Por que o governo brasileiro queria modernizar a cidade do Rio de Janeiro?

A cidade do Rio de Janeiro tinha cerca de 700 mil habitantes em 1904. Desde o início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas, onde se erguiam prédios e imensos cortiços.

Nos morros, amontoados de barracos formavam as primeiras favelas. Nas áreas pantanosas, ocorriam epidemias de febre tifóide, varíola e febre amarela. O mau cheiro era insuportável, principalmente com o calor.

Uma reformulação do Rio de Janeiro foi concebida para tornar a cidade semelhante às metrópoles européias e agradável para sua elite. Abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e sobretudo empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça eram os desejos da população elegante do município.

Durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906), cortiços foram derrubados, dando lugar a belas praças, charmosos jardins, largas avenidas e vistosos palacetes. O Rio iria tornar-se a "cidade maravilhosa".

O resultado foi a deterioração das condições de vida dos trabalhadores. O preço dos aluguéis subiu, e a população mais pobre foi removida do centro para áreas mais distantes. Nos morros, as favelas proliferavam.

Em 9 de novembro de 1904, o governo decretou a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. O jovem dr. Oswaldo Cruz comandava a campanha. O anúncio provocou uma onda de protestos que culminou na chamada Revolta da Vacina. Nos dias seguintes, populares levantavam-se no espaço público recém-urbanizado incitando à rebelião. A polícia era recebida a pedradas. A multidão circulava ruidosamente pelas largas avenidas, pelos belos jardins, diante das suntuosas mansões.

O espaço público era ocupado, à força, pelos manifestantes. A fúria se voltava contra automóveis, bondes, delegacias, postes de iluminação, calçamentos. O governo perdeu o controle da capital, só retomado com a repressão do Exército, da Marinha e da Guarda Nacional. A revolta tornou-se epidêmica.

Para a maior parte da população, vítima de seu alheamento das decisões políticas, de uma modernização autoritária que desalojava os moradores e expulsava-os das regiões centrais, de um poder público que agravava cada vez mais suas condições de vida e não lhes oferecia nenhum tipo de assistência, a vacinação representava uma espécie de violação de seus próprios corpos.

Muitos pensavam que se tratava de uma política de extermínio da população pobre. Delírios febris?

O governo de Rodrigues Alves foi mais um dos mandatos presidenciais que chegaram à cadeira presidencial graças à articulação estabelecida pela chamada política dos governadores. Chegando ao cargo em 15 de novembro de 1902, o novo presidente era mais um componente integrante das oligarquias cafeeiras. Nesse aspecto, sua gestão foi visivelmente beneficiada pelo bom momento que a economia agro-exportadora viveu naquele período.

Um dos mais nítidos sinais desse período próspero pode ser percebido nas várias obras públicas que modernizaram a cidade do Rio de Janeiro. Com o auxílio do prefeito carioca Pereira Passos, o governo empreendeu uma grande reforma dos bairros e ruas da antiga capital federal inspirada nos padrões dos modernos centros urbanos europeus. Contudo, esse projeto de modernização foi realizado graças a uma série de desapropriações que expulsaram as populações pobres do Rio de Janeiro de seus casebres e cortiços.

Na época, a cidade convivia com uma variada gama de problemas provenientes de um processo de inchaço urbano decorrente da abolição da escravidão e da imigração européia. Milhares de ex-escravos e estrangeiros pobres se amontoavam em habitações precárias desprovidas de qualquer planejamento necessário. No ano de 1904, o governo sancionou uma lei que permitia o uso de forças policiais para que a população fosse vacinada contra possíveis epidemias.

O decreto, que ganhou o nome de Lei da Vacina Obrigatória, causou uma enorme indisposição entre o Estado e a população carioca, que já se via sujeita aos desmandos da reforma urbana. Com isso, vários conflitos tomaram as ruas cariocas em um incidente conhecido como “A Revolta da Vacina”. A instalação do incidente chegou a ser utilizado por alguns oponentes políticos do presidente que pretendiam reintroduzir os militares do palco político daquela época.

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Na política externa, o governo de Rodrigues Alves empreendeu o processo de anexação do território do Acre. A região pertencia aos domínios do território boliviano, mas boa parte de suas terras eram ocupadas por trabalhadores brasileiros envolvidos na extração de borracha. Para conseguir anexar a região ao território nacional, o governo brasileiro conseguiu firmar um acordo onde se comprometia a pagar uma indenização de dois milhões de libras esterlinas à Bolívia e construir a Ferrovia Madeira-Mamoré.

Nos últimos anos de mandato, o presidente teve uma indisposição junto aos políticos que representavam os interesses das oligarquias cafeeiras. A diminuição dos preços no mercado internacional e a superprodução do gênero agrícola incitaram os cafeicultores a elaborarem um programa de auxílio aos produtores de café. O chamado Convênio de Taubaté previa um compromisso onde o Estado se comprometeria a comprar a produção cafeeira, garantido os lucros das oligarquias.

O presidente não concordou com essa proposta, alegando que a medida poderia desprover os cofres públicos. Contudo, o interesse dos grandes cafeicultores prevaleceu com a oficialização do Convênio de Taubaté entre os governos estaduais comprometidos com esse mesmo grupo sócio-político.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

Qual foi o motivo da reforma realizada na cidade do Rio de Janeiro?

No primeiro caso a justificativa usada para a concepção e execução da reforma era que a cidade estava passando por problemas de salubridade e precária estrutura urbana, além da mudança de eixo econômico em seu porto e consolidando o modelo capitalista de produção.

Como atuou o governo para modernizar a cidade do Rio de Janeiro?

Com plenos poderes dados pelo presidente Rodrigues Alves, Passos promoveu uma profunda reformulação urbana, cujos principais exemplos foram a construção da Avenida Central, a reforma do porto e a iluminação pública. Construíram-se luxuosos palacetes, praças e jardins no lugar de 600 edificações.

Qual era o objetivo de modernizar a cidade do Rio de Janeiro nesse período?

No começo do século XX, o Rio de Janeiro era a capital do país e vivia um período de transformações. A nova imagem do Rio era planejada por Pereira Passos, prefeito da cidade, que queria dar ao Brasil características mais modernas, fugindo da visão de atraso, de país escravocrata.

Quais foram os motivos pelos quais os governantes decidiram realizar reformas na cidade do Rio de Janeiro?

A luta pela reforma urbana no Brasil teve uma crescente necessidade, segundo os defensores dessa política, a partir do crescimento das cidades brasileiras, que conheceram um sistema tardio de desenvolvimento, marcado por uma industrialização acelerada e um forte êxodo rural.