Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

O Brasil desperdiça 39,2% de toda a água potável que é captada. Isso significa que a água não chega ao seu destino final: as residências dos brasileiros. Essa quantidade desperdiçada seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de brasileiros em um ano.

As informações são de um estudo inédito do Instituto Trata Brasil, feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2019.

Desde 2015, o Brasil registra piora em relação à perda de água. De 2015 para 2019, houve um aumento de 2,5 pontos percentuais na quantidade de água potável que é desperdiçada.

Em nota, o Ministério do Desenvolvimento sinalizou que as metas do novo Marco Legal do Saneamento, além da universalização do atendimento e ampliação da coleta e tratamento de esgotos, também tem metas quantitativas de não interrupção do abastecimento, redução de perdas e de melhoria dos processos de tratamento (veja íntegra abaixo).

Estados e regiões

As regiões que registram as maiores perdas são Norte (55,2%) e Nordeste (45,7%). Em seguida, estão Sul (37,5%), Sudeste (36,1%) e Centro-Oeste (34,4%).

São 15 os estados brasileiros que têm um desperdício de água maior do que a média do país — de 39,2%. Segundo o estudo, o número é considerado muito ruim, uma vez que a média brasileira já é preocupante. As unidades federativas que registram maior desperdício de água potável são Amapá (74% de água desperdiçada), Amazonas (68%) e Roraima (65%).

Entre as grandes cidades, os destaques negativos no Índice de Perdas na Distribuição são Porto Velho (RO), com 84% de desperdício, Macapá (AP), com 74%, e Manaus (AM), com 72%.

Na outra ponta, as cidades que se destacam positivamente são Santos (SP) e Limeira (SP), com apenas 12% de desperdício, e Blumenau (SC), com pouco mais de 16%.

Em um ranking que compara o desperdício entre dez países da América Latina, o Brasil ocupa a 5ª posição. Apesar de ficar na metade da lista, o desperdício brasileiro — que é de 40% quando se utiliza a métrica para comparar países — fica mais próximo do valor do país com pior avaliação, que é a Colômbia com 46%, do que do melhor ranqueado (o Chile, com 31%).

O presidente executivo do Trata Brasil, Édison Carlos, acredita que o desperdício de água, em momentos de pandemia e pouca chuva, cobra um preço alto à sociedade. “O Trata Brasil já há alguns anos estuda a situação das perdas de água potável e estamos cada vez mais preocupados, pois os números só pioram. Ao não atacar o problema, as empresas operadoras de água e esgotos precisam buscar mais água na natureza, não para atender mais pessoas, mas para compensar a ineficiência”, afirma.

A análise feita pelo Instituto Trata Brasil ainda estima que se o país reduzisse as perdas de água poderia ter um benefício líquido de mais de R$ 27 milhões em 15 anos — até 2034.

Para a diretora de relações institucionais e governamentais da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfasmas), Luana Siewert Pretto, a solução para o problema envolve diversos setores. "Passa por ações melhor estruturadas e maior eficiência dos sistemas de saneamento, conjuntamente a um combate mais efetivo aos furtos de água. Também é fundamental investir em materiais de qualidade, que suportem as exigências técnicas das redes de água com mais robustez e eficiência, garantindo menos vazamentos e melhor aproveitamento dos recursos hídricos", diz ela.

Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

Redutor nas torneiras ajuda moradores de São Paulo a economizar água

Posicionamento do ministério do desenvolvimento

Veja abaixo a íntegra da nota da pasta:

"As metas do novo Marco Legal do Saneamento, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro em julho de 2020, são exatamente alcançar a universalização do atendimento de 99% da população com água potável e de 90% com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033, assim como, metas quantitativas de não interrupção do abastecimento, redução de perdas e de melhoria dos processos de tratamento.

Com o Marco, a expectativa do Governo Federal é promover um salto nos investimentos no setor de saneamento, além de um amplo processo de reestruturação que garanta uniformização da regulação; maior segurança jurídica; e regionalização da prestação dos serviços.

Desde a sanção, foram realizados quatro leilões para concessões de serviços de saneamento com as regras da nova legislação. Há outros 14 projetos em elaboração."

A água é um recurso natural renovável abundante, que ocupa aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta. No entanto, 97% desta água é salgada e, portanto, imprópria para o consumo. Menos de 3% da água do planeta é doce, das quais 2.5% está presa em geleiras. Dos 0.5% de água restantes no mundo, a maior parte está presa em aquíferos subterrâneos, dificultando o acesso humano.

Somente 0,04% da água do planeta disponível na superfície, em rios, lagos, mangues, etc. como mostra a figura abaixo.


Distribuição da água no planeta:

Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

Fonte: UN Water, 2006

Além de ser um recurso limitado, a água doce disponível é distribuída de maneira desigual pelo mundo. 60% da água doce disponível está concentrada em 10 países: Brazil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, EUA, Índia, Colômbia e Congo. Isto somado às diferenças na densidade populacional nas regiões do mundo, faz com que hajam grandes variações de disponibilidade de água per capita, como mostra a figura abaixo.


Índice de disponibilidade de água per capita (m³/pessoa/ano):

Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

Fonte: (Revenga, C., 2000) em UN Water, 2006

Ou seja, o planeta tem água em abundância, mas ela não está prontamente disponível, sua distribuição é desigual e assegurar o acesso à água de qualidade para todos os fins humanos implica em custos altos. Em consequência disto, estudos feitos pela Organização Das Nações Unidas (ONU) nos mostram que cerca de 10% das pessoas no mundo não têm acesso a uma quantidade mínima de água potável para consumo diário e grande parte do mundo já enfrenta problemas de escassez hídrica ou tem risco de enfrentar períodos de escassez. A figura abaixo mostra o panorama do risco de escassez de água no mundo, através de um índice que vai de baixo até altíssimo risco. Ela nos mostra que mesmo em países com recursos hídricos abundantes existem riscos de escassez, seja por efeitos climáticos ou por dificuldades logísticas para o fornecimento de água, como observamos na crise hídrica de São Paulo em 2016.


Consumo efetivo de água:

Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

Fonte: World Resources Institute, Projeto Aqueduct, 2014.

O Brasil é um país privilegiado, por dispor de mais água doce do que qualquer outro país no mundo, no entanto, mesmo aqui já sentimos o efeito da escassez - históricamente durante as secas que assolam o nordeste, e mais recentemente no episódio de racionamento na cidade de São Paulo – entre outros exemplos. Cerca de 75% da água do Brasil está localizada nos rios da Bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da população. A disponibilidade de água é menor aonde a maior parte da população se encontra, nas cidades costeiras, como Aracajú, Rio de Janeiro e São Paulo, criando regiões de médio e alto risco de escassez na costa brasileira. Para piorar a situação, o Brasil registra elevado desperdício nas redes de distribuição: dependendo do município, até 60% da água tratada para consumo se perde, especialmente por vazamentos nas tubulações.


Usos da água no mundo e no Brasil

A maior parte da água doce no mundo (cerca de 70%) é utilizada para irrigação e outros fins no setor de agricultura. A indústria utiliza cerca de 22% da água e o uso doméstico cerca de 8%. Em países industrializados, este quadro muda um pouco, com mais água para alocada na indústria e menos na agricultura. No Brasil, utilizamos 72% da água para a agricultura; 9% para a dessedentação animal (em setores como a pecuária); 6% na indústria; e 10% para fins domésticos, segundo relatório da Agência Nacional de Águas em 2015, conforme mostra a figura abaixo.


Índice de risco de escassez de água

Qual é a situação do consumo da água de uso doméstico em comparação com os demais?

Fontes: Mundo: “Water for People, Water for Life” United Nations World Water Development Report, UNESCO, 2003; Brasil: Agência Nacional de Águas, 2016

Tratando específicamente da indústria, a água é um insumo fundamental para diversos fins: como matéria prima, na geração de vapor, em sistemas de refrigeração e climatização, para limpeza de áreas, fins sanitários, entre outros usos.


Por que economizar água?

Ainda tratando especificamente da indústria, a escassez de água representa uma série de riscos, com consequências socio-econômicas potencialmente graves, por exemplo:

  • Risco de disponibilidade e custo de matérias primas que dependem de água (por exemplo, no caso de uma cervejaria, a escassez de água pode resultar numa escassez de cevada no mercado, aumentando o custo deste insumo);
  • Perda de competitividade (ainda usando o exemplo acima, o aumento do custo de um insumo pode resultar no aumento do preço final do produto, e portanto em perda de competitividade em relação à concorrência, ou daquele produto no mercado global);
  • Prejuízos por pausas em linhas de produção (Se a água é matéria prima para uma linha de produção e o fornecimento de água é cortado, a linha pode ser obrigada a parar, e como consequência haverão prejuízos pela não produção naquele período);
  • Risco reputacional (A reputação de certos tipos de indústria que utilizam muita água, como a indústria do alumínio, está intrinsicamente ligada à qualidade e disponibilidade de água no seu entorno. No caso de um episódio de escassez, uma fábrica ter um conflito de interesse com a comunidade que a cerca tendo que decidir entre quem recebe a água, entre a comunidade ou a fábrica);
  • Risco trabalhista (a ONU estima que 3 a cada 4 empregos no mundo estejam conectados à disponibilidade de água e portanto estejam potencialmente em risco no caso de eventos de escassez);
  • Maior custo com tratamento de água ou de compra de água de fontes alternativas (em um evento de escassez, a indústria pode ser forçada a comprar água de fontes mais caras, ou a captar água de fontes com maior custo de tratamento).

Evitar eventos de escassez de água através da redução do consumo deste recurso é portanto do interesse de qualquer empresa no setor industrial, especialmente para as que dependem mais de água. Seja através de redução do consumo da própria empresa, ou de outros usos (por exemplo, em comunidades do entorno) a gestão de água é uma questão de gestão de riscos e sobrevivência do negócio, com uma série de benefícios, entre eles:

  • Economia de recursos financeiros e aumento de competitividade
  • Redução do impacto da fábrica sobre o meio ambiente 
  • Manutenção da atividade produtiva de sua fábrica
  • Melhoria da reputação de sua empresa
  • Redução de riscos em cadeias produtivas

A adoção de uma estratégia sistemática de gestão de água tipicamente resulta em economias de 30%, caso nenhuma medida de eficiência tenha sido implementada anteriormente. O SAVEH foi criado para ajudar empresas de pequeno ou médio porte do setor industrial que utilizem água no seu processo produtivo e busquem uma gestão hídrica mais eficiente a iniciar este processo e se beneficiarem com isso. Aproveite!

Qual é a situação do consumo de água de uso doméstico em comparação com as demais?

De cada 100 litros de água tratada no Brasil, somente 63 litros são consumidos e os 37 restantes são perdidos. As perdas ocorrem devido à vazamento, ligações irregulares, falta de medição ou medição incorreta e roubos. A média de consumo diário que a ONU recomenda é 110 litros por habitante/dia.

Como está o consumo de água no mundo?

O consumo de água no mundo é um dos grandes temas em debate na atualidade. Em uma média total, a maior parte da utilização da água é realizada pela agricultura, que detém 70% do consumo; seguida pela indústria, que detém 22%; e pelo uso doméstico e comercial com 8%.

Qual é o consumo de água?

De acordo com a Organização das Nações Unidas, cada pessoa necessita de 3,3 mil litros de água por mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender às necessidades de consumo e higiene). No entanto, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia.

Qual é o consumo de água no Brasil?

Em 2017, o Brasil consumia 6,3 litros d'água para cada R$ 1 gerado pela economia. Em 2017, o consumo total de água, que corresponde à água utilizada menos a água que retorna para o meio ambiente, foi de 329,8 mil hm3 (329,8 trilhões de litros).