Qual o percurso do espermatozoide até o óvulo?

Fecundação é o nome dado ao evento no qual ocorre a união entre o gameta masculino e o feminino: espermatozoide e ovócito secundário, respectivamente. Ele ocorre geralmente na tuba uterina, e em até trinta e seis horas após a ovulação.

Ovulação é o fenômeno no qual o sistema genital feminino libera o ovócito, anteriormente abrigado em uma estrutura localizada no ovário chamada folículo. Tal evento ocorre graças à ação de hormônios específicos, os estrogênios.

O ovócito secundário, erroneamente chamado de óvulo, é envolto por uma estrutura glicoproteica denominada zona pelúcida que, por sua vez, fica interna a uma camada rica em nutrientes e que confere proteção ao gameta.

Durante o ato sexual, na ejaculação, o homem libera, juntamente com o esperma, cerca de 350 milhões de espermatozoides. Esses, cuja formação se inicia somente na puberdade, se direcionam da vagina para o útero, e dele para as trompas, buscando atingir o gameta feminino, que exerce forte atração química sobre eles. Durante o percurso, muitos ficam para trás; e somente um, ou um número um pouco maior que esse, consegue atingir o ovócito.

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Chegando ali, uma glicoproteína da zona pelúcida, chamada ZP3 se une ao gameta masculino, permitindo com que ele atravesse essa estrutura e atinja a membrana plasmática do ovócito, graças à ação de enzimas que ele é estimulado a liberar. Em seguida, proteínas da membrana plasmática do espermatozoide permitem a união entre as membranas de ambos, impedindo que novos espermatozoides se direcionem.

A cauda do espermatozoide se degenera, e seu cromossomo se condensa ao ovócito após este sofrer meiose. Depois, todo o zigoto sofre meiose, apresentando, ao final, 23 cromossomos maternos e 23 paternos.

Cerca de nove dias após a ovulação já há como detectar se a mulher está grávida ou não, já que, em caso positivo, a fecundação propicia a produção de gonadotrofina coriônica humana (HCG). Esta glicoproteína é liberada pelo corpo-lúteo, estrutura formada a partir do folículo ovariano, após a liberação do ovócito. Ela impede que o corpo feminino tenha novas menstruações e ovulações.

Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental

E chega ao fim a jornada por dentro da máquina mais complexa do planeta: o corpo humano. O doutor Drauzio Varella encerra neste domingo essa série fantástica falando justamente do começo: ou melhor, de tudo o que acontece antes do começo. Pesquisas recentes trazem uma nova visão sobre a criação da vida humana.

Nos quatro programas desta série, você viu que, dentro de nós, existe um exército poderoso pra nos defender dos germes invasores

Você viu também como é eficiente nosso processo de cicatrização e o controle da temperatura do corpo. Mostramos que o cérebro é tão versátil que consegue criar imagens a partir de sensores colocados na língua. E que o rosto humano é resultado de um encaixe perfeito de peças, como num quebra cabeça.

Com a ajuda de descobertas muito recentes, vamos mostrar um momento crucial de nossas vidas. Aquele em que ganhamos a oportunidade de existir. Você vai ver que a fecundação está mais para a guerra do que para um ato de amor.

Uma nuvem branca é o esperma, o líquido que numa única ejaculação carrega em média 250 milhões de espermatozóides.

Teoricamente capazes de gerar uma população maior do que a do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai juntos. Essa quantidade toda é necessária porque chegar ao óvulo é uma missão quase impossível.

O primeiro obstáculo surge imediatamente depois da relação sexual. Esta é uma imagem do fundo da vagina, que fica em contato com a porta de entrada do útero. Um lugar bloqueado por um muco endurecido: um tampão. Os espermatozóides só vão avançar pelo útero quando a mulher estiver fértil.

Nesse período, os hormônios amolecem o muco que se transforma numa espécie de escada. Mas não subestime as artimanhas femininas. Não será fácil subir por ela.

O muco é um emaranhado confuso de filamentos. Só os melhores nadadores encontrarão o caminho certo. Os outros vão ficar pra trás.

Um grupo de jogadores de rugby está prestes a ter a intimidade revelada em praça pública. Eles doaram esperma para analise e agora vão receber o resultado em um telão.

Estes espermatozoides são do James. Alguns, como você pode ver, são um pouco estranhos.
Muitos têm duas caudas e não conseguem nadar. Outros são deformados. A maioria é de preguiçosos, que praticamente não se mexem.

Eles estão eufóricos, mas a amostra de Adam não é muito melhor. Os espermatozoides ou estão parados ou desorientados. E a produção de Oliver é simplesmente monumental.

Apesar das diferenças, todos esses rapazes são férteis. Os espermatozóides não são iguais. A
maioria deles tem a cabeça grande, a cauda pequena, são maus nadadores. Eles têm a função de impedir a entrada e de matar espermatozóides de outros homens, se aparecerem por ali, são os bloqueadores e os matadores. Apenas uma minoria tem cauda comprida e nada muito bem, eles disparam na frente. São os mais aptos a lutar pela conquista do óvulo. São os nadadores que conseguem vencer os labirintos que levam ao útero. Mas não há garantia de que vão viver por muito tempo.

A primeira reação do corpo feminino é atacar os invasores. Para o sistema imunológico, eles são estranhos que precisam ser destruídos. O interior de útero é o local perfeito para uma emboscada.

Esquadrões de glóbulos brancos atacam os espermatozóides em todas as direções. Poucos sobrevivem para chegar às trompas. Dos 250 milhões iniciais, podem sobrar 20 ou 30.

É um processo de seleção natural de altíssima eficiência. E funciona bem, porque apesar de todos esses percalços, os seres humanos são ótimos reprodutores.

Fantástico: Você tinha quantos anos quando nasceu a Maria Eduarda?

Eglair Scrivano, secretária: 46. Foi um susto, porque a gente tinha acabado de celebrar as bodas de prata, festejamos as bodas de prata, e eu já tava preparando um filho pra casar.

Pode até ter sido um susto. Mas a verdade é Eglair e Eduardo apenas voltaram à rotina que seguem praticamente desde a lua de mel.

Fantástico: Eglair, você tava casada há quanto tempo quando engravidou pela primeira vez?

Eglair: Veio naturalmente. Abril, maio e junho dois meses.

Eduardo Scrivano, representante comercial: Nós acertamos, em comunhão, no diálogo, que estávamos abertos à vida.

Veio o Tiago. Depois o Andre. O Pedro. A Letícia. A Jéssica. Não acabou não. Ainda teve a Gisele. O José Renato. E, por fim, a caçulinha.

Fantástico: E como é assim o dia a dia? Por exemplo, de manhã, a hora que todo mundo acorda, quantos banheiros vocês tem na casa?

Mãe: Nós temos dois.

Fantástico: Como é que é, vocês distribuem senha? Como é que é?

Mãe: Não, até que é uma coisa, bem assim, organizada.

Eduardo: Eles aprenderam a respeitar a prioridade de cada um naquele momento

Fantástico: E eles quando se desentendem assim, brigam em grupo?

Pedro Scrivano, de 23 anos: Geralmente, começa dois brigando por algo pontual, e aí os irmãos começam um a defender o outro "não, porque você ta errado", por que o outro tá errado. E aí tem outro que quer separar a briga e quando a gente vê, ta todo mundo brigando. De solidão ninguém pode se queixar. Ninguém pode se queixar.

Eglair: é ao contrário, muitas vezes eu falo assim "puxa vida, queria só um minutinho sozinha".

Fantástico: Você passou, assim, vários anos praticamente grávida.

Mãe: Isso, exatamente. Grávida e amamentando.

Fantástico: Aí amamentava, parava de menstruar.

Mãe: Exatamente. Voltava a menstruar e já engravidava.

Eglair ficaria surpresa se soubesse como seu corpo comandou a seleção que gerou cada um de seus filhos.

Descobertas recentíssimas revelam que os poucos espermatozóides que chegam à trompa recebem mensagens químicas femininas com o poder de forçá-los a hibernar.

Agora, o ovário tem até cinco dias para liberar um óvulo. O sistema é perfeito e precisa ser assim. Porque ao contrario dos homens, a mulher já nasce com todos os óvulos da vida inteira.

Seguindo esse pensamento, o óvulo precioso que virou você se formou no ovário da sua mãe, quando ela estava no útero da sua avó. Quando o óvulo está maduro, ele é gentilmente liberado pelo ovário. E segue seu caminho pela trompa.

Chega então o momento de despertar os espermatozoides adormecidos. É o óvulo que manda um sinal químico para orientá-los na direção certa.

Começa então a grande corrida. Só haverá um vencedor.

Os competidores primeiro invadem um conjunto de camadas protetoras. Até que um espermatozóide consegue finalmente romper a fina casca que envolve o ovulo. É um momento critico.

Se outro espermatozóide entrar, o ovulo não vai resistir. Então ele se protege. Debaixo da casca fina, pequenos grãos são detonados e transformam o óvulo em algo impenetrável.

A partir deste momento, uma nova vida está a caminho. Daqui a nove meses, vai se juntar aos mais de 300 mil seres humanos que nascem todo dia na terra.

Fantástico: Você acha que pode engravidar mais uma vez?

Eglair: Olha, depois que eu fiquei grávida dela, eu acho que eu posso! Eu não vejo filho hoje como um peso, eu vejo como uma graça, então pra mim, é sensacional, é um presente mesmo, cada nascimento de um filho pra mim é um presente, foi um presente, é um presente.

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