Qual é o objetivo da preservação do patrimônio cultural de um povo?

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Resumo

O tema deste trabalho de conclusão de curso é “O papel da escola na preservação e valorização do patrimônio cultural”. Trata-se de uma temática muito importante, não apenas para o pós-graduando em Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania, como também para o cidadão, que possui o dever de zelar pela preservação de seus patrimônios culturais. O presente trabalho baseou-se na metodologia bibliográfica, buscando dados teóricos sobre o tema proposto, através de pesquisas em livros e artigos de autores especialistas no tema, e em intervenção cultural realizada no ambiente escolar. Conclui-se que a escola deve buscar novas atitudes, habilidades e competências a fim de contribuir com a preservação e valorização do patrimônio cultural, uma vez que a mesma é formadora de pessoas e exerce grande influência sobre a sociedade.

Palavras-chave: Conscientização. Escola. Patrimônio Cultural. Preservação.

Introdução

A presente ação de intervenção tem como tema “O papel da escola na preservação e valorização do patrimônio cultural”. Possui como objetivo geral colaborar com a escola na conscientização dos alunos quanto à necessidade da preservação e valorização do patrimônio cultural e, como objetivos específicos, organizar atividades a serem desenvolvidas na escola que explorem a importância da preservação e valorização do patrimônio cultural, tais como apresentação de vídeos e exposição em banner de fotos seguida das principais informações sobre alguns dos mais importantes patrimônios culturais do Estado de Goiás.

Sabe-se que a escola exerce grande influência na vida das pessoas. Ensinar a crianças e jovens sobre a necessidade de se preservar e valorizar o patrimônio cultural significa a possibilidade de se ter uma sociedade mais consciente de seus deveres e futuros cidadãos mais comprometidos com as questões sociais de seu país.

O patrimônio cultural é o bem mais precioso de uma sociedade, desta forma, deve desde cedo ser ensinado à sociedade a importância de se preservar e valorizar a sua cultura. A presente intervenção se justifica pela possibilidade de contribuir para que a sociedade, iniciando pela escola, tome consciência de seu papel enquanto cidadã, para a preservação e valorização do patrimônio cultural. Com esse entendimento, surgiu o questionamento que deu diretriz à intervenção: “Que tipo de atitudes, habilidades e competências a escola vem desenvolvendo para contribuir com a valorização do patrimônio cultural?”.

As atividades aqui descritas ocorreram no próprio ambiente da escola, no período matutino, e toda a ação teve duração de 3 horas consecutivas, das 8 às 11 horas. Contou com o apoio de vários integrantes da equipe escolar, tais como a diretora, professores e monitores. A avaliação do projeto se deu mediante participação e interesse dos alunos.

Ao fim, pode-se afirmar que os resultados almejados foram alcançados. Muitos alunos que não conheciam sequer conceitos referentes a patrimônio cultural, puderam conhecer os patrimônios do Estado do Goiás, assim como a importância de sua preservação e valorização.

1. Desenvolvimento

O mundo atual tem exigido cada vez mais do ser humano. Para atuar no mercado de trabalho as exigências são cada vez maiores, além do conhecimento é cobrado também dinamismo, proatividade, senso crítico e tantos outros atributos. A escola, enquanto instituição de ensino, e frente a essas exigências, tem uma relevante função, a de educar o aluno de forma integral, oferecendo uma educação que o alcance como pessoa, como um componente importante da sociedade.

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A educação não é simplesmente uma formalidade, ou apenas aprender a ler e a escrever, a educação ensina o ser humano a ser uma pessoa digna, atuante na sociedade, crítica e emancipada. De acordo com a Constituição Federal Brasileira, todos os brasileiros têm os mesmos direitos perante a lei. O que equivale dizer que a educação é um direito de todos independente de suas condições históricas, econômicas, políticas e sociais.

Através da educação, que todos têm direito, e independentemente das desigualdades sociais, o homem se torna um ser que participa dos problemas de sua comunidade, dando sua contribuição positiva para o progresso do meio em que vive.

A pedagogia cumpre o papel de formação dos indivíduos para atingir uma doxa correta, para serem capazes de julgar e escolher com maior acerto, construindo, com sua autonomia, os seus limites, segundo os interesses do mundo comum a ser construído. Essa questão dos limites está associada ao fato de que, numa democracia, o povo autônomo, embora possa fazer toda e qualquer coisa, não deve fazer toda e qualquer coisa (CORDOVA 1994, p. 42).

Como diz a Lei de Diretrizes e Bases, a educação é para todos, é dever da família e do Estado, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando e será ministrada com base nos princípios de igualdade de condições, liberdade de aprender, pluralismo de ideias, respeito, gratuidade, gestão democrática, garantia de qualidade, considerando, também, a diversidade étnico-racial.

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Art. 2º [...]A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extraescolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL, 1996).

É função social da escola dar ao indivíduo condições de se tornar livre, consciente, crítico e emancipado, de forma que possa realizar sua função enquanto cidadão. No entanto, o que se vê principalmente em escolas públicas é uma visão de que a escola seja uma organização social e sua missão é tão somente preparar o aluno para a sociedade e para o mercado de trabalho. Saviani (2000, p. 35) questiona “que sentido terá a educação se ela não estiver voltada para a promoção do homem”? Para Antunes (2010, p. 23 e 24),

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A Educação Integral e Cidadã não visa somente à transmissão de conteúdos, ao acúmulo informacional. Ela visa à formação e ao desenvolvimento humano global. Objetiva a preparação de homens e mulheres tecnicamente competentes, capazes de desempenhar plenamente sua profissão, de viver com autonomia, em busca permanente de sua realização pessoal e profissional, mas, sobretudo, almeja a formação de seres humanos que promovem o bem viver, a justiça social e a vida sustentável para todos.

Não é a escola em si que transforma a sociedade. Mas a educação é transformadora e oferece instrumentos aos indivíduos para que em suas práticas sociais realizem a transformação da sociedade.

As Teorias Curriculares Críticas e Pós-críticas surgiram como uma oposição à teoria curricular tradicional e como forma de transformar o processo ensino-aprendizagem mais eficiente, formando cidadãos mais autônomos, capazes de intervir na realidade em que vivem e transformá-la. Como diz Freire (2005), em seu livro Pedagogia da Autonomia, para que ocorra uma mudança na educação é preciso transformar a forma como o ensino é oferecido para uma maneira de emancipação, como prática de liberdade.

1.1 Metodologia

Metodologia significa estudo dos métodos e procedimentos a serem realizados com um objetivo final.

[...] a metodologia deve ser definida como um elemento facilitador da produção de conhecimento, uma ferramenta capaz de auxiliar a entender o processo de busca de respostas e o próprio processo de nos posicionarmos, adequadamente, com perguntas pertinentes (PRODANOV; FREITAS 2009, p. 19)

Uma pesquisa de campo é relatada por Yin (2005) como um procedimento técnico que permite o conhecimento detalhado de um fenômeno, por meio da exploração, descrição e análise de dados e fatos.

Vergara (2006, p.49) define pesquisa de campo como um “[...] circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de profundidade e detalhamento”.

Desta forma, para o desenvolvimento deste projeto de intervenção fez-se uma sondagem com os alunos a respeito dos conhecimentos dos mesmos acerca dos conceitos de patrimônio cultural. Observou-se que o assunto era desconhecido por grande parte deles. Assim, traçou-se os seguintes procedimentos metodológicos:

  • Planejamento da ação de intervenção, levando-se em consideração a realidade dos conhecimentos dos alunos;
  • Apresentação de filmes, adaptados à idade e série dos alunos;
  • Elaboração dos banners com maiores explicações sobre os conceitos de patrimônio cultural e as formas de preservação;
  • Planejamento dos horários da ação e visitação de cada turma.
  • Reflexão sobre os resultados, para a escola, da ação de intervenção.

A ação ocorreu no turno matutino, das 8 às 11 horas e alcançou todas as séries do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, sendo que cada turma tinha cerca de 30 minutos para visitar a exposição, que aconteceu no pátio da escola.

1.2 Procedimentos

A ação de intervenção cultural aconteceu no pátio da escola municipal José Lourenço Dias, no período das 8 às 11 horas, onde trabalhou-se com ações focadas diretamente com a proposta do projeto de intervenção. Foram expostos no retroprojetor vários vídeos sobre o patrimônio cultural de Goiás e a importância de sua preservação, assim como expostos banners com as fotos e informações sobre os principais patrimônios culturais do Estado de Goiás. Antes de retornarem para a sala, para que nova turma viesse, os alunos tinham a oportunidade de se expressarem e questionarem sobre as possíveis dúvidas que surgissem.

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Ao todo, passaram pelo local da ação todas as turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e muitas dúvidas foram esclarecidas. Abaixo, a tabela 1 apresenta mais detalhadamente a intervenção:

Quadro 01: Programação

8:00hOs banners, 2 com conceitos de patrimônio cultural e importância de sua preservação, e 2 com fotos de alguns dos principais patrimônios culturais de Goiás, foram devidamente expostos no pátio. No retroprojetor foi programado um filme de 7 minutos, e, ao término deste, outro, de aproximadamente 3 minutos, iniciaria imediatamente. Os filmes foram programados para passarem a todo o momento durante a intervenção. Os alunos podiam andar livremente pelo pátio e observarem os banners e assistirem aos filmes (Artes do Enem: Patrimônio Cultural, e os 14 patrimônios culturais mundiais do Brasil, de acordo com a UNESCO).
Quase ao término dos 30 minutos que eram destinados a cada turma, o professor da classe iniciava um diálogo com a turma e esclarecia algumas dúvidas que os alunos apresentavam.
8:30m Visitação da turma do 1º ano
9:00h Visitação da turma do 2º ano
9:30m Visitação da turma do 3º ano
10:00h Visitação da turma do 4º ano
De 10:30m às 11:00h Visitação da turma do 5º ano e encerramento com um bate papo bastante produtivo. A turma do 5º ano, por serem alunos maiores, conseguiu mais facilmente que os demais alunos a compreensão do quão importante é a preservação dos patrimônios culturais. Muitos destes alunos já estiveram presencialmente em alguns destes patrimônios, tais como as igrejas de Pirenópolis. No entanto, na época da visitação não sabiam que se tratava de um patrimônio cultural.
Foi possível, por meio da intervenção, alcançar os objetivos propostos. Pode-se por concluir que atitudes como esta da intervenção cultural realizada na escola contribui grandemente para a conscientização dos alunos quanto à valorização e preservação do patrimônio cultural

1.3 Resultados e Conclusões

Ao se desenvolver uma ação de intervenção em um ambiente escolar é preciso levar em consideração a formação dos alunos e a necessidade de fazer com que se tornem cidadãos equilibrados, críticos e conscientes de suas práticas ambientais. Proteger o patrimônio cultural, principalmente local, é um dever de todos, e a escola, como formadora de opinião, não pode de forma alguma se omitir.

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Para a realização da ação foi necessário muito empenho e dedicação. Inicialmente houve um pouco de desinteresse dos alunos, que logo foi contornado ao observarem as construções históricas da cidade. Uma vez superado o desafio de aguçar o interesse dos alunos, a ação foi considerada por muitos como algo inovador.

Foi possível notar que muitos se surpreenderam ao saber que o nosso Estado é tão rico em patrimônios culturais e que cabe a eles a perpetuação de tais patrimônios. Foi possível colher de alguns alunos os seguintes depoimentos:

“Muito interessante, não sabia que o Estado de Goiás tinha tantos patrimônios públicos, nem sabia que em Goiânia mesmo poderia encontrar um” (aluna LP, do 3º ano).

“Confesso que vim para a exposição apenas para passear, sair da sala, mais achei muito legal. Gostei da iniciativa” (Aluno JP, do 4º ano)

Com tudo isso, considera-se válida a ação de intervenção, tal como os objetivos alcançados. Conclui-se, que a escola deve buscar novas atitudes, habilidades e competências a fim de contribuir com a preservação e valorização do patrimônio cultural, uma vez que a mesma é formadora de pessoas e exerce grande influência sobre a sociedade.

Referências

ANTUNES, Ângela & PADILHA, Paulo Roberto. Educação integral, educação cidadã. São Paulo: ED,L., 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional. LDB 9394/1996.

CORDOVA, R. A. Imaginário social e educação: criação e autonomia. Em Aberto, Brasília, 1994.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2009.

SAVIANI, D., Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações, 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2000.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Qual o objetivo da preservação do patrimônio cultural de um povo?

O objetivo principal é assegurar que este marco histórico seja preservado, para que sirva como um objeto de transmissão de história, tradição e conhecimento para que as gerações futuras aprendam com o passado e possam preservar sua identidade cultural.

Qual é o objetivo do patrimônio cultural?

A Convenção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, adotada em 1972 pela Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), tem como objetivo incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos para a humanidade.

Qual é a importância da preservação da cultura de um povo?

Valorizar o patrimônio histórico-cultural de um povo é valorizar a identidade que forja seus cidadãos. Sendo assim, preservar a culinária, as paisagens, as festas populares tradicionais, as obras de arte e qualquer outro elemento cultural é manter sua identidade.

Qual é o objetivo da preservação?

A preservação do meio ambiente refere-se ao conjunto de práticas que visam proteger a natureza das ações que provocam danos ao meio ambiente, como a poluição, a degradação das florestas, a extinção de animais e o aquecimento global.