Show “Urbanização e desastres naturais: abrangência América do Sul” é o título do livro de autoria de Luci Hidalgo Nunes. Publicado em 2015, o texto oferece um relevante, histórico e contemporâneo panorama dos desastres naturais na região. De acordo com a autora, apesar da múltipla diversidade de indutores naturais de desastres presentes no continente, o enfoque é relevante principalmente devido à relação dos desastres com dois processos sociais contemporâneos: urbanização e globalização. Com uma relação direta explícita na América do Sul, esses dois processos se destacam pela capacidade de alterar rapidamente não apenas as relações sociais, mas também o ambiente natural. Nesse sentido, o livro enfoca as diferentes formas como globalização e urbanização contribuíram para desarticular ambientalmente o continente sul-americano no período de 1960-2009, sem que tenham colaborado expressivamente para projetá-lo na arena global. OS DESASTRES NATURAIS - CONDICIONANTES SOCIOECONÔMICOS E FÍSICOS No primeiro capítulo da obra, a autora expõe uma reflexão acerca das condicionantes sociais, econômicas e ambientais dos desastres naturais. A partir dessa reflexão, a autora define desastres como um processo de construção social, que pode evidenciar desequilíbrios bruscos e expressivos entre as forças dos sistemas naturais e sociais. Ou seja, desastre não é uma problemática da natureza, mas da interação entre meio ambiente natural e a falta de organização e estruturação da sociedade. Segundo Nunes, a cidade constitui e caracteriza a maior modificação do ambiente natural. Por um lado, a expansão dos centros urbanos, que costuma ocorrer em áreas ambientalmente frágeis, como encostas e várzeas, está fortemente associada à vulnerabilidade da população. A globalização, por outro lado, provoca transformações nos espaços produtivos locais para atender às demandas globais, o que ocorre sem comprometimento com a escala e a realidade regional. A AMÉRICA DO SUL EM PERSPECTIVA No segundo capítulo é exposta a influência dos aspectos físicos e das transformações socioambientais para a ocorrência de desastres naturais na América do Sul. Dentre as diversas perspectivas apresentadas no capítulo, a autora destaca as grandes transformações demográficas que ocorreram no continente, como, por exemplo, o fato de a população ter aumentado 266,0% nas últimas seis décadas. Outro aspecto considerado é que esse aumento se concentrou principalmente nas áreas urbanas, que englobam atualmente 82,8% da população. De tal forma, o crescimento e a concentração da população nas cidades, em velocidade maior que os investimentos em infraestrutura, acarretaram transformações profundas também no meio ambiente, o que contribuiu para o aumento dos desastres naturais. Segundo a autora, o número de catástrofes naturais é maior onde o ritmo de crescimento é mais acelerado, fato que ocorre mais intensamente nas cidades médias e pequenas da América do Sul. OS DESASTRES NATURAIS NA AMÉRICA DO SUL A terceira parte do livro inicia destacando a relação histórica dos antigos povos da América do Sul com os desastres naturais. Por meio de casos como dos povos incas, machupes e tupi-guarani, Nunes argumenta que eles tinham suas crenças e divindades baseadas em determinadas intempéries e desastres naturais. Partindo para uma análise contemporânea dos desastres, a autora utilizou a base de dados do International Disaster Database (EM-DAT) para elaborar os cinquenta gráficos, tabelas e imagens que ilustram e enriquecem o livro. A partir do EM-DAT, a autora apresenta um amplo panorama dos desastres na América do Sul, destacando-se dois padrões específicos: (1) eventos hidrometeorológicos são os mais recorrentes do continente e por isso afetam maior número de pessoas (88%, de 1960 a 2009); (2) eventos geofísicos são expressivos em apenas quatro países, entretanto causam nessas regiões a maior quantidade de mortos do continente (60%, de 1960 a 2009). Segundo Nunes (2015), o Brasil é o país mais afetado por desastres na América do Sul (70 447 903 pessoas atingidas), com eventos majoritariamente hidrometeorológicos. Além disso, o país responde por mais da metade dos eventos registrados no continente. Entretanto, é o Peru que possui maior número de óbitos (87 552), ocasionados principalmente por eventos geofísicos. Os dados abrangem o período de 1960-2009. Outro aspecto crucial analisado pela autora diz respeito ao impacto dos megadesastres. Essa análise revelou que somente os vinte maiores desastres naturais provocaram 149 877 óbitos, o que corresponde a 83,5% do total de mortes provocadas por desastres no continente. Desse total de óbitos registrados, só o terremoto ocorrido no Peru em 1970 corresponde a 44,0% (66 794 óbitos). Do ponto de vista econômico, os vinte desastres que causaram maiores perdas são responsáveis por 75,0% do total de perdas provocadas nessa categoria, o que torna evidente os impactos, principalmente, dos megadesastres. CONCLUSÃO Na quarta e última parte do livro, a autora destaca que a intensificação dos desastres naturais pode representar um óbice ao desenvolvimento das nações sul-americanas. Também salienta que, diante da importância de se compreenderem os padrões e tendências espaciais dos desastres, a existência de um banco de dados específico para a América do Sul é elemento central para confrontar os desastres naturais no continente. Segundo a autora, se o convívio com o risco pode ser considerado inevitável, é urgente desenvolver novas formas para seu entendimento e combate, que possibilitem aprimorar a capacidade de a sociedade conviver com o risco. A autora argumenta que há muito mais desarticulação do que ações concretas para a criação de um bloco efetivamente unificado entre as nações sul-americanas. Logo, a relação do homem com seu meio é perturbada por práticas econômicas guiadas por lógicas externas aos lugares. Por fim, esse livro constitui uma contribuição ímpar de Luci Hidalgo Nunes não somente para a compreensão dos desastres na América do Sul, mas também para os avanços nos estudos sobre o assunto, pois empreende uma análise singular dos desastres como processos guiados e transformados tanto pelos aspectos da globalização, quanto pelos acelerados processos de urbanização. Que continente apresenta maiores riscos de desastre naturais?África é o continente mais afetado por desastres naturais | Guia do Estudante.
Onde tem mais desastres naturais no mundo?Fuja deles!. 1) Vanuatu. É um pequeno arquipélago do pacífico, que faz parte do conjunto de ilhas da região das Novas Hébridas. ... . 2) Tonga. ... . 3) Filipinas. ... . 4) Ilhas Salomão. ... . 5) Guatemala. ... . 6) Bangladesh. ... . 7) Timor Leste. ... . 8) Costa Rica.. Qual é o maior desastre natural do mundo?Dez enchentes mais mortíferas. Quais são as zonas de maior vulnerabilidade com relação aos desastres naturais do planeta?As ilhas estão no topo da lista devido à vulnerabilidade a fenômenos climáticos, incluindo o aumento do nível do mar. A pequena ilha de Vanuatu, no Pacífico Sul, foi considerada a nação mais vulnerável do mundo, seguida pela vizinha Tonga.
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