Quais ações de política monetária e fiscal o governo pode utilizar em uma política econômica contracionista?

Inflação e política fiscal

A política fiscal de um país pode afetar o nível de preços de diversas maneiras. A seguir serão descritos alguns canais pelos quais isso pode acontecer.

O canal principal pelo qual a política fiscal afeta a inflação é a atividade. A política fiscal afeta a atividade diretamente. Quando se situa no campo expansionista, com resultado primário cadente em relação ao período anterior, a política fiscal faz o PIB crescer mais (pelo menos no curto prazo). A elevação dos gastos do governo aumenta diretamente a demanda agregada, enquanto uma menor taxação leva a aumento da renda disponível, incrementando o consumo e os investimentos privados. Esse aumento de crescimento do PIB torna o hiato do produto mais positivo, em especial diminuindo a taxa de desemprego, o que leva a inflação a subir devido a reajustes de preços (em especial salários). Quando a política fiscal é contracionista (com queda de gastos ou aumento de impostos), o contrário ocorre.

É importante destacar, no entanto, que uma política fiscal contracionista baseada em aumento de taxação pode levar a um aumento de preços no primeiro momento. Os empresários podem repassar o aumento de custos ocasionado pela maior taxação para os seus consumidores, o que eleva os preços. Esse aumento de preços impacta a inflação no momento inicial e pode ter efeitos de segunda ordem, levando a aumento da inflação de forma mais permanente. Depende se o aumento de preços devido à taxação é incorporado nas expectativas de inflação de forma permanente – o que, por sua vez, depende do ponto em que o hiato do produto está no momento da mudança de taxação e da perspectiva em relação à política fiscal no futuro. Um exemplo disso foi a queda de impostos sobre automóveis praticada pelo governo Dilma em 2012. O efeito inicial foi de queda de preços e inflação menor, porém isso não se sustentou, com a inflação voltando a subir, uma vez que a política fiscal na época era expansionista e havia a perspectiva de que os impostos deveriam voltar a subir depois para corrigir isso (o que efetivamente ocorreu). Um aumento de impostos na situação atual da economia brasileira que não fosse suficiente para retirar a política fiscal da zona expansionista poderia fazer a inflação subir tanto no curto prazo (pelo realinhamento de preços) quanto no longo prazo (o aumento de preços seria incorporado às expectativas devido à inércia e à perspectiva de que política fiscal ainda permaneceria expansionista e necessitando de mais aumentos de impostos no futuro).

Outro canal pelo qual a política fiscal pode afetar o nível de preços é a sustentabilidade da dívida. A teoria que descreve isso é chamada de Teoria do Nível de Preços Fiscal (Fiscal Theory of Price Level). Essa teoria diz que uma política fiscal insustentável no tempo (com seguidos déficits primários estruturais) resulta numa aceleração da inflação, que pode até se mostrar explosiva. A lógica por trás disso já foi descrita em outro artigo de “Explicando o economês”, sobre dominância fiscal. Quanto mais alta a dívida pública, mais difícil será sua sustentabilidade em patamares razoáveis ao longo do tempo, com o mercado exigindo juros maiores para rolar a dívida, que sobe tanto pelos déficits estruturais quanto pelos juros. Em algum momento, o governo pode se ver impossibilitado de rolar a dívida. Ou ocorre um calote, que tem como consequência aumento de prêmios de risco e depreciação cambial (que resulta em aumento de inflação) ou o governo decide pagar suas obrigações através da impressão de dinheiro (que também resulta em aumento de inflação). Dessa forma, a preocupação do mercado financeiro com as contas fiscais brasileiras – o aumento vertiginoso da relação dívida pública/PIB – é justificado, e tem influência nas expectativas de inflação.

Quais ações de política monetária e fiscal o governo pode utilizar em uma política econômica contracionista?

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Para controlar a oferta da moeda em circulação no país, o Governo adota uma política monetária restritiva ou expansionista. A ideia é ter um recurso que possa manter a inflação em equilíbrio. Ou seja, que não seja elevada demais, mas que também não seja muito baixa.

Outra questão é ter um controle sobre a taxa de juros. Esse índice, junto à inflação, pode ser utilizado tanto para estimular como para desestimular a economia. Assim, as medidas são fundamentais para o país.

Está interessado em saber qual a importância da política monetária e como ela funciona? Continue a leitura e entenda os conceitos de política monetária restritiva e expansionista!

Qual a importância da política monetária para a economia?

A política monetária tem como objetivo gerir a economia por meio de um controle sobre o volume de dinheiro em circulação no país. Desse modo, é uma política que atua sobre os índices de inflação e taxa de juros.

Logo, esse é um instrumento importante para conter cenários de crise ou para manter a estabilidade econômica. São medidas que afetam o consumo, a produção industrial, empregos e outras atividades econômicas, tendo reflexos na alta ou baixa do Produto Interno Bruto (PIB).

Quando se fala em política monetária, é preciso pensar em ações com efeitos macroeconômicos. Portanto, afetam a vida dos cidadãos, especialmente para quem acompanha o mercado — como os investidores brasileiros.

Como funciona a política monetária no Brasil?

No Brasil, a política econômica é realizada pelo Banco Central (BC), uma autarquia federal que é composta por diversos órgãos internos. Além disso, as medidas do BC são normatizadas pelo Conselho Monetário Nacional.

Existe também o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), órgão do BC responsável pela definição da taxa de juros no país. É a taxa básica de juros, a Selic, que serve como referência para o controle da inflação e de outros índices econômicos.

Para entender como funciona política monetária no Brasil, também é importante conhecer três instrumentos utilizados pelo Governo:

  • open market — operações de compra ou venda de títulos públicos federais por instituições bancárias;
  • redesconto — empréstimo do BC para as instituições financeiras, com taxas que podem estar abaixo, iguais ou acima das praticadas no mercado, dependendo do objetivo.
  • depósito compulsório — recolhimento que instituições bancárias fazem de um percentual sobre os valores depositados por clientes.

Agora que você já acompanhou como funciona e quais instrumentos de política econômica o Governo pode utilizar, chega a hora de conhecer a política econômica restritiva.

Ela é um conjunto de medidas que visam controlar a disponibilidade de dinheiro em circulação na economia. Isso ocorre quando o país está em crescimento, no entanto com a inflação subindo demais.

Para conter o índice, uma medida é aumentar a taxa de juros. Isso porque ficará mais caro consumir e, dessa maneira, haverá uma diminuição da circulação de dinheiro na economia.

Nessa situação, o Governo pode se valer do open market para vender os títulos públicos. Ele também pode elevar o depósito compulsório, exigindo taxas mais altas dos bancos, a fim de reduzir a disponibilidade de dinheiro.

Por que conter a inflação é necessário?

Como você viu, o controle da inflação impacta o consumo e, consequentemente, as atividades econômicas e o PIB. Pode parecer estranho o Governo agir para impactar o PIB negativamente, concorda?

Entretanto, a alta da inflação traz incertezas para a economia e pode gerar outros efeitos ruins para o país. Entre eles, estão a redução do poder de compra da população e a elevação excessiva do câmbio, desvalorizando a moeda nacional e dificultando as importações do país.

Nesse contexto, tem ainda o fato de muitas empresas não conseguirem crescer, sendo que aquelas com capital aberto na bolsa brasileira (B3) podem ter dificuldade em atrair investidores. Como as incertezas na economia afetam o mercado financeiro, o Governo age para prevenir isso.

O que é política monetária expansionista?

Acabamos de ver que a política monetária restritiva é utilizada para frear a inflação. No entanto, é possível que o Brasil viva um cenário oposto, com uma inflação muito baixa. Nesse caso, entra em cena a política monetária expansionista.

Enquanto a primeira estratégia visa conter o consumo, essa age de modo contrário. O objetivo é estimular a economia, de forma que tenha mais dinheiro esteja circulando. Ou seja, aumentando a liquidez.

A explicação é a seguinte: quando o índice da inflação fica muito baixo, há uma tendência de as pessoas esperarem para consumir, com a expectativa de sempre comprar por um valor menor. Com o tempo, isso se reflete na redução da demanda, afetando as atividades econômicas do país.

Esse é um contexto em que se reduz a taxa de juros, ampliando o acesso ao crédito para incentivar a população a comprar. Além disso, o Governo passa a utilizar o instrumento de open market para adquirir títulos públicos dos bancos e pode ainda diminuir as taxas de depósito compulsório.

Ele também pode adotar uma postura mais flexível com o redesconto, ampliando o prazo para as instituições bancárias. Então, é possível injetar mais recursos na economia para estimular o consumo, aquecer a atividade econômica e elevar o PIB.

Em quais cenários cada alternativa é utilizada?

Ao longo do artigo, você viu como a política monetária é a forma de o Governo controlar a inflação e a taxa de juros. Desse modo, dependendo do cenário da economia, é adotada a política restritiva ou expansionista.

Também foi possível ver que o uso delas depende do cenário econômico. A política restritiva é utilizada especialmente em momentos em que a inflação está muito elevada. Já a expansionista se volta para cenários de deflação ou para contornar crises.

No Brasil, devido à grande oscilação observada na economia, geralmente é preciso se valer da política restritiva e expansionista em um curto período. Já em países com economias mais fortes, a adoção de uma política econômica monetária costuma ser mais duradoura.

Gostou de acompanhar esses conceitos de macroeconomia? Conhecer a política monetária restritiva e expansionista é importante para entender como o Governo pode agir e quais são os impactos das medidas para o mercado e para a sua vida!

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Quais ações de política monetária e fiscal o governo pode utilizar em uma política econômica expansionista?

Política monetária expansionista: redução da taxa básica de juros, do recolhimento compulsório e da taxa de redesconto; Política cambial expansionista: compra de moeda estrangeira pelo Banco Central; Política fiscal expansionista: redução de tributos, aumento dos gastos governamentais (como os investimentos) etc.

São ações de uma política monetária contracionista?

A política monetária contracionista é realizada quando acontece o inverso, ou seja, a diminuição do PIB e do consumo dentro de uma economia. O Banco Central aumenta a taxa de juros, reduzindo a moeda dentro do fluxo econômico e, com isso, a redução da inflação devido a diminuição da demanda.

São exemplos de políticas monetárias contracionistas?

Política Monetária Contracionista O Banco Central aumenta a taxa de juros para diminuir a demanda por crédito junto aos bancos, reduzindo a circulação de moeda da economia e, com isso, a redução da inflação devido a diminuição da demanda.

Quais são as medidas contracionistas?

Política Contracionista é um conjunto de medidas feita pelo Governo, com o intuito de diminuir o alto crescimento do mercado econômico, além de controlar inflação e circulação de moeda.