Qual o papel do educador na primeira infância?

Neste ano, o programa Primeira Infância Melhor completou quatro anos de uma caminhada vitoriosa junto a comunidade gaúcha. Inicialmente, foi idealizado e estruturado a partir da metodologia cubana do programa “Educa a tu hijo”, que tem como prioridade o papel das famílias na atenção aos primeiros anos de vida, e é reconhecido como referência internacional enquanto programa institucional equivalente de ação educativa. Hoje o PIM já pode orgulhar-se de suas próprias conquistas, como por exemplo, a criação da Lei 12.544/06, que instituiu o programa Primeira Infância Melhor como política pública, integrando a Política Estadual de Promoção e Desenvolvimento da Primeira Infância, em parceria com os municípios e organizações não governamentais. Além disso, com o crescimento técnico e a legitimação do programa, foi possível adequar a metodologia cubana, até então utilizada, às necessidades e peculiaridades do povo gaúcho.

O PIM é hoje considerado um programa social, institucional equivalente de ação educativa junto às famílias e gestantes, para que estas possam desenvolver e/ou promover as potencialidades de suas crianças de 0 até 6 anos, e tem como um de seus principais pilares, a intersetorialidade – o que explica o envolvimento das Secretarias Estaduais da Justiça e do Desenvolvimento Social, da Cultura, da Educação e da Saúde, sendo esta responsável pela coordenação deste programa.

Ao repensar o envolvimento destes órgãos governamentais, cabe refletir acerca das ações educativas desenvolvidas até o momento, de modo a retomar principalmente o papel desempenhado pelo educador, representante da Secretaria da Educação nos Grupos Técnicos Municipais, dentro deste contexto.

Enquanto proposta de ação educativa inovadora e diferenciada dos currículos pré-estabelecidos e dos projetos político-pedagógicos utilizados no ensino formal, se faz necessário que o educador repense seu papel enquanto ator do PIM junto às famílias e comunidade.

A partir do momento em que ampliamos o processo educativo que já ocorre na sala de aula, ao envolvermos a família e a comunidade como parceiras, estamos de certa forma, criando um novo espaço de aprendizagem, onde o principal responsável pela educação e promoção do desenvolvimento das crianças, são suas próprias famílias. Neste sentido, o programa Primeira Infância Melhor atua de forma a instrumentalizar ou até mesmo, empoderar a família de modo que esta seja realmente a protagonista do processo de educação de seus filhos. Trata-se, portanto, de uma metodologia de trabalho, onde pressupõe-se uma teoria pré-estabelecida que procura orientar e sensibilizar os “pais enquanto educadores”, ao mesmo tempo em que respeita, resgata e promove sua cultura, história e vivências, num sistema dinâmico de complementaridade e retroalimentação.

Trabalhar com a educação fora da sala de aula pressupõe um projeto social compartilhado, em que vários atores concorrem para o desenvolvimento e fortalecimento da identidade pessoal, cultural e social de cada indivíduo. Neste sentido, a educação acontece a partir de uma construção coletiva, onde família e educador trabalham juntos por um mesmo objetivo.

Com isso, o profissional da educação que se propõe a desenvolver as ações do PIM em seu município, necessita rever os conceitos até então utilizados, com relação ao seu papel na escola e sua concepção de ensinar dentro desta instituição denominada escola – provida de um sistema próprio, normas, regras e currículos bem solidificados. Se faz necessário que o educador do PIM ultrapasse os muros da instituição e comece um processo de transformação pessoal e profissional, voltado para uma visão mais global e integrada do processo educativo, onde a inter, a multi e a transdisciplinaridade façam parte da sua ação educativa e onde a prevenção e promoção da qualidade de vida sejam o foco de sua atuação.

O primeiro passo para realizar um trabalho institucional equivalente como o do programa Primeira Infância Melhor, é estabelecer uma relação de confiança e comprometimento com as comunidades e famílias atendidas, ao mesmo tempo em que o educador deve apresentar-se como pessoa comprometida com a construção de uma melhor qualidade de vida para as futuras gerações.

O profissional da educação que trabalha com o PIM não deve apenas orientar e instrumentalizar as famílias, mas principalmente, ser um facilitador/mediador na construção e/ou fortalecimento dos laços afetivos dos cuidadores com suas crianças. Além disso, deverá também acompanhar este desenvolvimento proporcionando maior segurança e apoio. É preciso lidar com as dificuldades e progressos apresentados por cada uma das famílias e/ou crianças de forma individualizada, forçando o educador a rever suas concepções e práticas, desenvolvidas até então.

Cabe ressaltar, portanto, a importância da formação continuada dos educadores. Não é possível que se realize um trabalho intersetorial e institucional equivalente de ação educativa sem que sejam revistos os conceitos até então estabelecidos pela formação acadêmica. É preciso vivenciar estas novas situações com um olhar crítico, onde a própria prática será um caminho de qualificação, a partir do momento em que se reflete sobre o acontecido, buscando possibilidades de transformações e de novas ações.

Deste modo, os profissionais da educação ao trabalharem num programa inovador como o Primeira Infância Melhor, terão, antes de tudo, que investir na elaboração de afetos e conhecimentos próprios para que possam interferir e orientar situações que envolvam sentimentos e saberes alheios, isto é, das famílias que se dispõem a participar ativamente do crescimento e desenvolvimento de seus filhos.

Ao finalizar, penso ainda no futuro dos profissionais da educação e na profissão que exercerão. Convivemos até os dias de hoje, com uma academia preocupada com o trabalho de sala de aula, onde são formados profissionais qualificados tecnicamente como professores e/ou pesquisadores. Porém, é necessário que a formação acadêmica nos dê o título de “educador”, um educador preparado para as diversidades do mercado de trabalho, capaz de trabalhar em equipe e principalmente aberto a uma educação para a cidadania. É importante que o educador consiga ampliar horizontes no sentido de pensar em novas possibilidades de atuação profissional, ou até mesmo de postura profissional, dando especial atenção ao caráter inter, multi e transdisciplinar, e às ações educativas. Contudo, se a academia ainda não teve sua metodologia revista neste sentido, acredito que, na prática, o programa Primeira Infância Melhor já está realizando um trabalho de ação educativa que possibilita o resgate dos anseios humanos de igualdade, responsabilidade e justiça daqueles que estamos educando.

Bibliografia Consultada

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. Porto Alegre: Ática, 1999.

JORNAL A PÁGINA DA EDUCAÇÃO. São Paulo. Mensal. Disponível em:

. Acesso em: 02 abr. 2007.

GOVERNO DO ESTADO RS. Conhecendo o Programa Primeira Infância Melhor – PIM:     Contribuições para Políticas Públicas na Área do Desenvolvimento Infantil. Vol. 1. Porto Alegre: Relâmpago, 2007.

Lei Estadual 12.544. Institui o Programa Primeira Infância Melhor e dá outras Providências. Porto Alegre: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 03 de julho de 2006.

Qual é o papel do educador na formação da primeira infância?

Os professores da primeira infância apoiam a aprendizagem, fornecendo atividades e materiais. Ao facilitar a aprendizagem e prover um ambiente adequado ao desenvolvimento, materiais interessantes e tempo suficiente para explorar, aprender, brincar e interagir, as crianças consideram o aprender fácil e divertido.

Qual é a função de um educador infantil?

Recepcionam as crianças, cuidam da higiene, asseio, alimentação e controla o repouso. Auxiliam na elaboração do planejamento pedagógico; preparam material didático, desenvolvem atividades recreativas e acompanham o desenvolvimento das crianças.

Qual é o papel do educador no cuidado e na educação das crianças pequenas?

Principalmente no ensino infantil, esse profissional também é um dos grandes responsáveis por ensinar conceitos básicos às crianças, como respeitar os colegas, saber esperar seu lugar na fila e sua vez de falar. E pode acreditar: tudo isso é levado por toda a vida.

Qual deve ser o papel do educador?

Educador é o sujeito responsável por coordenar, na relação com o outro, os processos de ensino e aprendizagem. Isso significa que o educador é um profissional que investe no processo de desenvolvimento do educando, sempre ciente do que ele, efetivamente, necessita aprender.