Qual a importância dos microrganismos para os animais ruminantes?

Os animais ruminantes são herbívoros que mastigam novamente o alimento que retorna do estômago. Para aproveitar melhor os nutrientes, esse órgão é dividido em compartimentos.

Os bovinos são exemplos de animais ruminantes e apresentam o estômago dividido em quatro compartimentos

Os animais ruminantes são mamíferos herbívoros que se caracterizam por mastigar novamente o alimento que retorna do estômago. Esses animais apresentam também um estômago dividido em quatro compartimentos. São exemplos de ruminantes, o boi, o carneiro, o veado, o camelo e a cabra.

A divisão do estômago dos ruminantes em compartimentos é de extrema importância, pois permite um melhor aproveitamento da celulose, um importante nutriente presente nos vegetais ingeridos por esses animais.

O estômago dos ruminantes

O estômago dos ruminantes divide-se em:

  • pança ou rúmen: nesse compartimento, o alimento ingerido e já mastigado sofrerá a ação de microrganismos que ali vivem. Esses microrganismos atuam na digestão da celulose. Nesse processo, serão produzidos também ácidos, vitaminas e alguns gases, como o metano e o gás carbônico;

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  • barrete ou retículo: esse é o segundo compartimento para onde o alimento segue. Aqui sofrerá também a ação de microrganismos que continuarão com a digestão da celulose. O alimento mistura-se com saliva por causa da presença de glândulas semelhantes às da boca e é, então, regurgitado para ser novamente mastigado;

  • folhoso ou omaso: após ser novamente mastigado, o alimento segue para esse terceiro compartimento, onde parte da água presente é removida e ele será triturado;

  • coagulador ou abomaso: nesse compartimento, o alimento e os microrganismos presentes serão digeridos pela ação de enzimas.

A digestão nos ruminantes encerra-se no intestino, que também apresenta adaptações. Esse órgão dos herbívoros, em geral, é maior do que nos carnívoros por causa da maior dificuldade de digestão de seu alimento.

Por Helivania Sardinha dos Santos

IMPORTÂNCIA DOS MINERAIS PARA A MICROFLORA DO RÚMEN

Dados de literatura têm indicado mecanismos de interação dos minerais com a microflora simbiótica do trato gastrointestinal. Com relação aos ruminantes, observa-se o seguinte:  

  • Alguns elementos minerais são essenciais, tanto para o organismo animal, quanto para a microflora. Entre os elementos incluem-se: K, essencial para o crescimento de certas espécies de microorganismos; P, essencial para os processos energéticos das células, tanto do animal, como da microflora; Mg, Fe, Zn e Mo, componentes ativadores de enzimas bacterianas. 
  • O elemento mineral é essencial, principalmente para os microorganismos que produzem os metabólitos requeridos pelo organismo animal. Por exemplo, certos grupos de bactérias que produzem vitamina B12 (cianocobalamina).
      
  • O elemento é essencial ao organismo animal e à microflora, mas é assimilado preferencialmente pelos microorganismos do rúmen, na forma que é fornecido. Um exemplo é o S, requerido para a digestão da celulose, assimilação de N não-protéico e síntese de vitaminas do grupo B.
      
  • Elementos minerais que são essenciais nos processos metabólicos no organismo animal, mas também participam na criação de um meio ótimo para suporte dos microorganismos. Tais elementos incluem K, Na, Cl e P e, sendo o rúmen um sistema biológico fechado, mantêm seu meio interno constante (ação tampão, pressão osmótica, concentração relativa de íons).

A microbiota dos animais ruminantes, especialmente localizada no rúmen, é essencial para a digestão dos vegetais durante a pastagem. Eles fermentam a celulose dos vegetais e transformam em outros componentes que os animais conseguem absorver. Assim, a obtenção de energia através da alimentação nesses animais depende da ação dos microrganismos, que ganham em troca um hábitat seguro e oferta de nutrientes dentro do rúmen.

Você já saiu de férias, precisando relaxar e desacelerar da correria do dia a dia, foi pra tranquilidade do campo e se deparou com aquelas vacas pastando o dia inteiro como se o tempo não passasse? Pois é, a vida das vacas e de outros ruminantes parece uma paz só, não é verdade? Mas você já parou pra pensar por que as vacas mastigam tanto e conseguem comer tanta grama? E o que a microbiologia tem a ver com isso? Esse é o tema do nosso bate-papo de hoje!

Primeiro, precisamos entender o que são os ruminantes. Eles são mamíferos herbívoros, ou seja, que se alimentam apenas de vegetais, e que para digerir esse verde todo possuem um órgão especial chamado rúmen, onde os componentes dessa dieta são digeridos e processados. E não só os bovinos são ruminantes, mas também ovelhas, cabras, camelos, búfalos, entre outros.

Os vegetais são ricos em celulose, uma fibra formada por glicose que serve como uma excelente fonte de carboidratos e energia para os animais. Se pensarmos que os vegetais são seres vivos abundantes no mundo todo, a celulose se torna uma fonte de energia disponível em quase todas as regiões do planeta. Mas apesar disso, os mamíferos, mesmo os herbívoros, não conseguem quebrar a celulose sozinhos e usá-la como fonte de energia. Para isso, eles precisam da ajuda dos microrganismos, que dispõe de genes que codificam enzimas específicas para o processamento da celulose.

Para digerir os vegetais do pasto, os animais ruminantes precisam dos microrganismos presentes no rúmen, os quais fermentam a celulose que compõe esses vegetais e transformam em moléculas que os animais conseguem absorver para obter energia.

Mas o que acontece dentro do rúmen e onde a microbiologia entra nessa história? Vimos na matéria Nosso corpo é humano ou microbiano? que o corpo humano possui uma microbiota que desempenham importantes funções para o corpo, em especial a microbiota intestinal que auxilia em vários processos de digestão e absorção de nutrientes. Mas essa relação benéfica dos microrganismos com outros seres vivos não é uma exclusividade de nós seres humanos. Os ruminantes possuem uma microbiota no rúmen que desempenha um papel crucial na digestão dos alimentos que esses mamíferos ingerem. Então vamos entender melhor essa relação.

RÚMEN E A MICROBIOTA RUMINANTE

Quando uma vaca está pastando, por exemplo, vemos que ela fica mastigando, mastigando, mastigando e parece não engolir nunca aquela grama que serve de alimento pra ela, não é mesmo? Isso é normal, pois essa primeira etapa da digestão é muito importante para esses animais. A saliva dos bovinos é rica em bicarbonato de sódio que ajuda a dar início a quebra dos nutrientes da comida. Nos bovinos, essa etapa é tão importante que eles produzem entre 60 e 180 litros de saliva por dia!!!

Já o rúmen é um compartimento que faz parte do sistema digestório desses animais. Essa estrutura é bastante grande, capaz de comportar até 150 litros de conteúdo nas vacas (isso mesmo, você leu certo)! Além do seu tamanho surpreendente, o rúmen também é um ambiente de pH controlado e anóxido (ou seja, sem oxigênio), condições que favorecem o processamento da celulose. Nele habitam diversas espécies principalmente de bactérias, mas também de fungos e protistas. Estudos baseados em técnicas de biologia molecular estimam que haja entre 300 e 400 espécies bacterianas no rúmen, entre elas os gêneros Fibrobacter e Ruminococcus.

Esses microrganismos fermentam a celulose, amido e outros açúcares presentes nos vegetais, transformando-os em ácidos graxos voláteis (como ácido acético, propiônico e butírico), dióxido de carbono (CO2) e metano. Ou seja, o rúmen funciona como uma caixa de fermentação onde a celulose e outros açúcares vegetais são quebrados e transformados em outros produtos que o animal consegue absorver. Esse processo resumido nessas frases parece simples, mas pode ser bem demorado. O alimento ingerido por um ruminante pode ficar no rúmen sendo fermentado por até 50 horas!!!

Assim, vemos que a relação entre os ruminantes e os microrganismos é simbiótica, ou seja, uma troca de favores. Enquanto os ruminantes proporcionam um local protegido e com oferta de nutrientes para os microrganismos, esses servem como mão de obra para os ruminantes, fazendo um trabalho (o processamento da celulose) que esses mamíferos sozinhos não conseguiriam fazer.

ALTERAÇÕES NA MICROBIOTA DO RÚMEN E SEU IMPACTO NA SAÚDE ANIMAL

Assim como vemos que a nossa dieta pode mudar a microbiota intestinal, fazendo prevalecer diferentes microrganismos, o mesmo acontece no rúmen. Estudos em bovinos mostram que uma dieta rica em amido (como grãos) resulta na prevalência de microrganismos decompositores de amido, enquanto que uma dieta baseada em forragem (rica em celulose) estimula o predomínio de bactérias celulolíticas (aquelas que quebram a celulose).

Como vimos, os açúcares vegetais, como a celulose e o amido, são as principais fontes de carbono e energia dos mamíferos herbívoros. Com isso, a constituição da dieta, e consequentemente da microbiota ruminal, pode impactar no nível e na qualidade da nutrição desses animais.

Agora imagine um criador de gado de corte, aquele usado para gerar as carnes bovinas que chegam no mercado. É fácil imaginar que as melhores carnes devam ser aquelas vinda de um boi bem nutrido, não é mesmo? Para esse trabalhador, é importante que o boi ganhe massa muscular com rapidez, afinal massa muscular significa mais carne. E para não precisar de compostos químicos para promover esse ganho muscular, a qualidade da dieta e, consequentemente da microbiota ruminal, é uma estratégia mais limpa e saudável para o animal.

O ganho de peso dos bovinos criados para a produção de carne requer uma boa alimentação e absorção de nutrientes. Nesse contexto, os microrganismos do rúmen desempenham uma função essencial transformando os açúcares vegetais e moléculas capazes de serem absorvidas pelos animais.

Se pensarmos no gado para produção de leite, também não é difícil imaginar que as vacas tenham mais facilidade de produzir leite quando estão bem alimentadas e nutridas. Afinal, a vaca precisa de energia para produzir leite, e de onde as vacas obtém energia? Da celulose presente nos vegetais, que é processada com a ajuda da microbiota ruminal.

A produção de leite pelas vacas requer um bom nível de nutrição. Por isso os microrganismos do rúmen e a alimentação oferecida aos animais impactam diretamente na produtividade de leite.

Assim, para que esses criadores de gado tenham animais saudáveis e ofereçam produtos de qualidade provenientes da sua criação, é essencial que os animais tenham uma microbiota ruminal saudável, favorecendo a digestão da celulose e a geração de mais energia para esses animais. Por isso, vários estudos são feitos para conhecer melhor essa relação, resultando em melhores estratégias de manejo desses animais e sua microbiota para que o rebanho esteja sempre saudável e produtos de melhor qualidade possam ser obtidos a partir da criação de gado.

CONCLUINDO

Na matéria de hoje vimos mais uma relação benéfica dos microrganismos com animais, dessa vez com os ruminantes. Então se você ainda acha que microrganismo é sinônimo de perigo e doença, leia mais uma vez essa matéira e confira os temas presentes nas categorias “MICRORGANISMOS: QUEM SÃO?” e “MICRORGANISMOS E MEIO AMBIENTE”. Depois de ver a importância dos microrganismos para a natureza e principalmente para os animais, espero que você compreenda que não conseguimos viver sem esses seres microscópicos.

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Qual a importância dos microrganismos para os ruminantes?

Os microrganismos realizam a transforma- ção de alimentos ricos em matéria vegetal, princi- palmente em etanol, o qual serve como fonte de energia para o animal ruminante hospedeiro.

Qual é a participação das bactérias na alimentação dos animais ruminantes?

Esses microorganismos do rúmen contribuem de muitas outras formas para a nutrição do hospedeiro, ou seja, eles podem sintetizar proteína a partir de compostos de nitrogênio inorgânico, tais como os sais de amônio.

Como as bactérias ajudam os ruminantes na nutrição?

As bactérias utilizam a amônia disponível no conteúdo ruminai como principal fonte de nitrogênio para a síntese de proteína microbiana. Algumas espécies de bactérias utilizam diretamente os peptídeos e aminoácidos formados no rúmen.

Quais os benefícios da simbiose com os microrganismos ruminais para o ruminante?

O sucesso destes animais se deve a relação simbiótica do hospedeiro (animal) com microrganismos ruminais que possibilita a utilização da parede celular de vegetais e nitrogênio não protéico como fonte de nutrientes, compostos complexos e inutilizáveis para a maioria dos outros animais.

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