Quais foram os motivos das revoltas ocorridas no período regencial?

Saiba quais foram as revoltas ocorridas no período das regências, quando e onde ocorreram e suas causas.


Quais foram os motivos das revoltas ocorridas no período regencial?

Cabanagem: revolta ocorrida na província do Grão Pará

Introdução

O Período Regencial ocorreu entre os anos de 1831 e 1840. Foi marcado por instabilidade política, crises e ocorrências de diversas revoltas sociais em muitas províncias.

Essas revoltas tiveram como causas, principalmente, os problemas econômicos e a pobreza de grande parte da população, além de ideais separatistas. Esses fatores geraram muita insatisfação social. Elas foram duramente reprimidas pelas forças do Império brasileiro.

Exemplos de revoltas regenciais na História do Brasil e suas causas e características:

Balaiada – ocorreu no Maranhão entre 1831 e 1841. Foi uma revolta de caráter popular (participação de escravos, mestiços e homens brancos pobres) contra o prefeito, militares e funcionários públicos portugueses. Para os revoltosos, esses portugueses eram os responsáveis pela opressão do povo.

Cabanagem – ocorreu na província do Grão Pará entre 1833 e 1839. Revolta popular que contou com a participação de muitos índios, mestiços e brancos pobres. A revolta foi liderada por comerciantes e fazendeiros, que estavam insatisfeitos com a nomeação, feita pelo governo regencial, do presidente da província. Já os mais pobres, esperavam conquistar melhores condições de vida caso o movimento fosse vitorioso.

Revolta dos Malês – ocorreu na Bahia no ano de 1835. Movimento popular ocorrido em Salvador com a participação de grande quantidade de negros livres (artesãos, pequenos comerciantes, alfaiates, etc.), que seguiam o islamismo. Esse fato fazia com que sofressem muita discriminação social e dificuldades de crescimento em suas atividades. Esses foram os principais motivos, que geraram a revolta.

Sabinada – ocorreu na Bahia entre 1837 e 1838. Essa revolta foi liderada pelo médico Francisco Sabino (daí vem o nome do movimento) e teve a participação de militares e camadas médias e altas da sociedade baiana. Os revoltosos estavam insatisfeitos com as ações políticas do governo regencial, que privilegiava os portugueses. Os militares eram contrários ao envio de soldados baianos para lutarem na Guerra dos Farrapos, que ocorria na região Sul do país. Havia também forte descontentamento com os baixos salários recebidos pelas camadas médias da população.

Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha – ocorreu no Rio Grande do Sul entre 1835 e 1845. Os revoltosos (chamados de farroupilhas) desejavam liberdade para as províncias e reformas, que pudessem garantir a descentralização política no império. Também eram contrários aos elevados impostos, que o governo regencial cobrava sobre produtos produzidos no Rio Grande do Sul (principalmente charque e couro).

Quais foram os motivos das revoltas ocorridas no período regencial?

Batalha no Sul do Brasil - durante a Revolução Farroupilha (pintura de Oscar Pereira da Silva).


Publicado em 21/04/2020

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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  • • Sabinada
Bibliografia Indicada

- DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017.

- SANTOS, Hilário Xavier dos. Uma breve história da monarquia no Brasil. Rio de Janeiro: Multifoco, 2013.


A saída de Dom Pedro I do governo imperial representou uma nova fase para a história política brasileira. Não tendo condições mínimas para assumir o trono, Dom Pedro II deveria aguardar a sua maioridade até alcançar a idade exigida para tornar-se rei. Nesse meio tempo, os agentes políticos daquela época disputaram o poder entre si no chamado Período Regencial, que vai de 1831 até 1840.

Sendo fruto da Constituição de 1824, os grupos políticos existentes ficavam restritos aos grandes proprietários de terra, comerciantes e algumas pequenas parcelas das classes médias urbanas. Em meio às reuniões e debates que aconteceriam para a organização da ordem regencial, temos o aparecimento de três grupos políticos mais importantes: os liberais moderados, os liberais exaltados e os conservadores.

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Os moderados representavam os setores mais conservadores que defendiam irrestritamente o poder monárquico e a manutenção da estrutura política centralizada. Já os exaltados acreditavam que a ordem política deveria ser revisada no sentido de dar maior autonomia às províncias. Alguns outros integrantes desse mesmo grupo chegavam a cogitar a adoção do sistema republicano. Por fim, havia os restauradores, que acreditavam no retorno de Dom Pedro I ao poder.

Com a morte de Dom Pedro I, o cenário político reduziu-se às agitações dos moderados e exaltados. Mesmo sendo transitória, a regência acabou sendo marcada por vários levantes e rebeliões que evidenciavam a precária hegemonia do Estado brasileiro. No ano de 1834, tentando aplacar o grande volume de revoltas, os liberais conseguiram aprovar o Ato Adicional de 1834, que concedia maiores liberdades às províncias.

Outra medida importante foi o estabelecimento da Guarda Nacional, novo destacamento militar que deveria manter a ordem vigente. Sendo controlada e integrada por membros da elite, a Guarda Nacional acabou tendo seu poder de fogo monitorado por grandes proprietários de terra que legitimavam o desmando e a exclusão social, política e econômica que marcaram tal contexto.

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Entre as maiores revoltas da regência podemos destacar a Cabanagem (PA), a Balaiada (MA), a Revolta dos Malês e a Sabinada (BA), e a Guerra dos Farrapos (RS/SC). Na maioria dos casos, todos estes eventos denunciavam a insatisfação geral para com o desmando e a miséria que tomavam a nação. Vale destacar entre esses eventos a participação exclusiva dos escravos na Revolta dos Malês e o papel das elites locais na organização da Guerra dos Farrapos.

A forte instabilidade do período regencial acabou instigando o desenvolvimento de dois outros importantes eventos. O primeiro deles foi a aprovação da Lei Interpretativa do Ato Adicional, de maio de 1840, que retirava a autonomia concedida às províncias. Dois meses depois, os exaltados conseguiram se aproveitar dos vários conflitos para que o Golpe da Maioridade antecedesse a chegada de Dom Pedro II ao poder, colocando um fim à Regência.