Qual a influência das mídias e da tecnologia em nossas práticas corporais?


  1. UNESC
  2. Humanidades, Ciências e Educação
  3. Educação Física
  4. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (EDF Bacharelado)

Use este identificador para citar ou linkar para este item: //repositorio.unesc.net/handle/1/1477

Título:  A influência da mídia na academia: reflexos no cotidiano de praticantes de exercícios físicos
Patricio, Janira Bertan
Orientador(es):  Santos, Luís Afonso dos
Palavras-chave:  Mídia
Indústria cultural
Exercícios físicos
Qualidade de vida
Academias de musculação
Academias de ginástica
Descrição:  Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Educação Física da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.
Resumo:  A crescente valorização da saúde, estética e a expansão da abordagem que a mídia faz sobre a atividade física nos dias atuais não é novidade; nova é a proporção que este discurso midiático vem tendo no nosso cotidiano. É cada vez maior o apelo a uma aparência saudável e corpos esculpidos. Devido a crescente descoberta tecnológica e científica aumentam as possibilidades de se apropriarem destas informações para divulgar estratégias de como ficar mais belo e saudável. Os meios de comunicação têm se mostrado grandes aliados no sentido de informar os benefícios da atividade física, alimentação e hábitos de vida saudável; porém, influencia diretamente na percepção da realidade. Sabe-se através de pesquisas recentes, que o sedentarismo é a principal causa de muitas doenças hoje na sociedade. Em muitas nações desenvolvidas e em outras que estão em pleno desenvolvimento, o sedentarismo tem se tornado um motivo de muita preocupação. O desenvolvimento da acepção de atividade física como um hábito na vida das pessoas, tem sido plenamente pesquisado. Percebe-se em nossa sociedade atual que os benefícios da atividade física regular para todas as idades são amplamente divulgados e recomendados. Os meios de comunicação, apesar de estabelecerem um padrão corporal ideal de beleza, expressam muito claramente também a importância de praticar alguma atividade física. Este trabalho tem como objetivo, analisar os benefícios das práticas de exercícios físicos. Além disso, tem como intuito mostrar a visão da mídia acerca dos padrões ideais de beleza que às vezes não são as verdades absolutas para uma boa qualidade de vida.
Idioma:  Português (Brasil)
Tipo:  Trabalho de Conclusão de Curso - TCC
Data da publicação:  Dez-2012
URI:  //repositorio.unesc.net/handle/1/1477
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1.     Introdu��o

    O presente estudo surgiu a partir da necessidade de investigar a influ�ncia da m�dia na constru��o da imagem corporal de frequentadores de uma academia de muscula��o da cidade de I�ara. Esta pesquisa busca verificar como a m�dia interfere na constru��o da imagem corporal e quais s�o os principais meios de comunica��o utilizados.

    Etimologicamente, a palavra m�dia origina-se do latim media, plural de m�dium, que significa meio. Inevitavelmente associada � comunica��o, �a m�dia refere-se aos meios de comunica��o, no sentido de comunica��o humana mediada por algum aparato� (GONZ�LEZ, FENSTERSEIFER, 2008, apud PATRICIO, 2012, p. 16). Encontramos um pequeno n�mero de pessoas produzindo informa��es para um grande n�mero de pessoas, e esta � a din�mica da comunica��o de massas.

    Esta trata-se de um forte elemento mediador entre a sociedade e as pessoas, e com o seu f�cil acesso - que acontece atrav�s dos meios de comunica��o, como a televis�o, r�dio, jornais e revistas - consegue produzir conceitos com rela��o a valores sociais e estilo de vida interferindo no consumo de produtos, na forma de vestir, agir, na escolha das atividades f�sicas, na alimenta��o, etc., levando, assim, informa��es que auxiliam na constru��o da subjetividade humana, entre eles os padr�es corporais ideais.

    Para MARTINS (2008, p. 95) �Atualmente, a sociedade tem sido caracterizada, por uma cultura que elege o corpo como uma fonte de identidade. Por meio da m�dia, que veicula propagandas com imagens de corpos ideais [...]�.

    Nesta mesma linha de pensamento Betti (2003, p.12) afirma:

    A import�ncia da m�dia no mundo atual � evidente, e sua influ�ncia desdobra-se tamb�m no �mbito da cultura corporal de movimento, ditando entendimentos sobre as diversas pr�ticas corporais, reproduzindo-as, mas tamb�m as transformando e constituindo novos modos de consumo.

    Com a facilidade de acesso �s informa��es, os recursos midi�ticos tornam-se express�es significantes para o mundo moderno. Chegam aos lares com atrativos compostos por informa��es r�pidas aliadas ao som, imagens e efeitos especiais, seduzindo todas as faixas et�rias, preparadas ou n�o para receber as mensagens que apelam para o consumo de produtos.

    Segundo Blowers (2003) citado por Darmasceno (2005, p. 181) �a m�dia, a fam�lia e os amigos condicionam os indiv�duos a se exercitar, a cuidar de seus corpos, direcionando-os a desejos, h�bitos, cuidados e descontentamentos com a apar�ncia visual do corpo�.

    Devido � crescente expans�o de informa��es geradas pela m�dia e sua rela��o com aspectos relacionados � sa�de, exerc�cio f�sico e a preocupa��o com a est�tica corporal, levantamos o seguinte problema de pesquisa: Qual a influ�ncia da m�dia na constru��o da imagem corporal de praticantes de muscula��o em uma academia no munic�pio de I�ara/SC?

    A Pesquisa tem como objetivo geral verificar a influ�ncia da m�dia na constru��o da imagem corporal de homens e mulheres praticantes de muscula��o. A partir o objetivo geral, os objetivos espec�ficos concentram-se em:

  1. Verificar quais os tipos de m�dia mais utilizados pelos entrevistados;

  2. Investigar se a m�dia teve alguma influ�ncia na decis�o de iniciar a pr�tica de exerc�cios f�sicos em uma academia;

  3. Constatar quais os objetivos esperados pelos indiv�duos nesta pr�tica;

  4. Compreender quais as principais influ�ncias da m�dia na busca por seus objetivos na pr�tica da muscula��o.

2.     Materiais e m�todos

    Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, na medida em que busca observar, analisar, descrever, classificar, comparar e correlacionar fatos ou fen�menos existentes sem manipul�-los com objetivo de esclarecer situa��es para idealizar futuros planos e decis�es (CERVO; BERVIAN, 2002).

    A popula��o estudada � composta por alunos da academia Studio Elite, que oferece muscula��o para ambos os sexos, por isso escolhida como o local de pesquisa.

    Inicialmente foi feito contato com o propriet�rio do estabelecimento. Ap�s sua autoriza��o, a data para a realiza��o das entrevistas foi agendada. Foram entrevistados 33 alunos, 14 alunos do sexo masculino e 19 alunos do sexo feminino - no per�odo vespertino e noturno de funcionamento da academia - hor�rios com maior fluxo de pessoas -. , Ressalta-se que os participantes da pesquisa foram escolhidos aleatoriamente e participaram de forma volunt�ria.

    O instrumento de coleta de dados consistiu em um question�rio com 14 perguntas elaborado pela acad�mica e validado por tr�s professores do curso de Educa��o F�sica da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).

    De posse dos resultados da entrevista a pesquisadora procurou definir categorias e posteriormente tabular os dados por meio da planilha eletr�nica do programa Microsoft Office Excel 2007. A partir da planilha, foram calculados os percentuais de respostas para as quest�es constadas na entrevista, e posterior constru��o das tabelas e gr�ficos, descri��o e an�lise dos dados em rela��o aos objetivos do trabalho.

3.     Apresenta��o e an�lise dos dados

    A seguir, observa-se o gr�fico que indica os meios de comunica��o utilizados pelos participantes da pesquisa:

Gr�fico 1. Meios de comunica��o utilizados pelos participantes

Fonte: Do autor

    A partir do gr�fico, podem-se observar que a m�dia eletr�nica � o meio de comunica��o mais utilizado para buscar informa��es. Entre elas, a busca pela internet supera a da televis�o. Verifica-se uma mudan�a de paradigma: h� d�cadas, a televis�o era exorbitantemente o meio de comunica��o de massa mais utilizado. Atualmente, perdeu esta condi��o para a Internet.

    Pode-se analisar que a m�dia eletr�nica est� sendo o meio de comunica��o mais utilizado para buscar informa��es. Considerando que 86% dos entrevistados encontram-se na faixa et�ria de 15 a 36 anos e que possuem curso superior (55%) ou cursando (21%), verifica-se que se trata de um grupo de jovens praticantes de muscula��o, por isso com condi��es econ�micas de frequentar uma academia e com acesso � televis�o e internet.

    Pode-se supor tamb�m que, por se tratar de um grupo de jovens adultos, o acesso e a facilidade de interagir com a tecnologia, faz com que a internet seja o meio de comunica��o mais utilizado.

    Entre os conte�dos citados como de maior interesse pelos entrevistados, os que mais se destacaram foram os relacionados � cultura corporal (48%). Sendo que o assunto que desperta mais consultas � a est�tica com 27%, seguido de esporte e sa�de com 21%. Estes interesses podem ter uma rela��o direta com a busca da pr�tica de muscula��o, a preocupa��o com a sa�de e a est�tica padronizada pela m�dia.

    Entre os programas que os entrevistados assistem com maior frequ�ncia, est�o citados programas como novelas, P�nico na Band, Bem Estar, Encontro com F�tima, Fant�stico, Esporte TV, Malha��o, que totalizam 56%. Estes s�o caracterizados como programas de entretenimento, em que alguns deles produzem informa��es r�pidas sobre v�rias tem�ticas, incluindo esporte, sa�de e est�tica. Apoiam-se em informa��es t�cnicas para divulgar os produtos a serem consumidos. Outros se utilizam de imagens e enredos para idealizarem um padr�o corporal e comportamental, tendo grande influ�ncia sobre o p�blico. Programas diversos como seriados, canal combate e filmes totalizaram 44%. Entre as revistas mais acessadas entre os entrevistados, destaca-se, com 39%, as revistas Boa Forma, Caras, Atrevida, Toda Teen, Corpo a Corpo, Mens Heart, Corpore. Estas s�o revistas que vendem claramente o padr�o est�tico de corpo, de vestu�rio, e de estilo de vida, al�m de indicarem referenciais para a sa�de, alimenta��o e pr�tica de atividades f�sicas. Segundo Damico, (2007, p. 3):

    [...] vivemos um tempo em que meios de comunica��o de massa, como revistas, jornais e programas de televis�o, produzem e veiculam toda uma discursividade sobre e para o corpo, contemplando, dentre outras coisas, modos de vestir, comer, exercitar-se, maquiar-se ou divertir-se. Todas essas pr�ticas corporais constituem um conjunto de rela��es de saber-poder que produzem nossas m�ltiplas formas de ser e de estar no mundo.

    O gr�fico seguinte apresenta dados sobre a influ�ncia da m�dia sobre a escolha de iniciar a pratica de atividades f�sicas.

Gr�fico 2. Influ�ncia da M�dia sobre a escolha dos participantes na pr�tica de atividades f�sicas

Fonte: Do autor

    Pode-se analisar que a m�dia tem grande influ�ncia nos praticantes iniciantes de exerc�cio f�sico. Entre os entrevistados, 70% disseram terem sidos influenciados pela m�dia e apenas 30% disseram n�o terem obtido nenhuma influ�ncia.

    A m�dia � certamente um elemento de interfer�ncia no aspecto psicol�gico dos indiv�duos. S�o vendidos, maci�amente, padr�es de sa�de, qualidade de vida e bem-estar em todos os meios de comunica��o. Esta � a principal impulsionadora do corpo sadio e belo como objetivo de desejo, inserido em um estilo de vida saud�vel (SABA, 2001. p.69).

    Pode-se ligar este caso ao fato ao de os entrevistados mostrarem ter um contato freq�ente com revistas de est�ticas e programas de televis�o que tem grande influ�ncia sobre a popula��o.

    SILVA (2012, p. 25) aponta que:

    Os meios de comunica��o de massa, ou seja, a m�dia est� cada vez mais expondo corpos como padr�es de beleza, essa imagem est� t�o enfatizada que passou a ter um valor cultural, fazendo com que o indiv�duo acredite que para ser aceito na sociedade tem que estar dentro dos padr�es estabelecidos, caso contr�rio ser� automaticamente exclu�do pelo sistema.

    Pode-se supor que a internet � o meio de comunica��o que mais influencia os entrevistados na busca de seus padr�es est�ticos desejados, sendo que 28 pessoas de um total de 33 constataram buscar na internet informa��es relacionadas � atividade f�sica, exerc�cio f�sico, sa�de e est�tica. Apesar de a televis�o e a internet serem instrumentos diferentes, estes utilizam a mesma l�gica para produ��o e divulga��o de ideias. Fazem parte de um envolvimento maior que � a ind�stria cultural.

    A ind�stria cultural se apresenta como um instrumento de grande poder, onde atrav�s da sua influ�ncia na forma��o de nossa identidade, acaba por alterar e enfraquecer a nossa autonomia, atrav�s de um processo de aliena��o. Existem diversos ve�culos desta poderosa ind�stria, entre os quais os mais utilizados atualmente s�o a televis�o e a internet. Estes recursos da m�dia s�o bem utilizados para adquirir a aten��o de todos, para dominar as mentes e passar o que � o �melhor�, o ter e o ser um corpo idealizado. (PEREIRA, 2010, p. 1).

    Uma das caracter�sticas da sociedade contempor�nea � a grande import�ncia que se d� para a imagem corporal, isso vem crescendo cada vez mais, com a ajuda dos meios de comunica��o. As pessoas buscam diversos meios como atividade f�sica, dietas, tratamentos est�ticos, cirurgias, para chegar ao corpo ideal..

    A partir da pesquisa constatamos a enorme insatisfa��o que as pessoas t�m com os seus corpos.Constatamos que 98% das pessoas se sentem insatisfeitas com alguma parte do seu corpo. Entre elas, as que mais se destacaram como de maior insatisfa��o � o abd�men com 50% para ambos os sexos, seguido de gl�teos e pernas para as mulheres (24% das entrevistadas) e bra�os para os homens (19% dos entrevistados).

    Esta divis�o de interesses entre os g�neros � visivelmente observada: as mulheres procuram as atividades mais animadas, como as aulas de dan�as, step, jump, e com o objetivo da melhora de performance nos membros inferiores. J� os homens, preferem as atividades que envolvem o est�mulo de for�a muscular, como atividades de muscula��o, lutas, e com o foco maior nos membros superiores (PATRICIO, 2012).

    No universo das academias, o culto do corpo gera uma busca incans�vel trilhada por meio de uma �rdua rotina de exerc�cios, dietas, produtos de beleza, atrav�s dos quais se pretende superar os pr�prios limites em nome de contornos corporais concebidos como padr�es ideais impostos pela m�dia. Cada qual com os seus objetivos, eles n�o poupam esfor�os para alcan��-los, eles utilizam v�rios recursos, um exemplo s�o os anabolizantes, que antes eram restritos apenas para atletas, e hoje se popularizou entre os jovens n�o atletas, e passou a ser utilizado para fins est�ticos (IRIART et al, 2009).

    Questionados sobre quais os motivos que levavam os entrevistados a permanecerem nas academias, os mais citados foram para se manter em forma e conseguir o corpo belo (42%), seguindo de sa�de (26%), prazer � pr�tica de exerc�cios f�sicos (18%), gosta dos servi�os prestados pela academia (11%) e outros (3%). Isto refor�a a ideia da busca de padr�es est�ticos definidos dela m�dia, uma vez que a maioria dos entrevistados prioriza a est�tica corporal na pr�tica de muscula��o.

    Todos n�s sabemos que a grande procura de pessoas, por academia, deve-se, majoritariamente,a est�tica, e consequentemente, acompanhando o modismo do corpo esbelto [...] (CONTURSI, 1986 apud NOVAES, 2001, p. 19).

    Apresentamos aos entrevistados na figura abaixo o conjunto de silhuetas de Stunkard et al (1983):

Figura 1. Padr�es de silhuetas

Fonte: Stunkart et al (1983)

    Quando questionados sobre qual das silhuetas se identificavam atualmente, 52% das respostas ficaram divididas entre as de n�mero 5 e 6., tanto para os homens quanto entre as mulheres. S�o imagens que representam um padr�o est�tico diferente do que a m�dia vende e apresenta como ideal. Representam um corpo com excesso de gordura localizada no abd�men, perna e bra�os. Sobre quais silhuetas gostariam de ter, as op��es mais escolhidas foram as de n�mero 3 e 4, totalizando 67%. As figuras mais indicadas mostram silhuetas que se identificam mais com o padr�o est�tico estabelecido pela m�dia.

    Um corpo perfeito bem definido consagra e representa a vit�ria, o dom�nio e autoestima o que proporciona confian�a e controle de si. A gordura, a flacidez, o sedentarismo simboliza indisciplina um descaso diante de algo t�o valioso. Assim se afirma que as pessoas se culpam pelo fracasso do pr�prio corpo quando o mesmo n�o se encontra em n�vel do que � apresentado e imposto pela sociedade. (GARRINI, 2007).

    Podemos constatar que grande parte dos entrevistados encontra-se insatisfeito com a situa��o atual de seus corpos. O padr�o est�tico estabelecido pela m�dia � dif�cil de ser alcan�ado. Por isso verificamos a grande quantidade de produtos, servi�os e t�cnicas vendidos para obt�-los com maior facilidade.

    Questionamos se os entrevistados achavam poss�vel alcan�ar o padr�o corporal que a m�dia divulga. As respostam ficaram divididas: 55% dos entrevistados n�o acreditam que seja poss�vel alcan�ar o corpo vendido pela m�dia, por motivos variados, alguns dos motivos citados foram, corpos irreais (34%) ou conseguidos apenas atrav�s de dietas radicais, horm�nios, exerc�cios em excessos, cirurgias, dinheiro e tamb�m, no caso de fotografias, com corre��es possibilitadas pelo uso do software Photoshop (45%).

    J� 45% dos participantes acreditam que � poss�vel sim, alegando que realizam a pratica de exerc�cios para alcan�arem corpos assim (13% dos entrevistados), e outros afirmam que � poss�vel, mas � necess�rio muita dedica��o, dinheiro e tempo dispon�vel (80% dos entrevistados).

    Podemos analisar que mesmo que a maioria das pessoas (55% delas) n�o acreditarem que este corpo que a m�dia vende como padr�o ideal � um corpo imposs�vel de alcan�ar apenas com o exerc�cio f�sico, que � necess�rios v�rios outros recursos, como dietas, dinheiro, horm�nios e tempo livre, os praticantes de muscula��o continuam buscando esse corpo ideal divulgado pela m�dia atrav�s da pratica dos exerc�cios f�sicos. Isso fica claro quando eles s�o questionados sobre seus objetivos, que da grande maioria � a melhora da est�tica. A insatisfa��o leva a interven��es dr�sticas sobre o corpo como cirurgias pl�sticas, as mais variadas dietas, as diferentes gin�sticas cada vez mais especializadas em modelar milimetricamente o corpo humano, al�m da ingest�o de medicamentos e produtos qu�micos com a mesma finalidade (GRANDO, 2001, p. 123).

    Seja de maneira direta ou indireta a m�dia realiza seu trabalho de influ�ncia e faz com que os indiv�duos busquem incansalvemente alcan�ar esse padr�o est�tico, para se sentirem aceitos pela sociedade.

    Pires (2002, p.98) destaca que:

    O estranhamento experimentado por aqueles que est�o fora dos crit�rios de normalidade determinados parece reproduzir o isolamento social imposto aos acometidos de doen�as infecto-contagiosas e deformantes, nos s�culos passados, observa a devida relatividade que tal compara��o exige. O �� castigo�� para quem nega submeter-se ou � incapaz de alcan�ar os c�nones est�ticos �culturais do corpo esbelto da modernidade � um progressivo ��sentir-se incomodado�� pelos entraves da conviv�ncia social que s�o impostos, tanto expl�cita quanto subliminarmente.

    Tanto aqueles que afirmam n�o ser poss�vel atingir o padr�o corporal quanto aqueles que acreditam nesta possibilidade afirmam que este objetivo depende de muito exerc�cio f�sico, que implica em disponibilidade de tempo, condi��es econ�micas, controle alimentar e produtos e atividades extras (horm�nios, cirurgias, etc.). Estas exig�ncias excluem a maioria da popula��o de atingir padr�es corporais midi�ticos, j� que o tempo de trabalho tende a consumir energias e a renda n�o permite gastos com estas finalidades.

    A m�dia vende massivamente o corpo ideal para todos, deixando de considerar os estilos de vida, classes sociais, etnias e estereotipo. As pessoas passam a ter obriga��es de adaptar-se aos padr�es est�ticos, caso contr�rio ser�o exclu�das e culpadas por n�o possu�rem tal padr�o. Bourdieu (1997) denuncia que � a estrat�gia da culpabiliza��o da vitima, conforme se referem Quint e Matiello Jr (1999). Esta estrat�gia transfere para o indiv�duo a responsabilidade tanto pela escolha entre estar ou n�o saud�vel e em boa forma f�sica, quanto por todas as conseq��ncias resultantes dessa op��o.

    O exerc�cio f�sico foi destitu�do dos sentidos emancipat�rios do movimentar humano, e passou a ter seu valor conforme os interesses do mercado, oferecendo a exclus�o �s pessoas que n�o conseguirem se aproximar por algum motivo dos padr�es ideais (PIRES, 2002).

4.     Considera��es finais

    Esta pesquisa buscou entender melhor a influ�ncia da m�dia na constru��o da imagem corporal de frequentadores de em uma academia de muscula��o da cidade de I�ara. Atrav�s dos objetivos propostos, podemos concluir que a m�dia tem influ�ncia na autoimagem corporal nos praticantes de muscula��o.

    Com rela��o aos objetivos propostos conseguimos perceber que as pessoas entrevistadas buscam se manter informadas atrav�s dos meios de comunica��o de massa, entre eles, os que mais de destacaram foram a internet e televis�o. Destaca-se que a maioria dos entrevistados tem curso superior ou est� cursando uma faculdade e possui uma renda que lhe permite frequentar uma academia. Com este perfil, o grupo indica a m�dia eletr�nica como a principal fonte de informa��o.

    Podemos identificar no estudo a forte influ�ncia que a m�dia teve na decis�o das pessoas a iniciarem a pr�tica de muscula��o. A maioria da popula��o estudada constatou ter sido influenciada pela m�dia, atrav�s de revistas, jornais e televis�o ou outros aparatos da comunica��o. Dentre os assuntos que mais despertam interesse nos entrevistados, destacamos aqueles relacionados � est�tica, sa�de e esporte, temas que envolvem exerc�cios f�sicos, alimenta��o, e padr�es corporais. Podemos ligar esse caso ao fato dos programas mais assistidos pelos entrevistados serem programas que tamb�m tratam dos respectivos assuntos.

    Os dados analisados levam-nos a inferir que a m�dia interferiu nos objetivos desejados pelos praticantes de muscula��o, sendo que a maioria dos indiv�duos sente-se insatisfeito com a situa��o atual de seus corpos. As mulheres encontram-se insatisfeitas com os membros inferiores, com o excesso de gordura localizado nas pernas, e gl�teos. J� para os homens a insatisfa��o maior � nos membros superiores, com �nfase nos bra�os e peitoral. O abd�men � a parte do corpo que ambos os sexos sentem-se mais insatisfeitos. Podemos supor que essa insatisfa��o acontece devido ao fato de seus corpos estarem distantes dos corpos divulgados nas capas de revistas, propagandas, sites e etc.

    No estudo averiguamos que a maioria dos entrevistados deseja mudar ao menos alguma parte do seu corpo, por um padr�o que se aproxima muito com o que a m�dia prega como o corpo ideal. Podemos assim, constatar a influ�ncia da m�dia da constru��o da imagem corporal dos indiv�duos.

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A insatisfação com a imagem corporal aumenta à medida que a mídia expõe protótipos estéticos, levando a uma compulsão pela aparência perfeita13. De acordo com Conti et al. 3, acredita-se que fatores sociais como a mídia são os principais influenciadores da percepção corporal. Segundo Barroso et al.

Qual é a influência da mídia na visão da construção do corpo humano e na prática da atividade física?

A importância da mídia no mundo atual é evidente, e sua influência desdobra-se também no âmbito da cultura corporal de movimento, ditando entendimentos sobre as diversas práticas corporais, reproduzindo-as, mas também as transformando e constituindo novos modos de consumo.

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