Porque monóxido de carbono leva a morte

O plano de ação para o Inverno da Direção-Geral da Saúde (DGS) tem vários alertas e conselhos para a população se proteger do frio. Um dos alertas é sobre o perigo da "inalação de fumos ou de substâncias irritantes químicas e o calor podem provocar danos nas vias respiratórias".

Muitos dos acidentes domésticos têm a ver com a utilização de lareiras, braseiras, salamandras ou equipamentos de aquecimento a gás mantenha em espaços fechados e sem ventilação. A DGS recomenda "a correta ventilação das divisões de forma a evitar a acumulação de gases nocivos à saúde, evitando os acidentes por monóxido de carbono que podem causar intoxicação ou morte".

Recomendações

Nunca se deve utilizar fogão a gás, forno ou fogareiro a carvão para aquecer a casa. Mas, enquanto o gás tem um cheiro que permite detetar rapidamente uma fuga, já o monóxido de carbono é um gás sem odor e difícil de detetar.

É, também, proibido utilizar equipamentos de aquecimento de exterior em espaços interiores.

Evite dormir/descansar muito perto da fonte de calor.

Apague ou desligue os sistemas de aquecimento antes de se deitar ou sair de casa, de forma a evitar fogos ou intoxicações;

Promova uma boa circulação de ar, não fechando completamente as divisões da casa, mas evite as correntes de ar frio;

Nunca obstrua as entradas e saídas de ar (grelhas de ventilação, cozinha, casa de banho ou janelas);

As crianças, os doentes respiratórios crónicos e os idosos são os mais vulneráveis.

Equipamentos a gás

No caso das três vítimas mortais do Fundão, o que terá provocado a fuga de monóxido de carbono foi o mau funcionamento do exaustor e do respetivo sistema de exaustão. Os conselhos, nestes casos, têm a ver com a instalação e manutenção dos equipamentos.

A associação Deco testou 12 esquentadores em 2016. "Seis apresentaram irregularidades técnicas na saída dos produtos de combustão e num encontrámos problemas no interacendimento do queimador. Nos modelos com deficiente exaustão, verificámos que há libertação de dióxido e de monóxido de carbono, gases potencialmente mortais, em níveis acima dos recomendados para a divisão onde estão instalados. No caso do aparelho com falhas no interacendimento, pode haver libertação de gás não queimado", concluíram os técnicos.

Aqueles são equipamentos novos e vale a pena consultar os testes antes de fazer a compra. No caso dos usados, devem ser verificados todos os aparelhos de aquecimento por combustão: caldeiras, esquentadores, fogões, fornos, aquecimento central, aquecedores, etc.

Em caso de inalação de fumos, a DGS recomenda que se "retire a pessoa do local e pesquisar de sinais de alarme: presença de queimaduras faciais; sinais de dificuldade respiratória e alteração do estado de consciência".

O leite não é um antídoto do monóxido de carbono, é um mito. Não existem estudos científicos que comprovem a sua eficácia.

Para informações ligue para o SNS24: 808 24 24 24. Em caso de emergência ligue o 112.

Na maioria dos casos, vazamentos de monóxido de carbono são decorrentes de má instalação e falta de manutenção que podem levar à morte por asfixia.

As mortes de uma família brasileira no Chile e de outra em Santo André em meados de 2019 levantaram o debate sobre os riscos dos aquecedores a gás. Muitas casas e apartamentos no Brasil utilizam esse aparelhos para esquentar a água do chuveiro, mas é preciso atenção: a instalação deve ser feita por um profissional e é necessário seguir algumas recomendações para que não tragam riscos à saúde, incluindo o de morte.

O aquecedor a gás opera da seguinte forma: a água fria entre por uma serpentina que é aquecida por um queimador semelhante a uma boca de fogão, que funciona com gás natural ou gás GLP, o popular gás de cozinha. Essa combustão, quando não ocorre completamente, produz o monóxido de carbono (CO), que é expelido por uma chaminé ou tubulação que leve esse gás para fora da residência, de forma que seja dispersado no ar.

Veja também: Saiba o que fazer em casos de intoxicação

O monóxido de carbono é o resultado dessa e de outras queimas de combustíveis fósseis ou orgânicos, como gasolina, carvão, diesel e gás natural. O cigarro também libera essa substância, mas sua quantidade não é suficiente para causar o envenenamento. O CO é inflamável e, apesar de tóxico, não tem cheiro, cor nem sabor, o que dificulta identificá-lo disperso no ambiente (como aconteceria se você entrasse em um cômodo com fumaça, por exemplo).

Uma vez inalado, o gás é absorvido pelos pulmões e atinge a corrente sanguínea. Sua ação mais perigosa ocorre na interação com a hemoglobina, proteína responsável por transportar o oxigênio para todos os tecidos do nosso corpo. Como o CO tem um potencial de ligação com a hemoglobina muito maior que o oxigênio, o monóxido “toma o lugar” do oxigênio e forma a carboxiemoglobina. Sem oxigênio, o organismo começa a sofrer asfixia. Tontura, vertigem, náusea e confusão mental são os primeiros sintomas da exposição ao CO. Quanto mais tempo exposto e maior a concentração da substância no organismo, maior o risco de complicações graves. Quando o nível na corrente sanguínea chega na casa dos 60%, pode haver pressão baixa, coma, insuficiência respiratória e alto risco de a óbito.

Quando realizar a manutenção de aquecedores a gás


Aquecedores a gás só podem ser instalados por profissionais da área. Em aquecedores instalados adequadamente e com manutenção regular, o risco de ocorrer vazamento do monóxido de carbono é muito baixo. Mas uma vez que a tubulação esteja danificada e não haja uma forma de dispersão, como janelas abertas, o monóxido pode permanecer no ambiente e afetar todas as pessoas no local.

A manutenção recomendada varia de acordo com cada fabricante, mas de 6 em 6 meses é um período seguro para garantir que não exista nenhum problema no aparelho. É recomendável também a instalação de um medidor de monóxido de carbono para detectar rapidamente qualquer falha.

Se você tiver aquecedor a gás e sentir algum sintoma, o ideal é abrir as janelas, fechar as válvulas do aparelho e acionar a manutenção, concessionária de gás e bombeiros. Não acenda as luzes, isqueiro nem ligue o fogão, pois como o CO é inflamável, pode haver uma explosão. Aguarde a chegada dos profissionais fora da residência.

Como ocorre a morte por monóxido de carbono?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), as moléculas de monóxido de carbono se ligam à hemoglobina presente no sangue. Isso dificulta a circulação e distribuição do oxigênio – essencial para vida humana – no corpo. É uma morte por asfixia.

Porque a inalação de monóxido de carbono provoca asfixia?

É importe ressaltar que o monóxido de carbono possui uma afinidade com a hemoglobina de 200 a 300 vezes maior do que o oxigênio, o que provoca uma diminuição na quantidade de O2 distribuída pelos tecidos, causando asfixia.

Como é a morte por inalação de gás?

Quando inalado causa danos à saúde humana pois interage com grande afinidade com a hemoglobina, presente no sangue, e forma a carboxihemoglobina, que desencadeia um processo potencialmente letal, iniciando com efeito narcótico, passando pelos estágios de fraqueza, sonolência, confusão mental, coma e podendo chegar ao ...

Quanto de monóxido de carbono e letal?

Extremamente letal se inalado em altas concentrações (acima de 400 partículas por milhão), o monóxido de carbono pode matar por asfixia. Isso ocorre porque, ao ser inspirado, o CO é capaz de estabelecer ligações químicas altamente estáveis com a hemoglobina das hemácias formando a carboxiemoglobina (HbC).