Como anteriormente exposto, a Evolução Biológica é um fato científico corroborado por inúmeras evidências reveladas pelos cientistas e observações de eventos evolutivos que requerem relativa curta duração. Não é algo que depende da sua vontade de acreditar. Simplesmente é um fato, assim como a geração de gravidade por um corpo com massa é um fato. Vamos, então, listar as principais evidências que nos levam a concluir que a Evolução Biológica é um fato científico, não uma mera hipótese ou especulação. Na verdade, vamos enumerar principalmente as evidências que já se somam aos processos evolucionários já provados e facilmente observados em relativos curtos intervalos de tempo, como a resistência bacteriana (superbactérias resistentes aos antibióticos) e as variações viróticas (a razão das vacinas da gripe, por exemplo, sempre precisarem estar sendo atualizadas para acompanhar o passo evolucionário dos vírus responsáveis pela doença), devido à altíssima taxa de reprodução desses seres e a mecanismos evolucionários auxiliares que facilitam a dispersão/aquisição de novos de genes - como a já discutida TLG. Show FÓSSEIS DE TRANSIÇÃO Já tendo sido mencionados em detalhes os dinossauros, hoje possuímos diversos fósseis de transição, ou seja, fósseis mostrando transições evolucionárias de um táxon (espécie, gênero, Reino etc.) para outro, em direção a uma nova clade (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo - esse ancestral comum pode ser um indivíduo, uma espécie ou até mesmo um Reino). Dos dinossauros terópodes em direção às aves temos tantos registros fósseis - somados com tantas estruturas comuns - que fica impossível questionar que as aves evoluíram dos dinossauros. O mais famoso modelo de transição foi do peixe Tikaalik, o qual foi encontrado em 2004 e representava claramente uma transição dos animais vertebrados (tetrápodes) da água para a terra, e o qual tinha
sido previsto pela Teoria da Evolução. (Na seção 'Criacionistas X Evolução Biológica' a questão do Tikaalik será abordada com mais detalhes). ----------
Cobras - apesar de não serem os únicos répteis que evoluíram um corpo alongado sem membros - são também notáveis por terem evoluído de répteis com quatro membros, adotando tipicamente um modo rastejante de locomoção ao perdê-los durante o curso evolutivo. Hoje existem mais de 3 mil espécies de cobras, todas predadoras, mas explorando um espectro muito amplo de nichos ecológicos, habitando desde desertos e florestas úmidas até montanhas e ambiente marinho. Sem os membros, as cobras podem rastejar, cavar, subir em árvores, nadar e até mesmo planar. Nesse sentido, um número de fósseis de transição já foram descritos para as cobras, particularmente de espécimes trazendo ainda membros traseiros (!). Notavelmente, em um estudo publicado em 2015 no periódico Science (Ref.179), pesquisadores descreveram um fóssil do Cretáceo Inferior,
descoberto aqui no Ceará, de uma alegada cobra em estágio de transição evolutiva trazendo quatro membros reduzidos mas completos. A espécie - batizada de Tetrapodophis amplectus - parece ter usado os membros reduzidos para melhor agarrar presas. Proporções cranianas e corporais, assim como espinhas neurais reduzidas, indicaram uma adaptação fossorial, sugerindo que as cobras evoluíram de ancestrais fossadores (que cavam) e não de ancestrais marinhos como previamente argumentado.
Evidências subsequentes, porém, apontaram também traços de adaptação aquática nessa espécie observados tipicamente em escamados marinhos (Ref.180), suportando ainda uma possível origem marinha das mais antigas cobras. Nesse mesmo caminho, um estudo mais recente, publicado no periódico Journal of Systematic Palaeontology (Ref.184), concluiu que o espécime não representa uma cobra, e, sim, um dolicossauro, um gênero extinto de escamado marinho. Fica aqui também a sugestão de leitura das matérias abaixo descrevendo fósseis de transição recentemente encontrados e descritos em estudos de grande impacto:
Para não ficarmos apenas nos animais, podemos citar fósseis recentemente revelados de uma planta angiosperma do gênero Chauleuria, datada do Emsiano Inferior (~408-400 milhões de anos atrás) (Ref.173), e a qual representa um claro estágio evolutivo associado ao processo reprodutivo. As mais antigas plantas terrestres se reproduziam via esporos de tamanhos aproximadamente similares que teriam germinado em uma fase de produção de gametas (gametófito) dos seus ciclos de vida, os então controlavam a expressão e reprodução sexuais. No entanto, pelo fim do Devoniano Médio (~385 milhões de anos atrás), as plantas terrestres evoluíram modos mais complexos de particionamento de recursos reprodutivos, com a existência de esporos muito pequenos produtores de gametas masculinos (micro-esporos) e esporos muito grandes produtores de gametas femininos (mega-esporos). Essa evolução de diferentes classes de tamanho de esporos - heterosporia - foi essencial para um controle reprodutivo mais refinado, assim como cruciais evoluções que marcaram a formação de sementes. Os novos fósseis (USNM 769061) - muito bem preservados e corroborando um fóssil prévio incompleto de outra espécie do gênero Chauleuria - mostram uma clara transição evolutiva para a existência de tamanhos tão extremados de esporos (mega- e micro-esporos). Como pode ser visto na imagem acima, os fósseis estavam associados a mais de 80 estruturas reprodutivas (esporângios) contendo esporos de massas e tamanhos variados, desde 70 micrômetros até 200 micrômetros de diâmetro. Enquanto algumas das estruturas continuam exclusivamente esporos grandes ou pequenas, outras possuíam apenas esporos de tamanho intermediário e outras possuíam todo o espectro de tamanhos - possivelmente com algumas produzindo gametas femininos e outras gametas femininos. "TRANSIÇÕES VIVAS" Aliás, não é necessário nem recorrer exclusivamente aos fósseis para mostrar exemplos de transições evolucionárias. Na nossa fauna e flora temos notáveis modelos e representantes vivos de transição, onde podemos citar os famosos ornitorrincos, estes os quais são mamíferos monotremados que possuem diversas características morfológicas e genéticas em comum com os répteis - incluindo também as aves -, sendo que botar ovos é a mais óbvia. Além disso, certas espécies de peixes, como aquelas da família Oxudercinae - e até mesmo a classe Dipnoi, a qual é composta por peixes ósseos que apresentam pulmões primitivos, conseguindo respirar fora da água - são também famosas por conseguirem se locomover fora da água, frequentemente com as nadadeiras dianteiras, representando possíveis passos para a saída dos vertebrados da água. Um exemplo ainda mais notável nessa linha são os peixes marinhos da família Blenniidae, cujas diferentes espécies representantes exibem variados graus de comportamento anfíbio: algumas raramente ou nunca emergem da água, outras gastam grande quantidade de tempo dentro e fora da água, enquanto outras são altamente terrestres e gastam toda a fase juvenil e vida adulta fora da água na zona de 'splash' (zona supralitoral, onde o ambiente é continuamente úmido devido às ondas mas não submerso) (Ref.168). A predação aquática é um dos fatores que empurraram esses peixes gradualmente para fora da água, e muitos variam o tempo fora e dentro da água dependendo das condições temporais, do nível da maré e da disponibilidade de refúgios/abrigos terrestres (fendas ou buracos nas rochas). Uma dieta também mais generalista - possibilitada pelo tipo distinto de dentição desses peixes - e grande plasticidade comportamental são outros fatores contribuintes importantes para a transição. Esse contínuo espectro de adaptabilidade aquática-terrestre pode espelhar o que ocorreu há centenas de milhões de anos quando os primeiros peixes emergiram da água para dar origem aos tetrápodes terrestres. Existem pelo menos 33 famílias de peixes que possuem, no mínimo, uma espécie que demonstra alguma atividade terrestre, e em vários casos esse comportamento evoluiu de forma independente nas diferentes famílias. Nos peixes da família Blenniidae são pelo menos 7 convergências para um estilo de vida altamente anfíbio (Ref.169). Apesar de ser comumente pensado que é muito raro tais transições, exemplos ainda hoje vivos indicam que o comportamento anfíbio evoluiu repetidas vezes ao longo de famílias ecologicamente diversas, sugerindo poucas limitações para esse tipo de processo adaptativo.
- Continua após o anúncio - Essas estruturas similares são chamadas de homólogas pelos cientistas. Darwin, aliás, estava seguro que a evolução biológica era um fato apenas observando essas estruturas. Ora, por que um morcego precisa de longos dedos para a formação das asas e possui toda a extensão do braço extremamente similar àquela vista nos outros tetrápodes, incluindo humanos? Por que, ao invés disso, os morcegos não possuem uma assa similar aos insetos e mãos livres para fazer outras atividades? Obviamente, o morcego não é um animal "planejado", e, sim, fruto de processos evolutivos, derivado de descendentes com modificações, ou seja, herdando (conservando) estruturas e carregando outras modificações adaptativas a partir de ancestrais em comum com outros tetrápodes. E, nesse mesmo caminho, por que raios os golfinhos, ictiossauros, plesiossauros, entre outros répteis e mamíferos aquáticos extintos ou não possuem a estrutura óssea de dedos dentro das nadadeiras? Por que esses dedos não estão presentes dentro das nadadeiras de peixes, como os tubarões? Ora, a resposta é óbvia: porque esses animais descenderam de répteis ou mamíferos terrestres tetrápodes que possuíam dedos funcionais, ganhando modificações no processo evolutivo para a adaptação ao ambiente aquático mas conservando estruturas dos seus ancestrais comuns. Todos os seres vivos carregam várias estruturas homólogas - óbvias e não-óbvias - derivadas dos seus ancestrais comuns, e quanto mais próximos dois ou mais organismos estão de um mesmo ancestral comum, maior é a quantidade de similaridades homólogas, já que terão acumulado menos modificações em relação a outros ancestrais mais longínquos. Podemos fazer um paralelo com as diferentes línguas no mundo: no Ocidente e parte do Oriente, temos a família de línguas Indo-Europeias, todas derivadas de ancestrais comuns, como o Grego Micênico, as línguas Anatólias, e o Latim. O Latim, por exemplo, é o ancestral comum das línguas neolatinas (Italiano, Francês, Espanhol, Português, Romeno, Catalão, entre outros idiomas), e, apesar do acúmulo de modificações, todas elas conservam estruturas e várias palavras comuns. E do Inglês até as línguas Germânicas, todos compartilham essencialmente o mesmo alfabeto. Aliás, assim como ocorre com o criacionismo, acadêmicos Europeus antes do Iluminismo acreditavam que as palavras e linguagens tinham sido criadas como elas se encontravam no presente, via intervenção divina. A partir do século XVI, com o explosivo aumento do comércio internacional, a contínua observação das grandes similaridades entre as linguagens de regiões geograficamente muito distantes - da Índia até as ilhas Britânicas -, logo começaram a deixar claro que todas elas possuíam uma ancestralidade comum, algo que ficou mais do que bem estabelecido com o avanço dos estudos linguísticos, historiográficos e arqueológicos. MONOTREMOS E MARSUPIAIS: Interessante também mencionar o caso dos mamíferos monotremados e marsupiais. Os mamíferos articulam seus maxilares usando uma nova articulação (temporomandibular) entre os ossos dentários e escamosos, desde que parte importante articulação original (ligação entre o quadrado e o maxilar superior. Em mamíferos euterianos, essa articulação se forma já no embrião, suportando alimentação e vocalização desde o nascimento. Em contraste, marsupiais e monotremos exibem extrema dependência ao nascerem e nascem antes dessa articulação se formar. Em um estudo publicado no periódico eLife (Ref.170), os pesquisadores mostraram que a função vital de alimentação nos recém-nascidos desses mamíferos é realizada por uma ligação cartilaginosa com os ossos do ouvido médio, permitindo que a base craniana forme uma articulação crânio-mandibular. Foram analisadas comparativamente quatro espécies: um Rato-cachorro-de-orelhas-curtas (um opossum, marsupial da família Didelphidae), um ornitorrinco (Ornithorhyncus anatinus), uma equidna (Tachyglossus aculeatus) e um camundongo (Mus musculus). Comparações adicionais foram realizadas com uma lagartixa, um porquinho-da-Índia e um morcego. A natureza dessa articulação varia entre monotremos e marsupiais, com os monotremados juvenis retendo uma dupla articulação, similar àquela do Morganucodon (Mammaliaformes), enquanto os marsupiais usam tecido conectivo entre os ossículos do ouvido e a base do crânio para simular temporariamente a articulação. O achado pode representar verdadeiros "fósseis vivos" espelhando a transição réptil-mamífero em relação à separação dos ossículos do ouvido, e reforçando que o grupo dos monotremados retiveram consideráveis características desde a divergência dos répteis em relação aos outros mamíferos [a deposição de ovos sendo a mais óbvia característica]. TERRA PARA O MAR: É interessante também apontar que durante as transições de répteis e de mamíferos do ambiente terrestre para o ambiente aquático, é bem documentado no registro fóssil não só o passo a passo das modificações anatômicas mais externas (membros, crânio, cauda, etc.) como também os ossículos do ouvido, e de forma também homóloga. O clado Thalattosuchia representou crocodilomorfos marinhos que evoluíram de espécies terrestres que se adaptaram ao ambiente aquático - se tornando eventualmente excelentes nadadores -, assim como ocorreu com os cetáceos. Essa transição evolucionária ocorreu durante a Era Mesozoica (182-125 milhões de anos atrás) e envolveu uma gradual modificação muito similar no sistema sensorial vestibular àquela observada nos cetáceos, particularmente uma miniaturização do labirinto (adaptação ao modo de vida pelágico) (Ref.167). Porém, com uma nítida diferença: essa modificação ocorreu em um passo bem mais acelerado nos cetáceos. Um recente estudo de revisão (Ref.174) encontrou forte suporte de que os dromaeossaurídeos ('raptores') e os terópodes troodontídeos (ambos do clado Deinonychosauria) são os grupos de dinossauros não-aviários mais próximo relacionados (táxon irmão, Paraves) das primeiras aves (Avialae), e que os terópodes anquiornitinos (Anchiornithinae) representaram as mais antigas aves (dinossauros aviários) a divergirem dos dinossauros terópodes. Aliás, os pesquisadores nesse estudo - através de uma compreensiva análise biomecânica e morfológica - encontraram que a maioria das espécies nesses grupos tinham o potencial de voar, mas com apenas algumas ultrapassando o limite de real voo, não apenas capacidade de planar. Isso sugere que o voo auto-sustentado evoluiu pelo menos três vezes entre os dinossauros terópodes: uma vez nas aves e duas vezes nos dromaeossaurídeos. Isso significa que houve inúmeras experimentações evolutivas da locomoção assistida pelas asas antes da habilidade de voo se estabelecer nas aves. 4. Em um trabalho publicado no periódico Evolution, pesquisadores conseguiram modificar os bicos de uma galinha ao bloquearem duas proteínas durante o desenvolvimento embrionário do animal, a FGF e a Wnt. Ambas são responsáveis pelo desenvolvimento facial típico dessas aves e, quando bloqueadas, elas deram origem a uma estrutura diferente de bicos mas próxima da boca de um réptil, em uma relativa grande semelhança com os velociraptores! Os pesquisadores envolvidos no trabalho estavam querendo saber como aconteceu a transição de dinossauros para as nossas modernas aves. (Ref.21).
5. Um dinossauro desconhecido preservado em lama, e datado em cerca de 72 milhões de anos, quase foi destruído por explosivos antes de ser descoberto (Ref.22). Trabalhadores no sudeste da China, na província de Jiangxi, acharam o fóssil enquanto estavam usando dinamites em um local de construções. Mesmo o fóssil tendo sofrido algumas perdas, os pesquisadores conseguiram pegá-lo muito completo. A espécie, chamada Tongtianlong limosus, pertence a um grupo dos últimos dinossauros remanescentes antes da extinção em massa (oviraptorossauros) e que já tinham características muito próximas das aves (como pode ser notado pela reconstrução artística do espécime encontrado, momentos antes da sua morte, na foto abaixo). Seu porte é próximo das dimensões de uma ovelha. Seu estudo mais detalhado com certeza dará mais pistas sobre o processo de evolução dos dinossauros para as aves modernas, adicionando mais um exemplar aos inúmeros já encontrados possuindo penagem. 6. Analisando o crescimento ósseo e de massa corpórea em fósseis de dinossauros, paleontólogos acreditam que estes animais não possuíam sangue frio, ou quente, mas
algo talvez no meio termo. Essa hipótese ajuda a explicar o domínio desses animais por tanto tempo na Terra, em torno de 130 milhões anos. Os dinossauros não-aviários teriam a agilidade de cobertura territorial e taxa de crescimento acelerada um pouco próxima a dos mamíferos, e a necessidade de pouco alimento, assim como os répteis, adaptando-se fácil em diversos ambientes e adversidades. Isso também é outra forma de reforçar a origem das aves modernas como evolução direta a partir dos
dinossauros extintos. As aves possuem sangue quente (endotérmicas), são ágeis e possuem uma taxa de crescimento alta. Ou seja, se a hipótese estiver certa, os dinossauros não-aviários representam uma transição perfeita para os seus futuros descendentes aviários (Ref.23). Um estudo publicado recentemente na Nature (Ref.186), comparando assinaturas biomoleculares em fósseis de dinossauros com os ossos de aves modernas, concluiu inclusive que dinossauros terópodes e
não-terópodes (ex.: saurópodes) possuíam sangue quente, ou seja, eram vertebrados endotérmicos - com um metabolismo cada vez mais alto acompanhando a linhagem evolutiva aviária. 9. Analisando três novas espécies de antigas aves com dentes do período Cretáceo Superior, descobertas aqui no Brasil, pesquisadores em um estudo publicado na Scientific Reports (Ref.177) concluiu que a troca de dentes nesses animais ocorria como nos crocodilianos e nos seus parentes mais próximos, os dinossauros terópodes. Usando escaneamento CT (tomografia computacional) de alta resolução, eles descobriram um padrão alternado de substituição dentária. Ou seja, fica sugerido que o controle dentário foi geneticamente conservado nas linhagens dos dinossauros-aves e dos crocodilianos. Mesmo os dois grupos separados há milhões de anos a partir do ancestral comum entre dinossauros e crocodilianos, estes últimos (ex.: crocodilos e jacarés) são atualmente os répteis mais próximo-relacionados às aves em termos evolutivos. Os crocodilianos são os únicos arcossauros hoje vivos com dentes. A lâmina dentária dentro dos soquetes de dentes desses animais forma um nicho de células tronco para múltiplas gerações de dentes (mecanismo controlado por uma rede de genes regulatórios). Nesse sentido, a substituição dentária nesses animais começa, geralmente na parte posterior da mandíbula, avançando como uma onda. Em média, um dente é substituído a cada poucos meses. Os fósseis analisados no novo estudo foram descobertos em 2004 na cidade de Presidente Prudente, São Paulo, na Formação Adamantina. Os espécimes pertencem ao clado Enantiornithes: MPM-373 (a, b), MPM-90 (c, d) e MPM-351. 10. Em um estudo publicado no periódico Nature Communications (Ref.187), pesquisadores do Instituto de Paleontologia Vertebrada e Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências reportaram e descreveram um fóssil datado em 120 milhões de anos atrás, do Cretáceo Inferior, na China, pertencente a uma antiga espécie de ave do clado Enantiornithes que trazia características cranianas tanto de aves modernas quanto de dinossauros terópodes não-aviários, em particular similares àquelas de dinossauros como o Tyrannosaurus rex e Velociraptores. O espécime descrito cabe na palma da mão, com o crânio possuindo 2 cm de comprimento, e foi descoberto na Província de Liaoning, no nordeste da China. Os traços cranianos revelados por detalhada análise de tomografia computacional indicam que as primeiras aves ainda mantinham notáveis características dos seus ancestrais dinossauros e que o crânio funcionava mais como aquele de dinossauros terópodes não-aviários do que das aves modernas. Em aves modernas, o quadrado é um dos ossos mais móveis no crânio e gera uma funcionalidade única chamada de "crânio cinético", permitindo que o maxilar superior se mova de forma independente do maxilar inferior e do cérebro. Em contraste, o crânio do novo fóssil é similar ao de dinossauros terópodes não-aviários, ou seja, um "crânio acinético", com os ossos presos e incapazes de se moverem. Além disso, as regiões temporais do crânio eram mais reptilianas do que aviárias. ------------- > Relevante também mencionar que todas as aves, independentemente se voam ou não, possuem asas, mostrando uma clara relação de ancestralidade comum entre todas as espécies desse grupo. ------------
O Havaí é outro caso bem interessante. Cerca de um quarto de todas as quase 2000 espécies de moscas do gênero Drosophila vivem lá. Além disso, também habitam o Havaí mais de 1000 espécies de caracóis, e outros moluscos também são encontrados apenas lá. A explicação para tal diversidade de espécies tão próximo relacionadas entre si em uma única região é também explicada pela Teoria da Evolução. Como as ilhas do Havaí são muito afastadas de qualquer porção de terra continental, relativamente poucas espécies foram capazes de alcançá-la. Com isso, essas poucas dominaram todos os seus ambientes e nichos ecológicos, gerando suficiente espaço e baixa competição por recursos para várias populações de uma mesma espécie evoluírem de forma distinta à medida que colonizavam o arquipélago. Para se ter uma ideia, apenas uma espécie de mamífero - no caso, um morcego - foi encontrada lá pelos registros fósseis antes da chegada e estabelecimento do ser humano na América do Norte. Ou seja, um animal da porção continental capaz de migrar para lá, com a ajuda das asas.
- Continua após o anúncio - Podemos citar vários exemplos interessantes para ilustrar. Barnacles são crustáceos sedentários com muito pouca aparente similaridade com outros crustáceos como lagostas, siris ou copépodes. Porém, na fase larval de todos eles, existem várias similaridades, fortemente indicando um ancestral comum para todos e justificando serem englobados no clado dos crustáceos. Outros dois exemplos são os rudimentos pélvicos encontrados em cobras no seu estágio embrionário, assim como dentes em baleias-verdadeiras também no estágio inicial de desenvolvimento - ambas as estruturas não são encontradas nos adultos, mas, sim, em outras espécies dos grupos onde estão inseridas. No caso específico dos cetáceos, baleias da subordem Mysticeti (baleias-verdadeiras), como as baleias-azuis e as baleias-jubartes, possuem, no lugar de dentes, fileiras de cerdas bucais usadas para filtrar o alimento da água marinha. Porém, durante o desenvolvimento fetal dessas baleias, existe o desenvolvimento inicial e temporário de dentes não funcionais, que nem mesmo emergem das gengivas. Esses dentes germinativos são claramente remanescentes evolutivos - ativados durante a diferenciação embrionária dos tecidos - de reais dentes nos ancestrais terrestres das baleias, os quais eram similares a hipopótamos e vacas e que viveram há dezenas de milhões de anos. Nos fetos das jubartes, por exemplo, são 40 dentes germinativos em cada lado de cada mandíbula, com dimensões inferiores a 0,5 milímetro (Ref.129), e cuja transição para as cerdas ocorre na terceira parte final da gestação. Provavelmente, os genes que expressam proteínas para o desenvolvimento dos dentes foram conservados durante o percurso evolucionário porque também são necessários para o desenvolvimento das cerdas bucais, e, por isso, os proto-dentes são inicialmente gerados até que outros mecanismos regulatórios deem início ao desenvolvimento das cerdas. Outro exemplo notável está associado à estrutura óssea no ouvido dos mamíferos. Nos ossículos
do ouvido médio, temos o estribo, o qual evolutivamente tem origem do osso hiomandibular nos peixes, o qual suporta as guelras. Primeiro, esse osso nos peixes migrou para o palato duro, o qual é englobado contra o crânio nos peixes com mandíbula e nos primeiros tetrápodes. Uma nova mudança evolutiva fez esse osso se tornar a columela no ouvido médio dos pássaros e o estribo no ouvido médio dos mamíferos. Ou seja, agora um auxiliar auditivo, o estribo antes era um auxiliar alimentar e ainda antes
um auxiliar respiratório. Aqui chegamos no ponto mais do que interessante. Os gambás (ordem Didelphimorphia) - mamífero marsupial endêmico das Américas -, quando nascem imaturos e vão em direção à bolsa da mãe para terminar o desenvolvimento fetal, seus futuros ossículos do ouvido ainda estão articulando as mandíbulas; o estribo migra para o ouvido médio à medida que o embrião se desenvolve. Essa é uma evidência vestigial mais do que óbvia da transição evolutiva dessa estrutura
óssea. Essa singular composição anatômica observada no C. perplexa é similar àquela vista no estágio larval dos
caranguejos, a qual espelha uma ancestralidade comum com vários táxons de crustáceos. Nesse sentido, essa espécie provavelmente evoluiu via desenvolvimento heterocrônico (pedomorfose) durante os estágios iniciais ontogenéticos, retendo características juvenis para a fase adulta.
- ATAVISMO - Atavismo é o reaparecimento de um certo fenótipo ancestral no organismo (morfológico ou comportamental) depois de várias gerações de ausência. Como explorado acima, vários traços ancestrais se manifestam durante o desenvolvimento embrionário, sendo eventualmente suprimidos até o final do desenvolvimento fetal. Porém, em alguns casos, traços esperados de serem silenciados persistem além da fase fetal. Outras vezes, genes ancestrais dormentes por milhões de anos e nem mesmo ativados durante o desenvolvimento fetal podem ser reativados. Inúmeros exemplos de atavismo podem ser citados nesse sentido, incluindo pernas traseiras em cobras e baleias; barbatanas traseiras em cetáceos; dedos extras em equídeos e dromedários; dedo espigão nas patas traseiras de cães e gatos; dentes em galinhas; reaparecimento de asas em bichos-pau e dermápteros. Em humanos, temos também vários casos notáveis de atavismo, como cauda conectada à coluna; mamilos supranumerários (!); daltonismo; aparecimento de pele nevus, tubérculo de Darwin (condição congênita na orelha); e coração reptiliano. Talvez a característica atávica em humanos mais citada é o aparecimento de cauda (projeção cocigeana), traço bem comum em outros animais, incluindo primatas. Diferente de pseudo-caudas, as quais emergem devido a malformações na coluna espinhal, cóccix, e região caudal de recém-nascidos, reais caudas humanas atavísticas são estruturas complexas que emergem devido à imperfeita regressão da cauda formada no início do desenvolvimento fetal. Entre quatro e cinco semanas de idade, o embrião humano normal possui de 10 a 12 vértebras de cauda que se estendem além do ânus e das pernas, respondendo por mais de 10% do comprimento do embrião. Pelo fim da oitava semana, as últimas seis vértebras posteriores terão sido obliteradas via apoptose, enquanto a quarta e a quinta ainda estão em regressão. As células constituindo a cauda fetal não são oriundas apenas de tecido ósseo, mas também de tecidos musculares conectivos e associados de suporte. Uma vez que essas células passam por apoptose durante a embriogênese, elas são fagocitadas e as quatro vértebras restantes são fusionadas em um único osso vestigial (cóccix), o qual não é mais protuberante. Se ocorre distúrbio a nível genético (ex.: ativação de homólogos dos genes Wnt-3a e Cdx1) ou epigenético na coordenação da morte celular programada envolvida na regressão da cauda, teremos a formação de uma cauda. Uma cauda em bebês e adultos humanos é uma estrutura intricada que consiste de tecidos adiposo e conectivo assim como músculos estriados, células nervosas e vasos sanguíneos; ocasionalmente pode conter vértebras totalmente articuladas e responder com contrações voluntárias em resposta a estados emocionais. Por exemplo, um caso notável foi descrito em 2012 no periódico BMJ Case Reports (Ref.182), onde um bebê de 3 meses de idade do sexo feminino foi apresentada ao hospital com uma cauda de 11 cm de comprimento e 3,5 cm de diâmetro na base, a qual foi cirurgicamente removida. Apesar de muito mais raramente reportado na literatura acadêmica (apenas 2 casos até o momento descritos), outro exemplo mais notável de atavismo humano é o 'coração reptiliano', onde uma estrutura cardíaca típica de um réptil está presente no indivíduo após o nascimento. A anatomia e a fisiologia básicas do coração mamífero é bem diferente daquela do coração de um réptil (ancestral direto dos mamíferos). Ao contrário de mamíferos, répteis possuem um único ventrículo responsável por distribuir sangue misturado (venoso e arterial) para as circulações sistêmica e pulmonar. Essa estrutura tem sido chamada de "coração transicional". Em répteis de "sangue frio" (poiquilotérmicos), esse tipo de coração possui uma característica adaptativa que permite a conservação de energia durante hibernação prolongada. A circulação sanguínea em mamíferos é também distinta daquela de outros vertebrados. Até a emergência de aves e mamíferos, artérias não existiam. No coração humano, o suprimento arterial do miocárdio é fornecido pelas artérias coronárias direita e esquerda, e drenagem venosa ocorre através das veias anteriores cardíacas, as quais drenam a maior parte das artérias coronárias esquerda e direita, e o sino coronário. Em répteis, no entanto, uma fina periferia, com ~1/12 da massa miocárdica, é suprida por pequenos vasos coronários externos. A estrutura do miocárdio é suprida diretamente por sangue luminal da cavidade ventricular. O coração de répteis é não é compacto, com sinusoides que canalizam o sangue ao miocárdio diretamente do lúmen do ventrículo. Esse tipo de circulação é suficiente para répteis poiquilotérmicos, por causa das baixas demandas metabólicas desses últimos, mas não é suficiente para mamíferos. Em mamíferos, artérias coronárias formam comunicações com redes sinusoidais para formar capilares, estes os quais se juntam (anastomose) com as veias coronárias para criar uma circulação mais eficiente. Na nossa espécie (H. sapiens), os sinusoides fornecem sangue oxigenado para o miocárdio. Portanto, em um coração humano normal, assim como em outros mamíferos, o miocárdio é compacto e é suprido por dois grandes sistemas arteriais coronárias e seus tributários, ao invés de sinusoides. Apesar de uma trabécula prominente ser vista em um ventrículo direito normal, a persistência de uma trabécula ventricular esquerda não normalmente aparece após o nascimento. Como já mencionado, a evolução de uma espécie é reiterada durante o desenvolvimento embrionário. Nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário, o coração humano é similar àquele de um peixe, no qual cada câmara não possui divisão e sangue sai através de uma única aorta. Nos estágios posteriores de desenvolvimento, o coração humano - agora com átrios totalmente separados e um ventrículo parcialmente separado - é similar àquele de répteis. No estágio final de desenvolvimento embrionário, o coração humano possui quatro câmaras separadas (átrios esquerdo e direito, e ventrículos esquerdo e direito) constituídas de um compacto miocárdio, e sangue é suprido por três grandes artérias epicárdicas. Em um caso descrito em 2010 no periódico Texas Heart Institute Journal (Ref.183), pesquisadores reportaram um caso de coração reptiliano em um paciente de 59 anos reclamando de persistente dor no peito. Exame de angiografia mostrou que o paciente tinha um miocárdio não-compactado, junto com múltiplas fístulas coronárias camerais que drenavam sangue dos sistemas direito e esquerdo das artérias coronárias diretamente na cavidade do ventrículo esquerdo, similar à morfologia de um réptil. O "roubo coronário" da fístula coronária artéria-ventrículo esquerdo foi considerada a provável causa da dor no peito, e uma dose alta de beta-bloqueadores oferecida como tratamento resultou em grande melhora sintomática - talvez via redução da demanda miocárdica de oxigênio. - Continua após o anúncio - Todos os seres vivos
compartilham proteínas vitais, como o ribossomo, DNA polimerase e o RNA polimerase, desde primitivas bactérias até os complexos mamíferos. O RNA é universal. Os organismos aeróbicos compartilham a proteína citocromo c, a mitose é um processo presente em todos os organismos celulares, a meiose é bastante similar em todos os organismos que se reproduzem sexuadamente, o ATP é usado por todos os organismos para a transferência de energia, quase todas as plantas usam a mesma molécula de
clorofila para a fotossíntese, etc. E quanto mais próximo relacionados os organismos parecem ser, mais similares suas sequências genéticas são, mostrando, novamente, a ação esperada da Evolução Biológica. Por exemplo, humanos, bonobos e chimpanzés compartilham em torno de 95,8% das sequências de genes codificantes do DNA; já os humanos compartilham 1,6% das sequências genéticas com os gorilas, e 3,1% com os orangotangos (um primata superior Asiático); saindo dos primatas superiores, os humanos
compartilham cerca de 7% das sequências genéticas com os macacos Rhesus. De fato, quanto mais distante o ancestral em comum do primata com a nossa espécie, menos similaridades genéticas são compartilhadas, como esperado do processo evolutivo.
Esse exemplo, somado à existência dos aminoácidos selenocisteína e pirrolisina em alguns
poucos organismos, mostra que a vida como um todo poderia ter uma estrutura química bem diversificada, mas acabou ficando limitada a padrões e blocos moleculares muito parecidos. Os organismos compartilham vários genes entre si e inúmeros genes encontrados no DNA humano, por exemplo, podem também ser encontrados no DNA de outras criaturas, incluindo plantas e até bactérias. E temos os notáveis genes Homeobox - os quais atuam na determinação de planos corporais durante o desenvolvimento
embrionário através da expressão de proteínas Hox - que são altamente conservados entre todos os animais (vertebrados e invertebrados) e inclusive estão posicionados na mesma ordem em seus respectivos cromossomos (Ref.122-123), algo que grita uma ancestralidade comum. São associados também a esse último caso os "genes fósseis", ou seja, genes desativados presentes em uma espécie e que estavam presentes ativos em outras espécies ancestrais. Em outras palavras, genes que perderam sua
função original no processo evolucionário (como os citados dentes expressos em galinhas, por exemplo). Não faria sentido tê-los se os seres vivos fossem frutos de uma 'criação inteligente'. Somando-se a isso, processos de plasticidade fenotípica e epigenéticos podem expressar fenótipos mal-adaptativos ao ativarem esses genes 'dormentes'. A única lógica que explica isso é a evolução biológica.
E além dos padrões comuns que observamos no genoma de todos os seres
vivos, o material genético de organismos simples e complexos é encharcado de sequências genéticas adquiridas de outros organismos e de estruturas impossíveis de não estarem associadas a mutações e hibridizações. Os humanos, por exemplo, possuem várias sequências genéticas que foram transmitidas através de vírus. As células eucarióticas possuem mitocôndrias (1) e/ou cloroplastos (2) que claramente são organelas oriundas de bactérias englobadas por células procariontes ancestrais,
por possuírem material genético diferentes daquele presente no núcleo e por se assemelharem muito com organismos bacterianos tanto morfologicamente quanto geneticamente. E não precisamos nem comentar a suruba de transferências laterais de genes entre os procariontes e o verdadeiro ecossistema de elementos transponíveis (jumping genes) moldando continuamente os genomas (3). Já em termos de mutações, diversos organismos, especialmente plantas, são marcadas por duplicações genômicas,
as quais deixam um rastro de enorme 'sobra' genética (excesso de sequências repetidas) e gigantescos genomas totalmente inconsistentes com quaisquer ideias de um design inteligente.
Tudo isso mostra que o material genético nos seres vivos é fruto de uma enorme e tumultuada junção de eventos associados a mecanismos evolutivos diversos. Na verdade, apenas a existência dos elementos transponíveis - como os transposons - e das duplicações genômicas são suficientes para consolidar a evolução biológica como um fato científico. De fato, nos últimos milênios, os humanos
foram os responsáveis pela emergência de diferentes espécies de plantas via contínuas hibridizações de espécies selvagens e domesticadas, em eventos marcados por frequentes duplicações genômicas inteiras (3). - Continua após o anúncio -
2. Pítons e boas (grupos de cobras) mantiveram prováveis vestígios de membros anteriores na forma de estruturas parecidas com esporões na região pélvica, como mostrado na foto abaixo, os quais não parecem trazer significativas vantagens e oferecem uma das várias evidências de que esses animais evoluíram de répteis com quatro membros. Esses animais também trazem estruturas vestigiais rudimentares de um fêmur. Aliás, já foram revelados fósseis de antigos ancestrais das cobras que não possuíam os membros dianteiros, apenas os traseiros (transição evolutiva).
3. Certos peixes de caverna e salamandras possuem olhos não funcionais, os quais representam uma clara herança dos seus ancestrais. O mais estudado é o Tetra-Cego (Astyanax mexicanus), um peixe cego de caverna que evoluiu de peixes da superfície durante alguns poucos milhões de anos, ao ficarem isolados na escuridão de cavernas Mexicanas. Nesses ambientes de completa ausência de luz, existem populações com total perda dos olhos (mas presentes durante o estágio larval) e outras populações que mantiveram os olhos mas praticamente sem funcionalidade e sem utilidade. Essas observações só são explicadas por mecanismos evolutivos (regressão evolutiva). Basicamente, existem duas hipóteses evolucionárias, uma via genética e a outra via epigenética. Na via genética, mutações que levaram à perda de funcionalidade do olho nesses peixes foram acompanhadas de mudanças adaptativas - ou outras mutações benéficas - que compensaram a perda total ou parcial de visão, esta a qual, já não era mais necessária nas cavernas. Porém, nenhum gene diretamente ligado a esse processo foi ainda encontrado (!). A segunda e mais aceita explicação é que mecanismos epigenéticos herdados, ligados à hipermetilação do DNA, geram efeitos não só de desativação dos genes responsáveis pelo desenvolvimento ocular normal, mas também efeitos adaptativos compensatórios - nesse caso para explicar as populações de A. mexicanus com total perda do olho durante a fase adulta, como aqueles encontrados na caverna Pachón (Ref.112). Um estudo publicado recentemente na Nature Ecology & Evolution (Ref.115) trouxe fortes evidências de que a perda de tecido ocular no A. mexicanus ocorre em grande parte através do silenciamento epigenético - via hipermetilação - de vários genes ligados ao desenvolvimento dos olhos. ----------- (!) ATUALIZAÇÃO (11/06/20): Um estudo publicado na Nature Communications revelou de forma definitiva que uma mutação no gene cistationina beta-sintase a (cbsa) - gene responsável por codificar uma enzima essencial na via de transsulfuração - impede o fluxo sanguíneo normal para os olhos desses peixes durante uma crítica fase de desenvolvimento. Isso leva a uma atrofia dos olhos e o cobrimento do globo ocular por pele e tecido conectivo em todas as variedades de peixes de caverna Mexicanos. Aliás, mutações nesse mesmo gene em humanos - conservado desde o ancestral comum entre peixes e mamíferos - levam a uma doença chamada de homocistinúria, a qual causa defeitos na visão e problemas circulatórios que podem promover hemorragias, derrames, ataques cardíacos e morte prematura. Os pesquisadores também sugeriram que a perda da estrutura ocular pode conferir uma vantagem evolutiva para os peixes de caverna ao eliminar o alto custo energético de manutenção da visão, já que esse sentido é inútil no ambiente de total escuridão das cavernas. ------------ ATUALIZAÇÃO (25/01/18): Segundo novas evidências científicas, os cavalos podem ainda estar retendo os quatro vestígios dos dedos dos
seus ancestrais tetrápodes pentadáctilos, não apenas os dedos II e IV. Para saber mais sobre o assunto, acesse: Os cavalos podem ter 5 dedos, não apenas 1.
6. Nossos dentes do siso, os quais surgem entre 17 e 25 anos de idade - podendo compreender entre 0 e 4 deles (mas com a maioria possuindo 4) - muitas vezes geram impactos negativos na estrutura dentária e possuem limitada ou nenhuma utilidade. A hipótese mais aceita é que nossa subespécie (Homo sapiens sapiens) evoluiu uma menor mandíbula por causa da dieta mais refinada (com a descoberta do fogo e agricultura), fazendo esse dente desnecessário e
difícil de se encaixar; 8. O Panda-Gigante (Ailuropoda melanoleuca), ou Panda, está inserido na ordem Carnivora, e descende de ancestrais ursos carnívoros. Porém, essa espécie evoluiu para uma dieta quase exclusivamente (99%) vegetariana, no caso, alimentando-se avidamente de bambu. E nesse quesito, seu intestino ainda possui muitas adaptações para um dieta carnívora, algo que notavelmente diminui a eficiência digestiva de bambu, sendo um dos fatores que justificam a enorme quantidade desse vegetal ingerida pelos indivíduos adultos diariamente (acima de 12 kg). No entanto, isso é enormemente compensado pelo fato de que o seu habitat original possui uma massiva quantidade de bambu e pouquíssima competição.
9. Apesar dos músculos relacionados ao arrepio dos pelos em humanos parecerem ter importantes funções na região epitelial (Ref.72), o reflexo de arrepiar os pelos de forma emocional ou na presença de frio não possui utilidade para nós, apenas nos nossos ancestrais e outros mamíferos com uma maior cobertura de pelos: no frio, os pelos eriçados reduzem a perda de calor ao aumentar verticalmente as camadas de pelo, e, em situações de estresse - especialmente frente a um predador - os pelos eriçados deixam o animal com um aspecto maior e mais imponente, impondo uma maior medo no atacante. Como nossa pelagem corporal é muito rala, não faz sentido esse reflexo (nesse caso, um vestígio comportamental). Aliás, a própria presença de pelos em grande parte do nosso corpo é praticamente inútil e acaba sendo outro vestígio dos nossos ancestrais peludos. 10. Os tamanduás (Vermilingua)
são animais pertencentes a uma subordem de mamíferos placentários da ordem dos pilosos e endêmicos das Américas. Esses mamíferos não possuem dentes, porém, durante a fase de gestação, os fetos expressam dentes primários que mais tarde são perdidos na mandíbula. Esses dentes não possuem, obviamente, nenhuma função para o feto, sendo apenas vestígios de ancestrais com dentes. A partir da seleção natural, o nervo foi sofrendo incremento graduais em sua extensão para se acomodar ao alongamento do pescoço, resultando na longa volta observada hoje. Mais interessante ainda é que uma rara anomalia entre os humanos resulta em um nervo não-recorrente, sem prejuízos para o indivíduo (Ref.73-74)! Essa anomalia, gerada por causa de erros no desenvolvimento embrionário, faz exatamente o que a lógica demanda: um caminho reto entre o nervo vago e a laringe, como mostrado na figura abaixo (em A, um nervo laríngeo não-recorrente, e, em B, o nervo normal, recorrente), fornecendo também provas de que o nervo não precisava ser recorrente.
Leitura recomendada:
- Continua após o anúncio - ENGASGOS Em associação com a emergência da linguagem
falada entre os humanos, uma reduzida face prognática e a relativa reduzida cavidade oral foram acompanhadas por uma reorganização da garganta com uma faringe elongada e uma faringe mais baixa. Isso cria uma câmara ressonante na qual a língua pode se mover e articular sons. A baixa posição da laringe, no entanto, não permite que a epiglote se feche atrás do palato mole, algo que faz possível engasgar enquanto comendo ou bebendo. Essa adaptação da garganta humana para a fala é, portanto, uma
falha, resultando de uma troca entre a vantagem seletiva de uma complexa linguagem para a comunicação social e a necessidade de engolir. De um ponto de vista evolucionário, a vantagem de uma fala sofisticada supera os riscos de engasgo. Como a evolução do bipedalismo da nossa espécie evoluiu bem antes - há cerca de 4 milhões de anos - do que o significativo e rápido aumento do volume cerebral - há cerca de 2,5 milhões de anos -, os partos se tornaram de relativo alto risco para a fêmea humana. Com o bipedalismo, nossa pélvis diminuiu, e como o cérebro do Homo sapiens triplicou de tamanho em relação aos nossos ancestrais hominídeos primordiais, a passagem do bebê pelo canal vaginal se tornou problemática. Isso levou também a outro prejuízo: os bebês humanos passaram a nascer muito pouco desenvolvidos, sendo que o tamanho cerebral dos mesmos é 25% menor do que o adulto, e onde nos bebês de outros primatas a porcentagem é bem maior (em torno de 45% nos chimpanzés, um dos nossos parentes mais próximos), para permitir uma passagem mais fácil pela vagina. Para compensar ainda mais os riscos associados ao parto, nossa espécie desenvolveu um sistema de assistência social durante o ato, onde outros indivíduos ajudam a mulher na hora de dar a luz. Além disso, como o bebê nasce extremamente dependente e demora para ter o seu desenvolvimento mínimo completado, existe outro prejuízo: maior custo para os pais, onde investe-se muito nos cuidados para a cria. Isso também provavelmente direcionou a formação de casais mais duradouros em detrimento da poligamia, para aumentar o investimento parental. No final, temos um amplo balanço de riscos e benefícios apenas explicado pelo processo evolucionário. Por fim, um estudo publicado no periódico Cell (Ref.172) encontrou seleção positiva moldando a regulação (epigenoma) e a morfologia do joelho humano visando suportar a nova distribuição de cargas. Isso reforça que o bipedalismo garantiu vantagens ao longo da linhagem humana. No entanto, junto com genes, elementos regulatórios adaptativos e nova morfologia, foram arrastados via deriva genética fatores de risco para o desenvolvimento de osteoartrite com o avanço da idade, incluindo uma variante regulatória no gene GDF5. Como esse problema ocorre mais nos adultos de meia idade e idosos, isso não interfere com a capacidade de reprodução da espécie e não gera prejuízos significativos em termos evolucionários. A mudança para a posição bípede foi relativamente rápida, não permitindo que a estrutura geral do joelho acumulasse mudanças o suficiente para otimizá-lo ao máximo, o que favorece vários danos a essa estrutura óssea/cartilaginosa. CÉREBRO
Com o volume cerebral cada vez crescente, aumentou bastante a necessidade de energia para mantê-lo funcionando bem. O cérebro humano consome 25% da nossa energia em repouso e, portanto, a busca por alimentos altamente energéticos também aumentou bastante durante nosso processo evolucionário. De fato, o Homo sapiens desenvolveu um apetite enorme por alimentos doces e gordurosos, facilitando a satisfação da demanda energética e a manutenção de estoques energéticos para momentos de fome. Porém, essa adaptação evolucionária surgiu em ambiente selvagem, e à medida que a nossa civilização avançou socialmente e estruturalmente em um período de tempo muito curto (impedindo significativos processos evolucionários de ocorrerem para permitir uma nova adaptação), passamos a ficar mais sedentários e a ter acesso abundante à qualquer tipo de comida, incluindo gorduras e doces. Isso levou à nossa atual crise de obesidade mundial e de diabetes, além do aumento de problemas cardíacos e outros problemas decorrentes da obesidade e inadequada alimentação. Com um maior cérebro - muito ativo e com grande demanda metabólica - e alta taxa de plasticidade e complexidade provavelmente derivada, em parte, da alta porcentagem de desenvolvimento cerebral pós-parto (75%), ganhamos inúmeras vantagens,
desde na linguagem e aprendizado até no uso de ferramentas, mas também ganhamos uma alta susceptibilidade a desenvolver doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e doenças neuropsiquiátricas, como autismo e esquizofrenia. Como já citado, o processo evolucionário não se preocupa em aumentar a longevidade de uma espécie e, sim, em aumentar sua taxa de reprodução. Como hoje
somos auxiliados enormemente pela medicina e tecnologia moderna, nossa expectativa de vida aumentou bastante e, com o avanço da idade, diversas doenças se tornam extremamente comuns, já que nosso corpo não foi selecionado durante a evolução para ficar vivo por 50, 60 ou mais anos. Todas as espécies conhecidas que perderam a capacidade de síntese endógena da vitamina C estão associadas com mutações no gene L-gulono-γ-lactona-oxidase (GLO), o qual codifica a enzima que cataliza o passo final da biossíntese do ácido ascórbico. Ou seja, mutações aleatórias no material genético dessas espécies garantiram vantagens adaptativas, mas vieram junto com mutações deletérias no GLO. Porém, como essa parte do DNA só é importante para a síntese de uma única vitamina - o ácido ascórbico -, se as outras mutações trouxerem benefícios que compensem essa perda, o novo conjunto de mutações será selecionado pelo ambiente. Analisando a filogenia relacionada com a perda de síntese endógena de vitamina C, cientistas já mostraram que essa perda ocorreu de forma independente em múltiplas linhagens evolutivas entre os vertebrados, sendo inclusive ganha novamente por algumas espécies de morcego devido a novas mutações que reativaram o GLO! Aliás, nós humanos, e outros primatas antropoides, possuímos ainda o GLO, mas com perdas de 7 a 12 éxons na sua sequência genética que o tornaram inativo, ou seja, um óbvio vestígio evolucionário. Outras potenciais mutações em genes que fazem parte do caminho sintético do qual participa o GLO trariam crucial prejuízo na síntese de outras biomoléculas vitais, não apenas a vitamina C, e, por isso, não são selecionadas e observadas nos vertebrados. Por outro lado, o GLO pode ser perdido no percurso evolucionário, já que isso traz prejuízos que podem ser compensados - especialmente considerando que a vitamina C encontra-se em abundância em vários alimentos. De fato, todas as espécies que perderam a funcionalidade do GLO possuem dietas ricas em vitamina C. ---------- Qual e a principal evidência de que os seres vivos têm parentesco entre si?Evidências celulares: Todos os seres vivos são formados por células, com exceção dos vírus. Essas células apresentam muitas semelhanças entre si, como a capacidade de sintetizar proteínas. Essa evidência sugere parentesco entre os organismos.
Quais as evidências que comprovam a evolução dos seres vivos?Existem evidências de vários tipos, como: a) a estratigrafia dos fósseis; b) a existência de fósseis de formas intermediárias entre organismos; c) a presença dos mesmos tipos de estruturas moleculares em todos os seres vivos; d) a corroboração das árvores filogenéticas com evidências moleculares e paleontológicas; e) ...
Quais são as 5 evidências da evolução?Evidências da evolução. Anatomia. As espécies podem compartilhar características físicas semelhantes porque essas características estavam presentes num ancestral comum (estruturas homólogas).. Biologia molecular. DNA e código genético refletem a ancestralidade comum da vida. ... . Biogeografia. ... . Fósseis. ... . Observação direta.. Quais são as evidências moleculares da evolução e grau de parentesco entre os seres vivos?A comparação entre moléculas de DNA de diferentes espécies tem revelado o grau de semelhança de seus genes, o que mostra o parentesco evolutivo. O mesmo ocorre para as proteínas que, em última análise, refletem as semelhanças e diferenças genéticas.
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