Qual é a importância do trabalho com gêneros textuais como prática pedagógica?

IMPORT�NCIA DO TRABALHO COM OS G�NEROS TEXTUAIS
EM SALA DE AULA

Danielly Felix de Andrade

Resumo:
Conforme as diretrizes dos PCN (Par�metros Curriculares Nacionais) de L�ngua Portuguesa, para o Ensino Fundamental I, � papel da Escola possibilitar o acesso do educando �s diversas formas textuais que circulam na sociedade, ensinando-o a produzi-las e compreend�-las. O presente artigo tem como objetivo geral refletir sobre a utiliza��o dos g�neros textuais escritos, presentes num livro did�tico de Portugu�s (LDP), do 5� Ano. Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa referente � An�lise de Conte�do. Portanto, a partir da an�lise de duas propostas de ensino com os g�neros (charge e resenha), buscou-se demonstrar a relev�ncia do tratamento da diversidade textual no �mbito da sala de aula. Desse modo, este trabalho contribui para que os educadores reflitam sobre a import�ncia do desenvolvimento de um trabalho voltado para os g�neros textuais, o que pode possibilitar a aplica��o de uma pr�tica pedag�gica eficaz no ensino-aprendizado da l�ngua.

Palavras-chave: G�nero Textual. Charge. Resenha. Ensino. Oralidade. Escrita.

Abstract:
Conforms to the PCN (National Curriculum Parameters) Portuguese Language for the Elementary School I, is part of the school allow the student access to the various textual forms that circulate in society, teaching him how to produce them and understand them. This article aims to reflect on the general use of genre writing, present a textbook Portuguese (LDP), the 5th Year. To develop this work we used the methodology of research on the content analysis. Therefore, from the analysis of two proposals for education with the genre (charge and review), we sought to demonstrate the relevance of the treatment of textual diversity within the classroom. Thus, this work contributes to that educators reflect on the importance of developing a work devoted to the genre, which may enable the implementation of an effective pedagogical practice in teaching and learning of language.

Keywords: Genre Textual. Charge. Review. Education. Orality. Writing.

1. INTRODU��O

� luz dos Par�metros Curriculares Nacionais (PCN) de L�ngua Portuguesa, a partir da d�cada de 80 come�aram a surgir estudos e trabalhos relacionados ao processo de ensino-aprendizado da leitura e da escrita (alfabetiza��o), com destaque para as pesquisas sobre a psicog�nese da l�ngua escrita. Consequentemente, com base nos resultados desses estudos, modificou-se a compreens�o de como se aprende a ler e a escrever e a partir da� passou-se a repensar as pr�ticas para se alfabetizar (BRASIL, 1997).
De acordo com os PCN, "n�o se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crian�as s�o iniciadas no mundo da escrita (...)" (op. cit., p.36). Ent�o, partindo desta ideia destaca-se o fato de que, no ensino da L�ngua Portuguesa, o educador deve selecionar e oferecer aos educandos uma diversidade de g�neros textuais, com tem�ticas expressivas para a realidade dos alunos e que, al�m disso, estejam de acordo com a escolaridade e a faixa et�ria dos mesmos. Desse modo, ser� poss�vel desenvolver momentos significativos e prazerosos com a leitura e a escrita, na sala de aula.
Portanto, ao adotar o trabalho com os diversos g�neros, a Institui��o Escolar estar� contribuindo para uma mudan�a na perspectiva da leitura e da produ��o textual, fugindo ao tradicionalismo (decodificar X codificar). Pois, � papel da escola, segundo Koch e Elias (2009, p.74), "possibilitar ao aluno o dom�nio do g�nero, primeiramente, para melhor conhec�-lo ou apreci�-lo, de modo a ser capaz de compreend�-lo, produzi-lo na escola e fora dela (...)".
Entretanto, a partir do momento em que se come�ou a dar �nfase � utiliza��o dos g�neros textuais como base do processo educativo da L�ngua Portuguesa, algumas reflex�es merecem ser enfocadas, como por exemplo, a import�ncia dos g�neros textuais e a pr�tica pedag�gica. Acredita-se que discuss�es sobre essa tem�tica podem contribuir para que os profissionais da educa��o tenham mais seguran�a para adotar em sala de aula o trabalho com os g�neros.
Considera-se tamb�m a quest�o de que, muitas vezes, o professor disp�e exclusivamente do livro did�tico de Portugu�s (LDP) como recurso de ensino a ser utilizado em sala de aula. Esta realidade � refor�ada por Bezerra (apud DIONISIO e BEZERRA, 2002, p.35), quando a autora afirma que: "O LDP (...) constitui-se, se n�o o �nico material de ensino/aprendizagem, o mais importante, em grande parte das escolas brasileiras (...)".
Partindo dessas observa��es, a problem�tica deste trabalho com os g�neros textuais pode ser refletida a partir dos seguintes questionamentos: 1. Quais s�o as informa��es essenciais que existem em rela��o aos g�neros textuais? 2. Qual a relev�ncia dos g�neros para o processo de ensino-aprendizagem na sala de aula? 3. Como o LDP desenvolve as propostas de ensino com base nos g�neros textuais?
Sendo assim, � imprescind�vel enfatizar que o respectivo artigo cient�fico se insere no campo de estudos da Lingu�stica Aplicada (LA), e foi desenvolvido fundamentando-se nos seguintes objetivos:
? Objetivo geral:
� Refletir sobre a utiliza��o dos g�neros textuais escritos, presentes num livro did�tico de Portugu�s (LDP), voltado para o 5� Ano do Ensino Fundamental I.
? Objetivos espec�ficos:
� Indicar e analisar os g�neros escritos ? cartum/charge e resenha ? como recursos importantes para desenvolver habilidades de oralidade e escrita, nos alunos do 5� Ano.
� Refletir sobre as contribui��es de duas propostas de ensino com base nos g�neros escritos (cartum/charge e resenha), veiculados em um LDP (intitulado "De olho no futuro: l�ngua portuguesa") do 5� Ano, buscando demonstrar a relev�ncia do trabalho com os mesmos no processo de ensino-aprendizado, na sala de aula.
A escolha da tem�tica em quest�o foi motivada pelo valor inerente ao tratamento dos g�neros no ensino, mas que, algumas vezes, pode n�o ser desenvolvida pelo educador, possivelmente, pela inseguran�a que o mesmo tem para trabalhar com a diversidade textual, principalmente se ele possui apenas o LDP como recurso principal de sua pr�tica pedag�gica.
Ao elaborar este trabalho, acredita-se que os g�neros t�m a possibilidade de ser um instrumento significativo para o processo de ensino-aprendizagem no espa�o escolar, permitindo e facilitando o desenvolvimento das habilidades de oralidade e escrita pelos educandos, levando-os a adquirir uma vis�o diferente do funcionamento social da linguagem.
A seguir ser� enfocada a metodologia pertinente para o desenvolvimento deste artigo, destacando o tipo de pesquisa utilizada e como o mesmo se desenvolveu.

1.1 METODOLOGIA

1.1.1 Tipo de pesquisa

Para a elabora��o deste artigo cient�fico, que � de cunho interpretativo, optou-se pela metodologia referente � An�lise de Conte�do que, conforme explicita Severino (2007, p.121-122): "� uma metodologia de tratamento e an�lise de informa��es constantes de um documento (...). Ela descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de todas as formas de discurso (...)".
Portanto, como neste trabalho desenvolveu-se (al�m de um resgate bibliogr�fico/te�rico acerca dos g�neros textuais) a an�lise de algumas atividades com os g�neros textuais, presentes num livro did�tico de Portugu�s, esta foi a metodologia mais coerente para a abordagem da referida pesquisa.
Dessa forma, a partir da an�lise de duas propostas de ensino abordadas num LDP do 5� Ano, foi poss�vel a observa��o de como o mesmo trabalha com os g�neros escritos cartum/charge e resenha. E, esta an�lise serviu como ilustra��o para a relev�ncia que existe no trabalho com os g�neros textuais em sala de aula.

1.1.2 Descri��o de duas propostas de ensino com base nos g�neros escritos cartum/charge e resenha

A execu��o do artigo em quest�o perpassou a seguinte etapa:
? Descri��o e an�lise do livro did�tico "De olho no futuro: l�ngua portuguesa", do 5� Ano do Ensino Fundamental I, pertencente � cole��o "De olho no futuro", publicado em 2008 pela Quinteto Editorial, cuja autoria � de Cassia Garcia de Souza e L�cia Perez Mazzio.
Destaca-se a ideia de que, a escolha desta cole��o justifica-se pelo fato de ter sido observado, ap�s uma an�lise inicial, que a referida obra did�tica est� de acordo com as diretrizes propostas pelos PCN, para o ensino da L�ngua Portuguesa nas s�ries iniciais do Fundamental I. Numa das se��es do LDP ("Orienta��es para o Professor") analisado, as autoras explicitam a proposta da obra delimitando que a mesma tem o seguinte objetivo:

"(...) capacitar o aprendiz a fazer uso das linguagens oral e escrita nas mais diferentes situa��es comunicativas, o que � essencial para sua plena participa��o social como cidad�o. � apresentada, portanto, uma diversidade de g�neros e portadores de textos, al�m de tem�ticas variadas, privilegiando o trabalho com a leitura, a oralidade e a escrita (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.04)".

Assim, percebeu-se que este livro did�tico � marcado pela presen�a e uso de uma variedade de g�neros (Exemplos: poema, cordel, conto, reportagem, cheque, artigo, cartaz, ingresso, not�cia, cr�nica, cartum/charge, resenha etc.). Esta caracter�stica do livro � justificada pelo fato de que as autoras se basearam "(...) nas principais contribui��es dadas ao ensino de L�ngua Portuguesa pela lingu�stica textual e pela an�lise do discurso (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.04)".
Constatou-se, em suma, que a obra escolhida possui um conte�do significativo para o ensino do Portugu�s, sendo pertinente a an�lise de algumas das propostas de atividades com os g�neros escritos (charge e resenha), que foram elencados para ser indicados e analisados no presente trabalho.
Ao final desta breve explana��o sobre a metodologia que ir� conduzir o desenvolvimento deste estudo, cabe ressaltar que este artigo encontra-se dividido em alguns t�picos e subt�picos. A se��o da Fundamenta��o te�rica � composta por quatro t�picos, intitulados: Conhecendo os G�neros Textuais; Distin��o entre Tipo e G�nero Textual; Rela��o entre os G�neros Textuais e o Ensino; A An�lise dos Dados ainda se subdivide em tr�s t�picos, seguidas das Considera��es Finais e das Refer�ncias utilizadas no respectivo artigo.
Na sequ�ncia, encontra-se uma se��o contendo uma sucinta teoriza��o relacionada ao tema da pesquisa ? G�neros Textuais.

2. FUNDAMENTA��O TE�RICA

Ao longo desta se��o, ser�o apresentadas e discutidas quest�es te�ricas referentes aos g�neros textuais, de um modo mais amplo, considerando os aspectos substanciais para um entendimento e tratamento dos g�neros em sala de aula. Com esse prop�sito, ser�o enfocadas e discutidas ideias de autores como: Andal� (2000), Bezerra (2002), Brasil (1997), Koch e Elias (2009), Marcuschi (2003; 2005) e Schneuwly e Dolz (2004).

2.1 CONHECENDO OS G�NEROS TEXTUAIS

Em se tratando de uma contextualiza��o hist�rica acerca dos g�neros textuais, pode-se dizer que o surgimento dos mesmos perpassou quatro fases: 1�. Desenvolvimento de uma pequena quantidade de g�neros orais, pelos povos da antiguidade que possu�am uma cultura oral; 2�. Surgimento de v�rios g�neros escritos, ap�s a inven��o da escrita (s�c. VIII a.C.); 3�. Expans�o dos g�neros com a progress�o da cultura impressa (s�c. XV); e 4�. Grande amplia��o dos g�neros com a industrializa��o (s�c. XVIII) (MARCUSCHI apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003).
Desse modo, ap�s a quarta fase (citada acima), com o desenvolvimento contexto tecnol�gico - principalmente na �rea da comunica��o - numa sociedade moderna, come�aram a emergir novos g�neros textuais (orais e escritos), por�m, com caracter�sticas de g�neros j� existentes (Exemplo: telefonema ? conversa��o face a face; email ? carta). Assim, torna-se pertinente a ideia de que os "(...) g�neros textuais que est�o emergindo no contexto da tecnologia digital (...) s�o relativamente variados, mas a maioria deles t�m similares em outros ambientes, tanto na oralidade quanto na escrita (...)" (MARCUSCHI, 2005, p.13).
De acordo com Bezerra (apud DIONISIO e BEZERRA, 2002), a defini��o de g�nero merece uma discuss�o te�rica mais ampla. Isto pode ser justificado pela contradi��o que ainda existe em rela��o aos termos tipo textual e g�nero textual (os quais ser�o abordados no pr�ximo subt�pico). Portanto, apresentar um conceito �nico e formal para os g�neros � uma tarefa complexa, considerando-se a grande variedade existente no meio social. Partindo desses pressupostos, � cab�vel mencionar que "(...) os g�neros textuais (...) s�o de dif�cil defini��o formal (...). Quase in�meros em diversidade de formas, obt�m denomina��es nem sempre un�vocas e, assim como surgem, podem desaparecer" (MARCUSCHI apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003, p.20).
Partindo para uma tentativa de definir o que significa um g�nero textual, ser�o enfocadas aqui, basicamente, as ideias de Marcuschi e Bakhtin. Inicialmente vale frisar que, de um modo geral, os g�neros textuais dizem respeito a todas as formas de texto, quer sejam eles escritos ou orais, que s�o resultantes do processo interativo existente na sociedade, o qual registra e amplia a comunica��o ao longo da hist�ria.
Baseando-se, primeiramente, na concep��o de Marcuschi (apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003, p.19), ele afirma em linhas gerais que:

"(...) os g�neros textuais s�o fen�menos hist�ricos, profundamente vinculados � vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os g�neros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia (...). Surgem emparelhados a necessidades e atividades s�cio-culturais, bem como na rela��o com inova��es tecnol�gicas (...)".

Desse modo, entende-se que os g�neros, sob esta �tica s�o fen�menos s�cio-hist�rico-culturais, ou pr�ticas sociais comunicativas, que emergem em cada cultura num dado momento da sua hist�ria.
Considerando-se a vis�o bakhtiniana , os g�neros discursivos referem-se a "(...) todas as formas de enunciado (...) que variam de acordo com as esferas de comunica��o (...)" (BEZERRA apud DIONISIO e BEZERRA, 2002, p.39). Destaca-se o fato de que esta concep��o proposta por Bakhtin � retomada tamb�m pelos PCN de L�ngua Portuguesa, quando afirmam que "(...) os v�rios g�neros existentes (...) constituem formas relativamente est�veis de enunciados, dispon�veis na cultura, caracterizados por tr�s elementos: conte�do tem�tico, estilo e constru��o composicional (...)" (BRASIL, 1997, p.26). Nesse sentido � que os PCN defendem o uso do texto como unidade de ensino, mas frisando a ideia de que qualquer texto se estabelece no interior de um dado g�nero.
Pode-se acrescentar aqui tamb�m uma quest�o destacada por Koch e Elias (2009, p.58). Segundo as autoras,

"(...) como qualquer outro produto social, os g�neros n�o s�o formas fixas, mas est�o sujeitos a mudan�as, decorrentes das transforma��es sociais, de novos procedimentos de organiza��o e acabamento da arquitetura verbal, bem como de modifica��es conforme o lugar atribu�do ao ouvinte".

Em se tratando dos LDP, algumas quest�es merecem destaque. Atualmente, observa-se a presen�a de uma diversidade textual em grande parte dos livros did�ticos que, segundo Bezerra (apud DIONISIO e BEZERRA, 2002, p.40), "(...) abordam o tema com uma colet�nea de textos de variados g�neros (...) aut�nticos, ou seja, n�o escritos com finalidades did�ticas, mas com uso constante na nossa sociedade letrada (...)". Portanto, essa realidade atual reflete um ponto positivo a favor dos livros did�ticos que trabalham com os g�neros textuais, demonstrando uma mudan�a da compreens�o de texto e, consequentemente, de leitura e escrita.
Ap�s esta explana��o referente aos g�neros, ser�o apresentadas e discutidas no pr�ximo t�pico uma breve distin��o acerca das no��es de tipo textual e g�nero textual.

2.2 DISTIN��O ENTRE TIPO E G�NERO TEXTUAL

Muitas s�o as d�vidas que se t�m em rela��o aos conceitos de tipo e g�nero textual, o que chega a ser refletido no nosso cotidiano, inclusive na Escola onde muitos dos livros did�ticos de Portugu�s empregados, abordam alguns tipos textuais como sendo g�neros textuais.
Al�m disso, h� outra quest�o importante, pois os textos emp�ricos, tanto os orais quanto os escritos - que s�o frutos das experi�ncias cotidianas dos falantes da l�ngua ? n�o devem rotulados basicamente como sendo sequ�ncias narrativas, descritivas, argumentativas, injutivas, expositivas etc. Desse modo, com o intuito de abranger o estudo da enorme diversidade de textos, � que existem tipologias espec�ficas que podem ser classificadas dentro de dois conjuntos te�ricos, que englobam os conceitos de g�nero e tipo (BEZERRA apud DIONISIO e BEZERRA, 2002).
Para esclarecer um pouco melhor estas denomina��es, ser�o descritas de forma sucinta as concep��es de Marcuschi (apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003, p.22-23) acerca das no��es de tipo e g�nero textual.

" (a) Usamos a express�o tipo textual para designar uma esp�cie de sequ�ncia teoricamente definida pela natureza lingu�stica de sua composi��o {aspectos lexicais, sint�ticos, tempos verbais, rela��es l�gicas} (...). Abrangem cerca de meia d�zia de categorias conhecidas como: narra��o, argumenta��o, exposi��o, descri��o, injun��o.
(b) Usamos a express�o g�nero textual (...) para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida di�ria e que apresentam caracter�sticas s�cio-comunicativas definidas por conte�dos, propriedades funcionais, estilo e composi��o caracter�stica. (...) Alguns exemplos de g�neros textuais seriam: telefonema, serm�o, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornal�stica, aula expositiva, reuni�o de condom�nio, not�cia jornal�stica, hor�scopo, receita culin�ria, bula de rem�dio, lista de compras (...)".

Outro aspecto merece destaque quando se trata do estudo dos g�neros. Segundo Marcuschi (apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003), no que concerne aos g�neros textuais existem duas quest�es: 1�) a intertextualidade inter-g�neros (quando um g�nero assume a fun��o de outro); e 2�) a heterogeneidade tipol�gica (exist�ncia de v�rios tipos textuais dentro de um g�nero).
Portanto, � evidente que as no��es de tipo e g�nero textual s�o distintas, pois o tipo textual pode ser identificado pelas sequ�ncias lingu�sticas caracter�sticas de cada um, e o g�nero textual pela natureza do seu conte�do, fun��o comunicativa, estilo, composi��o etc.
A seguir, depois desta tentativa de esclarecimento das distin��es que envolvem os tipos e os g�neros textuais, ser� discutido o relacionamento que existe entre os g�neros e o processo de ensino.

2.3 RELA��O ENTRE OS G�NEROS TEXTUAIS E O ENSINO

Inicialmente, destaca-se o fato de que o pr�prio sujeito, em sua realidade sociocultural, adquire saberes relacionados aos diversos g�neros textuais, os quais podem e devem ser considerados pelo educador (mediador), como suporte para a sua pr�tica pedag�gica. Nesse sentido, torna-se pertinente o pensamento de Andal� (2000, p. 38):

"O aluno antes de entrar em contato com o ?mundo? da escola, j� teve oportunidade de manusear v�rios textos presentes em seu ambiente. Sendo assim, nada mais natural que a escola d� continuidade ao que a crian�a j� aprendeu antes de chegar a ela e n�o fique atrelada apenas ao ensino de narra��es, descri��es, disserta��es, cartas e bilhetes".

Com base nos PCN e nas suas orienta��es para o Ensino de L�ngua Portuguesa, para que a educa��o seja realmente compromissada com a forma��o cidad� do educando, � necess�rio que haja condi��es favor�veis pra que o mesmo desenvolva sua capacidade de uso social da linguagem. Deste modo, a Escola tem o papel de possibilitar ao aluno o acesso � diversidade de textos que circulam na sociedade, ensinando-o a produzir e interpretar estes, nas diferentes situa��es comunicativas do dia-a-dia no universo escolar e social (BRASIL, 1997).
A pr�tica desenvolvida em sala de aula, fundamentada na concep��o acerca dos g�neros textuais, seria um dos poss�veis caminhos para a inova��o no ensino da L�ngua Portuguesa. Al�m disso, o constante trabalho com os diferentes g�neros textuais nas Escolas proporcionaria ao alunado a apropria��o das especificidades que cada g�nero disp�e, possibilitando, assim, mais liberdade e autenticidade nas produ��es dos seus textos (orais e escritos).
� v�lido ressaltar uma quest�o crucial, referente aos PCN de L�ngua Portuguesa. Os mesmos, al�m de destacarem a necessidade do trabalho com os g�neros (orais e escritos) em sala de aula, tamb�m apresentam propostas (exemplos) dos g�neros que devem ser trabalhados em cada ciclo de ensino. � t�tulo de exemplifica��o, pode ser citada a proposta do conte�do para o Segundo Ciclo do Ensino Fundamental (4�. e 5�. anos):

"G�neros adequados para o trabalho com a linguagem oral:
? contos (de fadas, de assombra��o etc.), mitos e lendas populares;
? poemas, can��es (...);
(...)
? entrevistas, debates, not�cias (...);
? semin�rios, palestras.
G�neros adequados para o trabalho com a linguagem escrita:
? cartas (formais e informais), bilhetes, (...), convites, (...), quadrinhos, (...), not�cias, resenhas (...)";
(...) (BRASIL, 1997, p.128-129).

A forma mais coerente para se trabalhar o ensino dos g�neros textuais �, portanto, levar os alunos a interagir em situa��es concretas de uso da l�ngua. Por isso, � importante se ter a consci�ncia de que a Institui��o Escolar "(...) � tomada como aut�ntico lugar de comunica��o, e as situa��es escolares, como ocasi�es de produ��o e recep��o de textos (...)" (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p.78).
Quanto mais cedo os educandos come�arem a ter acesso a uma variedade de g�neros textuais, mais eficaz ser� o desenvolvimento da sua autonomia em rela��o ao uso social da l�ngua. Pois esta pr�tica de aproxima��o do educando com a diversidade textual proporciona ao mesmo a leitura, produ��o, compreens�o e entendimento do funcionamento e das caracter�sticas dos g�neros textuais. Conforme Koch e Elias (2009, p.54), o contato com os g�neros possibilitaria aos alunos o exerc�cio da sua "(...) compet�ncia metagen�rica, que diz respeito ao conhecimento de g�neros textuais, caracteriza��o e fun��o (...)". Assim, os aprendizes poderiam exercitar n�o s� a capacidade de identificar os g�neros, mas tamb�m de escolher os mais adequados a cada situa��o comunicativa,
Com base no que foi mencionado at� aqui, percebe-se que o trabalho com os g�neros textuais poder� levar os sujeitos a desenvolverem o prazer pela leitura e pela escrita, expondo em seus textos todos os seus conhecimentos constru�dos. Contudo, cabe ao educador apresentar e trabalhar com os alunos os g�neros textuais que circulam no cotidiano escolar e n�o-escolar, permitindo que os aprendizes ampliem sua capacidade de uso social da linguagem (oral e escrita).
De acordo com Marcuschi (2003) e Koch e Elias (2009), o uso dos g�neros textuais, como embasamento do processo de ensino-aprendizagem da oralidade e da escrita, estar� contribuindo para a efetiva��o das propostas dos PCN para o ensino da L�ngua Portuguesa, bem como para uma transforma��o no olhar sobre o funcionamento e o uso social da l�ngua.
No pr�ximo t�pico abordaremos a an�lise do conte�do referente �s propostas de ensino elencadas para ser analisadas, com a pretens�o de refletir acerca do trabalho com a diversidade de g�neros textuais na Escola.

3. AN�LISE DOS DADOS

Como se mencionou na introdu��o, o presente artigo desenvolveu-se a partir da an�lise do conte�do de duas propostas de atividades com os g�neros escritos (cartum/charge e resenha). Para tanto, foram enfocados alguns aspectos relevantes dessas propostas, presentes num livro did�tico de Portugu�s (elaborado por Souza e Mazzio) do 5� Ano, fundamentando-se teoricamente em autores como: Bezerra (2002), Brasil (1997), Koch e Elias (2009) e Marcuschi (2003).
A partir de agora, discorreremos sobre quest�es pertinentes das atividades analisadas, seguindo tr�s t�picos - Descri��o da obra did�tica "De olho no futuro: l�ngua portuguesa; Desenvolvimento da oralidade e da escrita a partir dos g�neros escritos (charge e resenha); e Propostas de ensino com os g�neros presentes no livro "De olho no futuro: l�ngua portuguesa". Este �ltimo t�pico ainda de divide em dois subt�picos - Charge: humor x ensino-aprendizagem; Resenha: escrita formal x ensino-aprendizagem.

3.1 DESCRI��O DA OBRA DID�TICA "DE OLHO NO FUTURO: L�NGUA PORTUGUESA"

A respectiva obra did�tica cont�m 224 p�ginas dispostas em 10 unidades tem�ticas, apresentando no final sugest�es de leitura para os alunos, relacionadas � tem�tica de cada unidade. Em cada unidade do LDP as autoras apresentam um trabalho com diversos g�neros textuais (orais e escritos), a partir dos quais se desenvolvem propostas de atividades, incluindo produ��es textuais de v�rios g�neros.
Al�m disso, destaca-se o fato de que o livro possui sua estrutura dividida em algumas se��es e subse��es. Chamamos aten��o aqui para as subse��es referentes � Produ��o oral e escrita, pois � especificamente nelas que a obra concretiza o uso do g�nero textual para desenvolver a oralidade e a escrita, propondo ao aluno a produ��o de diversos g�neros, de base oral e escrita.
Sendo assim, observa-se neste livro uma quest�o destacada por Bezerra (apud DIONISIO e BEZERRA, 2002, p.42), que � "(...) a preocupa��o em favorecer ao aluno o contato com um n�mero diversificado de textos que circulam socialmente (...)".
Desse modo, percebe-se que a proposta did�tica do LDP analisado condiz com os objetivos gerais para o ensino de L�ngua Portuguesa, na educa��o fundamental I, que est�o dispostos nos PCN. Pois, as atividades abordadas em cada unidade tem�tica permitem ao aluno, entre outras coisas, a expans�o do uso social da linguagem, levando-os a produzir e compreender os textos - orais e escritos (BRASIL, 1997).
No pr�ximo subt�pico ser� tratada a quest�o da utiliza��o da charge e da resenha para o trabalho com a linguagem oral e a linguagem escrita.

3.2 DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE E DA ESCRITA A PARTIR DOS G�NEROS ESCRITOS (CHARGE E RESENHA)

Com a pretens�o de atingir o primeiro objetivo espec�fico neste artigo - indicar e analisar os g�neros escritos (charge e resenha) como recursos importantes para o desenvolvimento da oralidade e da escrita, nos alunos do 5� Ano - ser� feita a seguir uma breve an�lise acerca da import�ncia dos g�neros em quest�o para se desenvolver tais habilidades.
Conforme j� citou-se na fundamenta��o te�rica, Marcuschi (apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003) e Koch e Elias (2009) afirmam que a utiliza��o dos g�neros no ensino-aprendizado da oralidade e da escrita se enquadra nas orienta��es dos PCN de L�ngua Portuguesa. Nesse sentido, pode-se dizer que o LDP analisado privilegia o trabalho com os g�neros textuais para desenvolver capacidades orais e escritas nos educandos.
As autoras demonstram ao longo do livro (atrav�s das atividades) e explicitam no "manual do professor" que a sele��o dos textos para o LDP se pautou em alguns crit�rios, como: autenticidade e integralidade; diversidade textual; fidelidade ao suporte original; manuten��o da unidade de sentido na fragmenta��o; adequa��o de textos e temas � faixa et�ria; e escolha de tem�ticas relevantes (SOUZA e MAZZIO, 2008). Al�m da preocupa��o em utilizar os g�neros textuais, as autoras enfocam a relev�ncia do uso dos mesmos para a realiza��o de produ��es escritas e orais.
Ao se tratar das atividades com a escrita, percebe-se que o objetivo da obra analisada � "(...) tornar o aluno um proficiente produtor de textos, possibilitando-lhe produzir diferentes g�neros textuais (...) que (...) circulam socialmente (...)" (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.09). J� em rela��o �s atividades orais, nota-se que o objetivo � "(...) dotar os alunos de instrumentos que possibilitem um uso cada vez mais eficaz da linguagem oral em diferentes situa��es comunicativas (...)" (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.12).
Em se tratando dos g�neros escritos, selecionados para a an�lise, � percept�vel que tanto a charge quanto a resenha contribuem para o desenvolvimento de habilidades de oralidade e escrita, uma vez que elas abordam propostas de atividades - orais e escritas - com os seguintes g�neros: orais - enquete e resumo oral; escritos - texto de opini�o e resenha cr�tica. Portanto, entende-se que as atividades do livro did�tico analisado est�o de acordo com os PCN de L�ngua Portuguesa, que prop�e o trabalho com entrevistas e resenhas, por exemplo, como sendo g�neros adequados para se trabalhar as linguagens orais e escritas (BRASIL, 1997).
Chamamos aten��o para o fato de que, as autoras da obra analisada mantiveram um equil�brio no tratamento da oralidade e da escrita, tanto nas unidades tem�ticas analisadas (3 e 6) como no decorrer do livro. Verifica-se que n�o h� privil�gio, nem �nfase, em rela��o a um aspecto (oral ou escrito) em detrimento do outro, pois h� na obra uma busca pelo desenvolvimento paralelo da oralidade e da escrita, nos alunos do 5� Ano.
A seguir, ser� feita uma reflex�o acerca das duas propostas de atividades com os g�neros escritos (charge e resenha).

3.3 PROPOSTAS DE ENSINO PRESENTES NO LIVRO "DE OLHO NO FUTURO: L�NGUA PORTUGUESA"

Visando alcan�ar o segundo objetivo espec�fico deste artigo - refletir sobre as contribui��es de duas propostas de ensino com base nos g�neros escritos (cartum/charge e resenha), veiculados em um LDP do 5� Ano, enfatizando a import�ncia do uso dos mesmos em sala de aula - analisou-se o livro "De olho no futuro: l�ngua portuguesa", especificamente as propostas de ensino das Unidades 3 (p.54-59) e 6 (p.127-132), as quais ser�o descritas a seguir.

3.3.1 Charge: humor x ensino-aprendizagem

Primeiramente, em rela��o � proposta de atividade da unidade 3 (intitulada "TV: uma quest�o de escolha"), a partir do g�nero charge, destaca-se o fato de que a tem�tica abordada na mesma � a Televis�o, sendo este um tema bastante relevante j� que vivemos numa sociedade moderna, na qual a TV � um meio de comunica��o muito utilizado pelas pessoas.
Na parte da produ��o oral da unidade 3, ap�s questionar os alunos sobre o que gostam de fazer nas horas vagas, as autoras v�m propondo a seguinte quest�o:

"Para saber a prefer�ncia da turma, o que voc� acha de realizar uma enquete? Enquete � uma pesquisa de opini�o sobre determinado assunto" (p.56).

Ap�s orientar os alunos sobre o que � uma enquete, aparecem as seguintes atividades: a realiza��o da enquete em sala de aula; a exposi��o oral de alguns alunos sobre sua opini�o (esta parte vem acompanhada de uma subse��o intitulada "De olhos nas dicas", que orienta o aluno para oralizar a sua opini�o); e, por �ltimo a avalia��o da atividade realizada, refletindo a partir de alguns questionamentos.
Em rela��o � se��o da produ��o escrita, da referida unidade, a proposta de atividade � a seguinte:

"Que tal agora voc� produzir um texto registrando sua opini�o sobre o que gosta de fazer nas horas vagas (...). Para isso, fique atento �s orienta��es apresentadas a seguir (p.58)".

Ap�s apresentar as dicas para os alunos redigirem um texto de opini�o, as autoras sugerem aos alunos a releitura e reescritura do texto, e, posteriormente, prop�em a socializa��o das produ��es escritas pela turma.

3.3.2 Resenha: escrita formal x ensino-aprendizagem

Em segundo lugar, tratando-se da proposta de atividade da unidade 6 (nomeada "No reino das palavras"), com base no g�nero resenha, ressalta-se que a tem�tica enfatizada � a Leitura, que indubitavelmente � uma habilidade importante para a vida escolar e social dos educandos, pois � a partir dela que o aluno pode se tornar um leitor competente.
No que concerne � atividade de produ��o oral da unidade 6, as escritoras prop�e aos alunos a realiza��o de um resumo oral sobre um livro favorito, conforme destaca o trecho abaixo:

"� sempre bom lembrar de um livro que a gente gostou. Por isso, puxe pela mem�ria e fa�a o resumo para seus colegas de um texto que voc� tenha gostado muito de ler. Ou�a tamb�m o relato dos colegas. Desse modo, voc�s poder�o conhecer novos t�tulos e se divertir ao ler novas hist�rias" (p.130).

Em seguida, as autoras listam algumas dicas para os alunos desenvolverem esta atividade e, logo ap�s, descrevem um pequeno roteiro para a turma refletir sobre o valor e o proveito da realiza��o da referida atividade.
Por conseguinte, na se��o da produ��o escrita, da respectiva unidade tem�tica, � apresentada a seguinte proposta de atividade:

"Como foi explicado, o texto Sutilezas da vida � uma resenha cr�tica sobre o livro O menino e a foca. Agora chegou o momento de voc� produzir no caderno uma resenha cr�tica. Para isso, fique de olho nas dicas a seguir. Elas podem ajud�-lo na organiza��o da atividade, tornando-a mais produtiva" (p.131).

Percebe-se que as autoras fazem uma contextualiza��o da atividade e, logo ap�s, encaminha o aluno para realizar a produ��o escrita. Na sequ�ncia desta atividade, s�o apresentadas as dicas para a elabora��o da resenha cr�tica. E, al�m de sugest�es de releitura e refeitura para melhoria do texto escrito, as autoras ainda sugerem que a turma organize um painel para expor suas resenhas. Desse modo, elas d�o um car�ter funcional �s produ��es escritas pelos alunos.
Em suma, verifica-se que o LDP "De olho no futuro: l�ngua portuguesa" possui um conte�do significativo para ser trabalhado pelo educador em sala de aula. E, com refer�ncia �s propostas de ensino aqui analisadas, � vis�vel que as atividades sugeridas, com os g�neros orais e escritos revelam ser pertinentes e produtivas, estando de acordo com o ensino de L�ngua Portuguesa defendido pelos PCN. Pois, as autoras utilizam-se dos g�neros textuais como unidade de ensino das propostas de atividades, com o objetivo de levar o aluno � "(...) produzir textos - tanto orais como escritos (...)" (BRASIL, 1997, p.41).
Al�m disso, percebe-se que as propostas que foram analisadas n�o possuem apenas objetivos did�ticos, mas apresentam uma funcionalidade para as atividades, ao passo que os alunos n�o as realizam visando simplesmente aprender algum conte�do para ser avaliado, mas para socializar suas ideias e produ��es. Al�m disso, as propostas de ensino permitem o desenvolvimento nos alunos do 5� Ano da argumenta��o (atrav�s da enquete, do texto de opini�o e do resumo oral) e da criticidade (atrav�s da charge e da resenha cr�tica).
Portanto, ao se fazer uma observa��o e an�lise das atividades com os g�neros escritos (charge e resenha), percebe-se que as mesmas permitem ao aluno o contato com uma diversidade textual que � veiculada socialmente, possibilitando que o mesmo desenvolva sua compet�ncia discursiva e, assim, conhe�a, compreenda e produza diversos g�neros adequados para cada situa��o comunicativa - formal (com a resenha) e informal (com a charge).
Dessa forma, as propostas analisadas refletem a grande relev�ncia do trabalho com os g�neros no �mbito escolar, uma vez que atrav�s do uso da charge e da resenha busca-se desenvolver a leitura e a escrita dos alunos, promovendo, a partir disso, um ensino-aprendizado da l�ngua de forma eficaz e contextualizada, j� que os g�neros abordados est�o presentes no meio social dos sujeitos.

4. CONSIDERA��ES FINAIS

Este artigo se desencadeou a partir da ideia de que os g�neros textuais podem funcionar como um instrumento fundamental para o trabalho no �mbito da sala de aula. Para tanto, analisou-se algumas propostas de ensino com base nos g�neros textuais escritos (charge e resenha) - abordados num dado LDP - com o intuito de analisar a utiliza��o dos g�neros em sala de aula e as contribui��es destes para o desenvolvimento da oralidade e da escrita, em alunos do 5� Ano Fundamental.
Sob esta perspectiva, o presente estudo mostrou que o tratamento dos g�neros textuais escritos (charge e resenha), presentes no LDP analisado, permite que o professor e os alunos possam lidar com a l�ngua nas situa��es de uso formal e informal. Portanto, percebe-se que a partir do trabalho com as atividades propostas pelo referido livro, pode-se levar os educandos a desenvolver habilidades da oralidade - atrav�s da enquete e do resumo oral - e da escrita - por meio do texto de opini�o e da resenha cr�tica.
Pelo que foi analisado, � vis�vel que as autoras desenvolveram as propostas de ensino com os g�neros escritos de forma pertinente, pois as atividades revelam que buscou-se alcan�ar n�o apenas objetivos did�ticos, trabalhando o estudo dos textos contidos na charge e na resenha. Tamb�m procurou-se enfatizar a funcionalidade da l�ngua, abordando a discuss�o das tem�ticas em quest�o (televis�o e leitura), bem como o desenvolvimento de pr�ticas orais e escritas nos alunos do 5� Ano, atrav�s da produ��o de diversos g�neros textuais, levando-os a refletir e socializar as produ��es realizadas na sala de aula.
Os resultados obtidos no decorrer deste trabalho contribuem para que os educadores possam meditar sobre o processo de ensino-aprendizagem da l�ngua, que tem muito a ganhar com o uso dos g�neros textuais no contexto da sala de aula, tendo em vista a fun��o comunicativa que os mesmos exercem perante a sociedade. Sem esquecer a riqueza lingu�stica que faz parte dos g�neros e que, portanto, permite o desenvolvimento de um trabalho significativo em torno das atividades de oralidade e escrita no cotidiano escolar.
Enquanto educadora, acredito que as ideias expostas ao longo deste artigo podem proporcionar uma nova concep��o sobre o trabalho em sala de aula, a partir dos diversos g�neros textuais existentes em nossa sociedade. Desse modo, � medida que o professor tiver seguran�a para desenvolver um trabalho com os g�neros, isso far� com que os alunos comecem a visualizar a funcionalidade da l�ngua e, assim, o ensino-aprendizado do Portugu�s poder� ser mais contextualizado, eficaz e produtivo.

5. REFER�NCIAS

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BEZERRA, Maria Auxiliadora. Textos: Sele��o Variada e Atual. In.: DIONISIO, Angela Paiva e BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.) O livro did�tico de Portugu�s: m�ltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

BRASIL. Par�metros Curriculares Nacionais: L�ngua Portuguesa. v. 2. Bras�lia: Secretaria da Educa��o Fundamental: MEC/SEF, 1997.

KOCH, Ingedore Villa�a e ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estrat�gias de produ��o textual. S�o Paulo: Contexto, 2009.

MARCUSCHI, Luiz Ant�nio. G�neros Textuais: defini��o e funcionalidade. In.: DION�SIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (Orgs.) G�neros Textuais e Ensino. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2003.

MARCUSCHI, Luiz Ant�nio. G�neros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In.: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. Hipertexto e g�neros digitais: novas formas de constru��o do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

SCHENEUWLY, B; DOLZ, J. G�neros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Gl�is Sales Cordeiro. Campinas/SP: Mercado das Letras, 2004.

SEVERINO, Ant�nio Joaquim. Metodologia do trabalho cient�fico. 23� ed. S�o Paulo: Cortez, 2007.

SOUZA, Cassia Garcia de Souza e MAZZIO, L�cia Perez. De olho no futuro: l�ngua portuguesa. S�o Paulo: Quinteto Editorial, 2008 (Cole��o de olho no futuro).

Autor: Danielly Felix De Andrade

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Qual a importância de trabalhar gêneros textuais na alfabetização?

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Tais práticas, como visto, podem influenciar de forma significativa, em pensar nas vantagens para o aluno, no aprimoramento da capacidade de leitura, produção textual e oralidade através dos mais diversos gêneros textuais, pois garantem uma abordagem dinâmica e acionam aspectos históricos e ideológicos.