Qual a importância da ética para o profissional da informática?

Qual a importância da ética para o profissional da informática?

Falta de privacidade, problemas na segurança, violação de direitos autorais e aumento de crimes cibernéticos são apenas alguns dos problemas que vemos despontar toda vez que uma nova tecnologia surge. Especialistas e usuários de TI acabam sem saber como lidar com esses desafios e muitas vezes são surpreendidos da pior maneira possível.

Em 2018, vimos o escândalo envolvendo o Facebook e o Cambridge Analytica. Infelizmente, nada garante que algo parecido não vá ocorrer. Ou que um outro problema venha a surgir. Por exemplo, quantas vezes você clicou em um termo de aceite sem se preocupar em ler o documento inteiro? Fazemos isso por confiarmos no “humano” que está do outro lado e por entendermos que existe – ou pelo menos deveria existir – ética na Tecnologia da Informação.

Por que precisamos falar sobre Ética na Tecnologia da Informação?

Só porque você pode fazer algo não significa que deve fazer. Como profissionais de TI temos a possibilidade de acessarmos o que não nos diz respeito e, em muitos casos, temos conhecimento para “violar” alguns padrões. É nossa responsabilidade agir de maneira ética no desempenho de nossos deveres de trabalho. Do contrário, corremos o risco de perder a confiança do usuário do outro lado e, como você sabe, sem essa confiança é impossível desempenharmos nossas funções com eficiência.

Um dos fóruns mais conhecidos entre os especialistas de TI é a QCON Conference, realizada em Londres. O tema “ética na Tecnologia da Informação” é tão relevante especialmente nos dias atuais que inclusive fez parte da agenda do evento realizado em 2018.

E engana-se quem pensa que o assunto começou a ser discutido agora. Conforme conta Dora Kaufman em artigo publicado no Valor Econômico, o filósofo sueco Nick Bostrom, no artigo “The Ethics of Artificial Intelligence”, disse, em 2011, que:

“Podemos alterar, copiar, encerrar, apagar ou utilizar programas de computador tanto quanto nos agradar […] As restrições morais a que estamos sujeitos em nossas relações com os sistemas contemporâneos de IA (Inteligência Artificial) são todas baseadas em nossas responsabilidades para com os outros seres”.

Essas “responsabilidades para com os outros seres” não estão só no campo da Inteligência Artificial, mas também quando disponibilizamos um termo de aceite para um usuário, por exemplo. Ou, quando por meio da ciência de dados em conjunto com a IA atravessamos uma linha tênue entre o que é ético e o que pode resultar em problemas à segurança e privacidade das pessoas. A discussão, como comentei, não é recente, mas vejo que temos muito que analisar especialmente face às novas tecnologias.

Por fim…

A ética na Tecnologia da Informação, assim como em tudo na vida, tem a ver com o certo e errado para orientarmos nosso comportamento. Na TI, a ética deve, acima de tudo, salvaguardar a sociedade através do uso responsável dos sistemas de informação. Como profissionais da área temos o nosso código de ética, mas precisamos estender a conduta para todas as áreas, para que tenhamos em mente que o direito à privacidade e o cuidado ao manusearmos informações são fundamentais.

E você, o que pensa sobre a Ética na Tecnologia da Informação? Fique à vontade para compartilhar sua opinião. Caso tenha interesse em acompanhar nossos outros materiais, visite o blog da Scurra.

�tica e Inform�tica: Uma Introdu��o

por

Manuel Jorge Brand�o Est�v�o de Ara�jo

Departamento de Engenharia Inform�tica

Universidade de Coimbra

3030 Coimbra, Portugal

Resumo: A revolu��o tecnol�gica a que temos assistido nos �ltimos anos fez com que os computadores tivessem uma grande influ�ncia na sociedade. Os engenheiros inform�ticos, como em todas as outras profiss�es, debatem-se com quest�es �ticas, que dada a influ�ncia referida anteriormente podem colocar muita coisa em causa. Por isso, foram definidos c�digos de �tica para esta profiss�o, para que as suas considera��es profissionais fossem as mais correctas poss�veis. Existem v�rios c�digos feitos por organiza��es diferentes, mas que s�o muito semelhantes entre si: todos eles possuem uma s�rie de regras morais b�sicas, para depois se debru�arem sobre normas mais espec�ficas de um ponto de vista profissional. Mas sem que as universidades colaborem, isso n�o vale de muito. � importante que os estudantes de Engenharia Inform�tica compreendam os c�digos de �tica e que aprendam a fazer julgamentos com base neles, antes de irem para o mercado de trabalho.

1. Introdu��o

�tica

do Lat. ethica < Gr. ethik�

s. f., ci�ncia da moral;

moral;

Filos.,

disciplina filos�fica que tem por objecto de estudo os julgamentos de valor na medida em que estes se relacionam com a distin��o entre o bem e o mal.

A Engenharia Inform�tica, tal como todas as outras engenharias, debate-se com quest�es de natureza �tica. Os engenheiros inform�ticos t�m cada vez mais peso na vida das empresas e das economias, e com isso t�m uma grande responsabilidade sobre o futuro destas. Mas como � que essa responsabilidade � gerida pelos profissionais da inform�tica?

Durante as �ltimas d�cadas assistiu-se � cria��o de v�rios c�digos de �tica para esta nova profiss�o e as universidades come�aram a incluir a �tica nos seus curr�culos. Este artigo tem por inten��o oferecer uma introdu��o �s quest�es �ticas da Engenharia Inform�tica e aos motivos que levam os estabelecimentos de ensino a incluir uma cadeira de componente n�o-t�cnica num curso t�o t�cnico como este. O artigo come�a por abordar a import�ncia da inform�tica na sociedade, passando depois para o ensino da �tica nas universidades e finalmente para a uma explica��o breve dos c�digos de �tica na profiss�o de engenheiro inform�tico.

2. Inform�tica e sociedade

Nos �ltimos anos tem-se assistido a um grande aumento da influ�ncia das Tecnologias de Informa��o na sociedade. Os computadores come�am a ter um papel de import�ncia cada vez maior na economia, na educa��o, no governo, na ind�stria de entretenimento. Como consequ�ncia disso, afectam cada vez mais a nossa maneira de viver e de ver o mundo. Um bom exemplo disto � o estado de ansiedade que se viveu nos �ltimos anos do s�culo XX, quando a sombra do chamado �bug do mil�nio� provocou o p�nico em v�rias empresas e servi�os espalhados por todo o mundo. A responsabilidade sobre o futuro destas companhias recaiu ent�o sobre os engenheiros inform�ticos e programadores contratados para prevenir problemas nos mais variados sistemas e m�quinas, desde bases de dados de bancos e empresas, a m�quinas registadoras e elevadores.

Com esta import�ncia crescente do papel de engenheiro inform�tico na sociedade e nas empresas, e com o futuro da Humanidade a assentar cada vez mais em computadores e aplica��es inform�ticas, pede-se a estes engenheiros que tenham um forte sentido moral, �tico e profissional, para que a aplica��o dos seus conhecimentos seja a mais correcta poss�vel.

2.1. A �tica nos estudos

� tido como certo que um aluno universit�rio tenha j� uma certa maturidade moral, mas no que toca �s regras �ticas de cada profiss�o, elas com certeza s�o desconhecidas no memento da sua entrada na universidade. � com isto em mente que os cursos de Engenharia Inform�tica t�m inclu�do no seu curr�culo uma cadeira de componente n�o-t�cnica, que tem em aten��o a integra��o do futuro engenheiro no mercado de trabalho.

� necess�rio que os estudantes percebam � tal como � dito num relat�rio da ACM (Association for Computing Machinery) � �o contexto s�cio-profissional em que a inform�tica se insere�. Mesmo num campo t�o t�cnico como � a engenharia, � preciso n�o esquecer a componente humana. Um engenheiro pode ter compet�ncias t�cnicas excepcionais, mas s� isso n�o chega � ignor�ncia de outras mat�rias que n�o as da sua profiss�o; defici�ncias no car�cter e na capacidade de relacionamento; falta de moral ou de �tica: todas estas caracter�sticas podem provocar situa��es de conflito e/ou gerar um mau ambiente de trabalho, o que no fim acaba por prejudicar o bom funcionamento de uma empresa. Claro que n�o � certo que uma cadeira que fale de �tica profissional possa resolver todos, ou mesmo um que seja destes problemas. O que � importante � que o aluno tenha em aten��o que situa��es deste tipo podem acontecer e que ele deve estar preparado para lidar com elas.

Sendo assim, uma cadeira que:

1.      explique ao aluno o impacto da sua futura profiss�o na sociedade;

2.      o ensine a lidar com situa��es profissionais menos correctas;

3.      o exponha a regras �ticas e de conduta de modo a que o seu julgamento seja o mais profissional e correcto poss�vel;

4.      no fundo, mostre ao aluno como funciona na realidade a Engenharia Inform�tica e o que os empregadores, os clientes e o p�blico em geral esperam de uma pessoa nessa posi��o;

de uma utilidade sem d�vida ineg�vel.

2.2 A �tica na profiss�o

Mas quais s�o os c�digos que regem a profiss�o de um engenheiro inform�tico ou de software? Existem v�rias organiza��es, tais como a ACM, o ICCP (Institute for Certification of Computing Professionals), a IFIP (International Federation for Information Processing) ou a Ordem dos Engenheiros, que estabeleceram cada uma um c�digo de �tica para os seus membros. O IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) e a ACM desenvolveram ainda em conjunto um c�digo de �tica e pr�tica profissional para Engenharia de Software. As regras destes c�digos s�o muito semelhantes entre si, e est�o normalmente divididas em 2 sec��es: uma para princ�pios mais generalistas, outra para situa��es profissionais espec�ficas.

As regras mais gerais consistem normalmente em obriga��es morais que se devem aplicar a todos os profissionais e n�o apenas aos engenheiros. Essas regras resumem-se geralmente �s seguintes:

[O engenheiro deve:]

        Aceitar toda a responsabilidade pelas suas ac��es;

        Ser justo e evitar actos discriminat�rios;

        Rejeitar qualquer tipo de suborno;

        Evitar fazer danos na reputa��o, propriedade ou integridade f�sica de outrem;

        Respeitar a privacidade dos outros � esta � particularmente importante no caso da inform�tica. Um engenheiro inform�tico tem muitas vezes acesso a recursos que cont�m dados pessoais ou confidenciais de indiv�duos/empresas. Assim, � uma obriga��o dos profissionais proteger esses dados de acessos n�o autorizados e evitar a sua utiliza��o para fins menos l�citos.

J� no caso das responsabilidades profissionais mais espec�ficas:

        Melhorar a percep��o que o p�blico tem da inform�tica e das suas consequ�ncias � � importante que o p�blico n�o tenha uma vis�o errada do que � a inform�tica e das suas consequ�ncias na sociedade. Cabe ao engenheiro educar e estimular o interesse do p�blico para o impacto que a inform�tica tem no mundo;

        N�o utilizar software obtido de forma ilegal ou menos �tica, e respeitar as patentes e direitos de autor � esta � uma regra que muitas vezes n�o � seguida j� que existe uma grande facilidade na obten��o de software pirateado ou informa��o na Internet. Essa facilidade n�o deve justificar o uso de software sobre os quais n�o se tem direito, ou o uso de informa��o sem depois dar cr�dito ao seu autor;

        N�o aceder a recursos inform�ticos ou de comunica��es sem autoriza��o � como foi estabelecido em duas das regras gerais indicadas acima, o engenheiro deve respeitar a privacidade e evitar fazer danos na propriedade dos outros. O acesso a redes inform�ticas, computadores e aos dados que se a� encontram sem a devida autoriza��o dos seus propriet�rios viola estas regras, al�m de ser considerado crime.

        Assegurar-se de que o software produzido tem todas as especifica��es documentadas, satisfaz as necessidades dos utilizadores e que tem todas as aprova��es necess�rias para a sua utiliza��o sem que ele constitua perigo para os dados e privacidade dos mesmos;�����

        Esfor�ar-se por manter ou melhorar as suas compet�ncias t�cnicas ao longo da sua vida profissional � isto pode ser conseguido estudando de forma independente, inscrevendo-se em cursos de forma��o, participando em confer�ncias e semin�rios, etc. Esta regra bastante importante na inform�tica, j� que a tecnologia evolui de uma forma bastante r�pida e � essencial manter-se actualizado.

No fim, cabe a cada um aplicar estas normas na sua vida profissional e � um dever moral encorajar e ajudar os companheiros de profiss�o a segui-las.

3. Conclus�es

Foi demonstrado neste artigo a import�ncia de ter a educa��o adequada no ensino superior no que diz respeito aos c�digos de �tica de cada profiss�o. Mostrou-se tamb�m uma lista resumida do que s�o as regras �ticas da Engenharia Inform�tica, da sua import�ncia na vida profissional e do impacto que elas t�m na sociedade. O car�cter introdut�rio do artigo n�o deixa que algumas coisas sejam debatidas de uma forma mais complexa, mas convida o leitor a interessar-se pelas quest�es �ticas e morais com que os profissionais da inform�tica se debatem.

4. Refer�ncias

Task Force for the Revision of the ACM Code of Ethics and Professional Conduct (1992) ACM Code of Ethics and Professional Conduct,

http://www.acm.org/constitution/code.html

IEEE-CS/ACM joint task force on Software Engineering Ethics and Professional Practices (1999) SOFTWARE ENGINEERING CODE OF ETHICS AND PROFESSIONAL PRACTICE,

http://www.computer.org/tab/seprof/code.htm

IEEE (1990) IEEE Code of ethics,

http://www.ieee.org/portal/index.jsp?pageID=corp_level1&path=about/whatis&file=code.xml&xsl=generic.xsl

ResearchCenter on Computing & Society at Southern ConnecticutStateUniversity, Excerpts from Proposed IFIP Ethics Codes, Appendix: Codes of Ethics of Various Organizations,

http://www.shouthernct.edu/organizations/rccs/resources/reseach/comp_and_priv/appendix-II/table6.html

Ordem dos Engenheiros (1992) C�digo deontol�gico,

http://www.ordeng.pt/html/destaque/etica/c_coddeontologico.html

Alessandro Candido Vasconcellos (07/07/2003)

http://inforum.insite.com.br/1411/667196.html

Messerly, Dr. John G., Why Should Computer Science Majors Take A Computer Ethics Course?,

http://www.cs.utexas.edu/users/messerly/349/Reflection.htm

Gotterban, Don and Robert Riser, Ethics Activities in Computer Science Departments: Goals and Issues,

http://www.cs.utexas.edu/users/ethics/professionalism/ethics_activities.html

Qual a importância da ética para o profissional de informática?

26), “a ética na informática deve abranger as atitudes do profissional nessa área em seu papel de profissional da computação e os valores que lhe norteiam o trabalho do cotidiano.” A ferramenta computador e as técnicas da informática não são o problema da sociedade.

Qual a importância da ética profissional no segmento da Tecnologia da Informação?

A ética na Tecnologia da Informação, assim como em tudo na vida, tem a ver com o certo e errado para orientarmos nosso comportamento. Na TI, a ética deve, acima de tudo, salvaguardar a sociedade através do uso responsável dos sistemas de informação.

O que é ética profissional e sua importância?

Ética profissional é o conceito moral e de cultura social que são considerados aceitáveis dentro do universo corporativo. Cada empresa ou ramo possui códigos de ética diferentes, mas com o mesmo intuito de fazer prevalecer o respeito e integridade.

Quais aspectos éticos devem ser observados por um profissional de informática?

Não usar recursos de computacionais de outras pessoas; Não se apropriar do trabalho intelectual de outra pessoa; Refletir sobre as conseqüências sociais do que escreve; Usar o computador de maneira que mostre consideração e respeito ao interlocutor.