20 de abril de 2021
O primeiro caso de reinfecção – ou seja, quando uma pessoa é contaminada novamente por um mesmo vírus – do SARS-CoV-2 foi cientificamente comprovada em agosto de 2020. Já em dezembro, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso do tipo no Brasil, quando uma médica de 37 anos voltou a ter diagnóstico positivo de Covid-19 mais de três meses depois de contrair a doença pela primeira vez. Desde então, pesquisadores e profissionais de saúde em todo o mundo confirmaram o risco de infecção repetida pelo coronavírus, especialmente mediante a existência de variantes do vírus. De acordo com o infectologista do Hospital Universitário (HU) da UFJF, Rodrigo Souza, a imunidade contra as doenças infecciosas não necessariamente é duradoura, “existe mais de uma forma possível de ocasionar uma nova infecção: exemplos são a exposição a outra linhagem viral, logo, a imunidade gerada pela primeira infecção não será útil para proteção; ou quando a imunidade adquirida é perdida ou enfraquecida, abrindo espaço para a contaminação pelo mesmo vírus”, explica.
Ainda não há consenso entre a comunidade científica sobre quanto tempo dura a imunidade entre aqueles que sobrevivem à Covid-19; no entanto, é possível afirmar que não é seguro contar somente com ela. Especialistas recomendam que é preciso seguir adotando o uso de máscaras, critérios de higiene e distanciamento social, inclusive após a vacinação – mesmo não desenvolvendo um quadro grave da doença, uma pessoa vacinada ainda pode ser infectada e transmitir o vírus. Segundo Souza, uma das hipóteses estudadas é a possível necessidade de doses periódicas de vacina, para garantir a imunização a longo prazo. “Não seria inédito, uma vez que a abordagem é semelhante à adotada pela vacinação contra o vírus Influenza, causador da gripe: como tem alto potencial de mutação, novas doses de vacina são exigidas para combatê-lo.” Souza aponta que ainda não existem dados embasados suficientes para afirmar categoricamente quais são todos os fatores capazes de tornar alguém mais suscetível à reinfecção, mas adianta que é preciso cuidado redobrado no caso de pessoas que se expõem com mais frequência ou que apresentam alterações em seu sistema imunológico – algo que pode acontecer devido a diversos fatores, como o envelhecimento e o tratamento médico para determinadas doenças. “Também não é possível afirmar que uma reinfecção será mais grave do que a primeira, pois isso depende muito da resposta do organismo de cada paciente.” É possível ser infectado por duas linhagens do coronavírus ao mesmo tempo? Como é feito o diagnóstico de reinfecção pelo coronavírus? No Brasil, é estimado que 0,03% dos casos passem por essa avaliação; alguns dos fatores responsáveis pelo baixo índice é o fato da análise de sequenciamento genético não ser ofertada na maioria dos serviços de saúde, bem como a subnotificação de pessoas contaminadas. É essa análise que diferencia casos de reinfecção de casos de recidiva. “A recidiva é quando acontece uma infecção pelo mesmo vírus. A reinfecção é quando acontece infecção por um vírus diferente”, elucida Rodrigo Souza. |