IMPORT�NCIA DO TRABALHO COM OS G�NEROS TEXTUAIS Show Danielly Felix de Andrade Resumo: Palavras-chave: G�nero Textual. Charge. Resenha. Ensino. Oralidade. Escrita. Abstract: Keywords: Genre Textual. Charge. Review. Education. Orality. Writing. 1. INTRODU��O � luz dos Par�metros Curriculares Nacionais (PCN) de L�ngua Portuguesa, a partir da d�cada de 80 come�aram a surgir estudos e trabalhos relacionados ao processo de ensino-aprendizado da leitura e da escrita (alfabetiza��o), com destaque para as pesquisas
sobre a psicog�nese da l�ngua escrita. Consequentemente, com base nos resultados desses estudos, modificou-se a compreens�o de como se aprende a ler e a escrever e a partir da� passou-se a repensar as pr�ticas para se alfabetizar (BRASIL, 1997). 1.1 METODOLOGIA 1.1.1 Tipo de pesquisa Para a elabora��o deste
artigo cient�fico, que � de cunho interpretativo, optou-se pela metodologia referente � An�lise de Conte�do que, conforme explicita Severino (2007, p.121-122): "� uma metodologia de tratamento e an�lise de informa��es constantes de um documento (...). Ela descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de todas as formas de discurso (...)". 1.1.2 Descri��o de duas propostas de ensino com base nos g�neros escritos cartum/charge e resenha A execu��o do artigo em quest�o perpassou a seguinte etapa: "(...) capacitar o aprendiz a fazer uso das linguagens oral e escrita nas mais diferentes situa��es comunicativas, o que � essencial para sua plena participa��o social como cidad�o. � apresentada, portanto, uma diversidade de g�neros e portadores de textos, al�m de tem�ticas variadas, privilegiando o trabalho com a leitura, a oralidade e a escrita (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.04)". Assim, percebeu-se que este livro did�tico � marcado pela presen�a e uso de uma variedade de g�neros (Exemplos: poema, cordel, conto, reportagem, cheque, artigo, cartaz, ingresso, not�cia, cr�nica, cartum/charge, resenha etc.). Esta caracter�stica do
livro � justificada pelo fato de que as autoras se basearam "(...) nas principais contribui��es dadas ao ensino de L�ngua Portuguesa pela lingu�stica textual e pela an�lise do discurso (SOUZA e MAZZIO, 2008, p.04)". 2. FUNDAMENTA��O TE�RICA Ao longo desta se��o, ser�o apresentadas e discutidas quest�es te�ricas referentes aos g�neros textuais, de um modo mais amplo, considerando os aspectos substanciais para um entendimento e tratamento dos g�neros em sala de aula. Com esse prop�sito, ser�o enfocadas e discutidas ideias de autores como: Andal� (2000), Bezerra (2002), Brasil (1997), Koch e Elias (2009), Marcuschi (2003; 2005) e Schneuwly e Dolz (2004). 2.1 CONHECENDO OS G�NEROS TEXTUAIS Em se tratando de uma contextualiza��o hist�rica acerca dos g�neros textuais, pode-se dizer que o surgimento dos mesmos perpassou quatro fases: 1�. Desenvolvimento de uma pequena quantidade de g�neros orais, pelos povos da antiguidade que possu�am uma cultura oral; 2�. Surgimento de v�rios g�neros escritos, ap�s a
inven��o da escrita (s�c. VIII a.C.); 3�. Expans�o dos g�neros com a progress�o da cultura impressa (s�c. XV); e 4�. Grande amplia��o dos g�neros com a industrializa��o (s�c. XVIII) (MARCUSCHI apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003). "(...) os g�neros textuais s�o fen�menos hist�ricos, profundamente vinculados � vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os g�neros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia (...). Surgem emparelhados a necessidades e atividades s�cio-culturais, bem como na rela��o com inova��es tecnol�gicas (...)". Desse modo, entende-se que os g�neros, sob esta �tica s�o fen�menos s�cio-hist�rico-culturais, ou pr�ticas sociais comunicativas, que emergem em cada cultura num dado momento da sua hist�ria. "(...) como qualquer outro produto social, os g�neros n�o s�o formas fixas, mas est�o sujeitos a mudan�as, decorrentes das transforma��es sociais, de novos procedimentos de organiza��o e acabamento da arquitetura verbal, bem como de modifica��es conforme o lugar atribu�do ao ouvinte". Em se tratando dos LDP, algumas quest�es merecem destaque. Atualmente, observa-se a presen�a de uma
diversidade textual em grande parte dos livros did�ticos que, segundo Bezerra (apud DIONISIO e BEZERRA, 2002, p.40), "(...) abordam o tema com uma colet�nea de textos de variados g�neros (...) aut�nticos, ou seja, n�o escritos com finalidades did�ticas, mas com uso constante na nossa sociedade letrada (...)". Portanto, essa realidade atual reflete um ponto positivo a favor dos livros did�ticos que trabalham com os g�neros textuais, demonstrando uma mudan�a da compreens�o de texto e,
consequentemente, de leitura e escrita. 2.2 DISTIN��O ENTRE TIPO E G�NERO TEXTUAL Muitas s�o as d�vidas que se t�m em rela��o aos conceitos de tipo e g�nero textual, o que chega a ser refletido no nosso cotidiano, inclusive na Escola onde muitos dos livros did�ticos de Portugu�s empregados, abordam alguns tipos
textuais como sendo g�neros textuais. " (a) Usamos a express�o tipo textual para designar uma esp�cie de sequ�ncia teoricamente definida pela natureza lingu�stica de sua composi��o {aspectos lexicais, sint�ticos,
tempos verbais, rela��es l�gicas} (...). Abrangem cerca de meia d�zia de categorias conhecidas como: narra��o, argumenta��o, exposi��o, descri��o, injun��o. Outro aspecto merece destaque quando se trata do estudo dos g�neros. Segundo Marcuschi (apud DIONISIO, MACHADO e BEZERRA, 2003), no que concerne aos g�neros textuais existem duas quest�es: 1�) a intertextualidade inter-g�neros (quando um g�nero assume a fun��o de outro); e 2�) a
heterogeneidade tipol�gica (exist�ncia de v�rios tipos textuais dentro de um g�nero). 2.3 RELA��O ENTRE OS G�NEROS TEXTUAIS E O ENSINO Inicialmente, destaca-se o fato de que o pr�prio sujeito, em sua realidade sociocultural, adquire saberes relacionados aos diversos g�neros textuais, os quais podem e devem ser considerados pelo educador (mediador), como suporte para a sua pr�tica pedag�gica. Nesse sentido, torna-se pertinente o pensamento de Andal� (2000, p. 38): "O aluno antes de entrar em contato com o ?mundo? da escola, j� teve oportunidade de manusear v�rios textos presentes em seu ambiente. Sendo assim, nada mais natural que a escola d� continuidade ao que a crian�a j� aprendeu antes de chegar a ela e n�o fique atrelada apenas ao ensino de narra��es, descri��es, disserta��es, cartas e bilhetes". Com base nos PCN e nas suas orienta��es para o Ensino de L�ngua Portuguesa, para que a educa��o seja realmente compromissada com a forma��o cidad� do educando, � necess�rio que
haja condi��es favor�veis pra que o mesmo desenvolva sua capacidade de uso social da linguagem. Deste modo, a Escola tem o papel de possibilitar ao aluno o acesso � diversidade de textos que circulam na sociedade, ensinando-o a produzir e interpretar estes, nas diferentes situa��es comunicativas do dia-a-dia no universo escolar e social (BRASIL, 1997). "G�neros adequados para o trabalho com a linguagem oral: A forma mais coerente para se trabalhar o ensino dos g�neros textuais �, portanto, levar os alunos a interagir em situa��es concretas de uso da l�ngua. Por isso, � importante se ter a consci�ncia de que a Institui��o Escolar "(...) � tomada como aut�ntico lugar de comunica��o, e as situa��es
escolares, como ocasi�es de produ��o e recep��o de textos (...)" (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004, p.78). 3. AN�LISE DOS DADOS Como se mencionou na introdu��o, o presente artigo
desenvolveu-se a partir da an�lise do conte�do de duas propostas de atividades com os g�neros escritos (cartum/charge e resenha). Para tanto, foram enfocados alguns aspectos relevantes dessas propostas, presentes num livro did�tico de Portugu�s (elaborado por Souza e Mazzio) do 5� Ano, fundamentando-se teoricamente em autores como: Bezerra (2002), Brasil (1997), Koch e Elias (2009) e Marcuschi (2003). 3.1 DESCRI��O DA OBRA DID�TICA "DE OLHO NO FUTURO: L�NGUA PORTUGUESA" A respectiva obra did�tica cont�m 224 p�ginas dispostas em 10 unidades tem�ticas, apresentando no final sugest�es de leitura para os alunos, relacionadas � tem�tica de cada unidade. Em cada unidade do LDP as autoras apresentam um trabalho com diversos g�neros textuais (orais e escritos), a partir dos quais se desenvolvem propostas de atividades, incluindo produ��es textuais de v�rios g�neros. 3.2 DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE E DA ESCRITA A PARTIR DOS G�NEROS ESCRITOS (CHARGE E RESENHA) Com a pretens�o de atingir o primeiro objetivo espec�fico neste artigo - indicar e analisar os g�neros escritos (charge e resenha) como recursos importantes para o desenvolvimento da oralidade e da escrita, nos alunos do 5� Ano - ser� feita a seguir uma breve an�lise acerca da import�ncia dos g�neros em
quest�o para se desenvolver tais habilidades. 3.3 PROPOSTAS DE ENSINO PRESENTES NO LIVRO "DE OLHO NO FUTURO: L�NGUA PORTUGUESA" Visando alcan�ar o segundo objetivo espec�fico deste artigo - refletir sobre as contribui��es de duas propostas de ensino com base nos g�neros escritos (cartum/charge e resenha), veiculados em um LDP do 5� Ano, enfatizando a import�ncia do uso dos mesmos em sala de aula - analisou-se o livro "De olho no futuro: l�ngua portuguesa", especificamente as propostas de ensino das Unidades 3 (p.54-59) e 6 (p.127-132), as quais ser�o descritas a seguir. 3.3.1 Charge: humor x ensino-aprendizagem Primeiramente, em rela��o � proposta de atividade da unidade 3 (intitulada "TV: uma quest�o de escolha"), a partir do g�nero charge, destaca-se o
fato de que a tem�tica abordada na mesma � a Televis�o, sendo este um tema bastante relevante j� que vivemos numa sociedade moderna, na qual a TV � um meio de comunica��o muito utilizado pelas pessoas. "Para saber a prefer�ncia da turma, o que voc� acha de realizar uma enquete? Enquete � uma pesquisa de opini�o sobre determinado assunto" (p.56). Ap�s orientar os alunos sobre o que � uma enquete, aparecem as seguintes atividades: a realiza��o da enquete em sala de aula; a exposi��o oral de alguns alunos sobre sua opini�o (esta parte vem acompanhada de uma subse��o intitulada "De olhos nas dicas", que orienta o aluno para oralizar a sua opini�o); e, por �ltimo a avalia��o da atividade realizada, refletindo a partir de alguns questionamentos. "Que tal agora voc� produzir um texto registrando sua opini�o sobre o que gosta de fazer nas horas vagas (...). Para isso, fique atento �s orienta��es apresentadas a seguir (p.58)". Ap�s apresentar as dicas para os alunos redigirem um texto de opini�o, as autoras sugerem aos alunos a releitura e reescritura do texto, e, posteriormente, prop�em a socializa��o das produ��es escritas pela turma. 3.3.2 Resenha: escrita formal x ensino-aprendizagem Em segundo lugar, tratando-se da proposta de atividade da unidade 6 (nomeada "No reino das palavras"), com base no g�nero resenha, ressalta-se que a tem�tica enfatizada � a Leitura, que indubitavelmente � uma habilidade importante para a vida escolar e social dos educandos, pois � a partir dela que o aluno pode se tornar um leitor competente. "� sempre bom lembrar de um livro que a gente gostou. Por isso, puxe pela mem�ria e fa�a o resumo para seus colegas de um texto que voc� tenha gostado muito de ler. Ou�a tamb�m o relato dos colegas. Desse modo, voc�s poder�o conhecer novos t�tulos e se divertir ao ler novas hist�rias" (p.130). Em seguida, as autoras listam algumas dicas para os alunos desenvolverem esta atividade e, logo ap�s, descrevem um pequeno roteiro
para a turma refletir sobre o valor e o proveito da realiza��o da referida atividade. "Como foi explicado, o texto Sutilezas da vida � uma resenha cr�tica sobre o livro O menino e a foca. Agora chegou o momento de voc� produzir no caderno uma resenha cr�tica. Para isso, fique de olho nas dicas a seguir. Elas podem ajud�-lo na organiza��o da atividade, tornando-a mais produtiva" (p.131). Percebe-se que as autoras fazem uma contextualiza��o da atividade e, logo ap�s, encaminha o aluno para realizar a produ��o escrita. Na sequ�ncia desta atividade, s�o apresentadas as dicas para a elabora��o da resenha cr�tica. E, al�m de sugest�es de releitura e refeitura para melhoria do texto escrito, as autoras ainda sugerem que a turma organize um painel para expor suas resenhas. Desse modo, elas d�o um car�ter funcional �s produ��es escritas pelos
alunos. 4. CONSIDERA��ES FINAIS Este artigo se desencadeou a partir da ideia de que os g�neros textuais podem funcionar como um instrumento fundamental para o trabalho no �mbito da sala de aula. Para tanto, analisou-se algumas propostas de ensino com base nos g�neros textuais escritos (charge e resenha) - abordados num dado LDP - com o intuito de analisar a utiliza��o dos g�neros em sala de aula e as contribui��es destes para o desenvolvimento da oralidade e da escrita, em alunos do 5� Ano
Fundamental. 5. REFER�NCIAS ANDAL�, Adriane. Did�tica de L�ngua Portuguesa para o Ensino Fundamenta: alfabetiza��o, letramento, produ��o de texto. Em busca da palavra-mundo. S�o Paulo: FTD, 2000. BEZERRA, Maria Auxiliadora. Textos: Sele��o Variada e Atual. In.: DIONISIO, Angela Paiva e BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.) O livro did�tico de Portugu�s: m�ltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. BRASIL. Par�metros Curriculares Nacionais: L�ngua Portuguesa. v. 2. Bras�lia: Secretaria da Educa��o Fundamental: MEC/SEF, 1997. KOCH, Ingedore Villa�a e ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estrat�gias de produ��o textual. S�o Paulo: Contexto, 2009. MARCUSCHI, Luiz Ant�nio. G�neros Textuais: defini��o e funcionalidade. In.: DION�SIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (Orgs.) G�neros Textuais e Ensino. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2003. MARCUSCHI, Luiz Ant�nio. G�neros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In.: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. Hipertexto e g�neros digitais: novas formas de constru��o do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. SCHENEUWLY, B; DOLZ, J. G�neros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Gl�is Sales Cordeiro. Campinas/SP: Mercado das Letras, 2004. SEVERINO, Ant�nio Joaquim. Metodologia do trabalho cient�fico. 23� ed. S�o Paulo: Cortez, 2007. SOUZA, Cassia Garcia de Souza e MAZZIO, L�cia Perez. De olho no futuro: l�ngua portuguesa. S�o Paulo: Quinteto Editorial, 2008 (Cole��o de olho no futuro). Autor: Danielly Felix De Andrade Artigos RelacionadosLeitura, Produ��o E Compreens�o Textual Na Perspectiva Dos G�neros O Ensino De L�ngua Inglesa E A Utiliza��o Do Discurso Como Pr�tica Social Coment�rio: G�neros Textuais Na Internet Proposta De Aula Com Dois G�neros Digitais: E-mails E Chats O Trabalho Com G�neros Textuais Em Turma De Educa��o De Jovens E Adultos Resumo - G�neros Textuais Ensinar A Produ��o Textual Por Meio Dos G�neros Qual a importância do trabalho com os gêneros textuais na escola?Trabalhar com gêneros textuais permite ainda a articulação das atividades entre as áreas de conhecimento, contribuindo diretamente para o aprendizado significativo de prática de leitura, produção e compreensão.
Qual é a importância dos gêneros textuais?Os gêneros textuais apresentam uma função social em uma determinada situação comunicativa, ou seja, a cada texto produzido, seleciono, ainda que inconscientemente, um gênero em função daquilo que desejo comunicar e em função do efeito que espero produzir em meu interlocutor.
Qual a importância de trabalhar gêneros textuais na alfabetização?O trabalho com os gêneros textuais em ciclos de alfabetização contribui para a formação de leitores e escritores com senso crítico, é de fundamental importância que a criança esteja em contato com os mais diversos gêneros textuais juntamente com uma prática estimuladora da professora para seus alunos.
Qual a importância de se trabalhar com os gêneros textuais discursivos em sala de aula da educação básica?Tais práticas, como visto, podem influenciar de forma significativa, em pensar nas vantagens para o aluno, no aprimoramento da capacidade de leitura, produção textual e oralidade através dos mais diversos gêneros textuais, pois garantem uma abordagem dinâmica e acionam aspectos históricos e ideológicos.
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