Quanto tempo depois da exposição fazer teste de HIV?

FACTOS SUPER-RÁPIDOS:

  • Falar imediatamente com um profissional de saúde se suspeitar que tenha tinha um comportamento de risco.
  • Fazer o teste com regularidade é uma boa prática para quem seja sexualmente ativo mesmo que não se ache uma pessoa com comportamentos de risco.
  • Durante a gravidez, o teste ao VIH é uma prática regular. Conhecer o seu estatuto serológico para o VIH é uma forma de evitar a transmissão por via vertical.
  • O "período de janela" é o período de tempo que vai desde a infeção até à altura em que o corpo cria anticorpos suficientes para serem detetados num teste. É fundamental por isso estar informado sobre estes períodos, no entanto, não adie a realização do teste se suspeitar que tenha estado exposto ao vírus.

Testes ao VIH como exame de rotina

É recomendado que, pelo menos uma vez por ano, deverá fazer o teste ao VIH e a outras IST´s se for sexualmente ativo mesmo que use proteção.

Deverá fazer o teste com maior regularidade, por exemplo, se sexualmente se envolver com um novo parceiro ou se sentir que está exposto a um risco maior do que é habitual. Grupos de pessoas com maior vulnerabilidade à exposição do vírus deverão ser mais vezes testados. É o caso dos Homens que têm sexo com outros homens (HSH) que são aconselhados a repetir o teste de 3 em 3 meses ou de 6 em 6. A realização do teste como exame de rotina , ajuda-o a ficar mais descansado, recordando sempre que um caso positivo significa atualmente iniciar rapidamente o tratamento, protegendo desta maneira a sua saúde.

Não deverá aguardar que o aconselhem a fazer o teste

Se teve uma relação sexual desprotegida, se partilhou material injetável ou se suspeita que tenha tido algum outro comportamento de risco, não deve aguardar que o procurem mas sim contrariar essa atitude e procurar aconselhar-se, o mais rapidamente possível, com um profissional de saúde.

Os profissionais de saúde estarão disponíveis para o ouvir e para o orientar nos passos que deverão ser dados de seguida. E esta procura poderá ser fundamental nos casos em que a exposição ao VIH aconteça nas 72 horas seguintes, podendo a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) ser uma recomendação, evitando, deste modo, que o VIH consiga entrar no sistema imunitário da pessoa, se instale e se reproduza.

Mas infelizmente, a PEP nem sempre está disponível e nem sempre é conhecida por todos os profissionais de saúde. Por isso é fundamental que a conheça e que reitere o seu conhecimento sobre esta profilaxia, sabendo de antemão que deverá ser testado antes e depois de modo a assegurar que o objetivo foi cumprido.

Após as 72 horas, a maioria dos atuais testes de VIH estão capazes de detetar o vírus, 4 semanas depois do momento da exposição. Dependendo do tipo de testes disponíveis e do momento da ocorrência do risco, o médico ou qualquer outro técnico de rastreio irá provavelmente aconselhá-lo a repetir e irá acompanhá-lo até à confirmação definitiva do diagnóstico.

É fundamental perceber que é na fase inicial da infeção que a maioria das transmissões ocorrem, por isso, o máximo dos cuidados deverão ser tidos durante este período evitando qualquer comportamento de risco, como por exemplo, relações sexuais desprotegidas ou partilha de material injetável.

Sobre os "Períodos de Janela"

O "período de janela" é o tempo que vai desde a infeção até à altura em que o corpo cria anticorpos suficientes para serem detetados num teste. Esse período dependerá do teste que for realizado.

Quanto tempo depois da exposição fazer teste de HIV?

Se estiver grávida, quando é que devo fazer o teste?

É muito importante fazer o teste para o VIH durante a gravidez. Não diagnosticar e não tratar uma mulher grávida que viva com o VIH é garantir que o vírus seja transmitido ao seu filho. Na maioria dos países, o teste ao VIH é um exame de rotina para qualquer mulher grávida assim como o aconselhamento ao parceiro para que realize o teste.

Quanto mais cedo a mulher for testada, durante o período de gestação, melhor. Geralmente isso acontece logo na primeira consulta, idealmente antes da décima semana. O teste deve ser repetido a cada três meses ou pelo menos mais uma vez no terceiro trimestre. O seu médico irá informá-la de tudo o que precisa de saber sobre o teste de VIH, juntamente com os outros exames de sangue que geralmente prescrevem durante a gravidez.

Se descobrir que é positiva para o VIH, receberá imediatamente tratamento para evitar a transmissão do vírus ao seu filho. Quanto mais cedo você iniciar o tratamento, maior é a probabilidade do seu filho nascer VIH-negativo.

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Introdução

Anualmente, entre 2,5 e 3 milhões de pessoas se infectam com o vírus HIV. Muitas delas levam anos até descobrirem que estão contaminadas.

Na verdade, cerca de um terço dos indivíduos atualmente contaminados pelo HIV não sabem que são soropositivos, pois nunca realizaram o teste para o diagnóstico, chamado sorologia para o HIV. Isso corresponde a mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo.

Desde a década de 1980, quando os primeiros testes para o HIV foram desenvolvidos, muita coisa mudou, principalmente em relação à janela imunológica, que inicialmente era de até 6 meses e hoje caiu para apenas 4 semanas.

A sorologia para o HIV é um teste muito importante, pois o diagnóstico precoce aumenta as chances do paciente soropositivo viver de modo saudável por muitos anos. Além disso, saber que é portador do HIV também ajuda a reduz risco de transmissão para outras pessoas.

Atualmente, indicamos a realização da sorologia para HIV para os pacientes com sintomas de infecção aguda ou crônica pelo vírus, assim como para aqueles que tiveram comportamento de risco, com possível exposição ao HIV. O teste do HIV também costuma ser feito de rotina nas mulheres grávidas.

Sorologia para HIV

A sorologia tradicional existe desde 1985 e é conhecida como ELISA (Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay). O ELISA pode ser usado para várias doenças além do HIV, sendo uma técnica que permite a detecção de anticorpos específicos no sangue.

Neste tipo de teste não se pesquisa diretamente a presença do vírus, mas sim a existência de anticorpos contra o mesmo. Existem outras metodologias além do ELISA para se detectar anticorpos contra o vírus HIV, como o MEIA, EQL e ELFA e CMIA, mas o ELISA ainda é o método mais popular.

A lógica do exame é simples: só haverá anticorpos contra HIV no sangue se o paciente tiver sido contaminado pelo vírus. Pessoas que nunca tiveram contato com o HIV não têm como desenvolver anticorpos contra o mesmo. O nosso sistema imunológico só consegue produzir anticorpos contra uma determinada doença se ele tiver sido previamente exposto ao seu agente causador, seja ele um vírus ou bactéria.

Os anticorpos são proteínas produzidas com o objetivo de combater agentes infecciosos específicos. Uma vez que o vírus HIV tenha entrado em nosso organismo, ele é imediatamente capturado pelas células de defesa e sua estrutura é analisada. A partir desta análise, o sistema imune torna-se capaz de produzir anticorpos diretamente voltados para combater este invasor. 

Sempre que entramos em contato com algum germe pela primeira vez, o corpo demora algum tempo para analisar sua estrutura e produzir anticorpos específicos. Porém, uma vez reconhecido, o paciente terá anticorpos para o resto da vida. Um anticorpo contra o HIV só ataca o vírus do HIV, ele é inócuo para outras infecções, como, por exemplo, gripe ou catapora.

As atuais técnicas de sorologias para HIV conseguem detectar a presença de anticorpos contra o HIV-1 (subtipo mais comum e agressivo) e HIV-2 (subtipo menos contagioso e menos agressivo).

Janela imunológica

O tempo que decorre entre o momento da contaminação por um vírus até a produção de quantidade suficiente de anticorpos para serem detectados na sorologia é chamado janela imunológica. Portanto, quando falamos que um teste tem uma janela imunológica de 3 meses, isto significa que o exame só será capaz de dar positivo 3 meses após o paciente ter entrado em contato com o determinado vírus ou bactéria. Qualquer resultado negativo antes desses 3 meses não é confiável.

Nas últimas décadas, o diagnóstico sorológico do HIV evoluiu muito. A primeira geração das sorologias com ELISA, usada na década de 1980, tinha uma janela imunológica de quase 6 meses. Hoje, já estamos na 4.ª geração do ELISA, que é superior às gerações antigas não só pelo fato de conseguir detectar anticorpos contra o HIV mais precocemente, mas também por conseguir pesquisar o antígeno P24, uma proteína existente no vírus HIV.

O ELISA 4.ª geração é, portanto, um teste duplo que procura por anticorpos e por proteínas do próprio vírus. Deste modo, a janela imunológica é bem mais curta e o teste consegue detectar infecções com menos de 4 semanas (em alguns casos em até 2 semanas).

Atualmente, a taxa de detecção do ELISA 4.ª geração é de 95% com a janela imunológica de 4 semanas. Com janela de 6 semanas, a taxa de acerto é de praticamente 100%.

O NAT (Teste de Amplificação de Ácidos Nucleicos) pesquisa o RNA do vírus e consegue detectar o HIV com janela imunológica de apenas 10 dias. Essa técnica, porém, não costuma ser utilizada nos exames comuns, sendo habitualmente reservada para os casos em que o resultado das sorologias é indeterminado ou para triagem de doadores de sangue.

A tabela abaixo é da Organização Mundial de Saúde e resume a janela imunológica do HIV.

Quanto tempo depois da exposição fazer teste de HIV?

O período imediatamente após a infecção pelo HIV é chamado período do eclipse. Durante o período do eclipse, nenhum teste consegue detectar o HIV (nem marcadores serológicos, nem virológicos), pois a quantidade de ácido nucleico do vírus é minúscula e os anticorpos ainda não foram produzidos pelo sistema imunológico. O período de eclipse normalmente dura aproximadamente 10 dias.

O fim do período de eclipse é marcado pela detecção de ácido nucleico através de testes de ácido nucleico (NAT), aproximadamente 10-14 dias após a infecção.

Com cerca de 14 a 18 dias, os antígenos do HIV já podem ser detectados por testes mais modernos, como a pesquisa do antígeno P24. Já os primeiros anticorpos costumam ser detectados com 18 a 21 dias após a contaminação.

Resultado do exame de HIV

Se a sorologia vier negativa

Sempre que um paciente faz uma sorologia para HIV e o ELISA vem negativo, o resultado é liberado para o paciente sem necessidade de realizar outros testes confirmatórios.

O protocolo indicado é fornecer o resultado com a seguinte frase: “Amostra Não Reagente para HIV”.

Se a sorologia vier positiva

Quando ELISA fornece um resultado positivo para HIV, ele precisa ser confirmado por outro exame, que pode ser um dos três seguintes métodos:

  • Western blot.
  • Imunoblot.
  • Imunofluorescência indireta para o HIV-1.

O resultado positivo é somente liberado se o exame confirmatório também for positivo. O Western blot, por exemplo, tem uma acurácia de 99,7%. Quando temos dois resultados positivos (ELISA + WB) a chance de falso positivo é desprezível.

O resultado positivo confirmado por duas técnicas é liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”.

Se a sorologia vier indeterminada

Algumas vezes, o ELISA apresenta um resultado duvidoso, sendo incapaz de afirmar se há ou não a presença de anticorpos no sangue. Nesses casos com resultado indeterminado, o laboratório costuma entrar em contato com o paciente para solicitar uma nova amostra de sangue para que o teste possa ser refeito.

O laudo do laboratório costuma referir: “Amostra Indeterminada para HIV”. Este fato significa que houve um problema técnico com a amostra que a tornou incapaz de fornecer um resultado confiável.

Quando o ELISA é positivo, mas o teste confirmatório com Western blot é negativo, o resultado também é liberado como “Amostra Indeterminada para HIV”. Nesses casos, o paciente deve retornar ao laboratório em 30 dias para colher nova amostra de sangue.

Alguns laboratórios enviam os resultados indeterminados para centros de referência para realização do teste NAT. Se um resultado inicialmente indeterminado vier negativo pelo NAT, o laboratório libera o resultado como “Amostra Não Reagente para HIV”.

Quando é necessário repetir um exame negativo?

O exame não reagente para HIV é geralmente um resultado definitivo. Como já referido, se respeitada a janela imunológica de um mês, o risco de falso negativo é muito baixo.

Porém, se o paciente julga ter sido contaminado ou foi exposto a uma situação com elevado risco de contaminação, como sexo anal desprotegido ou acidentes com agulhas, sugere-se a repetição do teste após 30 dias.

Se esta situação de risco aconteceu com alguém sabidamente HIV, ou seja, se o paciente tem certeza que foi exposto ao vírus HIV, sugere-se que o teste não reagente seja repetido duas vezes, uma aos 3 meses e outra aos 6 meses, para se descartar os raros casos de conversão tardia.

É importante salientar que mesmo nos pacientes expostos ao HIV, um teste inicial negativo torna o risco de contaminação muito baixo. A repetição é indicada apenas porque há casos raros de seroconversão tardia e casos ainda mais raros de falso negativo (não existe exame laboratorial 100% perfeito).

Nos pacientes que fazem o teste para HIV apenas por rotina ou sem ter havido uma situação de risco relevante, um único resultado negativo é suficiente, não sendo necessária a repetição do exame.

Resultados errados

Causas de resultados falso positivos

Alguns fatores aumentam o risco de a sorologia do HIV dar falso positivo. Os mais comuns são: gravidez, neoplasias, doenças autoimunes e vacinação recente contra gripe.

Porém, conforme foi explicado nos tópicos anteriores, o protocolo atual de liberação dos resultados, com um ou dois testes confirmatórios, praticamente elimina o risco de um resultado falso positivo ser entregue ao paciente.

 Causas de resultados falso negativos

A principal causa de resultado falso negativo é a realização do exame antes da janela imunológica sugerida. Pelo menos um mês de intervalo deve ser respeitado para a realização do ELISA de 4.ª geração, e pelo menos 3 meses para o ELISA de 3.ª geração.

Teste rápido para HIV

Os testes rápidos para HIV ganharam bastante popularidade a partir dos anos 2000. O teste rápido é aquele capaz de liberar o resultado em apenas 30 minutos. Este teste pode ser feito com uma pequena amostra de sangue colhida através de um furinho no dedo ou através da saliva, dependo do tipo de teste usado.

Os testes rápidos para HIV têm uma sensibilidade um pouco menor do que os testes sorológicos tradicionais, porém, ainda assim, a sua taxa de falso negativo é baixíssima. Portanto, um resultado negativo no teste rápido tem o mesmo valor do resultado negativo na sorologia tradicional. Um resultado positivo deve ser confirmado pela sorologia tradicional.

A janela de segurança do teste rápido é de 3 meses. Seis semanas de intervalo costumam ser suficientes para a maioria das pessoas, mas como alguns pacientes demoram mais tempo para desenvolver anticorpos, o teste rápido pode dar falso negativo em cerca de 8% dos casos de infecção recente.

Se o teste rápido realizado for também de 4ª geração, com pesquisa de anticorpo e antígeno, a janela imunológica é de apenas 30 dias.

Em geral, indica-se o teste rápido naqueles casos em que se deseja um resultado rápido. Ele é importante, por exemplo, para profissionais que se acidentam com agulhas (neste caso o teste é feito no profissional e no paciente) ou em grávidas que chegam em trabalho de parto sem terem realizado exames pré-natais.

Os pacientes com exposição ao HIV ou com comportamento de risco recente devem dar preferência ao teste tradicional, pois este ainda é o melhor exame para o HIV, principalmente nas infecções adquiridas há menos de 3 meses.


Referências

  • HIV Testing – Division of HIV/AIDS Prevention, National Center for HIV/AIDS, Viral Hepatitis, STD, and TB Prevention, Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
  • Screening and diagnostic testing for HIV infection – UpToDate.
  • Learn About HIV Testing – HIV.org – U.S. Department of Health & Human Services.
  • HIV infection and AIDS – American Association for Clinical Chemistry.
  • HIV Testing – U.S. Department of Health and Human Services.
  • Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV – Ministério da Saúde.
  • Consolidated guidelines on HIV testing services – Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • Hardy WD, et al., eds. HIV testing and counseling. In: Fundamentals of HIV Medicine 2019 Edition. American Academy of HIV Medicine. Oxford University Press; 2019.

Quanto tempo depois da exposição fazer teste de HIV?

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Quanto tempo depois do ato posso fazer teste de HIV?

“Para o diagnóstico de sífilis e HIV, deve-se aguardar um intervalo de 30 dias após a exposição para realizar a testagem.

Quanto tempo o vírus HIV começa a se manifestar?

Aproximadamente metade das pessoas infectadas com HIV desenvolvem sintomas logo após a infecção. Tipicamente, os sintomas ocorrem de 5 a 30 dias após a infecção inicial e podem durar cerca de duas semanas, podendo durar por períodos mais curtos ou mais longos.

Pode fazer teste de HIV com 20 dias?

Em média, a janela imunológica dos ensaios de terceira geração é de 20 a 30 dias. Mas pode levar até 180 dias em alguns casos.

Quanto tempo demora para o HIV ficar Indetectavel?

"Pessoas vivendo com HIV em tratamento antirretroviral com carga viral indetectável em seu sangue têm um risco negligenciável* de transmissão sexual do HIV. Dependendo das drogas empregadas, pode levar até seis meses para que a carga viral fique indetectável.