Qual a importância tem os brinquedos brincadeiras e jogos populares para a cultura de um país estado ou nação?

    Atrav�s dos jogos as crian�as se comunicam com o mundo expressando-se, descarregando suas energias, interagindo com o meio onde vivem e com sua e cultura. � brincando que a crian�a exercita suas potencialidades, provoca o funcionamento do pensamento e adquire conhecimento social e emocional.

    Para Queiroz e Martins (2002, p.7):

    Brincar implica numa proposta criativa e recreativa de car�ter f�sico ou mental, desenvolvida espontaneamente, cuja evolu��o � definida e o final nem sempre previsto. Quando sujeito a regras estas s�o simples e flex�veis e o seu maior objetivo a pratica da atividade em si. Jogar � uma forma de comportamento organizado, nem sempre espont�neo, com regras que determinam dura��o intensidade e final da atividade. � importante lembrar que o jogo tem sempre como resultado a vitoria, o empate ou a derrota.

    O jogo, o brinquedo e a brincadeira possuem um determinado sentido. S�o elementos que desenvolvem a coordena��o motora, o racioc�nio, as rela��es sociais, o envolvimento, bem como fortalecem la�os coletivos. As crian�as ao jogar ou brincar atribuem as suas brincadeiras sentidos ligados � realidade. Sendo assim, o jogo representa um fator relevante no desenvolvimento do ser humano.

    O objetivo do presente trabalho � apresentar uma revis�o bibliogr�fica apontando as defini��es de alguns autores sobre jogos, brinquedos e brincadeiras e discutir suas implica��es no processo de aprendizagem das crian�as, tendo como princ�pio norteador que a ludicidade � fator indispens�vel no desenvolvimento humano e deve estar agregada �s atividades no campo educacional.

    Todo o embasamento te�rico sobre o jogo, o brinquedo e brincadeira, enfim sobre a ludicidade para este artigo vem de autores e livros brasileiros, pois tomamos como base que estes autores est�o mais pr�ximos da nossa realidade e assim contextualizados com nossas praticas l�dicas.

    As brincadeiras e os jogos envolvem e mobilizam o ser humano e o faz realizar atividades com maior espontaneidade, imagina��o, criatividade, percep��o, emo��o, tornando-as significativas.

    V�rios autores apontam diferen�as entre o jogo, o brinquedo e a brincadeira, tendo cada um deles uma defini��o espec�fica. Conforme Bertoldo (2000, p. 10):

  • Jogo: a��o de jogar, folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns exemplos: jogo de azar, jogo de empurra.

  • Brinquedo: objeto destinado a divertir uma crian�a.

  • Brincadeira: a��o de brincar, divertimento, gracejo, zombaria, festinha entre os amigos e parentes. A ambiguidade entre os termos se consolida com o uso que as pessoas fazem deles.

    O jogo, o brinquedo e a brincadeira podem ser considerados como ferramentas para ler o mundo infantil, pois � atrav�s deles que a crian�a constr�i seu mundo e, muitas vezes, expressa situa��es familiares, educacionais ou ainda situa��es temidas como fantasmas, monstros que acabam criando no imagin�rio.

    Para Miranda (2001, p. 30):

    O jogo pressup�e uma regra, o brinquedo � um objeto manipul�vel e a brincadeira, nada mais que o ato de brincar com o brinquedo ou mesmo com o jogo... [...]. Percebe-se, pois que o jogo, brinquedo e a brincadeira t�m conceitos distintos, todavia est�o imbricados ao passo que o l�dico abarca todos eles.

    Com base nessas palavras fica claro que existem diferen�as entre os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, mas que os tr�s proporcionam divertimento e prazer �s crian�as.

    De acordo com Pereira (2001, p. 90):

    Para existir o brincar precisa haver quem brinca um objeto, um tempo, um espa�o e um conjunto de mecanismos que regulam uma determinada a��o [...]. Brincando, busca-se alguma coisa em si mesma e na rela��o com o outro dando-se um sentido e uma intencionalidade aquilo que se faz.

    Atrav�s da a��o l�dica a crian�a tem diversos benef�cios. Al�m de ser o meio mais f�cil de se expressar, faz com que desenvolva naturalmente suas habilidades motora, cognitiva e afetiva. Atrav�s do jogo e da brincadeira, a crian�a satisfaz algumas de suas necessidades mais b�sicas, tanto no campo f�sico como no ps�quico e social.

    A brincadeira faz parte da natureza das crian�as e � o jeito mais simples de compreenderem o mundo e a si mesmas. Por interm�dio da brincadeira a crian�a desenvolve os sentidos, aprende a falar e expor suas ideias e tamb�m a compartilh�-las, liberar a criatividade, soltar a imagina��o, expressar sentimentos e conhecer o mundo.

    Atrav�s dos jogos, brinquedos e brincadeiras, enfim do ato de brincar, � poss�vel introduzir uma s�rie de conhecimentos, atitudes e comportamentos.

    Benjamim (1984, p. 75) nos revela que:

    Pois � o jogo e nada mais, que d� a luz todo h�bito. Comer, dormir, vestir-se, lavar-se, deve ser inculcado no pequeno irrequieto atrav�s de brincadeiras, que s�o acompanhadas pelo ritmo de versinhos. Todo h�bito entra na vida como brincadeira, e mesmo em suas formas enrijecidas sobre vive um restinho de jogo at� o final.

    A crian�a constr�i seu pr�prio universo, ou melhor, vai construindo e reconstruindo em si o universo em que vive e necessita de nova colabora��o nesse processo.

    O jogo e a brincadeira est�o presentes no decorrer da vida dos seres humanos. De alguma forma, o l�dico se faz presente e � um ingrediente indispens�vel no relacionamento entre as pessoas possibilitando que a criatividade seja explorada.

    A crian�a aprende enquanto brinca e aprende a viver socialmente enquanto brinca com os outros, aprende a respeitar as regras, cumprir normas, a esperar, e interagir, a ser organizada. Cada crian�a tem seu pr�prio ritmo para aprender, para jogar e para se socializar, pois o brincar � uma atividade livre espont�nea.

    Segundo Kishimoto (1996, p. 12):

    O brinquedo sup�e uma rela��o �ntima como o sujeito, uma indetermina��o quanto a uso, aus�ncia de regras. O jogo pode ser visto como sistema lingu�stico que funciona dentro de um contexto social: um sistema de regras, um objeto.

    Todas as crian�as t�m necessidade de alegria e espontaneidade e devem ser compreendidas conforme seus desejos. Isso � muito importante para o processo de aprendizagem e o jogo desempenha esse papel muito bem por ser uma esp�cie de elo entre a realidade externa e interna do ser humano.

    Para Miranda (1980, p.98):

    O jogo, n�o � somente um aperfei�oamento f�sico, intelectual e moral. � tamb�m um valioso elemento para observa��o e conhecimento met�dico da psicologia da crian�a, suas tend�ncias, qualidades, aptid�es, lacunas e defeitos.

    Nos jogos as crian�as se expressam, tem suas emo��es, criam regras, fantasias e, de certa forma, buscam suas necessidades de crescimento. Ainda nos tempos atuais existem crian�as que n�o tem possibilidade de se expressar com liberdade e espontaneidade em fam�lia ou at� mesmo na escola. Quanto maior liberdade de express�o a crian�a tiver mais ela se desenvolver� psiquicamente de forma sadia. No momento em que a crian�a brinca, ela sente-se feliz e n�o se preocupa com o que est� ao seu redor, � ela mesma.

    As crian�as brincam para descarregar energia, porque � uma atividade prazerosa, e tamb�m, ao brincar, elas est�o inventando seu pr�prio mundo atrav�s da imagina��o. Existem v�rias maneiras das crian�as brincarem: sozinhas, de faz de conta, com outras pessoas ou em grupo. Todas essas formas s�o de relevante import�ncia para o processo de crescimento da crian�a, pois desenvolvem a capacidade individual como tamb�m possibilitam a conviv�ncia com as demais pessoas de seu grupo social e ensina a import�ncia de aprender a respeitar as limita��es das outras pessoas e a planejar as brincadeiras em conjunto.

    Segundo Kishimoto (1993, p. 45):

    Brincar � uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. Desde muito cedo as crian�as se comunicam por gestos, sons e mais tarde a imagina��o. Podemos dizer que brincar � uma atividade natural, espont�nea e necess�ria para sua forma��o.

    Ao brincar de faz de conta, as crian�as buscam imitar, imaginar, representar de uma forma espec�fica que uma coisa pode ser outra, que um personagem pode ser um objeto. Ao brincar as crian�as est�o construindo a sua personalidade, pois � por meio das brincadeiras que a crian�a percebe e interage com o mundo que a cerca. Para brincar � s� deixar a imagina��o fluir. � se expressando de modo natural que a crian�a constr�i sua personalidade e seu aprendizado.

    Jogo se origina do vocabul�rio latino �iocus� e significa divers�o, brincadeira. Segundo Negrine (1994, p.9):

    Utilizamos a palavra jogo para nos referir ao brincar, aquela predominante na l�ngua portuguesa quando se trata da atividade l�dica infantil. Uma vez que pode significar desde os movimentos que a crian�a realiza nos primeiros anos de vida agitando os objetos que est�o ao seu alcance, at� as atividades mais ou menos complexas, como certos jogos tradicionais e/ou o desporto institucionalizado.

    O jogo � uma atividade espont�nea, livre desinibida e gratuita, pela qual a crian�a se manifesta, sem barreiras e inibi��es. O jogo � a atividade, o �trabalho� pr�prio da crian�a. O jogo tamb�m tem fun��o de dar prazer � crian�a, liberar a imagina��o e a criatividade, ritmo, racioc�nio, mem�ria. Cada crian�a, atrav�s dos jogos, cria seu pr�prio �xito.

    O brincar faz parte da vida do ser humano desde o momento em que ele nasce. Os movimentos que os beb�s fazem com qualquer coisa que est� em seu alcance j� s�o considerados como brincadeira, assim a cada faixa et�ria eles v�o aprimorando novas brincadeiras.

    Como ser humano dotado de peculiaridades, a crian�a tem em seu modo peculiar de ser e deve crescer livre da ideia de que jogos, brinquedos e brincadeiras s�o apenas �passa tempo� que n�o levam a nada, pois assim estariam indo contra a natureza e o direito que elas t�m de manifestar-se e agir conforme s�o. No conceito de respeito pelo �ser crian�a� deve ser inclu�do o respeito pelo direito de brincar e jogar.

    Segundo Clapar�de (1958, p. 49):

    Crian�a �, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis a� um artif�cio que a natureza encontrou para levar a crian�a empregar uma atividade �til ao seu desenvolvimento f�sico e mental. Coloquemos o ensino ao n�vel da crian�a fazendo, de seus instintos naturais, aliados e n�o inimigos.

    O ensino do jogo deve favorecer uma participa��o ativa da crian�a no crescimento e no processo educativo e estar relacionado ao aprendizado fundamental, ou seja, o conhecimento do mundo atrav�s de suas pr�prias emo��es. Por meio de jogos, cada crian�a cria uma s�rie de indaga��es a respeito da vida. As mesmas que mais tarde, j� adulta, voltar� a descobrir e ordenar, fazendo uso do racioc�nio. Por isso, o l�dico n�o s� merece como deve ser ensinado e proporcionado em todas as fases de desenvolvimento da crian�a, pois � uma das mais importantes atividades da inf�ncia e � um excelente meio para o desenvolvimento das capacidades do ser humano, tais como: sa�de f�sica, for�a, coordena��o, ritmo, resist�ncia, aten��o e mem�ria, racioc�nio, tranquilidade e principalmente, a quest�o moral, que envolve o ensinamento do saber ganhar e saber perder, tudo isso intimamente ligado � realidade, honestidade, respeito, colabora��o e companheirismo.

    A partir dos tr�s anos a crian�a necessita de um grupo, a cada etapa essa necessidade aumenta at� desabrochar no conv�vio social do adulto. A descoberta e integra��o no grupo social chamam-se socializa��o. � um processo que se desenvolve aos poucos, gradualmente. Aos poucos a crian�a percebe que existem outros ao seu redor que o mundo n�o � s� dela, que existem regras a ser respeitadas e coisas que ela deve cumprir.

    Atrav�s do jogo, podemos criar todas as situa��es do processo de socializa��o e ajudar a crian�a na conviv�ncia com seu grupo de colegas. Deve ser um aprendizado suave, divertido e que lhe proporciona constante alegria. � no jogo que a crian�a aprende a colaborar, a repartir, a respeitar regras, aprende vencer e a perder.

    Segundo Pereira (1981, p. 11) pode-se sintetizar alguns dos valores do jogo da seguinte maneira:

  • � fonte sadia de realiza��o e divers�o;

  • � maneira de desenvolver-se fisicamente;

  • � est�mulo ao progresso, ao desenvolvimento da personalidade;

  • � aprendizado para a vida em sociedade;

  • � descoberta de capacidades e limites;

  • � meio de cura para traumas e complexos;

  • � descoberta do valor da pessoa humana;

  • � respeito pelo ser da crian�a.

    Mas, para isso acontecer ou para que o jogo alcance esses objetivos � preciso, como condi��o indispens�vel, liberdade e participa��o total das crian�as e que os adultos estimulem o m�ximo poss�vel, nunca obrigando uma crian�a a brincar.

    Nos tempos atuais cada vez mais os adultos est�o voltando a incentivar as crian�as a ter uma inf�ncia, vivenciada com bastantes jogos, brinquedos e brincadeiras, uma vez que os adultos estavam transformando as crian�as em adultos em miniatura ou adultos incompletos. � medida que foi havendo uma compreens�o din�mica do papel da inf�ncia constatou-se que h�, nessa fase da vida, motivos, interesses e necessidades que lhe s�o pr�prias.

    Segundo Louren�o (apud SKONIESKI;TECKIO;ROSA, 2001, p. 23):

    A auto-atividade e a sociedade respondem, at� certo ponto, �s tend�ncias opostas. Compete � natureza pela motiva��o e pela cultura, por conveniente orienta��o da vida social, restabelecer o equil�brio ou a justa propor��o entre as duas concep��es antag�nicas.

    O beb� est� jogando quando se movimenta para alcan�ar algo que est� perto e, ao pegar o objeto, joga incessantemente no ch�o para que algu�m o alcance novamente.

    Quando a crian�a que est� na pr�-escola derruba v�rios objetos (brinquedos) no ch�o juntando-os e prossegue sucessivamente, repetindo essas mesmas a��es, considera-se que ela est� jogando e com isso est� desenvolvendo seu potencial.

    Segundo Skonieski, Teckio e Rosa (2001, p.24) atrav�s do jogo, a crian�a:

  • Libera e canaliza as suas energias;

  • Pode transformar uma realidade dif�cil;

  • D� vaz�o a fantasia, que sempre encontra no jogo, uma abertura;

  • Al�m disso, � uma grande fonte de prazer tanto para educadores quanto para o educando.

    No jogo o desafio sempre existe porque n�o se sabe onde ele levar�, nem como as coisas acontecer�o. H� sempre algo novo e a novidade � fundamental para despertar o interesse e a curiosidade infantil. Levando isso em conta, o jogo � considerado integrador na medida em que quando a crian�a joga, vai se conhecendo melhor e interagindo com seus colegas e amigos e at� mesmo com os adultos, permitindo a compreens�o da realidade e a adapta��o livre e espont�nea.

    Segundo Skonieski, Teckio e Rosa (2001, p.25):

    Uma crian�a que domina o mundo que a cerca e a crian�a que se esfor�a para agir neste mundo. Esse processo � considerado como atividade principal por que ocorrem as mais importantes mudan�as do desenvolvimento ps�quico da crian�a e dentro da qual se desenvolvem processos ps�quicos que preparam o caminho da transi��o da crian�a para um novo e mais elevado n�vel de desenvolvimento.

    O brincar � natural na vida de cada crian�a. Basta propiciar-lhe espa�o e permitir que desfrute de movimentos de fantasias e alegrias. Caillois (1990, p.26) apresenta o jogo como:

    Uma atividade livre e voluntaria, fonte de alegria e divertimento. Nele o jogador se entrega espontaneamente, de livre vontade (...). O jogo � essencialmente, uma ocupa��o separada do resto da exist�ncia e � realizada em geral dentro de limites precisos de tempo e lugar.

    O jogo destaca a liberdade e esta, por sua vez, faz com que a ludicidade seja uma atividade prazerosa e envolvente na qual as crian�as passam horas brincando e se divertindo.

    Huizinga (1971, p.5) aponta nas caracter�sticas dos jogos fatores que determinam o comportamento dos seres humanos: �o prazer que o jogo proporciona, o car�ter n�o s�rio do jogo, a liberdade, as regras, o car�ter n�o representativo, a limita��o do jogo no tempo e no espa�o e a possibilidade de promover a forma��o de grupos sociais�.

    Desde que nasce a crian�a � mergulhada em um contexto social e seu comportamento fica impregnado por essa imers�o inevit�vel. O jogo � resultado de rela��es individuais, portanto de cultura e, assim, pressup�e uma aprendizagem social.

    Quando a crian�a brinca, ela se distancia da vida real e entra no mundo imagin�rio. Todo jogo acontece em determinado tempo e espa�o, com uma sequ�ncia pr�pria da brincadeira. O jogo sempre inclui uma inten��o l�dica do jogador.

    Em estudos, Almeida e Duarte (apud CHRISTIE, 2004, p.14) rediscutem as caracter�sticas do jogo infantil:

  • A n�o-literalidade → brincadeiras onde a realidade interna predomina sobre a externa. O sentido habitual � substitu�do por um novo. S�o exemplos de situa��es em que o sentido n�o � literal o ursinho de pel�cia servir como filhinho e a crian�a imitar o irm�o que chora.

  • Efeito Positivo → O jogo infantil � caracterizado pelos signos do prazer ou da alegria entre os quais o sorriso, que manifesta a satisfa��o da crian�a quando ela brinca livremente. Esse processo traz efeitos positivos aos aspectos corporal, moral e social da crian�a.

  • Flexibilidade → O brincar levam a crian�a a tornar-se mais flex�vel e a buscar novas alternativas de a��o.

  • Prioridade do Processo Brincar → Enquanto a crian�a brinca, sua aten��o est� concentrada na atividade em si e n�o em seus resultados ou efeitos. O jogo infantil s� pode receber est� designa��o quando o objetivo da crian�a e brincar. O jogo educativo, utilizando em sala de aula, muitas vezes, desvirtua esse conceito ao dar ao produto, � aprendizagem de no��es e habilidades.

  • Livre Escolha → O jogo infantil s� pode ser jogo quando escolhido livre e espontaneamente pela crian�a, caso contr�rio, � trabalho ou ensino.

  • Controle Interno → No jogo infantil s�o os pr�prios jogadores que determinam o desenvolvimento dos acontecimentos, oportunizando aos alunos liberdade e controle interno.

    Huizinga (1971, p.11) caracteriza os jogos da seguinte maneira:

    O fato de ser livre, de ser ele pr�prio, liberdade. O jogo n�o � vida �corrente� nem vida �real�. Pelo contr�rio, trata-se de uma evas�o da vida �real� para uma esfera tempor�ria de atividade com orienta��o pr�pria. Cria ordem e � ordem. O jogo lan�a em n�s um feiti�o � �fascinante�, �cativante�. Est� cheio das duas qualidades mais nobres que somos capazes de ver nas coisas o ritmo e a harmonia.

    � uma atividade livre em que a crian�a usa sua imagina��o para transformar o real de sua vida em fantasia. No jogo existem tamb�m classifica��es de diferentes formas. Segundo Piaget (1975, p.64) a elabora��o de uma classifica��o de jogos requer:

  • Observa��o e registro dos jogos praticados pelas crian�as em caso, na rua e na escola relacionando-os com o maior n�mero poss�vel de jogos infantis.

  • An�lise das classifica��es j� existentes e aplica��o das j� conhecidas � rela��o de jogos coletados.

    Piaget (1975, p.66) verificou a exist�ncia de tr�s tipos de estrutura que classificam os jogos que s�o: o exerc�cio, o s�mbolo e a regra. Sendo assim, distribui os jogos em tr�s categorias que s�o:

  • Jogo de exerc�cio sens�rio- motor

  • Jogo simb�lico (de fic��o ou imagina��o e de imita��o)

  • Jogo de regras.

    Essas tr�s classifica��es dos jogos correspondem �s fases do desenvolvimento mental da crian�a.

A import�ncia dos jogos na Educa��o Infantil

    Os jogos sempre contribu�ram para o desenvolvimento dos seres humanos, tanto no sentido de recrear quanto de educar. A rela��o entre o jogo e a educa��o j� � antiga, os gregos e romanos j� comentavam da import�ncia dos jogos na educa��o das crian�as.

    As brincadeiras fazem parte da vida da crian�a desde quando surgiu a pr�-escola, quando come�aram a fazer parte dos curr�culos escolares da educa��o infantil. N�o esquecendo que o brincar � um direito fundamental de todas as crian�as, pois � na inf�ncia que se d� os primeiros passos, que s�o definitivos para a futura escolariza��o e sociabilidade que, consequentemente, definir� suas caracter�sticas do adulto como membro social.

    Cada crian�a deve ter oportunidade educativa para satisfazer suas necessidades b�sicas de aprendizagem e a escola deve oferecer oportunidades para a constru��o do conhecimento atrav�s das descobertas e inven��es que a crian�a acaba adquirindo estando em contato com os jogos infantis.

    Segundo Kishimoto (1993, p.21):

    O jogo vincula-se ao sonho, � imagina��o, ao pensamento e ao s�mbolo. � uma proposta para a educa��o de crian�as (e educadores de crian�as) com base no jogo e nas linguagens art�sticas. O homem como ser simb�lico que se constr�i coletivamente e cuja capacidade de pensar esta ligada � capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade � fundamental para propor uma nova �pedagogia da crian�a�.

    As crian�as procuram nos educadores um apoio para desenvolver suas habilidades e a confian�a necess�ria para conhecer e ter sucesso no processo de aprendizagem e na vida em si.

    Cabe � institui��o escolar proporcionar aos alunos experi�ncias diversificadas e enriquecedoras, por meio da a��o l�dica, para que a crian�a aproveite esses momentos para fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas capacidades.

    Segundo Negrine (1994, p. 41) podemos destacar que:

  • As atividades l�dicas possibilitam a �resili�ncia�, pois permitem a forma��o do auto-conceito positivo.

  • As atividades l�dicas possibilitam o desenvolvimento, integral da crian�a, j� que atrav�s destas atividades a crian�a se desenvolve afetivamente convive socialmente e opera mental-mente.

  • O brinquedo e o jogo s�o produtos de cultura e seus usos permitem a inser��o da crian�a na sociedade.

  • Brincar � uma necessidade b�sica assim como � a nutri��o, a sa�de, a habilita��o e a educa��o.

  • Brincar ajuda a crian�a no seu desenvolvimento f�sico, afetivo, intelectual e social, pois, atrav�s das atividades l�dicas, a crian�a forma conceitos, relaciona ideias estabelece rela��es l�gicas, desenvolve a express�o oral e corporal, refor�a habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constr�i seu pr�prio conhecimento.

    S�o in�meros os benef�cios que a a��o l�dica proporciona no desenvolvimento e na aprendizagem da crian�a. Ela deve acontecer espontaneamente, pois se a crian�a for forcada, pode desencadear diagn�stico negativo. No entender de Rosamilha (1979, p. 47):

    Quando a crian�a esta feliz. E em grande parte no brinquedo e pelo brinquedo que a crian�a se prepara para tal estado (o estado de homem). A fun��o dos jogos e dos brinquedos n�o se limita ao mundo das emo��es e da sensibilidade ela aparece ativa no dom�nio da intelig�ncia, assume uma fun��o social e desperta o crescimento f�sico motor e cognitivo.

    A crian�a tem o direito e o dever de viver de acordo com sua pr�pria natureza, ser livre para usar seu poder. Toda crian�a precisa, desde cedo, aprender a se virar sozinha, pegar com suas pr�prias m�os, andar com seus pr�prios p�s, encontrar e observar com seus pr�prios olhos, construir suas qualidades produtivas e criativas.

    O brincar � a atividade que engloba praticamente toda a vida da crian�a, do acordar ao deitar e � com ele que se descobre a vida, enfrentando atrav�s da fantasia e do faz de conta o desafio do crescimento. O brinquedo n�o � para a crian�a um passa tempo e sim um est�mulo para seu esp�rito.

    O educador tem um papel muito importante no desenvolvimento das crian�as e, assim, precisa ter uma atitude ou uma vis�o ativa em rela��o ao jogo, ou seja, fazer observa��es enquanto as crian�as brincam, construindo um conhecimento sobre a atividade que est� sendo realizada. Para isso se faz necess�ria a cria��o de um espa�o e tempo adequado para desenvolver diferentes formas de jogos e oferecer materiais adequados e suficientes tanto em quantidade como em qualidade a fim de que cada crian�a seja respeitada dentro de suas limita��es.

    O educador precisa valorizar sempre as atividades desenvolvidas pelas crian�as interessando-se por elas, elogiando-as pelo resultado e esfor�o. O maior est�mulo que pode oferecer � brincando junto com elas, acompanhando suas evolu��es, suas novas aquisi��es, as rela��es com as outras crian�as e com os adultos.

    Os jogos transformam o espa�o escolar em um ambiente agrad�vel e prazeroso, de forma que as brincadeiras permitam que o aluno alcance o sucesso dentro da sala de aula e que tenha reflexos na vida fora da institui��o.

    Brincar � a linguagem natural da crian�a e a mais importante delas. Infelizmente, ainda h� institui��es que interpretam o brincar como sendo um �mal� necess�rio e o realizam somente quando as crian�as insistem em faz�-lo, ou ainda, utilizam o l�dico como �tapa buraco�, para que os professores tenham tempo de descansar ou arrumar a sala de aula.

    A brincadeira � uma atividade essencial na Educa��o Infantil, na qual a crian�a pode expressar suas ideias, sentimentos e conflitos, mostrando ao educador e aos seus colegas como � o seu mundo e o seu conv�vio no dia-a-dia.

    Nas brincadeiras as crian�as aprendem compartilhar ideias, objetos e brinquedos, a superar o seu ego�smo e solucionar os conflitos que surgem. Cabe ao educador fomentar e diversificar as brincadeiras, como: pinturas de rosto, fantasia, m�scaras e sucatas, brinquedos de faz-de-conta, etc. Tamb�m pode-se resgatar jogos de regra e jogos tradicionais como queimada, amarelinha, cabra-cega, futebol, pique-pega. Enfim, qualquer brincadeira ou jogo � interessante desde que seja do agrado da crian�a.

    As crian�as cada vez mais est�o sendo respeitadas no seu modo peculiar de ser e as institui��es precisam apostar na a��o l�dica, para melhor satisfazer as necessidades de seus alunos, uma vez que est� comprovado que a ludicidade faz com que as pessoas valorizem sua criatividade e a sensibilidade e sejam mais afetivas.

Refer�ncias

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  • HUIZINGA, Jahan Luds Homo. O jogo como elemento da Cultura. S�o Paulo: VSP, 1971.

  • KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos Infantis: O jogo, a Crian�a e a Educa��o. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.

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  • PIAGET, Jean. A constru��o do real na crian�a. 2 ed. �lvaro Cabral (trad.) Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1975.

  • PEREIRA, Maria Salete. Jogos na Escola, nos Grupos, na Catequese. 6 ed. S�o Paulo: Edi��es Paulinas, 1981.

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  • QUEIROZ, T�nia Dias; MARTINS, Jo�o Luiz. Pedagogia L�dica: Jogos e Brincadeiras de A a Z. S�o Paulo: Reideel, 2002.

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  • SKONIESKI, Luciani Carini; TECKIO, Patr�cia Figueira; ROSA, Nera L�cia da. Jogos Infantis: Alternativa pedag�gica de desenvolvimento e aprendizagem. Cruz Alta, RS, 2001.

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Qual a importância dos jogos e brincadeiras populares para nossa cultura?

Os resultados mostraram que os jogos populares contribuem significativamente na melhoria da coordenação motora global, inclusive no desenvolvimento da afetividade, cognição, cooperação e socialização das crianças, assim, revelando evolução integral.
Os jogos da cultura popular representam à preservação de valores sociais de uma classe, e é através dessas vivências que as crianças aprendem o significado das atividades grupais, experimentam diferentes papeis e adquirem experiências sociais que terão significados para a formação da personalidade (FRIENDMANN, 1996).

O que são brincadeiras populares e qual a sua importância para a manutenção da cultura dos povos?

As brincadeiras folclóricas são importantes legados da cultura popular que contribuem para o fortalecimento do acervo cultural de uma nação. Através delas é possível compreender crenças e valores de determinado grupo social. Assim, a preservação dessas brincadeiras é uma forma de conhecer o passado e presente.

Qual a importância dos jogos e brincadeiras?

Os jogos e as brincadeiras tem um papel muito importante na educação infantil e para a vida de uma criança, pois ao brincar a criança espontaneamente adquire uma aprendizagem mais prazerosa, é um momento de comunicação consigo mesma buscando através de sua realidade a sua imaginação.