Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales ISSN: 1988-7833A INCLUSÃO DO SURDO: UMA VISÃO CRÍTICA Show
Autores e infomación del artículoPatrícia dos Santos Figueiredo Ribeiro* Heitor Romero Marques** Universidade Católica Dom Bosco, Brasil
RESUMO: Este trabalho é uma reflexão sobre o processo de inclusão de alunos surdos, enfatizando a importância da prática das Políticas Educacionais Vigentes. Para tanto, em primeiro lugar, apresenta-se uma abordagem diacrônica da história da educação do surdo, a fim de compactuá-lo ao contexto contemporâneo. A pesquisa que deu origem a este trabalho é classificada como sendo de campo com abordagem qualitativa e de revisão bibliográfica, com o objetivo de permear uma análise crítica sobre a situação atual do processo inclusivo bilíngue de surdos, consistindo numa busca por respostas à necessária interação educacional entre surdos e ouvinte, em especial, para saber de que maneira a escola acolhe os deficientes auditivos e surdos e quais as expectativas desses sujeitos durante o ensino regular. PALAVRAS-CHAVE: 1. Educação inclusiva; 2. Surdo; 3. Visão Crítica ABSTRACT:This paper is a reflection about the process of inclusion of deaf students, emphasizing the importance of the practice of the Education Policies present. For this, in the first place, it presents a diachronic approach to the history
of the deaf education, in order to condone it to the contemporary context. The research that gave origin to this work is classified as being of field with qualitative approach and of bibliographical revision, with the aim of permeating a critical analysis about the current situation of the bilingual deaf inclusive process, consisting of a search for answers to the necessary educational interaction between the deaf and listener, especially, to know how the school welcomes the deaf and hearing
impaired Aand what are the expectations of these subjects during regular education. Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: Patrícia dos Santos Figueiredo Ribeiro y Heitor Romero Marques(2017): “A inclusão do surdo: uma visão crítica”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (julio-septiembre 2017). En línea: http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1703inclusao-surdo 1 INTRODUÇÃO O preconceito, a dor e abandono social foram fatores latentes na educação dos surdos que não tinham acesso ao ensino, muito menos “vez e voz”. Por muito tempo não foi apresentado um modelo de educação que envolvesse o aprendizado concomitante ao uso da Língua de Sinais/Libras, pois, por muito tempo foram deixados a mazelas da população, sendo visto como pessoas incapazes, sem
poder de comunicação. 2 A HISTÓRIA CONCISA SOBRE A EDUCAÇÃO DOS SURDOS As discussões sobre os surdos são datadas há muito anos e por meio delas foram surgindo e desfazendo mitos até o reconhecimento legal da cultura surda, como do uso Língua de Sinais (LS). Para tanto, se faz necessário abordar o panorama diacrônico das atitudes dos ouvintes em relação à surdez, a fim de mencionar a luta árdua que os surdos têm enfrentado desde a
Antiguidade à Modernidade. 2.1 A História do Surdo no Mundo A surdez é um assunto que, ao longo dos anos, sofreu e sofre preconceitos por parte de outros segmentos da sociedade. Para que o surdo tivesse uma lei que o amparasse, houve
um processo histórico conflituoso em busca de direitos. Não havia nenhuma preocupação com a educação ou qualquer outra forma de socialização das pessoas com deficiência auditiva. 2.2 A História dos Surdos no Brasil No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o Segundo Império em 1855, com a vinda do educador francês Hernest Huet, discípulo de L‟Epée, e ex-aluno surdo do Instituto de Paris, que trouxe o alfabeto manual francês, com o propósito de abrir uma escola para pessoas surdas, sob o consentimento do imperador D. Pedro II que intencionava inaugurar uma escola para surdos de acordo
com os moldes europeus. Portanto, a Libras originou-se com grande influência da Langue des Signes Française (HONORA; FRIZANCO, 2009, ALMEIDA, 2012). A criação desta escola ocorreu graças aos esforços de Ernesto Hüet e seu irmão. [...] Com suas credenciais foi apresentado ao Marquês de Abrantes, que o levou ao Imperador D. Pedro II. Acolhendo com simpatia os planos que Hüet tinha para a fundação de uma escola de “surdos-mudos” no Brasil, o Imperador ordenou que lhe fosse facilitado a importante tarefa. Começando a lecionar para dois alunos no então Colégio Vassion, Hüet conseguiu, em outubro de 1856, ocupar todo o prédio da escola, dando origem ao Imperial Instituto dos Surdos Mudos. Em 1957, ou seja, cem anos após sua fundação, pela Lei nº 3198, de 6 de julho, passaria a denominar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos. Os conhecimentos e tradições da educação europeia e o alfabeto manual foram as bases no ensino de Hüet, durante um ano. O esforço dele teve bons resultados na educação dos surdos, porém, precisou se ausentar do país, primeiro, por causa de problemas
pessoais, e, segundo, devido à necessidade de lecionar no México. A FENEIS deu apoio para que a profissão de intérprete de Libras, a partir de 1987, tivesse o reconhecimento necessário e tratou das questões relativas a esse exercício com mais rigor. Assim, destacou aspectos que na época eram decisivos para uma prática de interpretação de qualidade, como, por exemplo: o vestuário que deve ser usado e a postura do intérprete, a formação teórica e prática do profissional, os aspectos relativos à profissionalização e à organização da categoria, como também a sua postura ética. Dessa maneira, pode-se afirmar que a FENEIS tem estabelecido a língua de Sinais como principal estandarte de luta na construção identidade surda nacional, tendo em vista que demonstrou, no exercício, a manifestação à mercê de políticas púbicas que põem em foco a construção e o reconhecimento da comunidade surda, que antes era banida e discriminada severamente. 2.3 A História dos Surdos em Campo Grande - MS Em Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul, o contexto histórico do surdo teve um caminho obstante ao nível nacional, porque, devido a não haver incentivo político e educacional, os surdos iam ao Imperial Instituto Surdo-mudo aprender os sinais básicos em Libras, a fim de permear a comunicação gestual na comunidade surda. 3 DIREITO À EDUCAÇÃO: SUBSÍDIOS LEGAIS PARA A INCLUSÃO DOS SURDOS O termo inclusão, em sentido amplo, pode relacionar-se às inserções e às práticas de políticas públicas voltadas principalmente ao exercício da cidadania, estimulando o respeito e valorizando as diferenças. Logo, tornou-se um tema imprescindível de ser discutido tanto no discurso político
quanto no educacional, ainda que, certamente, com significados muito diferentes possuem o mesmo objetivo: oferecer oportunidades de acesso a bens e serviços dentro de um sistema que benfeitorize os sujeitos, independente de cor, cultura ou deficiência. A inclusão propõe uma reflexão abrangente da sociedade, visando melhorar a convivência entre os sujeitos e salientando as identidades culturais, independente das diferenças físicas, psicológicas, sociais e linguísticas. A relação harmoniosa e consciente permite ampliar os conceitos sobre a realidade cultural dos grupos sociais, nesse caso, os surdos, sem haver limites ou exigências de
adaptações às regras de grupos majoritários, ou seja, dos ouvintes. As políticas educacionais devem levar em total consideração as diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de signos como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso à educação em sua língua nacional de signos. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdo-cegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em [...] em escolas regulares (BLATTES, 2006, p. 334). A Declaração de Salamanca foi registro exordial à educação do surdo porque ressalva a relevância do ensino pautado no direito e no reconhecimento da língua natural do indivíduo, lançando uma nova ótica sobre a inclusão. Em razão disso, é considerado como o marco inicial no processo de educação das pessoas com deficiências no mundo, cujas delegações
interferiram nas políticas de educação brasileira. Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. A Lei busca por uma educação inclusiva aos surdos, cuja modalidade específica é a filosofia bilíngue desde a escolarização básica até o ensino superior, favorecendo-lhes garantia de uma boa qualidade de ensino e aprendizagem. O discurso da inclusão preconiza o acesso de todos aos direitos constitucionais, pressupondo que cada sujeito tem méritos próprios que determinam seu sucesso ou fracasso, sem considerar que esse sujeito pertence à determinada classe social, condição econômica específica e que estes e outros fatores interferem no acesso aos seus direitos e na forma como desenvolve sua escolarização. Ao mesmo tempo, é necessário que sejam desenvolvidas ações para favorecer melhores condições a alguns grupos, para que exerçam seus direitos, entre os quais a educação. Identificamos o discurso da inclusão em meio a aspectos contraditórios, como formular políticas voltadas a grupos específicos e, ao mesmo tempo, desenvolver políticas universais. Uma não exclui a outra, porém existem divergências entre os defensores de uma e de outra (MACIEL, 2009, p.53). Apesar das vigências das Leis, há ainda “barreiras que precisam ser transportadas e que merece especial atenção no quadro de mudanças sugerido
pelo ensino inclusivo diz respeito à inadequação de métodos e técnicas do ensino tradicional” (Mantoan, 2004; p.30). 4 RETRATO DE ESTUDO DOIS CASOS Este tópico consiste em relatar e descrever criticamente sobre dois estudos de casos, oriundos de leituras e observações do Estágio Supervisionado em Atendimento Educacional Especializado (AEE) numa escola pública regular, na cidade de Campo Grande/MS. 5 CONCLUSÃO Mediante as indagações postuladas, conclui-se que, em primeiro lugar, é preciso desenvolver formas de comunicação em que os surdos/deficientes auditivos sejam considerados como pessoas capazes, incluindo o direito
de falar e ser ouvido e evitando o uso de inadequado das terminologias, como por exemplo, surdo-mudo e portador de necessidades especiais. REFERÊNCIAS ALBRES, Neiva Albres de. História da Língua Brasileira de Sinais em Campo Grande-MS. Rio de Janeiro: Editora Arara Azul, 2005. Disponível em:
http://www.editora-araraazul.com.br/pdf/artigo15.pdf. Acesso em: Mar./2017. ______. Plano Nacional de Educação (PNE), Senado Federal, Brasília- DF, Unesco, 2001. Disponível em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001324/132452porb.pdf>.
Acesso em: Mar./2017. MACIEL, Carina Elisabeth. O Discurso de Inclusão nas Políticas de Educação Superior (2003 – 2008). 2009. 186 f. Tese (Doutorado em Educação) –
UFMS, Campo Grande/MS, 2009. Disponível em:<https://sistemas.ufms.br/sigpos/portal/trabalhos/download/543/cursoId:76>. Acesso em: Jul./2016. * Licenciada em Letras com Inglês, experiência em Linguística com ênfase em alfabetização, bilinguismo individual e social e educacional. Especialista em Saúde Mental e Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Universidade Católica Dom Bosco. E-mail: ** Licenciado em Ciencias e Pedagogia, Especialização em Filosofia e História da Educação. Mestre em Educação Formação de Professores e doutor em Desarrollo Local Y Planteamiento Territorial - Universidad Complutense de Madrid (2004). Professor na Universidade Católica Dom Bosco, atuando em cursos de licenciatura e bacharelado, bem como na especialização lato sensu e Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Local em contexto de territorialidades, no qual foi coordenador no período de no período de primeiro de março de 2012 a sete de março de 2016. Membro efetivo do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município de Campo Grande- MS. Líder do Grupo de Pesquisa: ECONOMIA CRIATIVA, APRENDIZAGEM E A SOLIDARIEDADE ATIVA NA DINÂMICA TERRITORIAL que visa pesquisar e contextualizar os impactos das políticas públicas e mensurar as forças endógenas do território tendo como base a economia criativa, a aprendizagem e a solidariedade ativa, propiciando trabalhos empíricos, reflexões teóricas e elaboração de artigos científicos, dissertações e teses versando sobre desenvolvimento local em contexto de territorialidades.Membro do Grupo de Pesquisa da Universidad Politecnica Salesiana de Ecuador intitulado. ESTUDIO MULTIDISCIPLINAR DE LA INFLUENCI DE LA CREATIVIDAD Y LA FELICIDAD CORPORATIVA EN EL DESARROLLO SOSTENIBLE - CONÓMICO SOCIAL Y MEDIOAMBIENTAL DE LOS TERRITORIOS.. e-mail: 1 Tinha o objetivo de capacitá-los na compreensão e na proibição de uma língua oral, a fim de impedir o uso da língua de sinais, devido ao preconceito da época, o qual ainda se faz presente na sociedade atual. 2 Traz como princípio que toda forma de comunicação é valida na tentativa dede que a pessoa surda tenha uma língua com: fala, leitura orofacial treinamento auditivo, expressão facial e corporal, mímica além da leitura e escrita de sinais 3 Hoje, estudiosos e pesquisadores da área da surdez/bilinguismo/inclusão são companheiros da FENEIS em prol do reconhecimento oficial da Libras. Tendo em vista que essa Federação possui, atualmente, sua própria editora que elaboram livros e revistas sob aprovação e consentimento do Ministério da Educação, MEC. 4 Sinais caseiros correspondem aos gestos ou construção simbólica inventadas no âmbito familiar. 5 A Lei 10.436/02 é regulamentada pelo Decreto 5.626/05 que destaca a necessidade de inserir a educação bilíngue e dá o devido valor à educação dos surdos ao estabelecer a inserção da LIBRAS como disciplina curricular no ensino público e privado. 6 Um dos grandes avanços da Educação Especial foi preconizado por essa Política que estabeleceu nomenclaturas específicas a cada tipo de deficiência, com o propósito de abolir o conceito de “portadores com necessidades especiais”. 7 Segundo Carvalho e Moraes (2002), a deficiência auditiva é a carência sensorial da audição que pode ser uma perda parcial, total ou inata de quarenta e um decibéis (dB). 8 Já, a surdez é a perda severa ou profunda da audição de noventa e um decibéis (dB). Situação que se restringe o indivíduo à privação total de conhecimentos e informações auditivas essenciais para captar e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral (HONORA; FRIZANCO, 2008). Recibido: 26/04/2017 Aceptado: 04/08/2017 Publicado: Agosto de 2017 Nota Importante a Leer:
Qual a importância da inclusão dos surdos na sociedade?Ressalta-se a importância de surdo e ouvinte manterem uma aprendizagem mútua, um aprendendo a língua e a cultura do outro, para, assim, haver uma comunicação efetiva entre ambos.
Qual a importância de inserir os surdos na nossa sociedade e quais os principais desafios?Além do acesso à informação, os surdos sofrem diversas dificuldades nas áreas da cultura e lazer. Ainda são consideradas poucas as ações inclusivas desenvolvidas para que as pessoas surdas tenham melhores oportunidades quanto ao lazer e cultura.
Como incluir pessoas com deficiência auditiva na sociedade?2 – Comunicação para pessoas com deficiência auditiva
Assim, deve-se tornar os meios de comunicação inclusivos com ações como: Traduzir conteúdos do blog oficial para LIBRAS; Postar vídeos com intérpretes; Ter um intérprete no local de trabalho.
Qual é a importância da comunidade surda para os surdos?Ela é fundamental para o acolhimento e a participação social dos surdos, tanto entre si quanto com o restante da população. Isso também é essencial para que os indivíduos não se sintam distantes da sociedade e para conseguirem se encontrar em um grupo, se sentindo mais representados.
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