Quais foram as consequências da quebra da Bolsa de Valores para a economia?

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Umcrash na bolsa não afeta apenas os investidores. Pode ter efeitos no orçamento familiar. Mesmo que nunca tenha comprado ações e não acompanhe as subidas e descidas da bolsa de valores, é importante perceber quais as potenciais consequências de um episódio semelhante.

Quando se fala em crash da bolsa, provavelmente lembra-se do que aprendeu sobre a queda da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, e sobre a Grande Depressão que se seguiu. Mais tarde, em 1987, deu-se um novo susto numa segunda-feira negra, quando, numa única sessão, o índice Dow Jones (baseado na cotação de 30 das mais importantes empresas dos Estados Unidos) caiu mais de 22%.

E, já no século XXI, tivemos a crise financeira de 2008 que, embora não tendo registado um crash da bolsa, teve repercussões globais. A pandemia e, mais recentemente, a Guerra na Ucrânia, trouxeram receios de novas quebras abruptas.

Mas afinal, o que é um crash da bolsa? E o que o torna tão assustador?

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O que é o crash da bolsa?

Na bolsa de valores são negociadas ações a uma determinada cotação. As oscilações nas cotações são normais e fazem parte das regras do mercado. Um conflito, um escândalo ou uma pandemia podem provocar a descida do valor das ações de determinada empresa e a subida de outras.

Ora, o que acontece num crash é que o preço de praticamente todas as ações cotadas na bolsa sofre uma queda repentina e vertiginosa. Ou seja, há mais investidores interessados em vender do que em comprar. E, quando assim é, a bolsa, que vive da oferta e da procura, entra em colapso (crash, em inglês).

Foi o que aconteceu a 24 de outubro de 1929, quando cerca de 70 milhões de ações foram postas à venda na bolsa de Wall Street sem que tenha existido interesse em comprá-las. Nesse dia, que ficou conhecido como quinta-feira negra, muitos investidores perderam senão todo, grande parte do seu património. As ações que detinham passaram a nada valer.

As consequências não tardaram a ser sentidas um pouco por todo o mundo. Muitas empresas perderam valor e as falências, quer de empresas quer de bancos, sucederam-se. O desemprego aumentou e o poder de compra diminuiu, o que por sua vez, levou a uma menor procura e a um cenário de deflação (descida de preços), arrastando outros setores para essa crise.

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Inflação, deflação e estagflação: quais as diferenças?

São três conceitos relacionados com os preços, mas com efeitos bastante mais abrangentes na economia e nos orçamentos familiares:

  • A inflação diz respeito a uma subida generalizada dos preços;
  • A deflação é o movimento contrário à inflação. Isto é, regista uma descida de preços durante determinado período.
  • A estagflaçãocombina inflação, estagnação económica e aumento do desemprego.

Um crash na bolsa tem igualmente impacte no sistema financeiro. A queda de 1929 deu lugar a uma crise do sistema bancário. Com medo de perderem os seus depósitos, muitos clientes começaram a levantar o seu dinheiro, o que colocou sérias dificuldades à solvência dos bancos.

Recorde-se que o objetivo do fundo de garantia de depósitos, a que os bancos nacionais estão obrigados, é justamente assegurar as poupanças até determinado limite.

Com origens diferentes, relacionadas sobretudo com o mercado imobiliário, também a crise de  financeira de 2008, da qual a falência do Lehman Brothers é o maior símbolo, redundou numa crise económica. À crise económica seguiu-se uma crise das dívidas soberanas, levando mesmo ao resgate de vários países, incluindo Portugal, que culminou com a intervenção da famosa troika.

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Um crash na bolsa tem impacte internacional?

Em 1929 a queda da bolsa levou à Grande Depressão, uma época marcada pela crise e elevados níveis de pobreza e desemprego nos EUA. Neste país, a produção industrial caiu 47% e o PIB teve uma quebra de 30%. Os efeitos desta crise fizeram-se sentir noutros países, como o Reino Unido, França e Alemanha, mas também em economias mais distantes, como o Japão ou o Brasil.

Hoje, com a globalização da economia, um crash numa grande bolsa mundial tem um impacto ainda maior. Não só porque as empresas têm um alcance global (sendo também mais fácil para os investidores terem acesso a ações de outros países), como pelo chamado efeito de contágio.

Um novo crash na Bolsa de Nova Iorque, por exemplo, seria capaz de gerar pânico entre os investidores de Londres ou de Tóquio. Com o mercado a ser inundado de ações sem terem comprador, também estas bolsas entrariam em queda. E, neste contexto, ninguém estaria interessado em investir. Ou seja, a queda de uma bolsa de valores pode precipitar outras quebras, até porque o estado de espírito dos investidores é afetado pelo que se passa noutros países.

Bull vs. Bear: o que significa?

Qual a relação entre um touro (bull), um urso (bear) e a bolsa? O bull e o bear definem o estado da economia, mas também o comportamento dos investidores em determinado contexto. Obull market refere-se a um momento de otimismo no mercado, em que as ações sobem e os investidores estão confiantes.

Geralmente isto reflete uma economia próspera.

Num bear market existe pessimismo ou receio e o preço das ações baixa (mais de 20%) o que pode significar que a economia atravessa uma fase menos boa.

Conheça estes e outros termos sobre a bolsa neste artigo.

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Pode haver um crash da bolsa em breve?

O receio de um novo crash na bolsa é recorrente. Em 2022 já se registaram alguns momentos de apreensão entre os investidores. O início da guerra na Ucrânia causou alguma preocupação nos mercados e, já em junho, com a subida da inflação nos Estados Unidos, registaram-se descidas significativas nos principais índices bolsistas. O 13 de junho foi um dia de pouca sorte para muitos investidores, que sofreram perdas significativas com esta queda do preço das ações.

Apesar da alguma recuperação no dia seguinte, uma eventual subida nas taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana causou apreensão durante essa semana, deixando o mercado em modo bear, isto é, bastante cauteloso.

Num contexto de guerra, inflação e aumento das taxas de juro, o mercado bolsista tem tendência a refletir o receio de uma nova crise global.

Em Davos, na reunião do Forum Económico Mundial, um dos pontos na agenda foi, justamente, a eventualidade de uma recessão e quão severa poderá ser.

“O horizonte escureceu”, admitiu Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI). Rússia, recessão e taxas de juro foram três das preocupações dos especialistas reunidos nesta cimeira que, no entanto, parecem acreditar que, caso surja uma nova crise, não será pior do que as anteriores.

Um novo crash da bolsa poderá não ser tão grave como o que ocorreu há quase 100 anos mas, tudo dependerá do grau de resiliência das economias.

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Quais foram as consequências da quebra da Bolsa para a economia mundial?

As principais consequências da Crise de 1929 foram o desemprego em massa, a falência de várias empresas, tanto do setor industrial quanto do setor agrícola, e a pobreza, que assolou grande parte da população americana.

Quais as consequências da quebra da Bolsa de Valores para o Brasil?

Resposta: - A Crise de 1929 (Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque) se espalhou para vários países do mundo, gerando fortes crises econômicas, desemprego, falências de empresas e problemas sociais. Inclusive o Brasil sofreu sérias consequências econômicas com a diminuição das exportações, principalmente de café.

Quais as consequências da crise de 1929 para a economia brasileira?

A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café.

O que foi a crise da Bolsa e suas consequencia?

A crise começou com a Quebra da Bolsa de Valores de Nova York, dissolvendo toda a euforia que caracterizou a década de 1920 nos Estados Unidos. Uma das principais consequências da crise foi o agravamento dos problemas sociais, como o aumento da pobreza entre os norte-americanos.