Quais as vantagens para o Brasil de se ter o modal ferroviário operacional?

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é trazer para você meu caro leitor um panorama da situação de infraestrutura logística no Brasil com relação a um assunto que costumo falar em minhas postagens sobre modais de transporte.

Vou focar no modal ferroviário, pois percebo que muitas conexões se interessam pelo fato de ser um modal que ajudaria muito nosso país, de dimensões continentais, com a maioria dos bens produzidos de baixo valor agregado, podendo diminuir custos logísticos operacionais de forma considerável.

A adoção de estratégias assertivas na utilização de planos de ação que se utilize de operações entre modais diminui custos e reduz tempos, colaborando no desenvolvimento da nação, através da produção mais competitiva, que gera riqueza, emprega mão de obra, distribui renda e gira o ciclo da economia nacional.

Com base em pesquisa realizada pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) o custo de produção no Brasil chega a ser 36% superior a outros países, devido a carga tributária, logística, custos financeiros e burocracia.

A Logística com seus custos operacionais em função do mau uso do modal ferroviário no Brasil é definida por Novaes (2006, p.36), como o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.

Desta forma, percebe-se que a logística vai muito além de levar materiais acabados de um ponto ao outro, da forma correta, no prazo combinado, satisfazendo os desejos do consumidor final; mas também aproxima todos os elos da cadeia de valor, agregando vantagens.

Por isso tudo, é necessário fazer opções entre modais disponíveis para que a influência pela escolha tenha impacto direto em qualidade e quantidade nas operações logísticas.

Atualmente o Brasil adotou o modal rodoviário como principal, deixando de lado outros modais que poderiam ser melhor explorados, analisando custos, características operacionais, adequando a certos tipos de operações e de produtos com versatilidade e rapidez.

Para Martins (2001, p. 25) o custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Grandes partes desses custos estão representados pelos transportes no Brasil, o que nos diferencia muito com relação a outros países também referências em logística.

Segundo Guimarães (2010, p. 5), o custo de transporte subiu em média 147% no Brasil, entre 2003 e 2008, enquanto a inflação foi de 48%. Nos EUA ficou em torno de 16% e na Argentina 35%, ou seja, bem abaixo dos patamares no Brasil.

Muitos atores contribuem para este resultado nacional, como: estradas sem condições de tráfego por conta de falta de manutenção, precárias malhas ferroviárias e o fato do agronegócio se afastar do litoral, estando mais distantes e infraestrutura precária.

Tendo a parte da produção de grãos (35%) vindas do Centro Oeste do país, percebe-se que esse canal é exportado por portos do Sul e do Sudeste, sem contar a perda que ocorre no transporte rodoviário que pode chegar a 60 kg por carregamento.

Segundo a Agência Estado, com base no estudo da LCA Consultores, que teve como fonte o Relatório Econômico Mundial de 2009/2010, o Brasil ficou na 17ª posição entre 20 países referente à qualidade da infraestrutura. Em uma escala de 1 a 7, através de questionário respondido por empresários, o Brasil ficou com nota 3,4, abaixo da média mundial de 4,1, ficando muito distante do topo do ranking. Seu pior ranking foi em infraestrutura portuária com 2,6 e referente à estrutura ferroviária só não ficou pior do que a Colômbia.

O modal ferroviário brasileiro corresponde a 25%, sendo que 10% da malha são utilizadas pela Vale do Rio Doce, restando 15% para demais atividades, enquanto que em outros países com as mesmas características, utilizam 50% da malha ferroviária em suas operações logísticas. Este modal tem custo menor do que o rodoviário, é mais seguro, causa menor impacto ambiental e quando interligado a outros modais, reduz custos logísticos. Cada vagão é capaz de carregar o que equivale a três caminhões de 35 TON.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

O modal ferroviário apresenta hoje no país 30.000 km de ferrovias para tráfego, de uma densidade ferroviária de 3,1 metros por km, mas apenas 2.450 km são eletrificados.

Suas vantagens são a capacidade de transportar grandes quantidades, por distâncias maiores, com valores de fretes baixos e pouco consumo energético.

Suas desvantagens são alto custo no transbordo, tempo de viagem elevado e a necessidade de outro modal para a entrega no porta a porta.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT, 2007), as locomotivas e os trilhos são adquiridos no exterior, levando a indústria nacional a aumentar seu índice de ocupação.

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Ferroviários (ANTF, 2010), as Concessionárias das Malhas Ferroviárias têm como responsabilidades as seguintes medidas de investimento:

=>Melhoria na condição operacional da via permanente das malhas;

=>Aquisição de material rodante e recuperação da frota atual;

=>Introdução gradual de novas tecnologias;

=>Parcerias com clientes e operadores;

=>Capacitação empresarial e aperfeiçoamento profissional;

=>Ações sociais com campanhas educativas, preventivas e de conscientização.

ACIDENTES NO MODAL FERROVIÁRIO

Em números absolutos, o Brasil vem contabilizando a cada ano, em média, 845 acidentes ferroviários, com 216 feridos graves e 105 mortes. Com o anúncio e implementação de novos projetos ferroviários, a importância da segurança ainda é pouco discutida, mas tende a ganhar mais relevância.

Conforme Lima e Pasin (1999), a evolução do desempenho das ferrovias privatizadas pode ser analisada de forma simplificada, a partir de três óticas:

=>A do usuário, que busca a redução dos preços e melhoria do nível dos serviços oferecido;

=>A do prestador de serviços, que busca a saúde financeira da empresa e a remuneração dos seus acionistas;

=>A do Governo, que visa melhorias sociais e econômicas ao país a partir de maior eficiência de seu sistema de transportes.

Evitar acidentes ferroviários é obrigação das concessionárias, comunidade e do Governo, que através de estratégias bem aplicadas, tentarem diminuir e até mesmo acabar com consequências drásticas.

Alertando também para o desrespeito à sinalização e a falta de conhecimento das pessoas sobre os transtornos financeiros causados aos cidadãos e as concessionárias, com perdas de vidas, riscos econômicos e ecológicos que podem ser evitados.

Segundo laudos de acidentes ferroviários, algumas das principais causas são: excesso de velocidade, imprudência do maquinista, falta de sinalização ativa, pouca visibilidade rodoviária e alto fluxo de trens/carros.

Analisando os acidentes ferroviários, chega-se também a sérias consequências conclusivas para os custos operacionais, como: de manutenção envolvidos em efeito cascata, de oportunidade, pelo não recebimento da matéria prima devido a parada da atividade produtiva.

O risco justifica a intervenção urbana e habitacional quanto às moradias que são construídas próximas de áreas de domínio ferroviário. Ações pautadas apenas na questão habitacional e de infraestrutura não são suficientes se as relações sociais também não são consideradas.

Considerado um modelo próprio de ocupação informal no Brasil, um contingente populacional se instala em áreas desprestigiadas, tornando-se locais com alto potencial de ocupação, livres de ações de reintegração de posse ou fiscalização.

Algumas decisões de gestão de reassentamento e realocação no Brasil foram influenciadas pela ideologia higienista, passando pela técnica objetivista até chegar à democrática orientada pelas Políticas Urbanas do Ministério das Cidades.

No caso das Ocupações e Faixa de Domínio de Ferrovias (OFDF), o restabelecimento da Faixa de Domínio de Ferrovia (FDF) é imperativo. Segundo classificação do extinto Ministério das Cidades (Mcidades), as OFDF são áreas não consolidáveis por se tratar de terreno ocupado e identificado como impróprio, haja vista ser uma área não edificante. (BRASIL, 2010).

FATORES DETERMINANTES PARA A INTERMODALIDADE

Outra especialidade do transporte ferroviário está relacionada com as características do manuseio de cargas e com os volumes transportados. No caso de produtos a granel (grãos, minérios, fertilizantes, combustíveis), pode-se construir terminais de carga e descarga bastante eficientes, empregando vagões apropriados que permitem agilizar as operações, barateando os custos. (Novaes, 2007, p. 246).

O transporte ferroviário é mais eficiente em termos de custos operacionais, caracterizando-se em transporte de grandes volumes, por longas distâncias, ao menor custo possível e impacto ambiental.

Existem três fatores importantes que devem ser considerados para um bom planejamento dos transportes que levará a uma infraestrutura moderna, que atenderá às demandas do país, incrementando a produtividade e bem estar da população (IPEA – Logística e Transportes do Brasil, 2016),

=>Fluxos nas diversas ligações de rede de nível de serviço atual, nível de serviço desejado, características da carga, tipos de equipamentos disponíveis e suas características e os princípios à aplicação do enfoque sistêmico;

=>Características da carga: relação entre peso e volume, densidade média, dimensão, tipo do veículo, grau de fragilidade, perecibilidade, estado físico, assimetria e compatibilidade entre cargas diversas;

=>Perfil da carga: escolha do modal mais adequado, a rota mais eficiente (origem e destino) e tempo previsto.

Fonte: ANTAQ

O usuário do transporte tem uma faixa de serviço a sua disposição, todos girando em torno dos cinco modais básicos (aquaviário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e dutoviário). A variedade de serviços de transportes é quase ilimitada: os cinco modais podem ser usados em combinação. Dentre essas escolhas, o usuário seleciona um serviço ou combinação de serviços que forneça o melhor equilíbrio entre qualidade oferecida e o custo do serviço. (BALLOU, 2001).

OS GARGALOS FERROVIÁRIOS

A utilização das ferrovias em nosso país apresenta índices desfavoráveis, destacando-se pelo seu desenvolvimento ao longo do tempo, com pouco investimento e nenhum planejamento. Esses problemas ao longo da linha férrea são os gargalos que decorrem das passagens de nível e das invasões, afetando a segurança da população e concessionária, colocando-se como questão prioritária e de especial atenção.

Tais habitações que eram destinadas a funcionários das ferrovias não comprometiam a operacionalidade, entretanto o desenvolvimento das cidades provocou a ocupação de espaços aparentemente livres para a construção desordenada.

O crescimento da população urbana decorrente da migração da “população rural” para grandes cidades provoca a ocupação imprópria das Faixas de Domínio das Ferrovias, se tornando um problema sério para habitantes nesses locais.

Essa invasão é praticada pela população de baixa renda, provocando situações de risco, determinando em providências que visem à minimização da ocorrência de acidentes, como a redução da velocidade das locomotivas, em função da sinalização precária.

Fonte: UOL

PROPOSTAS DA ANTF (Agência Nacional dos Transportadores Ferroviários) até 2022

A greve dos caminhoneiros em 2018 trouxe muitas reflexões sobre o assunto essencial no desenvolvimento do setor de transportes com uma matriz nacional equilibrada. Desde 1996, as concessionárias de ferrovias investiram mais de R$ 92 bilhões, com média de investimento anual de R$ 4,38 bilhões.

Fonte: UFJF

A capacidade do modal ferroviário de um vagão graneleiro é a mesma de 2,5 caminhões, além de transportar com 70% menos combustível contribuindo para um custo 52% mais barato e 66% menos poluente.

Fonte: UFJF

Houve melhora na eficiência da operação e crescimento no setor, mas ainda muito pode ser feito devido ao potencial do crescimento nacional, exigindo investimento das concessionárias e do Governo. Desta forma, dois pilares são fundamentais para a expansão da malha ferroviária:

1)Prorrogação dos contrato => de acordo com dados do Governo estão previstos investimentos de R$ 25 bilhões. Recursos responsáveis por obras para a expansão da capacidade da malha, duplicação das vias, contornos, construção e ampliação de pátios e terminais. Os investimentos também reduzirão as interferências urbanas, aumentando a segurança da população lindeira e o desenvolvimento de novas tecnologias.

2)Expansão da malha ferroviária => é importante que o Governo priorize projetos em curso, tecnicamente qualificados, mantendo o diálogo constante com diversos setores e sociedade.

CONCLUSÃO

Através deste cenário, é clara a percepção de que o Brasil precisa de mais investimento em sua matriz de transportes mais eficientes, de menor custo e com menores perdas. Atualmente a malha rodoviária é dominante e já sabemos que o ideal seria uma boa combinação intermodal.

No que se refere ao ferroviário, o Brasil é carente de investimento, os terminais intermodais oferecem pouco espaço para a malha ferroviária, os trens são de baixa qualidade, trafegando em velocidade lenta e com dificuldades no transbordo. Além disso, existem limitações no alcance da malha cobrindo pouco o território nacional, com problemas de direitos de passagem entre concessionárias e diferentes bitolas.

O planejamento logístico nacional para ser mais competitivo e ágil precisa de mapeamento do território, identificando as necessidades e peculiaridades, melhores pontos de escoamento e de encontro entre modais.

A solução está no equilíbrio entre os modais, sempre aproveitando suas melhores características para que o Brasil tenha condições competitivas em produtos e serviços oferecidos à população.

A ferrovia é basicamente um transportador de longo curso e um movimentador lento de matéria prima e de produtos manufaturados de baixo valor. As estradas de ferro oferecem uma diversidade de serviços especiais ao embarcador, desde a movimentação de mercadorias a granel até produtos que exigem equipamentos especiais. Outros serviços incluem serviço expresso para garantir a chegada dentro de certo tempo; privilégios de várias paradas que permitem carregamento parcial e descarregamento entre os pontos de origem e de destino; coleta e entrega; e diversificação e redespacho, que permitem um circuito de roteirização e mudanças no destino final de um embarque em percurso (BALLOU, 2001).

FONTES

http://www.revistas.fw.uri.br/index.php/revistadeadm/article/view/949

http://www.fatecjd.edu.br/lib/RETC_Edicao_08.pdf#page=42

https://revistes.upc.edu/index.php/SIIU/article/view/10192

https://repositorio.itl.org.br/jspui/handle/123456789/389

https://www.antf.org.br/

Quais as vantagens do transporte ferroviário no Brasil?

Ferroviário.
baixo custo, devido à baixa incidência de taxas e combustível mais em conta;.
capacidade alta de carga;.
mais segurança no transporte de mercadorias e menor risco de acidentes..

Quais são as vantagens do modal ferroviário?

Principais vantagens e desvantagens do modal ferroviário Baixo custo, uma vez que os combustíveis e taxas envolvem menos gastos; Alta capacidade de carga em comparação a outros tipos de modais de transporte; Mais segurança, com pouca incidência de roubos e menos possibilidades de acidentes.

Qual é a importância do modal ferroviário para o Brasil?

Além da malha ferroviária reduzir os custos na cadeia produtiva, fornecer produtos com valores mais acessíveis, auxiliar no processo de exportação e gerar empregos, ela corresponde a uma alternativa de transporte mais sustentável, comparada com caminhões e carretas, por exemplo.

Qual é a vantagem de implantar o sistema de transporte ferroviário?

Menor custo A inexistência de pedágios, o baixo custo de manutenção e a grande quantidade de cargas transportadas em uma viagem, faz desse modal uma vantagem econômica. Devido a isso, os produtos transportados pelas ferrovias tendem a ter menor valor de frete e, por consequência, serem mais competitivos no mercado.