Qual a importância da criação de gado para a ocupação do interior do Nordeste?

História do Brasil

A pecuária sempre ocupou um papel secundário no conjunto da economia colonial, orientada exclusivamente para o mercado externo. Por essa razão, sempre aparece como atividade subsidiária ou satélite da grande lavoura mercantil e de outras atividades econômicas principais que se desenvolveram durante a colonização.

O gado foi introduzido, e passou a ser criado nos engenhos do Brasil em meados do século XVI, para apoiar a economia açucareira como força motriz, animais de tração e de transporte (animal de tiro); num segundo plano, também era destinado à alimentação, através da produção das carnes em conserva: carne-seca e carne-de-­sol, entre outras.

A primeira expansão do gado

Com o avanço das plantações de cana e o crescimento dos rebanhos, as duas atividades se separaram. O gado se expandiu pelo interior nordestino, em especial ao longo do rio São Francisco, denominado Rio dos Currais, onde surgiram grandes fazendas de criação, graças à existência de bons pastos, água e reservas de sal-gema. Nessa medida, as fazendas de criação de gado foram responsáveis pela ocupação das terras interioranas, constituindo-se num dos principais agentes da expansão territorial. Contudo, embora separados, o grande mercado consumidor da pecuária eram os engenhos de açúcar do litoral.

Nesse processo, a pecuária extensiva e de baixo índice técnico gerou um outro tipo de sociedade no interior do Nordeste, onde predominava o trabalho livre de mestiços, os vaqueiros ou seus auxiliares, os fábricas. A remuneração, de uma maneira geral, baseava-se na parti­cipação do crescimento do rebanho; uma cria a cada quatro nascidas, com o acerto realizado a cada cinco anos.

Veja também:

  • Economia Colonial
  • Economia Açucareira
  • Extrativismo do Pau-Brasil
  • Primórdios da Colonização Portuguesa

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Em 2019, pecuária nordestina registrou crescimento no rebanho maior que as demais regiões do país

A criação de gado bovino na região Nordeste traz consigo uma parte da história dessa atividade no Brasil. Isso porque a pecuária brasileira teve início no Nordeste, ainda no século XVI.

As primeiras cabeças de gado teriam vindo para a capitania de São Vicente, diretamente de Cabo Verde. Posteriormente, por volta de 1550, um novo carregamento de animais chegou a Salvador. A partir daí a atividade pecuária se estendeu para outras áreas do Nordeste, com ênfase em Maranhão, Piauí e Pernambuco.

Qual a importância da criação de gado para a ocupação do interior do Nordeste?

Raça Gertrudis conquista pecuaristas do Nordeste. Fonte: Jornal de Alagoas

Contudo, como a pecuária bovina exigia certo espaço para formar pastagens, ocorreu a expansão da atividade. Assim, iniciou-se o processo de criação de gado no interior do Nordeste e até para o Centro-Oeste do país.

Foi nesse mesmo período que a figura do vaqueiro passou a ter mais importância e destaque na cultura nordestina, conduzindo o gado pelo sertão. Porém, no início, a criação de gado era tida como uma atividade complementar nas propriedades, sendo os animais sendo utilizados para tração nos engenhos.

A partir do século XVII, as atividades pecuárias foram crescendo e os animais cada vez mais utilizados para obtenção de leite e carne, tornando-se uma atividade independente. Assim, em 1614 foi realizada na Bahia o que seria a primeira feira de gado; evento que, mais tarde, se espalharia pelo país mesclando a pecuária e a agricultura.

Uma das raças que ganhou espaço no Nordeste foi a zebuína sindi. Essa raça possui décadas de evolução natural e, no Brasil, começou a ser criada na entrada do século XX. Oriunda das regiões dos desertos de Sind – território indiano e posteriormente anexado ao Paquistão – a raça se adapta bem a regiões extremas de clima quente, como o Nordeste brasileiro.

Qual a importância da criação de gado para a ocupação do interior do Nordeste?
Raça Sindi

Os animais, rústicos e de pequeno porte, são menos exigentes quanto à alimentação, sendo ideais para regiões com recursos alimentares limitados, nos quais seria difícil manter animais de grande porte que exigem alimentação balanceada. Assim, o sindi apresenta boa aptidão tanto para corte quanto para leite.

Alguns especialistas apontam que o Nordeste pode ser a nova fronteira agropecuária do país. Se o clima era uma preocupação, aos poucos essa ideia vai se dissipando, tendo em vista que em outras regiões, como no Centro-Oeste, há locais que passam meses sem chuvas, e mesmo assim a pecuária bovina é bem desenvolvida.

Com isso em vista, a aposta é em uma alimentação baseada em plantas resistentes à falta de chuvas, como algumas espécies de sorgo.

Qual a importância da criação de gado para a ocupação do interior do Nordeste?

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Pecuária Municipal de 2019, o Nordeste registrou um crescimento na pecuária. Segundo a pesquisa, o rebanho nordestino é, dentre as cinco regiões, apenas o quarto maior do país; porém, o que mais cresceu em relação a 2018.

A região saltou de 27,8 milhões de cabeças para 28,6 milhões, um aumento de 2,88%, com a maior parte concentrada na Bahia (10,2 milhões) e no Maranhão (8,0 milhões). Nas regiões Centro-Oeste e Norte o crescimento do rebanho foi de 0,27% e 1,43%, respectivamente. Já no Sul e Sudeste, nesse mesmo período, houve queda de 2,68% e 0,27%, respectivamente.

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Por que a pecuária foi importante na ocupação do interior do Brasil?

Além de servir para o abastecimento da população, a atividade pecuarista também consolidou um próspero comércio de eqüinos e muares usados para o transporte de pessoas e mercadorias. Geralmente, eram organizadas feiras em alguns centros urbanos do interior onde esses animais eram negociados.

Qual a relação da pecuária bovina com a ocupação do interior do Nordeste?

Afinal de contas, o gado acabava ocupando um espaço que era originalmente reservado ao desenvolvimento da economia açucareira. Com o passar do tempo, a criação de gado passou a ocupar regiões do interior do território que não interferissem na produção de açúcar do litoral.

Qual a relação da criação de gado com desbravamento do interior brasileiro?

A criação de gado surgiu como atividade complementar à produção de açúcar. Mas, apesar de sua posição secundária e acessória, desempenhou um grande papel no desbravamento, conquista e povoamento do interior brasileiro. O gado foi introduzido no Brasil ao se iniciar a colonização oficial.

Qual era o objetivo da ocupação do Nordeste?

A região interior do Nordeste foi ocupada com a atividade de criação de gado. Esta atividade econômica era complementar à produção açucareira. Além da produção de carne e leite, o gado era usado como transporte de cargas e também para movimentar os engenhos (máquinas) de moer a cana-de-açúcar.