Quais os fatores que contribuem para o aumento da expectativa de vida de uma população?

A melhora generalizada nas condições de saúde e o desenvolvimento da medicina estão entre os fatores que atuaram em conjunto para o avanço da média de expectativa de vida do brasileiro de 1940 a 2018. No período, o aumento foi de 30,8 anos passando de 45,5 anos para 76,3 anos. A coleta de lixo e o tratamento da água também contribuíram, como também a importação de medicamento e as campanhas de vacinação lançadas no país.

A avaliação é do demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves, que participou da elaboração da Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil - 2018, divulgada, hoje (28), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Luciano Gonçalves, nas últimas décadas se observa um cuidado maior das pessoas contra o que se chama de man made diseases, que são as doenças causadas pelo homem, resultantes do consumo excessivo de álcool, do tabagismo, de uma vida sedentária sem atividades físicas e de alimentação precária. Tudo isso junto joga contra o aumento da longevidade, acredita o pesquisador.

“A gente percebe, principalmente, nas gerações a partir da década de 90, as gerações saúde, que diminuíram expressivamente o uso do tabaco e são muito dedicadas à atividade física, com alimentação mais regrada e sono que repõe as energias. Todos esses fatores combinados a partir da década de 50 foram os responsáveis pela queda na mortalidade. Quando a mortalidade cai a longevidade aumenta”.

Mulheres

O demógrafo disse que não só no Brasil, mas em vários países, as mulheres vivem mais que os homens. Conforme os dados de 2018, a diferença é de aproximadamente de 7 anos. O que significa que uma menina ao nascer tem a expectativa de viver mais 7 anos que um menino na mesma condição. Ele acrescentou que, na década de 50, a diferença de esperança de vida ao nascer era de 3 anos. De lá para cá, as mulheres aumentaram o ritmo na elevação da expectativa, enquanto os homens em velocidade menor.

“As mulheres foram ganhando posições ao longo dos anos. Isso se dá por causa do comportamento das mulheres ao longo dos anos. É notório que as mulheres se cuidam muito mais que os homens. Elas são muito mais preventivas que reativas. Elas ao sentirem um incômodo já correm para o médico e fazem uma bateria de exames. Tornam isso rotina preventiva. Os homens já são diferentes. Se uma doença mais grave assola uma mulher, ela tem chances de se curar porque geralmente descobre no início”, explicou.

Luciano Gonçalves disse, no entanto, que essa diferença tende a diminuir com o passar dos anos, porque existe o limite de alcance da idade, o que será atingido antes pelas mulheres. Enquanto isso os homens continuarão avançando na expectativa de vida.

Para o demógrafo, a escolaridade da mulher tem relação com a queda da mortalidade infantil. Na década de 40, aproximadamente 146 crianças em mil que nasciam morriam antes de completar 1 ano de vida. Em 2018, para cada mil crianças que nascem apenas 12,4 morrem antes dessa idade.

Segundo ele, além das melhorias das condições de saúde e de saneamento e as campanhas de vacinação, essa queda brusca ocorreu, especialmente, por causa da evolução da escolaridade das mulheres, que ainda são responsáveis pela maior parte dos cuidados da casa e dos filhos.

“Quando se fala em escolaridade, se pode pensar no sentido mais amplo. Não só a escolaridade de sala de aula, mas o conhecimento com a facilidade dos meios de comunicação, das redes sociais, dos programas e TV e de rádio, os jornais. Uma mãe mais educada e esclarecida tem condição de cuidar do seu bebê e fazer essa criança sobreviver, principalmente, o seu um ano de vida”, disse.

Regiões

Quanto à diferença de perfis entre as regiões brasileiras, onde normalmente os estados da Região Sul e Sudeste são mais desenvolvidos que os do Norte e Nordeste, se reflete na expectativa de vida, disse o demógrafo. Os estados do Sul e do Sudeste estão avançados tanto na queda da mortalidade quanto da fecundidade na comparação com os das outras regiões.

Na visão do pesquisador, esse quadro mostra a necessidade de ampliação das políticas de Estado na melhoria do saneamento básico, da coleta de lixo, no tragamento de esgoto e da possibilidade da água encanada chegar na casa das pessoas.

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Em artigo publicado no final de abril no periódico Circulation, pesquisadores americanos tentaram estimar o impacto de fatores do estilo de vida na mortalidade prematura e expectativa de vida.

Através de dados do Nurses’ Health Study (1980 – 2014; n = 78.865) e do Health Professionals Follow-up Study (1986 – 2014, n = 44.354), os autores definiram cinco fatores de estilo de vida de baixo risco:

  1. Nunca fumar
  2. Ter um IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m²
  3. Fazer ≥ 30 min/d de atividade física moderada a vigorosa
  4. Ingestão moderada de álcool
  5. Ter um alto escore de qualidade da dieta (40%)

Com esses fatores, foram estimados os hazard ratios (HR) para a associação do escore total de estilo de vida (escala de 0 a 5) com a mortalidade e expectativa de vida.

Estilo de vida e mortalidade

Durante 34 anos de follow-up, foram registradas 42.167 mortes. Os HRs ajustados multivariáveis ​​para mortalidade em adultos com todos os cinco fatores de estilo de vida, comparados com 0 fatores, foram 0,26 (IC de 95%: 0,22 a 0,31) para mortalidade por todas as causas, 0,35 (IC de 95%: 0,27 a 0,45) para mortalidade por câncer e 0,18 (IC de 95%: 0,12 a 0,26) para mortalidade por doença cardiovascular.

O risco de não-adesão da população aos cinco fatores foi de 60,7% (IC de 95%: 53,6 a 66,7) para mortalidade por todas as causas, 51,7% (IC de 95%: 37,1 a 62,9) para mortalidade por câncer e 71,7% (IC de 95%: 58,1 a 81,0) para mortalidade por doença cardiovascular.

A expectativa de vida estimada aos 50 anos foi de 29,0 anos (IC de 95%: 28,3 a 29,8) para mulheres e 25,5 anos (IC de 95%: 24,7 a 26,2) para homens que não adotaram nenhum dos fatores de estilo de vida. Em contraste, para aqueles que adotaram todos os cinco fatores, a expectativa de vida estimada aos 50 anos foi de 43,1 anos (IC de 95%: 41,3 a 44,9) para mulheres e 37,6 anos (IC de 95%: 35,8 a 39,4) para homens.

Pelos achados, os pesquisadores concluíram que a adoção de um estilo de vida saudável pode reduzir substancialmente a mortalidade prematura e prolongar a expectativa de vida.

Sedentarismo: precisamos agir agora!

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências:

  • Yanping Li et al. Impact of Healthy Lifestyle Factors on Life Expectancies in the US Population. Circulation. 2018; originally published April 30, 2018. //doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.117.032047
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Que fatores contribuem para aumentar a expectativa de vida de uma população?

A melhora generalizada nas condições de saúde, o desenvolvimento da medicina, a coleta de lixo, o tratamento da água, a importação de medicamentos e as campanhas de vacinação lançadas no País estão entre os fatores que atuaram em conjunto para o avanço da média de expectativa de vida do brasileiro de 1940 a 2018.

Quais são os fatores que justificam o aumento da expectativa de vida dos brasileiros?

Desde 1940, a expectativa de vida do brasileiro vem crescendo, fato que pode ser justificado por questões como queda da mortalidade, o desenvolvimento da saúde e da medicina, a melhoria das condições de saneamento básico e coleta de lixo.

Quais fatores podem explicar o aumento da população mundial e o aumento da expectativa de vida nos últimos séculos?

Quais fatores influenciam o crescimento populacional?.
Melhoria na qualidade de vida da população que consequentemente leva ao aumento da expectativa de vida;.
Avanços das áreas da medicina e da tecnologia;.
Aumento da taxa de natalidade (número de nascimentos) e do crescimento vegetativo (crescimento natural);.

O que é o aumento da expectativa de vida?

O aumento da expectativa de vida ao nascer no país em 2020 era de 76,8 anos, uma alta de 2 meses e 26 dias em relação ao ano anterior (76,6 anos). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no entanto, a idade foi estimada caso o país não tivesse passado pela pandemia de covid-19.

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