Qual foi a maior contribuição deixada até os nossos dias pelas civilizações indígenas brasileiras?

“Somos parte da Terra e ela é parte de nós.”

Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no século 20 a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professores. Mas, a maior contribuição que os povos da floresta pode deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração. Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.

Um índio não chama nem a si mesmo de índio esse nome veio trazido pelos colonizadores no século 16. O índio mais antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que significa “Tu” (som) e “py” (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia da forma.

Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol, o tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciães e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma humanidade’. Os anciães navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciães se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciães fizeram surgir das Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravôs. ”

Extraído do livro A Terra dos Mil Povos: História Indígena Brasileira Contada Por Um Índio, de Kaká Werá Jecupé, 1998, 4ª edição, Editora Petrópolis.

Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.

ARQUITETURA

Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. Esse tipo de construção foi usado em grande escala pelos índios tupis e guaranis do sul do Brasil.

O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.

No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, é o lugar das grandes festas. Dessa praça, partem trilhas que levam à roça, ao campo e ao bosque.

Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente.

As formas das casas variam segundo os costumes de cada grupo, podem ser circulares, retangulares, pentagonais, ovais, etc. O contato com os não índios influenciou em muitas mudanças ocorridas tanto no formato de aldeias e casas, quanto no material utilizado para a construção em algumas sociedades indígenas.

TIPOS DE HABITAÇÕES INDÍGENAS

A oca é uma a mais comum habitação indígena, principalmente entre os índios da família tupi-guarani. Consiste em uma grande cabana, feita com troncos de árvores e cobertas com palha ou tranco de palmeira. Na oca, podem viver várias famílias de uma mesma tribo.

Maloca é um tipo de cabana comunitária usada pelos indígenas da região amazônica (principalmente do Brasil e Colômbia). Cada tribo desta região possui este tipo de habitação com características específicas.

Taba é menor que a oca. Também de origem tupi-guarani, é um termo mais usado pelas tribos da Amazônia. Nesta região também serve para designar aldeamento indígena.

Opy é uma espécie de casa de rezas dos índios. Servem também para a realização de festas religiosas e rituais sagrados.

PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA 

Eles pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o Sol, os insetos e os espíritos maus. Também para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende.

As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados. Caprichar na tinta, nas cores e nos desenhos garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem.

Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz.

A pintura corporal é geralmente uma função feminina; a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido.

Assim como a pintura corporal, a arte plumária serve para se enfeitar, como mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e majestade. Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.

A ALDEIA CABE NO COCAR

A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó.

Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. “É uma lógica de manutenção e não de progresso”, explica Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.

A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a “prefeitura” Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.

O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos. Esses lugares têm a mesma distância em relação à casa dos homens.

O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapós.

TRANÇADOS E CERÂMICA

A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita perfeição.

A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto ocorreu na ilha de Marajó.

MARAJOARA

Os marajoaras vieram do noroeste da América do Sul e chegaram à Ilha de Marajó, por volta de 400 d.C. sendo a quarta fase de ocupação da ilha. Na região centro-oeste do local, a qual ocuparam, construíram habitações, cemitérios e locais de ritualísticos.

Sua principal arte era a cerâmica, que podia ser de uso doméstico (para guardar mantimentos, simples e não apresentavam a superfície decorada), cerimonial (uso festivo ou homenagens fúnebres, eram bem decorados, caracterizados por apresentar desenhos, cortes na cerâmica ou em alto relevo), ou funeral (decoradas com desenhos labirínticos).

A cerâmica marajoara foi descoberta em 1871 quando dois pesquisadores visitavam a Ilha de Marajó. Impressionados com o que viram, publicaram um artigo em uma revista científica, revelando ao mundo a então desconhecida cultura marajoara.

Além da cerâmica, os marajoaras produziam bancos, colheres, apitos, adornos para orelha e lábios e estatuetas humanas, que chamam a atenção por serem pouco realistas e mais estilizadas, ou seja, sem preocupação com a fidelidade à realidade.

URNAS FUNERÁRIAS

Para fazer o enterramento de seus mortos o povo Marajoara descarnificava os corpos. Somente os ossos, limpos e pintados de vermelho, eram depositados nas urnas, pois eles acreditavam que os ossos constituíam o depósito da alma e as urnas seriam o meio para a passagem a uma outra vida. Junto com os ossos também são encontrados objetos de uso pessoal como bancos, tangas, pingentes e colares.

Qual foi a maior contribuição deixada até os nossos dias pelas civilizações indígenas brasileiras?

SANTARÉM

Diferentemente das divisões feitas com os povos na ilha de Marajó, as populações que habitavam a região próxima a junção dos rios Tapajós e Amazonas, a cultura Santarém não foi dividida em nenhuma fase e seus vestígios culturais foram englobados em um complexo chamado de cultura Santarém.

Sua maior forma de produção também foi com a cerâmica. A cerâmica santarena apresenta decoração bastante complexa e refinada: além de pinturas e desenhos, as peças têm ornamentos em relevo, com figuras humanas ou de animais. Um dos recursos que mais chama a atenção nos vasos da cultura santarena é a presença de cariátides: figuras humanas que parecem sustentar ou apoiar a parte superior do vaso.

Além de vasos, a cultura Santarém produziu ainda cachimbos, cuja decoração por vezes já sugere a influência dos primeiros colonizadores europeus, e estatuetas de formas variadas. Diferentemente das estatuetas marajoaras, as da cultura Santarém apresentam maior realismo, pois reproduzem mais fielmente os seres humanos ou animais que representam.

A cerâmica santarena refinadamente decorada com elementos em relevo perdurou até a chegada dos colonizadores portugueses. Mas, por volta do século XVII, os povos que a realizavam foram perdendo suas peculiaridades culturais e sua produção acabou por desaparecer.

Qual foi a maior contribuição deixada até os nossos dias pelas civilizações indígenas brasileiras?

Qual foi a maior contribuição deixada até os nossos dias pelas civilizações indígenas brasileiras?


Qual foi a maior contribuição deixada até os nossos dias pelas civilizações indígenas brasileiras?
Herdamos alguns termos indígenas na arquitetura, como biboca (casa pequena),  caiçara (palhoça),  capuaba (casa da roça),  copé (cabana de palha),  copiar (varanda),  favela (casa miserável cujo significado indígena é urtiga), jirau (armação para guardar apetrechos, cama de varas), maloca (o mesmo que favela; e, em tupi quer dizer casa grande), oca (cabana; em tupi significa casa), poperi (abrigo provisório), taba (aldeia indígena),  tapiri (choça),  tijupá  ou  tijupara  (cabana de índio), urupema (peneira; por extensão, ramado semelhante usado na vedação de portas, janelas e de forro).

Qual foi a contribuição dos povos indígenas no Brasil?

Os povos indígenas brasileiros deram contribuições significativas para a sociedade mundial, como a domesticação da mandioca e o aproveitamento de várias plantas nativas, como o milho, a batata-doce, a pimenta, o caju, o abacaxi, o amendoim, o mamão, a abóbora e o feijão.

Quais foram as contribuições que os povos indígenas nos ensinaram?

As contribuições dos povos indígenas à sociedade brasileira tiveram início logo após a chegada dos portugueses às terras brasileiras. Os índios ensinaram as técnicas de sobrevivência na selva e como lidar com várias situações perigosas nas florestas ou como se orientar nas expedições realizadas.

Qual foi a contribuição indígena que foi decisiva na formação do povo brasileiro?

A herança dos povos indígenas foi decisiva para que o Brasil se tornasse o país multicultural dos dias de hoje. A contribuição dos povos indígenas à formação da nação brasileira vai além de um conjunto de palavras, objetos, espécies domesticadas e técnicas de manejo do ambiente.