Taxa de analfabetização no brasil 2022 ibge

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Pnad mostra que a taxa diminuiu, contudo o combate ao analfabetismo deve ser firme e contínuo   

São Paulo – Setembro 2020 – Segundo a mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo no Brasil teve uma discreta melhora, saindo de 6,8%, em 2018, para 6,6%, no ano passado. Este novo índice foi retratado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação. Mesmo com a diminuição, que representa aproximadamente 200 mil indivíduos, o país ainda conta com 11 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever. De acordo com o IBGE, analfabetos são cidadãos que têm 15 anos de idade ou mais e eles não conseguem formular nem pequenos textos. 

Para Adriana Beringuy, analista deste estudo, o analfabetismo atinge as pessoas mais idosas, pois os jovens, atualmente, estão mais escolarizados e, com isso, têm um indicador menor. Embora o índice de analfabetos tenha melhorado, o analfabetismo ainda se faz presente, revelando uma triste herança brasileira de exclusão social. 

A alfabetização significa não apenas as competências e habilidades da leitura, escrita e cálculos matemáticos, mas, também, avançar nas dimensões sociais, econômicas, políticas do país e seus impactos, de modo a combater a exclusão social, econômica e cultural dos sujeitos que necessitam trabalhar, e deixam os estudos de lado pela sua sobrevivência. Na visão da professora de Pedagogia do Centro Universitário UniMetrocamp, Silvia Cristina Salomão, “o analfabetismo limita a inclusão do sujeito na vida social e o compromete em seu desenvolvimento pleno  no exercício de sua cidadania, pois as demandas do mundo contemporâneo exigem, de forma cada vez mais complexa, o domínio da leitura e da escrita, inclusive no mundo tecnológico.”

“O Centro Universitário UniMetrocamp parte do pressuposto de que os graduados estão em contínuo processo de letramento, uma vez que trabalham em todos os semestres com os mais diversos  textos e problemáticas referentes ao tema de cada disciplina, promovendo sempre o debate, a análise, resenhas e seminários que formam e desafiam os alunos, desenvolvendo-os como futuros professores numa perspectiva humanizada e de modo a ampliarem suas visões de si, do mundo e do outro”, conclui a professora. 

Mais informações sobre a pesquisa do IBGE: 

A boa notícia do órgão é que, ao longo do tempo, a taxa está baixando. Em 2016, por exemplo, tínhamos 7,2% de analfabetos no país. Entre aqueles com 60 anos ou mais, a pesquisa registra queda e o índice atual de analfabetos é de 18%. Em 2018 eram 18,6% e 20,4%, em 2016. A luta contra o analfabetismo ainda é bem grande e uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece o que deve ser feito para melhorar a educação no país até 2024, que vai do Ensino Infantil até a pós-graduação. Esta lei, estabelecia que, em 2015, o Brasil deveria alcançar a meta de 6,5% de analfabetos com 15 anos ou mais, sendo que, em 2024, a taxa deverá zerar.   A pesquisa diagnosticou ainda desigualdades raciais e regionais na alfabetização em nosso país. A taxa de analfabetismo dos brancos é de 3,6% (com 15 anos de idade ou mais), enquanto o índice de analfabetos da população parda e preta chega a 8,9%, segundo os dados do IBGE. Lamentavelmente, a taxa aumenta entre as pessoas que tem 60 anos ou mais: 9,5% dos brancos e 27,1% dos pretos e pardos não sabem ler e nem escrever. Ela chama a atenção porque essa diferença representa um percentual três vezes maior. Com relação às regiões do país, a pesquisa realizada entre as pessoas com 15 anos ou mais, o cenário é o seguinte: o Nordeste tem o maior percentual de analfabetos, 13,9%; o Norte, 7,6%; o Centro-Oeste, 4,9%; e as regiões Sul e Sudeste têm as menores taxas, 3,3%. Já entre os que têm 60 anos ou mais, as taxas são de 37,2%, no Nordeste; 25,5%, no Norte; 16,6%, no Centro-Oeste; 9,7%, no Sudeste; e 9,5%, na região Sul do Brasil. Vale registrar ainda que o Nordeste foi a única região que apresentou um leve aumento da taxa de analfabetismo no período entre 2018 e 2019, entre os jovens, o índice foi bem discreto 0,03 ponto percentual, já entre os mais velhos a variação foi de 0,33 percentual. 

CADASTRE-SE PARA RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE NOSSOS CURSOS

Para chegar a essa conclusão, a ONG analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. O questionário do IBGE é respondido pelos responsáveis pelas crianças.

Alfabetização na pandemia — Foto: Arte: g1

O número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabia ler ou escrever saltou de 1,429 milhão em 2019 (o equivalente a 25,1% das crianças brasileiras nessa faixa etária) para 2,367 milhões (40,8% das crianças) em 2021. O aumento é de 65,6% em comparação com os números de 2019.

O levantamento não leva em consideração amarelos, indígenas e não declarantes. Se considerasse esses públicos, o aumento seria de 66,3% entre 2019 e 2021.

O número é ainda mais alarmante entre crianças pretas entre 6 e 7 anos: em 2021, 47,4% delas não estavam alfabetizadas. Entre crianças pardas, 44,5%; entre as crianças brancas, 35,1%. Em 2019, nenhum dos índices chegava a 30%.

No entanto, a taxa de crescimento do analfabetismo nessa faixa etária entre 2019 e 2021 foi maior entre crianças brancas: 88,5%, contra 69% entre crianças pretas e 52,7% entre crianças pardas.

Dados sobre analfabetismo — Foto: Arte/g1

Segundo a ONG Todos Pela Educação, a explicação para a queda na alfabetização foi a pandemia de Covid-19, que causou a suspensão de aulas presenciais e obrigou as redes de ensino a se adaptar nos últimos dois anos.

Vanusa Alves, mãe de Marcelly, de 7 anos, Desireé, de 10, e Matheus, de 13, diz que viveu isso na pele ao ver a diferença na alfabetização da mais nova. Marcelly fez o primeiro ano do ensino fundamental em 2021, já durante a pandemia, em uma escola municipal de Malhada, cidade do interior da Bahia.

"Ela fazia as atividades em uma plataforma digital, mas quase não teve aulas. Ela dividia o celular com a irmã e eu auxiliava na hora das atividades. Mas não é a mesma coisa que estar numa sala de aula, com um professor sanando as dúvidas e ajudando no dia a dia", diz ela.

Umas das diretrizes do decreto de 2019 que instituiu a Política Nacional de Alfabetização foi a priorização da alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental, o que não aconteceu com Marcelly.

Marcelly teve maior dificuldade de aprender a ler e escrever do que os irmãos mais velhos, de acordo com a mãe. — Foto: Arquivo pessoal

"Até hoje ela não sabe ler e escrever com a desenvoltura que se espera de uma criança de 7 anos, mas espero que ela consiga se recuperar esse ano, com a volta das aulas presenciais. Acho que ela vai absorver o que não aprendeu ainda e vai conseguir praticar a leitura e a escrita", explica.

A experiência da família baiana é diferente da vivida pela gaúcha Patrícia Landi, mãe de Alexandre, de 8 anos, e Arthur, de 13. O caçula teve apenas duas semanas de aulas presenciais em uma escola particular em Porto Alegre quando precisou passar a frequentar atividades remotas no início da pandemia, em março de 2020.

"Foi muito rápido, nem deu tempo de ele se adaptar. Ele estava começando a aprender a escrever e veio esse esse sufoco que foi ficar em casa. Ele não ficou muito tempo sem aula, porque a escola logo organizou as aulas online, mas aqui em casa só tinha um notebook, e o Alexandre tinha que dividir com meu filho mais velho. Então, demandou uma adaptação para organizar as coisas", afirma.

Alexandre aprendeu a ler e escrever, apesar das dificuldades do primeiro ano letivo — Foto: Arquivo pessoal

Patrícia conta que, em comparação com o filho Arthur, hoje com 13 anos, Alexandre demorou mais para aprender a ler e escrever, mas eventualmente, ainda no primeiro ano de pandemia, conseguiu desenvolver as habilidades.

"No final do ano ele já lia e escrevia. Eu sei que é diferente do que aconteceu em escolas públicas, mas a escola dos meus filhos conseguiu se adaptar e oferecer um atendimento individualizados para as crianças menores, o que foi fundamental para que o Alexandre começasse a ler", explica.

Reverter a situação

Para o líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, a queda na taxa de alfabetização é só mais uma evidência de desigualdades que já existiam antes da pandemia.

"Claro que todos foram afetados, mas neste cenário as mais prejudicadas foram as crianças negras, as mais pobres, que já tinham um desnível no acesso à educação em relação às crianças brancas e às ricas", diz.

Mais do que representar um número do presente, ele acredita que a diferença nas taxas de alfabetização pode virar um problema do futuro se não for devidamente enfrentada.

"A evasão escolar já é maior entre pretos e pardos. Se não houver políticas públicas para reparar as aprendizagens dessas crianças, em alguns anos esse pode ser mais um dos motivos que vai levá-las a abandonar a escola", diz Correa.

O problema, no entanto, não é irreversível.

"É preciso priorizar a educação, fazer muito mais do que tem que sido feito. Estabelecer ações desde já pra minimizar esses efeitos. E atender essas populações que estão em situação de vulnerabilidade, com ações de recuperação, de recomposição de alfabetização que essas crianças tanto precisam", completa.

Qual é o índice de analfabetismo no Brasil 2022?

A pesquisa “todos pela educação” do IBGE mostra um cenário lamentável, mas iniciativas sociais como as bibliotecas infantis do escritor Ricardo Cabello tentam mudar esse cenário. Publicado em 09/05/2022 às 22:33.

Qual o índice de analfabetismo no Brasil IBGE?

A taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade no Brasil caiu de 7,2% em 2016 para 7,0% em 2017, mas não alcançou o índice de 6,5% estipulado, ainda para 2015, pelo Plano Nacional de Educação (PNE).