O que acontece quando o faraó morria

Renegado por Júlio César, Cesarião caiu em desgraça após o suicídio da mãe, Cleópatra, e fechou o ciclo do Egito Ptolomaico

Ptolomeu XV Filopador Filometor César, mais conhecido pelo apelido de Cesarião (ou Caesarion, que significa "pequeno César") foi o último faraó do Egito, encerrando a dinastia Ptolomaica, após a morte de sua mãe em 12 de agosto de 30 a.C. Ele foi filho de Cleópatra VII, que afirmava que o menino era fruto da sua relação com Imperador Júlio César.

O general romano, no entanto, nunca reconheceu a paternidade. Apesar disso, ele teria permitido que o menino herdasse o seu nome, e ainda, que passasse os dois primeiros anos de sua vida em suas dependências reais, na vila Horti Cesaris, onde o filho e sua companheira foram hóspedes especiais.

O que acontece quando o faraó morria
Relevos de Cleópatra e Cesarião no Templo de Dendera / Wikimedia Commons

Cleópatra esperava que seu filho acabasse sendo o sucessor de César, alegando que ele seria seu único filho biológico, tendo então o direito de herdar o cargo de chefe da República Romana, bem como já era destinado a ser o do Egito, fato que causou muitas intrigas ao longo de sua vida. 

Após o assassinato de César em 15 de março de 44 a.C, Cleópatra e Cesarião voltaram para o Egito. O menino, com apenas três anos de idade foi nomeado co-governante por sua mãe em 2 de setembro de 44 a.C. Cleópatra se orgulhava tanto de seu filho, que comparava seu relacionamento com Cesarião com o da deusa egípcia Ísis (considerada a "Grande Mãe", sendo comum entre os povos do Egito daquela época a prática de invocar o seu auxílio materno através de oferendas e feitiços) e seu filho divino Hórus.

O que acontece quando o faraó morria
À esquerda, Cleópatra vestida de faraó e apresentando oferendas à deusa Ísis, em estela de pedra calcária datada de 51 a.C., localizada no Louvre, Paris; À direita, estátua do deus falcão Hórus atrás de uma representação menor de Caesarion no Templo de Edfu, Egito / Wikimedia Commons

Após alguns anos, Cleópatra e Marco Antônio, seu companheiro após a morte de Júlio César, encenaram "Doações", que teriam o objetivo de doar as terras dominadas por Roma e Pártia para os filhos de Cleópatra: Cesarião, os gêmeos Alexandre Hélios e Cleópatra Selena II e Ptolomeu Filadelfo (os três últimos eram seus meio-irmãos maternos, gerados por Marco Antônio). 

Em 34 a.C,, Antônio concedeu mais terras e títulos orientais a Cesário e seus três filhos com Cleópatra nas "doações de Alexandria". Cesarião foi proclamado neste ano um deus e "Rei dos Reis", além de declarado como verdadeiro filho e herdeiro de César.

O que acontece quando o faraó morria
Uma estela de calcário do Sumo Sacerdote de Ptah, com as cártulas de Cleópatra e Cesarião; Egito, Período Ptolomaico, Museu Petrie de Arqueologia Egípcia, Londres / Wikimedia Commons

Este título espetacular foi visto aos olhos de Otaviano, sobrinho e filho adotivo de Júlio César, como uma estratégia Antoniana para governar o Oriente. Era também uma ameaça ao povo romano e ao seu próprio poder, já que, caso isso fosse aceito, ele poderia perder o seu posto como próximo na linha de herança e sucessão de Júlio César, podendo ser substituído pelo suposto filho biológico do ex-imperador.

Invasão

Essas declarações causaram uma ruptura nas relações de Antônio com Otaviano, que anunciou o início de uma guerra entre Roma e Egito, que resultou numa invasão de Otaviano ao Egito, e à famosa Batalha de Áccio, na qual Roma saiu como vencedora.

Em 31 a.C. Cesarião foi enviado por sua mãe ao porto de Berenice, no mar Vermelho, em direção à Índia, para que fugisse das perseguições de Otaviano. Na época ele já havia atingido a idade de 17 anos, e Cleópatra o preparara para assumir o cargo de "governante único", dessa vez sem sua presença, que estava em exílio com Marco Antônio.

Ele foi em direção à índia por meio da Etiópia, carregando com si muitos tesouros. As fontes históricas parecem descrever que Teodoro, um tutor de Cesarião que o acompanhou na viagem, o convenceu a ir encontrar Otaviano, sob o argumento de que ele teria o convidado para tomar o reino de volta.

Porém, tudo não se passava de uma armadilha. Ao voltar para Alexandria, o suposto filho biológico de Júlio César foi preso e executado, após ordens de seu meio-irmão Otaviano, seguindo o conselho de Ário Dídimo, que disse "Césares demais não é bom" (um trocadilho descrito no livro Homero).

Otaviano, então, assumiu o controle absoluto do Egito. O ano 30 a.C foi considerado o ano oficial de Anexação do Egito à República Romana, e o fim da linhagem de Cleópatra.


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O que acontece quando um faraó morre?

Para o faraó, a morte era apenas uma passagem: havia vida do outro lado e, lá, ele continuaria reinando. Por isso, ele passava a vida construindo sua tumba. No começo, erigiam-se as pirâmides, mas os saques constantes forçaram a criação do Vale dos Reis, um cemitério nobre e mais protegido, em Tebas.

O que acontecia com os escravos do faraó quando o rei morria?

A forma em que todos se encontravam leva a acreditar que todos foram sacrificados até a morte do faraó. Todos foram enterrados ao mesmo tempo. Arqueólogos dizem que provavelmente as mortes provavelmente foram devido a drogas ou asfixia já que em alguns restos existem marcas nos dentes compatíveis com as afirmações.

Quando morreu o último faraó do Egito?

Ptolemeu XV Cesarião
Nascimento
23 de junho de 47 a.C. Reino Ptolemaico
Morte
23 de agosto de 30 a.C. (17 anos) Alexandria, Egito, Roma
Dinastia
Ptolomaica
Pai
Júlio César
Ptolemeu XV Cesarião – Wikipédia, a enciclopédia livrept.wikipedia.org › wiki › Ptolemeu_XV_Cesariãonull

Qual é a maldição do faraó?

A Maldição do Faraó é a crença de que qualquer pessoa que viole a múmia de um faraó do Antigo Egito cairá em uma maldição, pela qual a vítima morrerá em breve. Trata-se de uma lenda contemporânea, que surgiu no início do século XX.