O que explica essa desigualdade de acesso a internet entre os países?

Nos últimos anos, a dona de casa Luciana da Silva não consegue exercer o direito de votar.

“Meu título é de Belford Roxo. Desde que eu tirei, nunca mais votei, porque eu estou tentando transferir para cá e não estou conseguindo. Porque liguei para lá e eles falaram que é pela internet. Só que eu não tenho acesso à internet”, afirma.

Ela mora em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Bem perto de um projeto social que tem um laboratório de informática, mas não tem internet.

“Para o dia a dia, que um cidadão tem que usar para poder fazer uma identidade, um título de eleitor, a gente não tem esse acesso e, muito menos, para poder abrir isso para atender à comunidade. A gente fica numa limitação muito grande”, diz Shirley Ramos, presidente da Associação Criar e Transformar.

No Brasil, a desigualdade digital reproduz a social. Menos de um terço da população está conectada à internet e o acesso pleno é privilégio dos mais ricos. Os mais pobres, em maioria negros, chegam a ficar desconectados metade do mês.

Quase 34 milhões de brasileiros nunca acessam a internet; a maioria deles das classes C, D e E. Quase 87 milhões não conseguem se conectar todos os dias. Seis em cada dez só entram na rede com telefones celulares.

O estudo é uma parceria do Instituto Locomotiva com a multinacional Pwc.

A professora Cátia Silene perdeu uma chance de emprego porque não tinha conexão.

“É frustrante. Eu fiz uma inscrição e era para se apresentar no dia 22. Eu fiquei sem acesso à internet. Eu só voltei a ter acesso à internet no dia 26, e aí já tinha passado o prazo de eu me apresentar para o emprego”, conta.

“Imaginem que o grupo de subconectados passa 120 dias a menos por ano conectado à rede mundial de computadores. Como o país vai sair da crise sem ter uma política de crescimento econômico? E não existe crescimento econômico sem resolver o abismo digital no Brasil. Não existe melhora na produtividade sem que as diferenças entre os subconectados e os superconectados diminua”, explica Renato Meireles, presidente do Instituto Locomotiva.

Entre as causas da desigualdade do acesso, estão deficiências de qualidade e distribuição do sinal, e o custo do serviço e dos equipamentos.

Para Marco Castro, presidente da Pwc, o crescimento econômico do Brasil passa pela inclusão digital

“A inclusão digital, um olhar mais atencioso para a formação das pessoas, nos coloca de uma forma muito mais competitiva para atrair investidores, empresas que querem instalar suas operações aqui no Brasil sabendo que terá uma mão de obra qualificada, adequada para dar sustentabilidade ao seu negócio. O que a gente percebe, com a complexidade do mundo de hoje e com a necessidade de tecnologia em todo tipo de negócio, é quanto mais investimento fizermos ma preparação das nossas pessoas, da juventude, da força de trabalho no Brasil na área de tecnologia, melhor o impacto que isso vai trazer na nossa economia”, destaca.

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio informou que eleitores sem acesso à internet podem ligar para a central de atendimento do TRE para agendar o atendimento presencial.

Embora o número de usuários de internet cresça cada vez mais rápido, ainda há países em que menos de um terço da população está conectado à rede

Até o fim deste ano, 62% da população mundial estará conectada à internet, de acordo com a International Telecommunication Union (ITU), agência das Nações Unidas para tecnologias da informação e da comunicação. O acesso à rede, no entanto, está desigualmente distribuído.

Em países classificados pela ONU como desenvolvidos, cerca de 90% da população, em média, está conectada. Já nos países em desenvolvimento, essa taxa cai para 57%. E nos países mais vulneráveis em termos socioeconômicos — os classificados como least developed countries, ou países menos desenvolvidos —, apenas 27% da população tem acesso à internet.

Foi somente em 2018 que o mundo ultrapassou a marca de mais de 50% da população conectada à internet. De acordo com o secretário-geral da ITU, o chinês Houlin Zhao, a aceleração do crescimento do número de usuários de internet, nos últimos dois anos, pode ser atribuída ao distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19 e à maior demanda por serviços online em múltiplas áreas, desde educação até compras, passando por consumo de notícias e acesso a serviços públicos. “Embora quase dois terços da população mundial já esteja online, ainda há muito por fazer para que todos estejam conectados”, disse Zhao.

No que diz respeito ao gênero de quem acessa a internet, mesmo nos países mais desenvolvidos, a parcela da população feminina que está conectada à rede (88%) é menor que a fatia da população masculina que está online (89%). Essa diferença é bem mais acentuada nos países em desenvolvimento, de cerca de 7 pontos percentuais, e vem mantendo-se estável ao longo dos últimos anos.

O que explica essa desigualdade de acesso a internet entre os países?

Como explicar a desigualdade do acesso à internet?

Quando uma pessoa não tem acesso a esse universo ela é incapaz de acompanhar as transformações advindas, e com isso, se distancia mais dos que têm acesso, sendo esse um dos fatores que causam a desigualdade social e geram o analfabetismo digital.

Qual o motivo para tanta diferença no acesso à Internet em todo o mundo?

“As distâncias existentes na adoção de conectividade são conduzidas por brechas de diferentes tipos: geografias (áreas urbanas x rurais), renda (ricos x pobres), idade e gênero, entre outros”, destaca o relatório.

Quais são os países que não têm acesso à internet?

A maioria da população da Caxemira é muçulmana, a única região indiana em que os islâmicos são maioria, em vez dos hindus..
Índia - 109 vezes..
Iêmen - 6 vezes..
Etiópia - 4 vezes..
Jordânia - 3 vezes..
Togo - 2 vezes..
Sudão - 2 vezes..
Quênia - 2 vezes..
Guiné - 2 vezes..

Por que o uso da internet pode ser considerada um indicador de desigualdade no mundo?

O principal motivo é o custo do serviço, seguido da falta de habilidade para navegar na web.