São considerados esportes praticados em corredeiras rios ou mares?

Com belezas naturais, geografia variada e espaços em abundância, país tem uma lista grande de modalidades de esportes e de recreação

Com mares, montanhas, rios, pedras e árvores, o Brasil é um dos países mais ricos do mundo em belezas naturais. É também o maior a apresentar inúmeros recursos naturais e áreas como APAs (Área de proteção ambiental), ARPPN (Área de reserva particular do patrimônio natural) e parques, que apresentam potencial para o desenvolvimento e implantação da atividade de aventura. E seu povo sabe aproveitá-los muito bem. Não é à toa que há dezenas de atividades praticadas na terra, na água e ao ar livre diariamente, por milhares de pessoas, em todos os estados, de Norte a Sul do país. Montanhismo, arvorismo, mergulho, surf, mountain bike, skate e caiaque são alguns deles. Algumas dessas modalidades são consideradas esportes, outras são recreação e ainda existem as turísticas.

“Fazemos questão de diferenciar essa concepção. O esporte depende de um clube ou uma federação, e, normalmente, seus praticantes participam de competições. E existem as atividades às quais as pessoas são levadas a praticar por operadoras de turismo ou mesmo instrutores qualificados. Esse é o nosso caso. É uma relação cliente e prestador de serviço”, explica Patrick Muller, diretor da Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta).

Uma pesquisa realizada pela Abeta no ano passado mostrou que de 300 pessoas entrevistadas em cinco capitais do país, 60% já fizeram uma ou duas atividades, e topariam encarar outras. Em compensação, há quem seja viciado em praticar certas modalidades. O Brasil tem, inclusive, muitos campeões e até um recordista de velocidade no Guiness. Douglas Dalua atingiu 135 km/h de Skate Downhill Speed e foi parar no livro dos recordes de 2010 como o skatista mais rápido do mundo.

“A vontade de parar nunca chegou”, diz o esportista.

Arvorismo:

O arvorismo surgiu como atividade de aventura nos anos 90. Antes, era realizada apenas por pesquisadores que se deslocavampelas copas e dosséis das árvores durante seus estudos. A modalidade pode ser encarada como esporte desde que seja praticada sem a participação de uma empresa especializada, por exemplo por um grupo de amigos em áreas fora de parques de aventura. Mas hoje isso ainda não é comum, tornando o arvorismo uma prática de recreação.

“O arvorismo é uma atividade turística que possibilita a locomoção de pessoas utilizando equipamentos de segurança por percursos em altura instalados em árvores ou outras estruturas. Não há limites de altura ou distância e, hoje, já existem equipamentos específicos que permitem que todas as pessoas, até aquelas que necessitam de cuidados especiais, possam participar”, diz Wilson Miguel, diretor da Eco-Venture, empresa especializada em assessoria ambiental e implantação de atividade de aventura.

Há quatro tipos de arvorismo: o acrobático, que conta com percurso com obstáculos de diversos níveis de dificuldade, exigindo um pouco de esforço físico de seus praticantes; o contemplativo, que conta com passarelas dotadas de sistema de proteção coletivo em altura, destinado à contemplação; o fixo, cujo percurso é projetado e construído para ser permanente; e o temporário, cujo percurso é projetado e montado em estruturas modulares adaptadas para operação turística com tempo definido e de curto prazo.

Para se praticar o arvorismo, o equipamento básico consiste em: capacete; cadeirinha de canionismo, escalada ou espeleologia; peitoral para crianças e clientes com necessidades especiais; solteira dupla com um nó oito nas pontas, confeccionada de corda dinâmica, estática ou fita, que suporte capacidade de carga; mosquetões ovais com trava; plusiks; polias, quando este equipamento for necessário no percurso; equipamento trava-queda, quando necessário; luvas; calçado fechado; roupas leves.

Skate:

O skate foi criado na Califórnia, mas hoje é febre no mundo quase todo. Trata-se de um esporte praticado sobre uma prancha, chamada shape, dotada de quatro rodas e dois eixos. Com esse equipamento, o praticante desliza sobre o solo e ultrapassa obstáculos, equilibrando-se e fazendo manobras, com baixos e altos graus de dificuldade. O skate é considerado um esporte radical e há competições nas diversas categorias. Além de ter quebrado o recorde e se tornado o skatista mais rápido do mundo, o gaúcho Douglas Dalua participou de competições pelo mundo todo (Estados Unidos, Suíça, Chile, Canadá etc).

“Estou há 12 anos nessa pegada, mas em 2000 comecei a gostar das competições. Minha primeira viagem para a Europa foi em 2004. Fui Vice Campeão Mundial na Alemanha. Só de primeiro lugar, tenho mais de 50 troféus. Até 2009, em quase todos os eventos em que corri fiquei entre os dez primeiros, com algumas exceções. Fico feliz, mas mato um leão por dia para fazer o que gosto, porque o skate não tem no Brasil a visibilidade que esportes como o surf têm. Não temos patrocinadores, por exemplo, e pouca mídia. Se eu tivesse os mesmo os títulos no surf, seria uma lenda”, diz Douglas.

As modalidades de skate são: street, que significa deslizar pelas ruas da cidade; freestyle, que destaca as manobras no chão; half-pipe, praticada em pistas em forma de U de madeira ou concreto; pool riding, praticada em piscinas vazias; downhill, praticada em ladeira com o atleta descendo em alta velocidade.

O equipamento necessário para encarar a prancha consiste em: capacete fechado, luvas, tênis, e macacão em couro feito especialmente para o skate downhill.

Surf:

Quando se fala em surf, todo mundo pensa naquela imagem clássica do homem em cima de uma prancha desviando das enormes ondas de pé. Mas há diversas maneiras de se surfar. Enquanto o surf clássico promove competições pelo mundo todo, o stand up, por exemplo, é considerada uma atividade de recreação. Para praticá-la, é necessário ter uma prancha, um remo, protetor de borda, cordinha, bota antiderrapante e roupa de neoprene, caso a água esteja fria.

“A pessoa vai em pé e passa a arrebentação em pé, deitado ou de joelho. Tem que segurar o remo, que é o principal equipamento. É uma modalidade que une a canoagem e o surf”, explica Sérgio Machado, professor de surf e sócio da operadora de turismo de aventura Adrenailha, de Florianópolis.

Mas o surf tem outras modalidades também: body surf, praticado com o próprio corpo; surf com prancha, o mais comum de todos, em que o praticante passa pela arrebentação em cima da prancha; wave ski, que é uma espécie de prancha na qual o praticante vai sentado; caiaque surf, que conta com um caiaque diferenciado, que não vira durante o mergulho na onda; canoas havaianas próprias pra surf, que tem formato estreito e um braço na lateral com apoio para quatro pessoas; surf rafting, que é um bote de rafting para surfar e cabe até quatro pessoas.

Canoagem:

A canoagem é um esporte praticado com canoa ou caiaque que tem duas de suas modalidades listadas como esportes olímpicos: a canoagem sprint e a canoagem slalom. A sprint (ou de velocidade) é praticada em rios ou lagos de águas calmas com nove raias demarcadas nas distâncias de 1.000, 500 e 200 metros. Na slalom, o atleta rema através de um percurso em corredeira, definido por balizas, sem cometer penalidades, no menor tempo possível. A pista é normalmente montada em uma corredeira, de 250 a 400 metros de extensão. Ao todo, os brasileiros praticam 12 modalidade de canoagem, algumas delas, como o caiaque de expedição, é considerada um serviço prestado por operadoras de turismo.

“Para quem nunca remou, a gente indica dez quilômetros de travessia. Eu chego a remar 80 quilômetros. Já fui de Salvador a Recife em expedição e de São Paulo ao Rio de Janeiro. Já passei vinte dias remando, explorando o litoral brasileiro, esbarrando com animais e interagindo com as pessoas”, conta Christian Fuchs, presidente da Eclipse Caiaque, que produz caiaques para todo o Brasil.

Para praticar canoagem, é necessário: remo; colete; saia de neoprene. Touca, óculos, chapéu e protetor solar são bem-vindos. Todos os praticantes são chamados de canoístas.

Mergulho:

No mergulho, há quem queira apenas ser batizado, ou seja, mergulhar uma vez acompanhado de um instrutor que cuidará de tudo, e há quem queira se tornar profissional. Para ser um mergulhador certificado por órgãos como a SSI (Scuba Schools International), são necessárias aulas teóricas e práticas, em sala de aula, na piscina e no mar. É essencial, por exempo, entender como funcionam as tabelas: a de limites não-descompressivos, a de intervalos de superfície e a de tempos de nitrogênio residual. Sem fazer esses cálculos, são grandes as chances de o mergulhador ter uma doença descompressiva (quando bolhas de nitrogênio não são eliminadas do corpo humano e ficam retidas em tecidos ou na circulação sanguínea).

“Esse é o processo. E, hoje, a certificação é obrigatória para quem quer realizar o que a gente chama de mergulho autônomo. A SSI é uma certificadora de renome mundial e a que tem o maior número de centros. Ela determina os níveis permitidos para cada mergulhador. O iniciante, por exemplo, está habilitado a descer até 30 metros. O avançado, até 40. Abaixo disso, entra no mergulho técnico. E tem ainda o mergulho noturno”, conta Roberto Buiocchi, representante da SSI Latin America.

O equipamento básico de mergulho consiste em: colete equilibrador, para manter uma flutuabilidade perfeita; máscara; nadadeiras; cinto de lastro, que é um peso de chumbo utilizado para compensar a flutuabilidade causada pela roupa isolante e pela gordura corporal; cilindro de ar comprimido, que pesam entre doze a quinze quilos, e armazenam aproximadamente 2200 litros de ar comprimido; e o regulador, que leva o ar do cilindro à boca da pessoa.

Conhecido como mergulho livre e contemplação, o snorkelling também é certificado pela SSI.

Mountain Bike:

Modalidade de ciclismo na qual o objetivo é transpor percursos com diversas irregularidades e obstáculos, o mountain bike normalmente é praticado em estradas de terra, trilhas de fazendas, trilhas em montanhas,dentro de parques e até na cidade. Para praticá-lo, é necessário ter bicicleta com pneus mais largos, capacete, sapatilha, luvas e óculos. No Brasil, há uma expert quando o assunto é resistência, característica que é pré-requisito para ser um bom ciclista. Seu nome é Manuela Vilasseca e ela já chegou a rodar 200km, quando ganhou a prova 12 Horas, que daria o título a quem desse mais voltas nesse período.

“Comecei a pedalar porque gostava. Profissionalizei quando pintou patrocinador. Meu patrocinador me viu na prova 12 Horas e decidiu investir em mim. Entrei para a equipe Merida e fui campeã estadual no ano passado. No campeonato brasileiro, meu melhor resultado foi quinto lugar, e ganhei uma prova importante em São Paulo chamada RAM 50K. Também saí com o título na travessia Transportugal. Fui a primeira mulher a percorrer os 1.000 km em oito dias”, conta Manuela.
 

Montanhismo:

O montanhismo é a prática de subir montanhas de escaladas. É uma atividade que necessita um pouco de técnica para ser praticada. As competições são indoor, ou seja, realizadas em espaços fechados, muros artificiais. Dentro de montanhismo, há o alpinismo, que é a prática da escalada nos Alpes, e o andinismo, que é a escalada nos Andes. No Brasil, os praticantes são chamados de montanhistas.

“Além da escalada, trekking e travessia também são práticas de montanhismo. O rapel é apenas uma técnica de descida utilizada em certas montanhas. É explorada como atividade de turismo, mas para o montanhismo não tem valor. O montanhismo tem etapas em campeonatos estaduais e brasileiros, mas em termos de competição não temos nenhum resultado expressivo”, diz Delson Queiroz, presidente da Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro.

O que valoriza a escalada é a dificuldade técnica (níveis de graduação) e o compromisso com as vias (dificuldades psicológicas). O Pão-de-açúcar, por exemplo, tem mais de uma centena de possibilidade de subida, mais fáceis e mais difíceis. Para fazer uma boa escalada é necessário o uso da cadeirinha de cintura, corda, sapatilha de escalada, mosquetões, fitas para prender mosquetões, freio pra segurança, capacete e mochila.

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