Qual país mais católico do mundo

São Paulo – O número de católicos no mundo mais do que triplicou ao longo do último século – mas a porcentagem de católicos manteve-se praticamente a mesma, cerca de 16% do total da população. Já sua distribuição pelo globo mudou bastante. É isso que mostra estudo da Pew Research Center divulgado no começo do ano.

O número de seguidores da Igreja Católica no mundo passou de cerca de 291 milhões em 1910 para 1,1 bilhão em 2010. Em 1910, a Europa era a casa de cerca de dois terços dos católicos do mundo (65%) e a América Latina vinha na sequência, com 24% dos católicos. Já em 2010, cerca de 24% dos católicos estava na Europa – e a maior porcentagem, 39%, estava na América Latina e Caribe.

Na Ásia-Pacífico e na áfrica sub-saariana ocorreu rápido crescimento durante o século, de 5% para 12% e de menos de 1% para 16%, respectivamente. A porcentagem dos católicos que estão na América do Norte pouco mudou entre 1910 e 2010 – de 5% para 8%.

O crescimento da porcentagem de católicos que está numa região também está relacionado ao crescimento populacional da região, segundo o estudo. A América Latina concentra a maior porcentagem de católicos no mundo, mas a porcentagem de latino americanos que são católicos caiu de cerca de 90% em 1910 para 72% em 2010. A população europeia passou de 44% para 35% no mesmo período.

Em muitos países com grande população católica, a porcentagem de católicos vem diminuindo. É o caso do país com a maior população católica do mundo, o Brasil. Por aqui, a porcentagem de católicos passou de 74% no ano 2000 para 65% em 2010. No país que concentra a segunda maior população católica, o México, ocorre fenômeno semelhante. A porcentagem de católicos no total de sua população passou de 89% em 2000 para 85% em 2010. A África sub-saariana registrou o maior crescimento quanto à porcentagem da população que é católica, passando de 1% para 21%.

Veja nas tabelas os países com o maior número de católicos em 2010 e em 1910:

Agência Brasil

Ex-Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em reunião com adeptos de diferentes religiões durante inauguração da exposição "Diversidade Religiosa no Brasil".

Rio de Janeiro • 24 de agosto de 2011

O Brasil pode deixar de ser o país mais católico do mundo nos próximos 20 anos, de acordo com o Novo Mapa das Religiões, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. “É um ritmo forte de transformação. As mudanças que aconteceram em 100 anos agora estão acontecendo em dez [anos]. Se continuar essa perda de 1 ponto de porcentagem [de católicos] por ano, em 20 anos você teria menos de metade da população”, calcula Marcelo Neri, coordenador do levantamento.

A pesquisa mostra que atualmente o percentual de mulheres católicas (71,3%) é menor do que o de homens (75,3%). “Acima de tudo, acho que seja a chamada revolução feminina. Poucas coisas mudaram mais no cotidiano das pessoas do que questões como trabalho e anticoncepção entre as mulheres. O fato é que, embora as mulheres sejam bem mais religiosas do que os homens, elas são menos católicas, talvez por uma questão de afinidade”, disse Neri.

O Novo Mapa das Religiões revela que o sexo feminino representa a maioria entre adeptos de 23 das 25 religiões listadas como as mais populares pela pesquisa, como a católica, a evangélica pentecostal, a evangélica tradicional, a espírita kardecista, a luterana e a umbanda. Segundo o documento, enquanto os homens abandonaram crenças, elas mudaram de religião. “O catolicismo, o candomblé e o budismo são religiões masculinas. Todas as outras são basicamente femininas”, acrescentou o coordenador.

A pesquisa da FGV mostra que o Brasil vai de encontro à tese do sociólogo alemão Max Weber que associa a situação econômica à opção religiosa. “O Brasil talvez seja o grande contraexemplo dessa tese. Os países mais tradicionais europeus estão passando por grande dificuldade econômica e todos os maiores são essencialmente católicos. Já entre o Brics [Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul], o Brasil é o maior [em relação à economia e a adesão ao catolicismo]”, avaliou Marcelo Neri.

Outro dado do levantamento é que a taxa de catolicismo no Nordeste é a mais alta do Brasil (74%) e no Sudeste é a mais baixa (64%). “No entanto, no Nordeste [a taxa] tem crescido em velocidade 2,5 vezes maior do que no Sudeste”, ressaltou o coordenador da pesquisa.

Entre os estados, o Piauí é o que concentra o maior número de católicos. Na outra ponta, está Roraima, com a menor população adepta ao catolicismo e que também apresenta a menor religiosidade.

O catolicismo está mais presente entre os mais ricos, da classe AB (69,07%), e entre os mais pobres, da classe E (72,76%). Entre as outras religiões, os evangélicos tradicionais estão concentrados, principalmente, nas classes AB (8,35%) e C (8,72%), reduzindo a participação nas camadas mais baixas, chegando a representar 4,69% da classe E. Seitas espíritas e espiritualistas representam 5,52% da população na classe AB. Entre as faixas de renda, a classe E foi a que se mostrou como a menos religiosa de todas (7,72% não têm religião).

“Religiões orientais e afro-brasileiras estão mais presentes no topo [considerando a renda]. Quanto mais a renda aumenta, existe mais diversidade religiosa. Nos últimos anos no Brasil, houve uma queda acelerada do catolicismo, mas não em direção aos evangélicos pentecostais, como nas chamadas décadas perdidas, e mais em direção aos evangélicos tradicionais e todas as religiões alternativas ao catolicismo e aos grupos evangélicos”, destacou Marcelo Neri.

Fontes

• ((pt)) Carolina Gonçalves. Brasil pode deixar de ser o país mais católico do mundo em 20 anos, aponta pesquisa da FGV — 24 de agosto de 2011, 3 de Dezembro de 2011

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