadiana.

Também existem dados dispersos da presença da espécie por outras áreas do país, mas tais registos não permitem uma confirmação inequívoca, o que indique que apesar de existir uma perceção generalizada de uma situação demográfica muito preocupante, o desconhecimento sobre as populações de gato-bravo também é elevado.

O gato-bravo distingue-se do gato doméstico pelo seu tamanho, pelos padrões de pelagem e pela sua cauda mais grossa, com três a cinco anéis negros e uma ponta escura e arredondada. O gato-bravo alimenta-se de presas como coelhos e pequenos mamíferos.

É no Norte de Espanha que se encontram as populações mais saudáveis desta espécie na Península Ibérica. Isto significa que são as populações com uma elevada densidade de indivíduos com características genéticas inequívocas de gato-bravo e com uma diversidade genética elevada. São populações fundamentais para garantir a preservação da espécie em Portugal, sendo que a reprodução entre indivíduos com uma composição genética típica do gato-bravo e com uma diversidade genética elevada, podem garantir uma maior capacidade de a espécie resistir a adversidades, tais como doenças e alterações climáticas.

A hibridação do gato-bravo com o gato doméstico

O cruzamento entre o gato-bravo e o gato doméstico ocorre de forma generalizada por todo o país, no entanto, desconhece-se a sua frequência a nível populacional, uma vez que esta questão nunca foi aprofundada nem estudada. Apesar disso, os estudos já realizados sugerem que a probabilidade de hibridação depende de vários fatores, tal como a proximidade física, e pode ser potenciada ou mitigada por outros fatores, tais como a densidade populacional do gato-bravo, a disponibilidade de presas ou a qualidade do habitat.

Para detetar a ocorrência de hibridação entre as espécies, os investigadores utilizam diversos marcadores genéticos que permitem determinar o perfil de cada indivíduo e a probabilidade de pertencer a cada um dos grupos, sendo geneticamente distintos. A existência de uma base de dados de referência com indivíduos destes dois grupos possibilita, assim, determinar se uma determinada amostra pertence a um destes grupos ou se é uma mistura, isto é, um híbrido.

As amostras para detetar a hibridação podem ser não invasivas, através dos pelos, da saliva ou excrementos. Em seguida, a pesquisa passa por fazer um rastreio exaustivo nas populações portuguesas para saber se ainda existem redutos populacionais geneticamente íntegros de gato-bravo e estimar a frequência de hibridação nas populações portuguesas.

A preservação das populações

No início dos anos 2000 existiu um programa piloto na Catalunha, em Espanha, dedicado à conservação das populações naturais de gato-bravo, contudo, foi descontinuado. A opção de criar centros dedicados ou programas de reprodução de gato-bravo em cativeiro é considerada uma ação de última linha, que ocorre apenas quando as populações naturais estão em estado crítico e cuja extinção é muito difícil de impedir, por ações de conservação in-situ. Como se desconhece a situação atual do gato-bravo, é difícil definir estratégias e prioridades de conservação.

O facto de o gato-bravo ter uma distribuição ampla no contexto europeu e ter uma tendência populacional favorável no centro da Europa, também contribui para a diminuição da relevância da situação que se vive na região ibérica, mas que é preocupante. Além disso, existe o desconhecimento generalizado da própria população enquanto espécie autóctone, bem como os elevados riscos que os gatos domésticos rurais apresentam para a conservação da espécie.

As ferramentas disponíveis para a conservação da espécie são vastas, mas ainda não existe um diagnóstico que indique quais as mais eficientes para determinada situação. É importante primeiro realizar um diagnóstico, para depois definir as estratégias, implementar e monitorizar a evolução das mesmas.

Paulo Célio Alves, docente da FCUP, trabalha há praticamente 20 anos no estudo desta espécie, e tem vindo a orientar várias teses de doutoramento e mestrado focadas no gato-bravo, alerta para a importância de se tomarem medidas de conservação, sublinha que é fundamental, além de se recuperar os habitats e as presas, sensibilizar as populações para esterilizarem os gatos domésticos, sobretudo se andarem no exterior das habitações, para prevenir o cruzamento com o gato-bravo.

Qual é o felino ameaçado de extinção na Europa?

Com orelhas peludas, pernas longas, cauda curta e um "colar de pelo" que mais parece uma barba, o lince-ibérico é o felino mais ameaçado de extinção no mundo. O último censo realizado indica que existam menos de 150 indivíduos adultos no mundo, que é encontrado no sul da Europa.

Qual o felino mais ameaçado do mundo?

O Felino Mais Ameaçado do Mundo.

Qual é o animal mais ameaçado de extinção do mundo?

Os 10 animais com maior risco de extinção.
BALEIA-FRANCA-DO-ATLÂNTICO-NORTE. Onde Atlântico Norte. ... .
SAOLA. Onde Vietnã e Laos. ... .
RINOCERONTE-DE-SUMATRA. Onde Ilhas de Sumatra e Bornéu. ... .
KOUPREY. Onde Indochina. ... .
GORILA-DO-RIO-CROSS. Onde Nigéria e Camarões. ... .
TIGRE-DO-SUL-DA-CHINA. Onde China. ... .
VAQUITA. ... .
RINOCERONTE-DE-JAVA..

Qual o animal que está ameaçado de extinção?

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) O lobo-guará é um animal que se encontra na lista dos animais com risco vulnerável de extinção e tem como habitat os biomas do Cerrado e do Pampa, neste último a situação é mais grave. A causa mais comum para a redução desta espécie está relacionada ao desmatamento das vegetações.