Quais são os principais erros cometidos na implantação dos sistemas de medição de desempenho?

            A Acreditação de Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde (OPSS) pela ONA – Organização Nacional de Acreditação, tem sido cada vez mais almejada pelas instituições de saúde. Segundo notícia publicada no site da ONA em setembro de 2017, eram 602 instituições com certificações válidas no País, o que corresponde a um crescimento em média de 20% ao ano, de acordo com as informações de André Ruggiero, Superintendente Administrativo Financeiro da entidade.

            Esse aumento crescente das certificações traz um novo nível de atendimento esperado por essas organizações e coloca os gestores das OPSS numa posição que, se não mudarem seus níveis de gestão e atendimento também, vão ficar cada vez mais defasados no mercado, podendo até se extinguir.

Se você está a frente da gestão ou mesmo se o Projeto ONA “caiu” no seu colo, você vai querer conhecer os principais erros que as instituições de saúde cometem ao buscar esta tão sonhada Acreditação. Conheça-os a seguir:

ERRO 1 – Iniciar o projeto na “Sala da Qualidade”

Também poderíamos dizer, “na pessoa da Qualidade”. Bom, para começar, Qualidade não se faz numa sala nem tampouco uma única pessoa pode carregar sozinha esta bandeira.

O principal problema aqui é que tem pouca gente envolvida no processo, e se você perguntar para o restante da equipe da instituição, ninguém sabe direito o que “o pessoal da Qualidade” está fazendo, só sabem que “é pra atender essa tal de ONA“. O resultado disso, a médio e longo prazo, são as inúmeras queixas que ouvimos sobre a “falta de engajamento do pessoal“. Também pudera, ninguém vai se comprometer com o que não conhece bem ou não sabe a importância.

ERRO 2 – Ignorar o fator CULTURA

Eu diria que este é o fator determinante para o sucesso de qualquer projeto nas organizações de saúde, não só para implantação da ONA. Tornam-se insustentáveis todos os padrões, processos e políticas de qualidade e segurança, se não houver primeiro a cultura de qualidade e segurança. Estes dois itens (qualidade e segurança) se não estiverem “correndo nas veias” das pessoas, nunca serão, de fato, implementados e cumpridos.

Afinal, o que isso quer dizer? Significa que, antes de estabelecer meta de prazo para obtenção da Acreditação, você precisa avaliar o fator cultura. Sem cultura de qualidade e segurança, você pode ter os processos e padrões mais perfeitos do mundo, mas provavelmente, não serão cumpridos.

ERRO 3 – Buscar incessantemente os “Modelos Prontos”

Este é o erro mais clássico de todos e que mais de 80% das instituições de saúde cometem. Os tais “Modelos Prontos” nada mais são do que documentos previamente formatados e preenchidos por alguma instituição já acreditada, distribuídos para quem está no processo de implementação.

A grande questão aqui é que muito raramente as pessoas utilizam estes modelos para ter insights e estabelecer melhorias nos seus processos (que é o correto a se fazer). Ao contrário, a arrasadora maioria faz o famoso copia e cola, mudando somente o nome e o logo da empresa, afinal de contas o “pessoal da qualidade está pressionando e temos que cumprir o prazo da certificação“.

Mas qual é o problema de utilizar os “Modelos Prontos“? Nenhum! Desde que você faça uma leitura detalhada do conteúdo, adapte para a realidade da sua organização e, principalmente, não faça isto sozinho numa sala, mas sim envolvendo as pessoas!

ERRO 4 – O propósito da Acreditação é o Certificado

Na minha opinião, este é o erro que torna qualquer projeto fadado ao fracasso antes mesmo de iniciar. Vejo inúmeras instituições buscando a Acreditação pelo Certificado na parede, para impor “respeito na concorrência“, mas não pelo propósito de efetivamente melhorar sua gestão e oferecer um atendimento mais qualificado e seguro aos clientes.

Quando isso ocorre, as consequências são as mesmas para todas as instituições: clientes insatisfeitos, funcionários que falam mal da empresa, lideranças que não são exemplo. Nem preciso dizer o quão insustentável isto se torna ao longo do tempo, afinal de contas, apesar de ser somente um certificado na parede, os clientes, funcionários e outras partes interessadas vão cobrar veemente a referida qualidade que “aquele papel na parede” está atestando. Eu diria que neste caso, seria melhor não tê-lo, pois o esforço para sustentar algo “falso” é triplamente maior do que aquilo que é praticado verdadeiramente por todos na organização.

A Acreditação ONA é desafio de todos

Minha experiência há mais de 10 anos na consultoria mostrou que esses erros são muito comuns nas instituições de saúde e têm muita relação com o perfil da liderança que se encontra à frente da Gestão.

As organizações que aprendem com estes erros e humildemente reconhecem que os “atalhos” nem sempre levam ao melhor caminho, conseguem dar uma verdadeira guinada na gestão e tornam os projetos (qualquer projeto) desafio de todos, e então há uma sincronia de “discurso e prática” que permite um ambiente favorável à colaboração e melhoria contínua.

1º postagem em 07/02/2019.