Quais as consequências do crescimento demográfico para o meio ambiente?

A mudança climática é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta atualmente. Os seus efeitos já estão sendo sentidos - das tempestades intensas e do aumento do nível do mar à mudança de temperatura e padrões climáticos -, e tendem a piorar.

Embora atualmente prevaleça a visão de que o crescimento populacional seja uma ameaça direta à humanidade, este debate requer uma abordagem equilibrada, que reoriente o enfoque para o livre arbítrio dos indivíduos e a capacidade de colocar em prática suas escolhas.

Enquanto uma taxa acelerada de crescimento representa um desafio significativo para as políticas de desenvolvimento, taxas de crescimento lentas ou até mesmo negativas também podem colocar em risco a sustentabilidade de intervenções de políticas públicas que poderiam ser bem-sucedidas.

Além disso, não é possível desassociar as mudanças climáticas dos padrões de consumo das populações e os processos de industrialização e de produção para atender a essas demandas. Segundo dados do UNFPA, o crescimento populacional é a razão de 40% a 60% do crescimento das emissões, sendo o resto atribuído aos padrões de produção e consumo. Evidências também apontam que os gases do efeito estufa são emitidos principalmente pelas economias desenvolvidas e que são primariamente gerados pelos padrões não-sustentáveis de produção e consumo adotados pelos 20% mais ricos do mundo, e não pelo crescimento demográfico.

O desafio, portanto, é garantir o bem-estar dos 80% restantes da população mundial - como definido pela Agenda 2030 das Nações Unidas, “sem deixar ninguém para trás” -, sem reproduzir os mesmos padrões insustentáveis adotados pelos mais ricos, que demandariam recursos equivalentes a cinco vezes a capacidade de carga do nosso planeta.

Todos serão afetados pelas mudanças no meio ambiente, especialmente os mais pobres, vulneráveis e sem recursos para se adaptarem. Todas as comunidades precisarão desenvolver resiliência e sustentabilidade. E com a migração e a urbanização em uma escala sem precedentes, será preciso compreender como as populações estão mudando e planejando abordar as necessidades atuais e futuras das pessoas.

É necessária uma ação urgente para reduzir as emissões, mitigar e adaptar-se a essas alterações. Precisamos trabalhar questões populacionais junto à esfera do meio ambiente, visando um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável. Para isso, é necessário fomentar a discussão acerca do tema, incluindo temas de população na agenda do meio ambiente e superando a percepção de que o crescimento demográfico necessariamente entra em conflito com o meio ambiente.

O aumento da população não pode ser visto como a única ameaça ao meio ambiente. Um crescimento populacional mais lento ajudaria a médio e longo prazos, mas não seria suficiente. A sustentabilidade requer uma matriz de energias mais limpas e uma grande mudança nos padrões de produção e consumo, incluindo iniciativas que assegurem uma distribuição igualitária de bens e serviços. A tecnologia pode e deve ter uma função crucial nesse processo de mudança. Somente assim um crescimento populacional mais lento poderia desempenhar um papel relevante e positivo.

O UNFPA está trabalhando com governos e outros parceiros para entender melhor a dinâmica da população, como eles afetam a questões ambientais e como as pessoas podem se tornar resilientes diante dessas mudanças. Apenas com esse conhecimento, os formuladores de políticas podem enfrentar esses desafios mais graves.

A sobrepopulação tem vindo a ser reconhecida como a principal causa da maioria dos problemas ambientais, na medida em que o excesso de consumo está a ameaçar a sustentabilidade do planeta.

Em 1950 o número de população mundial era cerca de 2,5 mil milhões de habitantes, passando a 6 mil milhões no ano 2000. Apesar deste enorme aumento, a taxa de crescimento da população tem vindo a diminuir nos últimos 20 anos. Esta diminuição ainda não é visível com uma certa clareza pois grande parte das pessoas nascidas nos últimos 70 a 50 anos ainda se encontram vivas. De acordo com a Organização das Nações Unidas, prevê-se que a população mundial continuará a aumentar, alcançando os 11 mil milhões de habitantes até ao final do século. Estes dados permitem perceber a dificuldade de resolver os problemas associados à sobrepopulação, nomeadamente em relação à exaustão e consequente escassez de recursos naturais.

Nos países em desenvolvimento, a taxa de mortalidade tem vindo a reduzir bastante após o fim da Segunda Guerra Mundial, devido à implementação e promoção de campanhas de saúde pública e de vacinação, tendo como resultado uma redução significativa de doenças.

Nos países desenvolvidos, a sociedade tem vindo, gradualmente, a tornar-se mais urbanizada e menos dependente de grandes famílias, sendo assim as taxas de natalidade e mortalidade foram decrescendo proporcionalmente e as taxas de crescimento populacional não chegaram aos valores dos países em desenvolvimento (Figura 1).

Quais as consequências do crescimento demográfico para o meio ambiente?

Figura 1. Crescimento populacional ao longo dos anos (fonte: Our World in Data).

O crescimento populacional, que implica o crescimento das cidades e empurra animais para fora dos seus habitats que estão a urbanizar-se, terá, seguramente, impacto na biodiversidade, ainda que seja difícil de o mensurar.

Quais as consequências do crescimento demográfico para o meio ambiente?

Figura 2. Perda de habitat pela urbanização. Urso polar deambula no norte da cidade industrial de Norilsk, na Rússia, à procura de comida (fotografia de Irina Yarinskaya/Zapolyarnaya pravda newspaper/AFP)

O processo de urbanização teve como consequência a poluição dos recursos hídricos, da biodiversidade, do ar e do funcionamento dos ecossistemas. Os recursos hídricos, tais como os rios e as linhas costeiras, são as principais características procuradas na construção e expansão. As fontes aquáticas são alteradas para responder às necessidades das cidades, o que representou um custo para estes ecossistemas. Uma outra consequência é a eutrofização, que tem como consequência aumento do consumo de produtos químicos nutrientes nos recursos hídricos, que ocorrem devido à produção urbana de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa e poluentes que lavam as superfícies impermeáveis passando para os recursos hídricos. Este processo polui a qualidade da água e afeta os ecossistemas marinhos.

Para além da poluição dos recursos hídricos e da degradação da biodiversidade devido à sobrepopulação, a qualidade do ar também é afetada. A quantidade de poluição libertada para a atmosfera pelas fábricas, casas e automóveis é muito maior do que o ambiente pode suportar e a desflorestação aumentou significativamente a concentração de dióxido de carbono na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis.

A sobrepopulação é também uma questão crítica, na medida em um número crescente de pessoas requer mais alimentos e espaço, e os recursos são limitados. Para satisfazer as crescentes exigências, o Homem é forçado a explorar os recursos ao ponto de estes não se conseguirem repor à escala humana.

O aumento da procura por alimentos leva ao aumento da agricultura e pecuária, consequentemente, a terra é desmatada e cultivada, o que leva a erosão do solo. Como os agricultores tentam maximizar os seus rendimentos, o solo pode ser usado em excesso, levando à exaustão e perda da sua fertilidade. O sobrepastoreio é outro problema pois à medida que o número de cabeças de gado aumenta para satisfazer a procura crescente, o solo pode tornar-se estéril (Figura 3), o pode levar à desertificação se a região for relativamente árida ou semiárida.

Quais as consequências do crescimento demográfico para o meio ambiente?

Figura 3. Solos estéreis (fotografia de Johannes Plenio)

A superpopulação também leva à pesca em excesso, da mesma forma que leva à agricultura intensiva. Os pescadores são encorajados pelos lucros crescentes a intensificarem a sua atividade, explorando excessivamente as populações de peixes. O colapso da pesca do bacalhau na Terra Nova do Canadá é um exemplo bem conhecido de como práticas insustentáveis influenciadas pela sobrepopulação podem resultar no declínio ou extinção de certas espécies. Além disso, os processos pelos quais procuramos sustentar a crescente população estão associados a graves consequências ambientais.

Praticamente todas as tendências, biofísicas e socioeconómicas, sugerem que os níveis de fome, já elevados, só irão aumentar à medida que a população humana crescer e os seus sistemas de apoio à vida se degradarem. Embora o crescimento e a recolha de alimentos sejam a atividade mais importante da humanidade, o potencial problema alimentar é objeto de pouca atenção, quer por parte dos meios de comunicação social, quer por parte dos sistemas educativos.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC), as alterações climáticas terão um efeito desastroso sobre a natureza e “até 2080, os cientistas estimam que o número de pessoas que passam fome no mundo poderá aumentar entre 140 e mil milhões, dependendo da quantidade de gases com efeito de estufa emitidos nos próximos anos”.

Como o crescimento demográfico impacta o meio ambiente?

Os cientistas participantes apontaram o crescimento populacional como um grande responsável indireto pelo aquecimento global, pelo esgotamento de recursos, pela poluição e pela perda de biodiversidade.

Quais as consequências que o crescimento populacional pode trazer em relação ao meio ambiente?

Segundo o estudo, embora o aumento da população global contribua para a degradação ambiental, incluindo as mudanças climáticas, é o aumento de renda per capita que mais impulsiona o aumento da produção e do consumo e das emissões de gases de efeito estufa.

Quais são as consequências do crescimento demografico?

O crescimento acelerado da população mundial trouxe consequências para o meio ambiente, como desmatamento e esgotamento de solos, e também ampliou problemas sociais, como a fome, uma preocupação mundial que está associada à distribuição de riquezas.

Quais as preocupações causadas pelo crescimento demográfico com relação ao meio ambiente?

Segundo Hogan (1991), em seu artigo “Crescimento Demográfico e Meio Ambiente”, sabe-se que a pressão demográfica já foi responsabilizada por todos os males do mundo moderno, tais como: desertificação, fome, esgotamento de recursos, degradação ambiental, etc.